quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Falta visão de futuro

26 de novembro de 2013 | 2h 12

O Estado de S.Paulo
 
O Fórum Econômico Mundial entrevistou centenas de especialistas de diversos países para traçar o panorama para 2014. No que diz respeito à América Latina, esses analistas concluíram que os principais desafios ainda são a persistente disparidade de renda, o desemprego estrutural, o atraso na educação e a falta de confiança nas políticas econômicas. Portanto, salvo alguma mudança drástica, cujos sinais não estão no horizonte, o continente seguirá sua sina de ser uma grande potência irrealizada, pois os entraves a seu crescimento são estruturais e sua superação, dizem os analistas do Fórum, demanda líderes com visão de futuro - algo que está em falta por aqui.

O relatório destaca que a América Latina, em razão de algumas reformas econômicas, foi capaz de ampliar consideravelmente sua classe média - fenômeno que ocorreu em grande medida graças ao comércio com a China, que rendeu R$ 260 bilhões anuais. O Brasil tornou-se o segundo maior mercado emergente, atrás apenas da China, e é o destino preferencial de quem decide investir na região.

A pesquisa do Fórum cita os supostos esforços do Brasil para fazer a economia deslanchar - com ênfase nos bilionários planos de investimento em infraestrutura, aqueles que teimam em não sair do papel. No entanto, a entidade comentou que nenhuma medida desse tipo resultará em crescimento sustentado se não vier acompanhada de apostas concretas em inovação e empreendedorismo. "Sim, as exportações cresceram e as políticas macroeconômicas funcionaram para conter a hiperinflação e para superar a década perdida", comentou o boliviano Enrique García, presidente do conselho do Fórum para a América Latina. "Mas agora é a hora dos grandes investimentos em educação, tecnologia e infraestrutura."

Esses investimentos são essenciais para mitigar a desigualdade de renda, uma das vergonhosas marcas latino-americanas, que "mancha nossa reputação ao redor do mundo", na opinião de García. Conforme ele diz no relatório, "se nossas crianças não tiverem a oportunidade de estudar, será mais difícil acumular o capital humano necessário para transformar a produção e realizar as mudanças estruturais de que precisamos".

É uma constatação óbvia. Em recente pesquisa do Fórum sobre formação de capital humano, o Brasil aparece em situação pior do que a da Venezuela e da Bolívia no que diz respeito à educação. Isso significa que, enquanto não levar realmente a sério esse problema, o Brasil terá muito mais dificuldade para superar a desigualdade que tanto atrasa a América Latina e continuará a depender de políticas assistencialistas para incluir grande parte dos brasileiros no mercado consumidor.

A educação precária aparece, na pesquisa do Fórum, como o terceiro principal desafio da América Latina para 2014, depois da disparidade de renda e do baixo crescimento econômico. A entidade salienta que qualquer plano de melhoria educacional deve privilegiar o ensino de tecnologia, já que é isso o que determinará a riqueza dos países no futuro.

O problema, diz García, é obter "um consenso entre governo e sociedade para o desenvolvimento de uma agenda de longo prazo", encorajando a diversificação da economia e a inovação tecnológica. Para ele, é preciso que a América Latina copie o exemplo da Coreia do Sul, que investiu pesadamente em educação. "Uma democracia tem de fazer isso", disse o representante do Fórum.

Nada disso é possível, porém, se todas as ações de governo são pautadas apenas pela eleição seguinte. Como a política em diversos países latino-americanos parece reduzida a uma luta pela manutenção do poder a qualquer custo, alimentada pelo fisiologismo e pela preservação de privilégios imediatos, parece improvável que se alcance algum concerto mínimo para formular tal agenda.

A esse propósito, é sintomático que um dos principais problemas da América Latina destacados pelos analistas do Fórum tenha sido a "falta de valores" de seus líderes.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

O perfil de profissionais que Jorge Paulo Lemann contrata


“Não gostamos do soldado disciplinado que só vai fazer uma ordem”, disse Lemann durante bate-papo online promovido pela Fundação Estudar

Sergio Lima/FolhaPress/Veja
Jorge Paulo Lemann

São Paulo – Com 74 anos de idade, uma fortuna de 21,5 bilhões de dólares, segundo a Bloomberg, e o controle de empresas como Ambev, Burger King e Heinz, Jorge Paulo Lemann tem credibilidade de sobra para descrever as características que definem os melhores profissionais.

