quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Brasil tem uma das 10 maiores reservas de gás de xisto


País possui pelo menos 6.9 trilhões de m³ de gás de xisto – quase 100 vezes o volume de reservas provadas de gás convencional em terra, segundo a AIE

Getty Images
Engenheiro dos EUA mostra uma pedra de xisto

Para a AIE, produção de gás de xisto deve ganhar força no início dos anos 2020 no Brasil

São Paulo – A 12ª Rodada de Licitações da ANP, que ocorre nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro, inaugura a busca do Brasil pelo gás de xisto. O chamado gás não convencional, extraído de rochas, é responsável por colocar os Estados Unidos no rumo da autossuficiência energética, mas também dá sinais de que os problemas ambientais associados à técnica de fraturação hidráulica (no inglês, “fracking”) não devem ser ignorados — principalmente se o país resolver explorar para valer seu potencial.

Apesar de ainda não ser possível cravar números certeiros sobre o volume de gás possível de ser extraído, estimativas da Agência Internacional de Energia (AIE) já colocam o Brasil entre os 10 países com as maiores reservas nacionais de gás de xisto.

Segundo a AIE, o país possui reservas recuperáveis de 6.9 trilhões de m³ de gás de xisto e de 5.3 bilhões de barris de óleo leve de xisto, em pelo menos três bacias sedimentares.

Só o volume de gás, segundo a agência, é cem vezes superior às reservas de gás natural provadas em terra, que respondem hoje por 16% das reservas totais de gás natural do Brasil. O restante encontra-se no mar.

Pelas projeções da agência americana, a produção de gás de xisto nacional deve ganhar força no início dos anos 2020 e adicionar cerca de 6 bilhões de metros cúbicos ao fornecimento de gás do país até 2035.

Para ANP, as reservas brasileiras podem ser o dobro das estimativas da AIE. Nesta quinta-feira, serão ofertados no leilão de quinta-feira 240 blocos exploratórios terrestres com potencial para gás natural em sete bacias sedimentares: Acre, Parecis, São Francisco, Paraná, Parnaíba, Recôncavo e de Sergipe-Alagoas, todas com potencial para gás convencional e não convencional.
 

Renda fixa volta a brilhar e faz poupança comer poeira


Com juro de volta aos dois dígitos, aplicações atreladas à Selic e ao CDI, as chamadas pós-fixadas, estão bem mais vantajosas que a poupança em qualquer prazo

SXC
Cofre de porquinho

Cofre de porquinho: poupança perde a atratividade quando a taxa Selic fica mais elevada

São Paulo – A taxa básica de juros, a Selic, retornou nesta quarta ao patamar de dois dígitos, do qual havia saído em março do ano passado. Isso fez com que as aplicações atreladas à taxa Selic voltassem a se tornar atrativas. Em relação à caderneta de poupança, estacionada na remuneração máxima de 0,5% ao mês mais Taxa Referencial (TR), esses investimentos de renda fixa estão ganhando de lavada.

Investir em aplicações pós-fixadas voltou ser bastante interessante em qualquer prazo na comparação com a poupança, mesmo com a cobrança de imposto de renda, da qual a caderneta é isenta. A remuneração dessas aplicações é atrelada à Selic ou à taxa CDI, que costuma se aproximar da Selic. Com a inflação em torno de 6% ao ano, a rentabilidade bruta acima da inflação (juro real) dos pós-fixados voltou a ficar elevada, em cerca de 4% ao ano.

Dentre as aplicações pós-fixadas mais acessíveis ao pequeno investidor destacam-se os CDB-DI, oferecidos pelos bancos; as Letras Financeiras do Tesouro (LFT), negociadas via Tesouro Direto; e os fundos DI, que investem em papéis de renda fixa pós-fixados.

No caso dos CDBs, papéis que paguem mais de 84% do CDI, remuneração fácil de conseguir mesmo em bancos grandes, já são mais interessantes que a poupança em qualquer prazo. No caso das LFTs, se a corretora cobrar até 1,2% ao ano de taxa de administração, a aplicação já rende mais que a caderneta (veja a lista das taxas cobradas pelas corretoras, inclusive aquelas que isentam o investidor de custos). E no caso de fundos DI, a taxa de administração máxima para que o investimento ainda seja mais vantajoso é de 1,5% ao ano, que já pode ser considerada alta para esse tipo de produto.

