sexta-feira, 26 de julho de 2013

Brasileiros devem gastar R$ 2,6 bilhões em sites estrangeiros neste ano



 
 
A variedade de produtos e preços mais baratos fazem com que muitos brasileiros optem por compras on-line em sites estrangeiros: segundo pesquisa Rotas Modernas daEspeciarias, da empresa de pagamentos on-line PayPal, o montante gasto por brasileiros deve atingir R$ 2,6 bilhões no e-commerce internacional em 2013.

Com a economia mundial em recuperação, empresas e exportadores podem alavancar seus negócios com vendas online internacionais. Ao todo, serão mais de 94 milhões de pessoas realizando compras online em sites estrangeiros, totalizando um faturamento de US$ 105 bilhões, em 2013. levantamento analisa os gastos com compras online em sites estrangeiros e o comportamento do consumidor em seis grandes mercados: Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Austrália, China e Brasil. 

Os destinos internacionais do e-commerce mais populares são: Estados Unidos com 45%, Reino Unido com 37%, China continental com 26%, Hong Kong com 25%, Canadá com 18%, Austrália com 16% e Alemanha com 14%. Já os brasileiros optam primeiro pelos Estados Unidos com 79%, seguido pela China com 48%, Hong Kong com 17% e Reino Unido com 17%. 

As principais categorias de compras para os compradores transnacionais nestes seis mercados são: vestuário, calçados e acessórios atingindo US$12,5 bilhões; remédios e cosméticos com US$7,6 bilhões; joias e relógios chegando a US$5,8 bilhões; eletrônicos pessoais como tablets e smartphones com US$6 bilhões; computadores e hardware com cerca de US$6 bilhões; e eletroeletrônicos com US$5,4 bilhões.

Até 2018, haverá um aumento de quase 200% no volume transacionado, totalizando US$307 bilhões em faturamento com 130 milhões de consumidores. No Brasil, este aumento será de 546%, totalizando o montante de quase R$ 17 bilhões. 

Esta é uma das descobertas da pesquisa do PayPal, empresa de pagamentos online, intitulada Modern Spice Routes: The Cultural Impact of Cross-Border Shopping, em português, Rotas Modernas das Especiarias: Impacto Cultural das Compras Transnacionais, realizada pelo Instituto Nielsen.

Os sites norte-americanos e os chineses são os destinos internacionais mais populares entre os brasileiros, representando 79% e 48% do total de transações, respectivamente. Hong Kong e Reino Unido representam 17% cada.

Os brasileiros estão nesta lista dos que mais buscam produtos em sites norte-americanos: o estudo estima que os consumidores daqui movimentem R$ 1.3 bilhão em compras nos EUA até o final de 2013. 

Outro destaque apontando pela pesquisa é que o volume concentrado em sites chineses já atinge R$ 600 milhões, significativamente acima do primeiro mercado europeu na lista, o Reino Unido, com R$ 127 milhões.
No Brasil, até o final deste ano, os americanos gastarão R$ 849 milhões; seguidos dos britânicos, com R$ 115 milhões; alemães, com mais de R$ 88 milhões; australianos, com cerca de R$ 9,5 milhões; chineses, com R$ 400 milhões. Ao todo, até o final deste ano, serão mais de 88 milhões de estrangeiros consumindo em sites brasileiros, movimentando R$ 1,5 bilhão. Até 2018, este montante deverá atingir os R$ 4 bilhões. 

O estudo  destacou as principais preocupações dos consumidores de e-commerce. Para 94% dos brasileiros, a proteção do comprador é muito importante ao fazer uma aquisição em sites internacionais, sendo que 66% consideram o medo do roubo de identidade e fraude o principal empecilho para comprar em sites estrangeiros.

Fonte: Infomoney
 

Prepare-se para comer hambúrguer de carne clonada; 1ª degustação será em Londres, dia 5



 
 
Após anos de produção com células tronco, o pesquisador da Universidade de Maastricht, Mark Post, finalmente está pronto para servir o hambúrguer, cuja pesquisa custou US$ 320 mil, feito a partir do crescimento de carne em uma placa de cultura, a carne in vitro. A degustação será conduzida em frente a uma audiência de convidados em Londres em 5 de agosto.

O evento incluirá uma breve explicação da ciência por trás do hambúrguer antes de ele ser cozido e saboreado, segundo informações divulgadas pela agência de relações públicas, Ogilvy Public Relations.

Post e seus colegas holandeses vêm trabalhando em formas de criar uma carne bovina produzida em laboratório com o cultivo de células tronco de bovinos em uma cuba, transformando-as em dezenas de milhares de tiras finas de células de músculo bovino, moendo-as, então, em pedaços pequenos e as unindo com gordura animal produzida em laboratório para criar um pedaço de “carne”.