Em bate-papo online promovido pelo site Na Prática, da Fundação Estudar, o homem mais rico do Brasil compartilhou qual é o perfil de profissional que ele considera como um “talento”, um termo valorizado pela área de recursos humanos para definir pessoas de elevado potencial. Confira o que ele revelou: 

1 Tem um histórico de feitos
As experiências passadas contam (e muito) para Lemann. “Há pessoas que são ótimas, até foram para uma boa faculdade, mas não fizeram nada”, afirmou durante o bate-papo. O destaque vai para quem saiu da curva e não só exibiu uma lista de passagens por empresas no currículo, mas que se diferenciou em cada vivência. “Você tem que ver o que ele já fez e o que fez de diferente”, disse. 

2 Exibe brilho no olho
Gostar do que faz e ter ambição também conta, segundo o empresário. “Gostamos de pessoas que têm brilho no olho, que querem fazer, querem ser bem-sucedidas”, descreveu. 

3 É capaz de andar sozinho 
Entre alguém que espera por ordens e outro que crie “algum problema por querer andar muito sozinho”, Lemann prefere a segunda opção. “Não gostamos do soldado disciplinado que só vai fazer uma ordem”, disse. 

4 Traz resultados contundentes 
Não adianta ser um mestre em “marketing pessoal”, se não prova, na prática, que é tudo o que vende. Por isso, atingir resultados é essencial para o executivo. “Tem gente que fala muito e bonito, mas que não faz e não acontece”, afirmou. “Outros nem falam tanto assim, mas de alguma maneira conseguem chegar lá”.

5 Trabalha bem com outros 
Dentro das empresas de Lemann, a história do “gênio louco sozinho” não cola. “Pode ser gênio, mas não funciona bem dentro do nosso sistema”, disse. Ou seja, saber se relacionar, cooperar e toda a lista de atributos essenciais para o trabalho em equipe é fundamental.

6 É ético
“As pessoas podem ser diferentes, ter qualquer religião, maneiras diferentes de fazer as coisas. Mas tem que ser ético. Se não é, não dá para trabalhar”, afirmou.

Como os homens veem as mulheres no trabalho (e vice-versa)


Mulheres seriam menos eficazes em gerir emoções enquanto os homens, de conciliar trabalho e família, de acordo com levantamento da Bain

PhotoRack
executivos conversando

São Paulo – Vinte. Este é o número de vezes que um homem tem mais chance de chegar a um cargo de presidente de uma grande empresa quando comparado com uma mulher, segundo estudo da Bain que será divulgado amanhã durante o Fórum Mulheres em Destaque. E a diferença de estilos de gestão é uma das principais explicações para isso.

O estudo feito com pouco mais de 500 profissionais brasileiros prova que homens e mulheres se veem de maneiras diferentes no trabalho. “A mulher tende a construir relacionamentos, mobilizar o time, ajudar nos processos relacionais quando há mudanças”, afirma Luciana Batista, consultora da Bain & Co.

O problema? “Os líderes tendem a promover pessoas com estilos de gestão semelhantes aos seus”, diz a especialista. Como os homens são maioria nos cargos de liderança, a consequência não poderia ser mais óbvia.

Na hora de avaliar as próprias características, tanto mulheres quanto homens acabam caindo em alguns estereótipos.

Por exemplo, segundo os dois grupos, elas são menos eficazes do que eles na hora de controlar emoções e trabalhar com pessoas do mesmo sexo. Os homens, por sua vez, são menos eficazes ao conciliar trabalho e família e construir relacionamentos do que as mulheres, segundo o levantamento.

O desempenho feminino e masculino, segundo as mulheres
Perfil Mulheres mais efetivas que os homens Homens mais efetivos que mulheres
Controla as emoções no trabalho 6% 65%
Gerencia situações de alta pressão 15% 31%
Trabalha com colegas do mesmo sexo 14% 32%
Toma decisões difíceis baseadas na lógica e em bom julgamento 11% 28%
Toma boas decisões comerciais 7% 19%
Forma times de alta performance 21% 10%
Fala/contribui de forma eficaz em reuniões de liderança 17% 13%
Comunica ideais ou argumentos complexos 23% 14%
Trabalha bem em equipes 25% 15%
Constrói relacionamentos com os colegas 30% 18%
Propõe e gerencia processos de mudança transformacional 35% 8%
Mantém o comprometimento com o trabalho enquanto gerencia as necessidades de suas famílias 58% 12% 
O desempenho feminino e masculino, segundo os homens
Perfil Mulheres mais efetivas que os homens Homens mais efetivos que mulheres
Controla as emoções no trabalho 4% 62%
Gerencia situações de alta pressão 3% 46%
Trabalha com colegas do mesmo sexo 10% 40%
Toma decisões difíceis baseadas na lógica e em bom julgamento 6% 30%
Toma boas decisões comerciais 5% 13%
Forma times de alta performance 9% 19%
Fala/contribui de forma eficaz em reuniões de liderança 11% 14%
Comunica ideais ou argumentos complexos 11% 16%
Trabalha bem em equipes 15% 16%
Constrói relacionamentos com os colegas 21% 21%
Propõe e gerencia processos de mudança transformacional 16% 12%
Mantém o comprometimento com o trabalho enquanto gerencia as necessidades de suas famílias 30% 28%
Estilo de liderança 

Quando indagados sobre o desempenho das mulheres e homens em 10 estilos de liderança, os profissionais do sexo masculino afirmam que eles são melhores que elas exatamente nas características que são mais valorizadas pelos chefes – novamente, que são na sua maioria homens.