Vale notar que, nos três casos, é bem possível conseguir remunerações melhores para os CDBs ou taxas de administração mais baratas para o Tesouro Direto e os fundos DI. Considerando uma TR um pouco acima de zero – digamos, de 0,02% ao mês –, perceba a diferença de remuneração em relação a um CDB que paga 90% do CDI, um fundo DI com taxa de administração de 1,0% ao ano e uma LFT negociada em uma corretora que não cobre taxa de administração, apenas a custódia obrigatória de 0,30% ao ano. O prazo considerado foi de 12 meses.


Aplicação Rendimento líquido anual Quanto rende a mais que a poupança
Poupança (nova e velha)* 6,42% Zero
CDB 90% do CDI 7,17% 11,68%
Fundo DI com taxa de 1,0% a.a. 7,20% 12,15%
Tesouro Direto (LFT) 7,74% 20,56%
 
(*) Com a Selic acima de 8,50% ao ano, a remuneração da caderneta de poupança volta a ser a mesma da regra antiga: 0,5% ao mês mais Taxa Referencial (TR). Na tabela, foi considerada uma TR de 0,02% ao mês, uma vez que essa taxa não tem mais ficado zerada com o juro mais alto.
Vídeo: Por que o Tesouro Direto é indicado ao pequeno investidor?

Petrobras tem deficit de US$ 22 bilhões no ano


Enquanto persiste o imbróglio do reajuste dos preços da gasolina e do diesel, a Petrobras se afunda em deficit. O saldo da empresa na balança comercial foi negativo em US$ 22,4 bilhões de janeiro a outubro deste ano, um valor não só recorde como também 157% superior ao deficit de todo o ano de 2012. 

Os dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que as exportações da empresa caíram para US$ 11,5 bilhões neste ano, 40% menos do que as do ano passado. Já as importações subiram para US$ 34 bilhões, 34% mais. 

A empresa tradicionalmente tem deficit na balança, mas nunca houve números tão expressivos. Em 2012, o deficit havia sido de US$ 8,7 bilhões. De 2000 a 2010, a Petrobras teve deficit acumulado de US$ 14,4 bilhões, aponta a Secex (Secretaria de Comércio Exterior). 

A situação da empresa só não é pior porque no segundo trimestre deste ano a mistura de etanol na gasolina subiu de 20% para 25%. Com isso, e devido a uma recuperação parcial da produção nacional de álcool, parte do consumo de gasolina foi substituída pelo de etanol. 

O consumo de etanol atingiu 18,7 bilhões de litros de janeiro a outubro, um volume 19% superior aos 15,7 bilhões de igual de 2012. 

Mesmo assim, apesar de uma redução nos últimos meses, as importações de gasolina continuam aceleradas. Até outubro, foram gastos US$ 2 bilhões para a entrada de 2,9 bilhões de litros. 

O pior para a empresa é que o alívio que poderia vir do etanol não ocorre exatamente devido à política do governo de segurar artificialmente os preços da preços da gasolina. 

Os preços controlados do derivado de petróleo limitam também uma correção nos do etanol. Com isso, não houve avanço na produção de cana e os investimentos se retraíram nesse setor. 

Os reajustes da gasolina virão nos próximos meses, mas o governo criou uma armadilha para ele mesmo. Deveria ter criado um mecanismo de reajuste no período de inflação menor e de câmbio estabilizado. 

Agora, corre o risco de ter a economia contaminada pelos reajustes e de ter de elevar os preços da gasolina --se o câmbio subir-- mesmo quando os preços recuarem no mercado externo.

A candidata em busca da credibilidade perdida





Rolf Kuntzpartilhar6



O alarme tocou e a presidente Dilma Rousseff entrou em campanha para elevar sua credibilidade, encenando mais uma vez o compromisso, jamais cumprido, de boa administração das contas públicas. Não se trata, agora, de persuadir um eleitorado mais ou menos cativo e mais ou menos propenso a engolir as patranhas de uma governante populista. O objetivo, bem menos simples, é reduzir a desconfiança de um público mais informado, menos vulnerável a truques contábeis e muito menos impressionável com jogadas de controle de preços. Não se trata só de economistas independentes e do pessoal do mercado financeiro, mas também – e neste momento principalmente – dos analistas com poder para baixar a nota de crédito do País. O risco de rebaixamento ficou mais evidente nas últimas semanas, foi citado pelo ministro da Fazenda em reunião com líderes aliados e é compatível com as preocupações indicadas por entidades multilaterais, como a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Em seu novo relatório sobre perspectivas globais, economistas da OCDE sugerem, entre outras medidas para tornar mais claras as contas públicas, maior atenção à regra de superávit primário e limitação das operações “quase fiscais”. Este é um nome delicado para a relação promíscua entre o Tesouro e os bancos federais. Tais medidas, acrescentam os autores do texto, “consolidariam a reputação duramente adquirida pelo Brasil de boa gestão fiscal”.