Em maio, Post disse ao The New York Times que essa carne tinha um sabor “razoavelmente bom” em testes preliminares, mesmo antes de a gordura ser adicionada. Um doador anônimo colaborou com US$ 320.000 para financiar o experimento. Anya Du Sauzay, da Ogilvy Public Relations, não quis identificar o doador, mas disse que sua identidade seria revelada na degustação.

O objetivo da pesquisa é conseguir que a carne seja produzida sem ter que criar e abater animais – um empreendimento caro que é repugnante para algumas pessoas. A produção de carne ocupa mais da metade da capacidade agrícola estimada mundial e essa proporção deverá crescer devido à maior afluência da China e de outras regiões do mundo.

No ano passado, Post disse que a produção de carne em laboratório em vez de em uma fazenda poderia reduzir o gasto requerido de energia em 40%. Porém, demorou quase uma década de tentativas e erros para chegar tão longe com essa carne e deverá demorar o mesmo tempo para tornar a carne produzida em laboratório comercialmente viável.

A reportagem é do NBCnews.com, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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Brasil pode cortar tarifas de importação para reduzir custos da indústria

 
 
 
O Brasil está considerando uma redução nas tarifas de importação para diminuir os custos industriais e contrabalançar o impacto da recente depreciação cambial, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista à Dow Jones Newswires, publicada pelo Estadão.

Os potenciais cortes estão sendo analisados pelo governo e podem ser anunciados nos próximos meses, segundo Mantega.O ministro afirmou que as reduções provavelmente se aplicarão a matérias-primas e componentes usados na manufatura, mas não quis fornecer mais detalhes.

Segundo o ministro, o comércio mundial deverá permanecer fraco até que a economia global retome um crescimento forte, provavelmente em "2015 ou 2016". Enquanto isso, o protecionismo será a norma e recuará apenas quando Europa, EUA e China estiverem crescendo, disse Mantega.

Por outro lado, o Brasil também está tentando estimular seu setor manufatureiro por meio de cortes na folha de pagamento e outros impostos e do fornecimento de estímulos para investimentos em infraestrutura, afirmou o ministro. "Temos uma boa relação comercial com a China e esperamos exportar produtos manufaturados para eles conforme o mercado de consumo chinês crescer", disse. 

Desempenho da Grendene é show lá fora; venda externa cresce 23% no 2º trimestre



 
 
A Grendene tem demonstrado grande capacidade de competição no mercado internacional, ganhando market share e melhorando suas margens mesmo em períodos de queda de consumo, em numerosos países, sobretudo na Europa. O grupo teve crescimento de 23% nos embarques no segundo trimestre deste ano.  
 
A Grendene embarcou 9,6 milhões de pares de calçados ao mercado externo no segundo de abril a junho últimos, segundo a companhia. No mesmo período de 2012 os embarques estavam em 7,8 milhões de pares. A Grendene exporta para mais de 90 países.A empresa produziu 40,6 milhões de pares e calçados de abril a junho, volume 23,9% maior do que no mesmo período do ano passado. 
 
Para o mercado interno foram vendidos 31 milhões de pares, também com aumento sobre 2012, quando a comercialização ficou em 25 milhões de pares.No semestre, o lucro líquido da Grendene subiu 19,9% no semestre, para R$ 168,5 milhões, segundo balanço divulgado pela empresa nesta quinta-feira (25/7). No segundo trimestre do ano, a alta no lucro foi de 11,2%, para R$ 66,2 milhões. A receita líquida da empresa subiu 22%, para R$ 886,9 milhões, no semestre; no segundo trimestre, cresceu 21,4%, para R$ 401,1 milhões. 
 
No segundo trimestre, apesar da acirrada concorrência no mercado interno, que também sofreu desaquecimento, "o volume de produção cresceu 23,9% no mercado interno e externo confirmando a plena utilização da capacidade produtiva já informada na divulgação de resultados de 2012 que justificou nossa decisão de investir no aumento de nossa capacidade de produção", diz a empresa.A margem líquida caiu nas duas comparações: no semestre, a queda foi de 0,5 ponto percentual, para 19%; no trimestre, a queda foi de 1,5 ponto percentual, para 16,5%.

O Ebitda da empresa subiu 57,5% no semestre e 61% no segundo trimestre.

 

 Fonte: redação com informações da empresa e do mercado. 