O que é mais valorizado nos cargos de liderança, segundo homens e mulheres
O que as empresas valorizam Segundo mulheres* Segundo homens*
Solucionar problemas 53% 54%
Encorajar o trabalho em equipe 47% 43%
Influenciar a equipe 33% 34%
Inspirar 30% 30%
Delegar 28% 28%
Fazer networking 26% 22%
Apoiar 20% 27%
Reconhecer 24% 22%
Fazer coaching/mentoring 16% 14%
Consultar as pessoas 14% 15%
* percentual de entrevistados que atribuíram importância 9 ou 10 em um ranking de 10
O desempenho de homens e mulheres em cada item, na visão dos homens
O que as empresas valorizam Desempenho das mulheres*  Desempenho dos homens*
Solucionar problemas 19% 25%
Encorajar o trabalho em equipe 27% 24%
Influenciar a equipe 22% 30%
Inspirar 19% 22%
Delegar 15% 22%
Fazer networking 24% 27%
Apoiar 26% 20%
Reconhecer 26% 17%
Fazer coaching/mentoring 22% 13%
Consultar as pessoas 29% 17%
* percentual de entrevistados que atribuíram importância 9 ou 10 em um ranking de 10
Repare que nos cinco estilos de liderança mais valorizados pelos chefes (solucionar problemas, encorajar o trabalho em equipe, influenciar a equipe, inspirar e delegar), as mulheres superam os homens em apenas um item – embora se sobressaiam em outras características. 

Para elas, a consequência da cultura que valoriza o estilo masculino é clara: apenas 19% das mulheres acreditam que têm as mesmas chances de promoção que homens tão qualificados quanto elas. Entre as que estão em cargos juniores, o percentual é de 27%. 

O cenário se repete nos processos de seleção e indicação. Ao todo, 60% das mulheres em cargos juniores acreditam que há igualdade entre os gêneros durante os processos de seleção. Entre as executivas, o percentual cai para 31%. 

Louis Vuitton coloca mala gigante na Praça Vermelha


O objetivo do monumento é promover a mostra "Alma Errante", que tem início na próxima segunda-feira, 2 de dezembro

Divulgação
Louis Vuitton coloca mala gigante na Praça Vermelha, em Moscou
Louis Vuitton coloca mala gigante na Praça Vermelha: obra é réplica do tradicional baú da marca, porém com 9 metros de altura e 30 metros de comprimento

São Paulo - Uma mala gigante da grife francesa Louis Vuitton foi colocada na Praça Vermelha em Moscou. A obra é uma réplica do tradicional baú da marca, porém com 9 metros de altura e 30 metros de comprimento.

O objetivo do monumento é promover a mostra "Alma Errante", que tem início na próxima segunda-feira, 2 de dezembro. A exposição irá homenagear os 120 anos do GUM shopping, o mais famoso centro de compras da Rússia.

No entanto, parece que nem todos estão contentes com a mala gigante. Segundo o “Diário da Rússia”, o partido comunista solicitou a retirada da construção.

Eles vêem a Praça Vermelha como um lugar sagrado para o estado e que não pode ser vulgarizado com determinados símbolos.

Estudo aponta solução para desembarque em aeroportos do país


Estudo verificou situação de usuários de cinco aeroportos: Guarulhos, Viracopos, Congonhas, Antonio Carlos Jobim/Galeão e Presidente Juscelino Kubitschek

Heloisa Cristaldo, da
David Silverman/Getty Images
passageira caminha com mala no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro
Aeroporto do Galeão: a engenheira de infraestrutura aeronáutica Giovanna Borille preparou um roteiro com 720 alternativas para os aeroportos

Brasília – A análise sobre a qualidade do desembarque de passageiros em cinco aeroportos brasileiros garantiu um dos prêmios do Concurso Marechal-do-Ar Casimiro Montenegro à tese de doutorado da engenheira de infraestrutura aeronáutica Giovanna Borille.

O estudo verificou a situação dos usuários de cinco dos maiores aeroportos do país: Guarulhos, Viracopos e Congonhas, em São Paulo, Antonio Carlos Jobim/Galeão, no Rio de Janeiro, e Presidente Juscelino Kubitschek, em Brasília.