A referência a essa reputação como ainda existente deve ser mais uma gentileza diplomática. Igualmente gentil é a referência à reputação da política de controle da inflação baseada no regime de metas. “Será importante continuar mostrando determinação diante da emergência de pressões inflacionárias”, sustentam os economistas. Em outra passagem, o texto menciona diretamente a necessidade de mais aperto monetário para conduzir a inflação à meta de 4,5%.

Bem antes da presidente da República os dirigentes do Banco Central (BC) decidiram cuidar da própria credibilidade. Ao elevar em abril o juro básico da economia, a taxa Selic, tomaram a primeira medida séria, em 20 meses, para enfrentar a disparada dos preços. Foi também o primeiro lance para restabelecer a imagem de autonomia operacional da instituição.

Já esfrangalhada, essa imagem foi quase destruída quando a presidente Dilma Rousseff, na África do Sul, em março, fez um desastroso pronunciamento sobre como deveria ser o combate à inflação no Brasil. O presidente do BC, Alexandre Tombini, teve de se manifestar, pouco depois, para “esclarecer” as palavras de sua chefe e tentar conter os estragos. No mês seguinte começou a nova série de aumentos da taxa Selic. 

Analistas do mercado financeiro e consultores privados dão como certa mais uma elevação ainda este ano e um retorno do juro básico dos atuais 9,5% aos dois dígitos. A decisão deverá ser conhecida na próxima quarta-feira, quando terminará a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) prevista para 2013.

A política de juros em vigor a partir de abril deve produzir resultados sensíveis, ou mais sensíveis, nos próximos meses. É cedo para dizer se haverá novos aumentos em 2014, embora o mercado financeiro projete uma Selic de 10% para dezembro de 2013 e uma taxa de 10,25% para o fim do próximo ano. Por enquanto, a inflação continua vigorosa. O IPCA-15, prévia do índice oficial do mês, subiu 0,57% em novembro, 5,06% no ano e 5,78% em dois meses. Em outubro a variação havia chegado a 0,48%. A reaceleração iniciada em agosto continua e, se fosse necessária mais uma prova do desastre, bastaria examinar a contaminação dos preços – 70,7% itens com aumentos.

Se a tendência se mantiver, como tudo parece indicar, as escolhas do Copom serão muito restritas, até porque o governo se mostra disposto a continuar estimulando o consumo e a manter frouxas as suas contas. Com isto se volta ao problema da política fiscal e ao esforço da presidente Dilma Rousseff de encenar de novo um compromisso de seriedade. O espetáculo incluiu na semana a reunião com políticos aliados para convencê-los a abandonar projetos com elevados custos fiscais – uns R$ 60 bilhões por ano, se forem todos aprovados.

Líderes da base assinaram um documento de apoio ao imaginário Pacto de Responsabilidade Fiscal inventado, há alguns meses, como resposta às manifestações de junho. Um dia depois o Congresso aprovou, no entanto, uma lei para desobrigar o governo central de compensar as deficiências de Estados e municípios na produção do superávit primário. Em seguida, a presidente pediu a seus auxiliares a fixação de metas fiscais mais fáceis para o próximo ano. A quem ela espera convencer de sua conversão à austeridade? Além do mais, em 2014 eleições dominarão a política. A campanha da reeleição começou há muito tempo, como sabe qualquer pessoa razoavelmente informada.

A presidente festejará o ano-novo num país com inflação elevada e finanças públicas em mau estado, pressionada para manter estímulos setoriais ao consumo e com as contas externas em visível deterioração. O déficit em conta corrente acumulado nos 12 meses até outubro chegou a US$ 82,21 bilhões, 3,67% do PIB estimado.