EUA têm domínio total da informação


Brasil Econômico   Paulo Henrique Noronha (paulo.noronha@brasileconomico.com.br)
26/07/13 12:45
Meira conta que praticamente tudo que fazemos na internet - emails, conversas, vídeos, fotos, posts nas redes sociais - está armazenado nos EUA
Meira conta que praticamente tudo que fazemos na internet - emails, conversas, vídeos, fotos, posts nas redes sociais - está armazenado nos EUA


O alerta é do engenheiro eletrônico Silvio Meira, ao analisar a espionagem da agência de segurança americana (NSA) sobre o Brasil.

A comunidade de informática desconfiava, mas agora sabemos: estamos nas mãos dos Estados Unidos. O alerta é do engenheiro eletrônico Silvio Meira, ao analisar a espionagem da agência de segurança norte-americana (NSA) sobre o Brasil. Cientista-chefe do C.E.S.A.R. (instituto de Recife duas vezes premiado pela Finep como instituição mais inovadora do Brasil), Meira conta que praticamente tudo que fazemos na internet - emails, conversas no Skype, vídeos, fotos, posts nas redes sociais - está armazenado nos Estados Unidos. E o governo de Washington tem acesso fácil a esses dados, a hora que quiser e com apoio da lei.
A lei deles, é claro, pois Facebook, Google e Twitter são empresas norte-americanas. Nunca na história do mundo, ressalta Meira, os Estados Unidos tiveram tanto poder econômico, proveniente de seu monopólio sobre a informação global.

Em entrevista ao Brasil Econômico, Meira, que é PhD em Computação pela universidade de Kent at Canterbury, na Inglaterra, diz que o Brasil tem conhecimento tecnológico de nível mundial, mas nos falta competitividade para transformar inovação em negócios. "O custo Brasil para competir em tecnologia é alto demais", sentencia.

Como se diz nas redes sociais, quer dizer que Obama agora sabe tudo da sua vida?

Agora, não! Agora, a gente sabe que ele sabe... Acho que a comunidade de informática imaginava alguma coisa bem parecida com isso, a gente sabia que podia ser feito, que provavelmente estava sendo feito, mas não tinha ideia da extensão da coisa. Há uns dois anos falei numa palestra que a maior obra de construção civil dos Estados Unidos era um prédio sendo construído em Utah para abrigar o datacenter da NSA (Agência Nacional de Segurança), uma obra estimada em US$ 2 bilhões. Então, os caras não estão brincando...

No Brasil somos quase 200 milhões de habitantes. Qual a possibilidade de um brasileiro de baixa renda que usa seu e-mail através de uma lan house ter sido investigado pela NSA?

É alta, desde que ele seja o que eles chamam de uma "pessoa de interesse". Digamos que há uma pessoa que eles acham que conversa com outras pessoas que sejam perigosas. Aí, esse cara liga para mim, e em seguida você me entrevista pelo telefone. Pronto, você, jornalista, já está no registro deles, acabou de entrar na lista da NSA. É a propriedade da transitividade. Quem interessa é todo mundo por quem as pessoas nas quais eles estão interessados se interessam. Eles devem capturar inclusive os metadados, que não é a conversa telefônica em si, mas o número do telefone que ligou, o dia, a hora, o local que a ligação foi feita. Antigamente, não dava para ficar olhando todas as cartas de todas as pessoas do mundo, o trabalho era muito grande. Agora, a gente sabe que o governo norte-americano tem isso, os governos inglês e francês têm isso também, o chinês já tem há muito tempo. É um tipo de tentativa de controle do cidadão pelo Estado, de saber o que todo mundo está fazendo o tempo todo.

Agente está diante do maior Big Data do mundo?

Exatamente. Tem muita coisa que eu perdi e que preciso recuperar, números de telefones, e-mails deletados, que deve estar tudo lá com eles. Bem que eles podiam prestar esse serviço pra gente e nos dar acesso a esses dados (rsrs). Em verdade, não estamos falando de Big Data, a quantidade de dados desses bancos é mais para Huge Data, nem eles imaginavam há 10, 15 anos, que teriam acesso a tantas informações. O que cria um baita problema. Como é que eu vou usar isso? Numa operação de um supermercado é mais fácil, porque eu sei que tenho certo tipo de cliente que compra mais cerveja em certos dias, e aí eu sei como desenhar minha cadeia de suprimentos para que tenha mais cerveja nesses dias. O varejo, hoje, é guiado por dados. Mas o que vemos nessa operação norte-americana é que ela é extremamente eficiente na coleta de dados, mas não necessariamente eficaz, porque dependerá da capacidade de processar esses dados todos. E é óbvio que muito provavelmente nem a NSA tem capacidade de processar tantos dados. Os Estados Unidos não conseguiram evitar que dois moradores em seu próprio solo, irmãos, que falavam muito entre si pela Internet e por telefone, um dos quais tinha ido a uma ex-república soviética associada à violência terrorista, mesmo com esse Huge Data não foi possível evitar que eles colocassem bombas na Maratona de Boston. Ou seja, ainda tem um rombo monumental na eficácia do uso desses dados, não é uma coisa mágica.