Segundo a engenheira, a demora para a retirada da bagagem, uma das principais queixas dos passageiros, pode ser corrigida pelo administrador do aeroporto com o gerenciamento de itens como agilidade no desembarque dos viajantes e diminuição da distância entre as aeronaves no pátio e o tempo de deslocamento até a sala de desembarque.

“Além disso, é importante disponibilizar esteiras com dimensões apropriadas, conforme o número de passageiros por voo, e evitar que a mesma esteira seja usada para muitos voos”, disse Giovanna à Agência Brasil.

O estudo avaliou o comportamento de 500 passageiros, considerando o tempo de espera após desembarque e o local ao redor da esteira de bagagem. "As pesquisas científicas nesta área eram todas feitas com base no embarque do passageiro – avaliar a questão da qualidade no desembarque foi inédito para o país", completou.

“A espera pela bagagem varia entre 15 e 50 minutos. A situação não depende do passageiro, a mala chega de forma aleatória. O comportamento do passageiro, se é mais rápido, ou não, ao sair do avião é irrelevante”, ressaltou Giovanna.

Ao avaliar a situação, a engenheira preparou um roteiro com 720 alternativas para os aeroportos, com a simulação de cenários reais para que os administradores deles tenham opções de acordo com a realidade local para melhorar a qualidade do atendimento ao passageiro na hora do desembarque. Para ela, esse estudo poderá ser aproveitado tanto no dia a dia quanto em momentos de grande fluxo nos aeroportos brasileiros, como na Copa do Mundo, em 2014, e nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

O Concurso Marechal-do-Ar Casimiro Montenegro, promovido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, visa a estimular estudos e pesquisas voltados para o desenvolvimento científico e tecnológico, o fortalecimento da indústria nacional de defesa e dos setores aeroespacial, cibernético e nuclear. São premiadas teses de cursos de doutorado e artigos científicos nas áreas aeroespacial, nuclear, cibernética e de política e indústria de defesa. Ao todo, mais de 80 trabalhos foram premiados.

Cai participação de atividades informais e ilegais no Brasil


Em 2012, a renúncia fiscal no país foi da ordem de R$ 4 bilhões. Para 2013, estima-se que chegue a R$ 18 bilhões e para 2014, a perspectiva é R$ 34 bilhões

Dado Galdieri / Bloomberg
Comércio: mulher conta dinheiro de Real na carteira
Comércio: pesquisador ressalva  que aceleração da queda da informalidade pode ter raízes em outros fatores pontuais,como é o caso da desoneração da folha de pagamento

São Paulo – As atividades econômicas subterrâneas – praticadas pelos setores informais e ilegais – somaram, ao menos, R$ 760 bilhões em 2013. O resultado representa redução de 0,8 ponto porcentual em relação ao ano anterior.

O desempenho da economia subterrânea, divulgado hoje (26), foi medido por estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), em parceria com o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco). 

Estão incluídos nesse total desde o trabalho dos vendedores ambulantes até práticas criminosas, como o tráfico de drogas.

O pesquisador da FGV/IBRE, Fernando de Holanda Barbosa Filho, destaca a influência do nível de escolaridade do brasileiro e a queda demográfica na diminuição da informalidade. 

“Entre 2001 e 2011 houve acréscimo de 22 milhões de pessoas com educação formal. Fatores como o cada vez menor crescimento demográfico, com a consequente redução de gente no mercado de trabalho, influenciam a queda do desemprego e uma taxa de desemprego baixa favorece a redução da informalidade”, disse.

O pesquisador ressalva, porém, que aceleração da queda da informalidade pode ter raízes em outros fatores pontuais, como é o caso da desoneração da folha de pagamento em alguns setores da economia. 

Em 2012, a renúncia fiscal no país foi da ordem de R$ 4 bilhões. Para 2013, estima-se que chegue a R$ 18 bilhões. Para 2014, a perspectiva é R$ 34 bilhões.

“A desoneração da folha, teoricamente, deve ter impacto na informalidade, mas não há como afirmar ou fazer uma análise do impacto direto da medida na informalidade, ainda”, disse.

Segundo os autores do estudo, a informalidade traz prejuízos diretos para a sociedade, cria ambiente de transgressão, estimula o comportamento econômico oportunista, com queda na qualidade do investimento e redução do potencial de crescimento da economia brasileira. 

Além disso, provoca a redução de recursos governamentais destinados a programas sociais e a investimentos em infraestrutura.

Grifes dão aula de luxo no desempenho trimestral


Empresas como Michael Kors, Louis Vuitton e Prada mostram que ter resultados positivos nunca esteve tão na moda