A balança comercial, foco dos principais problemas do balanço de pagamentos, pode melhorar neste bimestre. Mas as perspectivas ainda serão ruins, porque a indústria continua com baixo poder de competição. A política do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) atendeu nos últimos anos a prioridades erradas e foi insuficiente para promover a elevação do investimento privado. Quanto ao investimento público, permaneceu emperrado por incompetência gerencial. Se o BC continuar sozinho no combate à inflação, a presidente ainda estará arriscada a enfrentar novas e inoportunas altas de juros. A batalha da credibilidade poderá ser muito complicada.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

STF adia decisão sobre poupança e mantém ceticismo quanto a possível 'caos financeiro'


DE SÃO PAULO
DE BRASÍLIA

O STF (Supremo Tribunal Federal) adiou para fevereiro de 2014 a votação sobre a correção das poupanças, mas os ministros continuam céticos em relação aos argumentos apresentados pelas instituições financeiras e pelo Banco Central de que uma eventual decisão favorável aos poupadores coloca em risco o sistema financeiro. 

Apesar do adiamento, o STF abriu espaço para o pronunciamento dos relatores das ações e para a argumentação dos bancos e dos representantes dos poupadores. A sessão, que foi interrompida por volta das 18h30 (horário de Brasília), será retomada na quinta-feira (28). 

O dinheiro reservado pelos bancos para indenizar os poupadores, as chamadas provisões, foi motivo de bate-boca entre os advogados dos bancos e de seus clientes durante a sessão correção das cadernetas nos planos econômicos dos anos 80 e 90. 

O advogado Luiz Casagrande, que defende os poupadores, disse que os bancos foram negligentes ao constituir as provisões para as indenizações. "A CVM deveria investigar os bancos por irregularidades nas provisões", disse. 

Os bancos e o BC falam em perdas potenciais de R$ 150 bilhões, enquanto as provisões para ações cíveis --que incluem os planos econômicos-- somam R$ 18,2 bilhões. 

O discurso de Casagrande foi rebatido pelos defensores do Santander e do BB, que disseram que não há qualquer irregularidade nas provisões financeiras feitas pelo banco. "Os nossos balanços seguem regras e são auditados", disse Marcos Cavalcante, defensor do Santander. 

Em defesa dos poupadores, Casagrande afirmou que a "poupança é pós-fixada", portanto, deve aferir o rendimento no período passado. "Não importa se um período foi sob inflação alta e o outro, baixa". 

Para o advogado dos poupadores, os advogados dos bancos não apresentaram um argumento em favor do não pagamento da correção da poupança, além de afirmar que foram obrigados a aplicar os índices sob pena de "desobediência civil". "Há uma tentativa de reinventar a discussão", disse. 


ADIAMENTO

 
O STF (Supremo Tribunal Federal) iniciou a sessão prevista para votar a correção das poupanças nos planos econômicos dos anos 80 e 90 às 14h 30. Logo na abertura, o ministro Marco Aurélio de Mello propôs que a votação do julgamento da correção dos planos econômicos ficasse para 2014, quando terão mais tempo para fazer sucessivas sessões para votar a matéria. 

O presidente do STF, Joaquim Barbosa, disse que não se opunha e ouviu os demais membros da corte sobre a proposta. 

Até ontem à noite, o governo negociava com membros do STF para suspender a votação. O governo é o que mais perde com uma eventual decisão a favor dos poupadores, por meio das indenizações dos bancos públicos e com a provável queda na arrecadação.

'FT' critica Dilma por divulgar dados não oficiais sobre o PIB

Presidente afirmou a jornal que PIB de 2012 foi maior que o anunciado.
Para 'FT', anúncio deveria ser feito de forma mais convencional.

Do G1, em São Paulo

O jornal britânico "Financial Times" criticou a presidente Dilma Rouseff, em seu blog sobre os países em desenvolvimento, por divulgar estatísticas não oficiais sobre a economia brasileira. Segundo a publicação, o governo brasileiro sabe "como deixar os investidores preparados para tudo".
Em entrevista à edição brasileira do jornal "El País", nesta terça-feira (26), Dilma afirmou que o Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) de 2012 cresceu, na verdade, 1,5%, em vez dos 0,9% divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Grande notícia, certo?", diz o jornal. "No entanto, investidores ficaram coçando as cabeças depois que o IBGE recusou confirmar se a revisão é verdadeira". O instituto vai divulgar na próxima terça os dados do PIB do terceiro trimestre, quando poderá então revisar os dados referentes ao ano passado.

"O Brasil está longe de outros países como a Argentina em relação à estatística 'criativa'", diz o "FT". "No entanto, com a credibilidade da equipe econômica sob crescente escrutínio por causa das contas fiscais, Dilma deveria ter escolhido uma forma mais convencionar de anunciar uma revisão tão significante do PIB".

Para Rémy Cointreau, queda de vendas na China não cheira bem


A conta é simples: se o chinês não bebe, o francês não fatura - e é exatamente isso que está acontecendo