Qual é a dificuldade?

O negócio de intelligence consiste em você capturar a informação - de preferência sem que a pessoa saiba, para ela continuar agindo normalmente -, armazenar, processar e aí tem uma operação de sense making, de fazer aquela informação fazer sentido, ter uma utilidade. Eu olhar para trilhões de ligações telefônicas não adianta de nada, porque a maior parte das pessoas está falando coisas que não me interessam. Para criar sentido, você tem que procurar alguma coisa. Há amplas plataformas por trás desses processos de espionagem que sabem mais ou menos o que procurar, que tem teses e hipóteses a serem provadas. Tais como: "Será que na fronteira do Brasil com o Paraguai, que tem uma comunidade árabe relevante, a atividade de contrabando tem o papel de financiar grupos terroristas?". Tem que ter gente fazendo perguntas relevantes para tirar respostas úteis desse gigantesco banco de dados. Por outro lado, a tecnologia tornou
isso mais fácil. Hoje, o cidadão normal olha para o Google apenas como uma caixinha para quem ele faz perguntas. Mas o programador olha para um negócio chamado API, Application Programing Interface . Nós deixamos de programar computadores isoladamente e passamos a programar a rede. O que a NSA faz? Ela começou a chupar informação diretamente das APIs do Google, do Microsoft Live, do Skype, da Apple...

Mas ela consegue fazer isso sem a colaboração dessas empresas?

Nem pensar! O NSA não consegue saber a pergunta que você está fazendo ao Google, mas o Google sabe. Ele guarda essa informação, porque usa para vender seus dados a terceiros, para esses terceiros botarem propaganda no Google. E o NSA usou um conjunto de termos legais associados à defesa e à segurança dos EUA para pedir ao Google e a outras empresas a informação que necessitam, sem precisar de autorização judicial.

Então o governo dos EUA tem base legal para fazer isso?

Tem, e essa base legal proíbe inclusive o Google e as demais empresas de revelarem publicamente que estão fazendo isso. Elas não podem nem falar sobre isso. A Microsoft e outras empresas agora estão pedindo autorização à Justiça para divulgar qual órgão pediu as informações. Essa legislação já existia antes do 11 de setembro e foi ampliada.

O Brasil tem tecnologia para construir algum firewall contra essa espionagem?

Em tese, sim. O conhecimento tecnológico que temos é paripassu com o que se tem no resto do mundo. Mas há um problema: você, eu, todos temos um endereço de email do Gmail. E onde ele está armazenado? Fora do Brasil. E aí, não podemos fazer nada, porque está no território de um governo que tem suas próprias regras legais.

Então,não temos saída?

A única saída seria se houvesse serviços de classe mundial, como Gmail e Skype, feitos em países que não tivessem essa quase paranoia de capturar a informação que os EUA têm. E que esses serviços ficassem numa espécie de paraíso informacional global, similar aos paraísos fiscais do mercado financeiro, onde nossos dados estariam seguros e nenhum governo conseguisse capturá-los. De nada adianta qualquer sistema de defesa, porque todos os principais sistemas informacionais do mundo estão nos Estados Unidos. Eles dominam esse mercado de uma forma quase total, muito mais do que em cinema, TV, automóveis ou qualquer outra categoria na história da economia mundial. Muita gente defende que a gente fragmente a Internet, "vamos colocar uma barreira aqui e daí todos os dados brasileiros têm que ficar no Brasil". Eu sou completamente contra isso, porque isso nos privaria de serviços de primeira classe da internet  que só são fornecidos por outros países. Seria como proibir que os brasileiros fizessem comunicação por Skype.

Noticiou-se que a presidência da República estava usando o gmail e decidiu parar de usar...

No caso do governo brasileiro, é até possível criar algum tipo de restrição. Definir-se, por exemplo, que a partir de um determinado escalão da hierarquia os servidores públicos não poderão usar Skype. Ou criar uma rede interna, no Serpro ou outro órgão, para circular documentos potencialmente sigilosos. Ou seja, é preciso fechar todas as fontes de informação do governo dentro do próprio governo, usando seus próprios serviços. Mas é preciso uma política estratégica de segurança. Há uma avaliação recente da Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informação (Sefit) do Tribunal de Contas da União (TCU) que mostra que 60% de todos os órgãos da administração direta federal não têm uma política de segurança de dados. Então, você tira do Google e bota num site de governo que pode ser invadido a qualquer hora.

Empresas brasileiras também podem ter sido espionadas?

Eu não tenho a menor dúvida! Imagine quanto vale, no mercado internacional de commodities, uma informação, meses antes da colheita, da Embrapa oudos esmagadores de soja, de que há uma praga nas plantações brasileiras. Ou que os Estados Unidos tivessem algum interesse nas empresas do grupo X, do Eike Batista. Obviamente que nos e-mails internos os dirigentes da EBX já conversavam sobre os problemas do grupo, muito antes de vir a público. Com certeza em algum lugar do grupo X tem a informação da produção de todos os poços, hora por hora.
Quem soubesse antecipadamente que a produtividade desses poços era uma fração do que fora anunciada, certamente faria dinheiro com isso.

Mas alguma grande corporação internacional já poderia estar fazendo esse tipo de espionagem?

Em tese sim, mas para fazer na escala da NSA, você tem que ser a NSA. Se alguma corporação pedisse ao Google todos os e-mails da OGX, o Google não iria passar, porque eles não são loucos, há contratos legais de confidencialidade dos usuários. Recentemente a Abin (Agência Brasileira de Informação) passou a monitorar as redes sociais. Mas se dez caras criarem um grupo fechado no Facebook para planejar uma bomba na rua onde mora o governador, a Abin não consegue capturar a informação, a não ser que tenha a colaboração do Facebook. Você consegue muita informação que é pública, mas uma parte significativa, que é mais crítica, está fechada.

Então para o brasileiro, que não vive mais sem o Google e Facebook, nada pode ser feito...

Não tem jeito, mas também não precisa ficar apavorado. O que as pessoas precisam atentar é para o que dizem nos espaços públicos da internet. Eu vejo coisas absurdas sendo ditas no Twitter e no Facebook que depois essas pessoas se arrependerão profundamente. Eu escrevi no meu blog há algum tempo que as redes sociais são como uma grande mesa de bar. No bar, depois da terceira dose, você fala qualquer coisa e depois ninguém mais sabe quem disse o quê. Nas redes sociais, fica tudo escrito e guardado.

Uma das primeiras reações do governo brasileiro quando foi noticia da espionagem da NSA foi tentar apressar a aprovação do marco civil da internet.

Isso não adianta absolutamente de nada contra a NSA... Tem um livro de um advogado norte-americano chamado Lawrence Lessig, chamado "Code is Law" ("O código é a lei"), que diz que,na prática, o que vale é o código que está rodando. Está escrito na legislação que é proibido coletar dados do cidadão, mas aí alguém escreve um código de programação que fica embutido no sistema, completamente invisível para qualquer pessoa normal e até mesmo para uma auditoria técnica específica, e passa a coletar os dados. O que a lei pode fazer em relação ao código? Posso até depois ir atrás de quem fez isso com as regras, mas aí o dano já estará feito. Milton Santos, grande geógrafo brasileiro já falecido, dizia o seguinte: "Quem detém a  propriedade efetiva de um terreno é quem o opera, e não o seu dono legal".

Mas o marco civil é importante?

É absolutamente essencial. Faz algum tempo que a gente começou a fazer leis de criminalização de condutas dentro da internet, como a Lei Carolina Dickman, sem antes ter tido uma legitimização do espaço da internet do ponto de vista do direito do cidadão. A Lei Carolina Dickman nunca deveria ter sido aprovada antes de a gente aprovar o marco civil. É o mesmo que aprovar uma lei definindo um crime antes de termos um Código Penal. Isso é o resultado de fazermos as coisas de forma atabalhoada no Brasil. Você não diz o que é o todo e começa a definir as partes, depois vira uma bagunça que ninguém vai entender.

Há algum país que seja referência em termos de marco civil?

Nenhum. A maioria dos legisladores que está tratando disso em qualquer país do mundo, hoje,não tem vivência suficiente de internet para discutir a validade de regras sobre ela.O espaço político não consegue entender em detalhes a internet. Além disso, a velocidade de evolução da web exige que você atualize as regras quase que constantemente. Mas em qualquer país é dificílimo mudar a legislação depois que ela está aprovada, principalmente se for uma legislação recente. Por isso, o marco civil tem que ser um conjunto de regras absolutamente gerais, que não atrapalhem a evolução da internet.

Já entramos na era do Big Data?

Sim, o governo tem isso em grandecíssima escala, empresas, como grandes cadeias de varejo, de infraestrutura, de transportes, usam isso de forma intensa. O processo de tomada de decisões em cadeias líderes como Walmart e Zara já depende de dados há muito mais que uma década. A Zara não se tornou líder à toa, ela teve a competência no processamento de dados  para desenhar sua cadeia de produção de forma distribuída, de maneira que, quando ela bota uma roupa na vitrine, se vender numa certa velocidade, ela ativa sua cadeia de produção para fabricar mais daquela roupa. E, se não vender, ela tira automaticamente aquela roupa da vitrine e

faz outra completamente diferente. E isso com uma velocidade de lançar moda praticamente uma vez por semana. O varejo brasileiro também é muito competente em usar isso. Não pense que as liquidações semanais da Casas Bahia, às vezes diárias, são definidas pela cabeça de alguém, tem dados e tem uma base por trás disso, é um processo muito sofisticado. Mas, em verdade, esse negócio de Big Data mal começou ainda. Nós ainda estamos no que eu chamo de Lit-le Big Data. O Big Data de verdade deve demorar para começar. Por exemplo, na hora que você conectar todos os carros na rede, através de um chip em cada motor, jogando dados 24 horas por dia no sistema da fábrica sobre o funcionamento daquele motor - e esses dados forem processados de tal forma que o fabricante mande a informação para o proprietário de que ele está esticando demais a terceira marcha, e que se continuar assim ele pode perder a garantia aí você terá cem, mil vezes mais informações para processar do que tem hoje.

O Brasil tem profissionais suficientes para o Big Data?

Sempre vai faltar capital humano em informática. Porque é "muito fácil" todo mundo tomar a decisão de se fazer alguma coisa. Se você for construir uma fábrica de automóveis, leva um ano para planejar, mais dois para construir, mais um para obter as licenças ambientais, e aí você tem tempo para treinar os operários. Em informática é diferente: eu e você somos diretores de uma empresa e decidimos que a partir de amanhã queremos que todos os dados dos caixas de nossas mil filiais sejam processados para dar uma avaliação hora por hora do que está se vendendo. Sempre é fácil pedir e ninguém imagina que há processos tão complexos em informática quanto construir uma fábrica de automóveis. A estimativa atual no Brasil é de que faltam 100 mil profissionais de informática. E daqui até 2017 a previsão é de um aumento de 50% nessa demanda.

Já declaramos o ImpostodeRenda pela Internet. Seria possível, e seguro, votar o plebiscito da reforma política via Internet?

A pré-condição para você fazer o plebiscito é cultural, você tem que estar num ponto onde todo
mundo entenda o que está sendo perguntado. Por que a gente não usa as redes sociais para ajudar no processo de construção de consenso, para promover uma discussão ampla, multifacetada, que é impossível de se promover em debates na televisão? Podíamos usar as redes para fazer um processo combinado de construção coletiva de conhecimento, que desembocasse numa reforma política feita por profissionais, com base nas contribuições que viessem das redes, e que voltasse para as mesmas redes para um referendo. Simplesmente chegar e propor uma reforma é uma maneira atabalhoada de dizer "Estou dando alguma resposta ao que as ruas estão pedindo". Mas isso não é resposta nenhuma.

Você sugere que a propaganda eleitoral de rádio e TV fosse para as redes sociais, permitindo interatividade como eleitor?

Sim, mas com as proposições da propaganda eleitoral não sendo impositivas, mas sim provocativas. Por exemplo, numa semana se passaria discutindo no Facebook e no Twitter uma determinada questão, com centenas de pessoas de todos os setores discutindo o tema. As discussões políticas no Brasil são que nem discussão de futebol, ninguém muda de time. No Brasil, nós temos 75% de analfabetos funcionais, ou seja, pessoas que não têm condições de ler um parágrafo com algum grau de complexidade e conscientemente ser contra ou a favor da ideia contida naquele parágrafo.

O Brasil tem um histórico de pouco investimento em tecnologia de ponta. O país evoluiu nisso?

Se você olha para conhecimento no estado bruto, a gente está pari passu com o mundo. Mas quando se olha para a capacidade de empreendimento do mercado, aí entramos na regra de exceções: tem a Embraer, tem a Gerdau, tem a Ambev e... cadê o restante? Não temos aquelas centenas de empresas inovadoras capazes de estabelecer a presença brasileira no cenário internacional. E aí se pergunta: por que? Para começar, o processo de transformação de conhecimento em negócios, de sair do ambiente acadêmico para o mundo comercial - que acontece nos Estados Unidos em grande escala e em escala crescente na China, na Tailândia e no Vietnã - esse processo requer que o país esteja preparado para competir. O custo Brasil para competir em tecnologia é alto demais. Temos um exemplo que acho dramático: a gente internalizou a produção do iPhone no Brasil e o preço não caiu um real. O processo de transformação de conhecimento científico em negócios depende de capacidade empreendedora e investidora, depende da fluidez dos processos na alfândega, do tratamento que o país dá para investidor, depende de uma quantidade absurda de fatores. Há um indicador do Banco Mundial, Doing Business (Fazendo Negócios), que mostra a qualidade de empreendedorismo de um país. Nesse ranking, o Brasil vai de mal a pior. Em 2012 estávamos em 126º lugar, logo abaixo da Bósnia-Herzegovina e logo acima da Tanzânia. Em 2011, estávamos no 120º e agora em 2013 caímos para o 130º posto, com Bangladesh em 129º e a Nigéria em 131º. Os primeiros em 2013 são Cingapura, Hong Kong, Nova Zelândia, EUA, Dinamarca, Noruega, Reino Unido, Coréia, Geórgia e Austrália.

Qual o diferencial deles?

Nesses países, você abre uma empresa e começa a funcionar em três dias. Eu já vi o pessoal abrir uma empresa nos EUA daqui de Recife, pela Internet, em três dias. O que acontece no Brasil? Como aqui se assume que qualquer facilidade que se der vai ser usada para o mal, como se todo brasileiro fosse ladrão, a gente vai complicando o sistema de regras, na contramão domundo, que está evoluindo para fazer negócios de maneira mais célere. A Turquia, que tem e série de manifestações agora lá, está em 71º nesse ranking.

Mas como mudar isso?

Para ter mais empresas em inovação e parar de ficar citando sempre Embrapa, Embraer, Petrobras como as únicas, eu proporia que a meta fosse, em 2035, o Brasil subir para a posição nº 90 nesse ranking. É o possível. Você precisa mudar legislação trabalhista e fiscal, o tratamento ao investidor, a eficiência do Estado, dos aeroportos, a malha das estradas. Aqui nossos aeroportos fecham por causa de neblina porque não têm os instrumentos adequados. Em Moscou, onde neva seis meses por ano, o aeroporto nunca fecha. Aqui proliferam universidades corporativas nas empresas porque o cara se forma em escolas precárias e chega ao local de trabalho sem condições. Não vamos conseguir mudar o que o Brasil faz em tecnologia se não mudarmos o Brasil. As pessoas não foram para as ruas por outras razões: é porque o trânsito não funciona, porque o governo não funciona, porque eu pago uma fortuna de imposto e tenho que botar meu filho numa escola privada. E porque agora temos informação, sabemos que nos Estados Unidos o cidadão paga menos impostos e tem serviços públicos melhores.
Você está traçando um cenário muito pessimista...

Nossa problemática é realmente gigantesca. Mas eu sou otimista à beça, continuo trabalhando muito para mudar essa coisa toda para a gente chegar a algum lugar.

EMBARCAÇÃO FRÁGIL

 
 
 

Celso Ming, O Estado de São Paulo
26/04/2013

A falta de compromisso com a solidez da economia por parte do governo Dilma é por si só um risco para os próximos meses, quando se esperam desdobramentos negativos na economia mundial.

Apesar dos inegáveis avanços no sentido de dar mais consistência institucional, o bloco do euro dá sinais insistentes de estagnação e de aumento dos desequilíbrios, sobretudo fiscais, para os quais ontem advertiu o Fundo Monetário Internacional (FMI). Também preocupa a fragilidade patrimonial dos bancos da área. Como carregam enormes volumes de títulos de dívida dos países da região, uma eventual deterioração das condições fiscais em certos países, que coloque em risco o resgate de dívidas públicas, pode exigir dos bancos ainda mais reforços de capitalização que, em última análise, pressionarão ainda mais as finanças públicas.

Mas o principal epicentro de turbulência provável é o impacto sobre os mercados a ser disparado pelo desmonte já anunciado da política monetária altamente expansionista do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Por mais cuidadosa que venha a ser, essa operação tende a provocar uma importante valorização do dólar e uma forte migração de capitais para os Estados Unidos.

O governo Dilma não está em condições de afirmar que a economia brasileira resistirá impávida a esses e a outros eventuais trancos, como aconteceu em 2008, quando sucessivas ondas de pânico, provocadas pela quebra do Lehman Brothers, chegaram ao Brasil "como uma marolinha" - como então alardeou o presidente Lula -, embora não tenha sido exatamente assim.

A economia brasileira apresenta hoje fragilidades preocupantes. Não consegue crescer mais do que 2% ao ano; enfrenta uma inflação anual renitente próxima dos 6%; vai aprofundando o rombo nas contas externas; apresenta uma política fiscal confusa e pouco previsível; e continua gerando custos que tiram competitividade da indústria.

Ainda assim, a embarcação brasileira apresentaria um mínimo de consistência, se o objetivo fosse enfrentar mar calmo e céu azul. No entanto, se confirmadas as turbulências que o próprio governo vem prevendo, nada garante o mesmo resultado.

Se lá fora, por exemplo, voltasse a quebrar um banco importante ou se outras forças provocassem forte aversão ao risco, a fuga de capitais do Brasil poderia ser letal, por mais robusta que esteja a posição em reservas externas. No mínimo, a economia teria de enfrentar novas altas do dólar no câmbio interno, com o devido preço a ser pago em mais inflação.

Até agora, a presidente Dilma não parece motivada a reforçar os fundamentos macroeconômicos e a produzir mais confiança. As decisões sobre política fiscal anunciadas na segunda-feira mostraram que as correções de rumo continuam superficiais e não passam firmeza. Não há nenhum interesse do governo federal em trocar o atual arranjo de políticas macroeconômicas, que não deu certo, por outro mais consistente, que inspire credibilidade.

A atual estratégia consiste em ganhar tempo, confiar na sorte e evitar convulsões que possam colocar em risco as eleições de 2014. É pouco.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Em junho, gasto de brasileiros no exterior é recorde; déficit de contas externas caiu



 




Apesar da alta do dólar, os gastos de brasileiros no exterior bateram recorde em junho deste ano; o déficit nas contas externas foi menor do que no mesmo mês de 2012, segundo dados do Banco Central (BC), divulgados nesta terça-feira (23/7).

 As despesas de viagens internacionais chegaram a US$ 1,928 bilhão, o maior resultado para meses de junho, na série histórica iniciada em 1969. No ano passado, em junho, os gastos no exterior ficaram em US$ 1,683 bilhão.

De janeiro a junho, essas despesas chegaram a US$ 12,328 bilhões, contra US$ 10,702 bilhões no primeiro semestre de 2012.

Já as receitas de estrangeiros no país ficaram em US$ 453 milhões, em junho, contra US$ 462 milhões em 2012. No primeiro semestre, essas receitas chegaram a US$ 3,479 bilhões contra US$ 3,471 bilhões no seis primeiros meses do ano passado.

Com esses resultados, o déficit na conta de viagens internacionais (despesas de brasileiros no exterior menos receitas de estrangeiros no Brasil) ficou em US$ 1,475 bilhão em junho e em US$ 8,849 bilhões no primeiro semestre.

O déficit em transações correntes, que são as compras e as vendas de mercadorias e serviços do país com o resto do mundo, ficou em US$ 3,953 bilhões, em junho; no mesmo mês do ano passado, o resultado negativo alcançou US$ 4,393 bilhões.

No primeiro semestre, o saldo negativo das transações correntes ficou em US$ 43,478 bilhões, contra US$ 25,244 bilhões em igual período de 2012. 
O resultado no primeiro trimestre correspondeu a 3,82% de tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB).

A balança comercial, que integra a conta de transações correntes, registrou déficit de US$ 3,092 bilhões, no primeiro semestre. A conta de serviços (viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos, seguros, entre outros) ficou negativa em US$ 22,158 bilhões, enquanto a de rendas (remessas de lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) registrou déficit de US$ 19,770 bilhões, nos seis meses do ano.

O ingresso líquido de transferências unilaterais correntes (doações e remessas de dólares que o país faz para o exterior ou recebe de outros países, sem contrapartida de serviços ou bens) ficou em US$ 1,542 bilhão, no primeiro semestre.

Os dados do BC mostram que o investimento estrangeiro direto, que vai para o setor produtivo da economia, chegou a US$ 7,170 bilhões, em junho, e a US$ 30,027 bilhões, nos seis meses do ano. Nos seis meses do ano, esses investimentos não foram suficientes para cobrir completamente o saldo negativo em transações correntes.

Apesar de o investimento estrangeiro direto ser o mais adequado para financiar o déficit, porque é de longo prazo, o país tem outras formas de financiar o resultado negativo. Uma delas são os investimentos estrangeiros em ações negociadas no Brasil e no exterior que registraram ingresso líquido de US$ 6,278 bilhões, nos seis meses do ano . Também houve investimentos em títulos de renda fixa negociados no país, com ingresso líquido de US$ 11,038 bilhões.


Fonte: Agência Brasil