segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

‘Ainda esperamos fechar acordo Mercosul-UE’, afirma ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira


O Brasil ainda pretende direcionar esforços para um impulso decisivo para concluir o acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE), mesmo após o “não” expressado pelo presidente da França, Emmanuel Macron, no último sábado (02/12). Em entrevista exclusiva à DW em Berlim, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que não considera que a oposição de Macron tenha sido um balde de água fria num momento em que as negociações pareciam caminhar para um desfecho decisivo.

Macron voltou a expressar oposição ao tratado, classificando o texto como “antiquado” e “incoerente” e afirmando que ele não “é bom para ninguém”, depois de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, às margens da COP28. Após as falas do líder francês, Lula disse que, se não houver acordo, não terá sido por falta de vontade do bloco sul-americano.

“Ainda estamos trabalhando com uma perspectiva [de fechar o acordo]. Vamos ver se é possível superar os últimos pontos ainda pendentes”, disse Vieira, que acompanha Lula em visita oficial. Na capital alemã, a viagem de Lula inclui a segunda edição das Consultas Intergovenamentais de Alto Nível, mecanismo de diálogo com o governo alemão que foi retomado após um hiato de oito anos.

Além de abordar o acordo entre Mercosul e UE, Vieira defendeu uma ampliação do Conselho de Segurança da ONU – também uma demanda da Alemanha – e afirmou que o Brasil espera uma solução pacífica na crise entre a Venezuela e a Guiana. Segundo o ministro, Brasília avalia que a questão está nas mãos da Corte Internacional de Justiça, em Haia, que na semana passada deu uma vitória à Guiana, determinado que a Venezuela não interfira no status territorial do país vizinho.

DW: No sábado, durante a COP28, o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que é contra os atuais termos do acordo comercial entre o Mercosul e União Europeia, isso num momento em que as negociações finais pareciam avançar. É um balde de água fria de Macron no acordo? 

Mauro Vieira: Não. Não foi. Inclusive porque já conhecíamos as posições francesas. Nós temos negociado com a Comissão Europeia, diretamente com a estrutura da presidente da Comissão, Ursula von der Leyen. Nossos negociadores têm feito muito progresso ultimamente. Nós esperamos que se possa concluir ainda um acordo a nível técnico, e fechar essas negociações agora um pouco antes da cúpula do Mercosul, nesta semana, no Rio de Janeiro.

As posições dos países do lado europeu são levadas pela Comissão e no nível político está o chefe de gabinete da presidente da Comissão, que é o interlocutor de nível político. Com ele nós temos falado, inclusive nesses dias em Dubai, durante a COP28, e ainda estamos trabalhando com uma perspectiva. Vamos ver se é possível superar os últimos pontos ainda pendentes. Eu acho que é um acordo de interesse, que será estratégico para não só para o Mercosul, mas também para a União Europeia, como já foi declarado mais de uma vez por vários comissários e pela própria presidente Ursula von der Leyen.

Se o “não” francês não é determinante, qual seria o impulso decisivo que ainda falta?

 O governo francês expressou sua posição. O presidente Macron tem evidentemente dificuldades internas, tem oposição ao acordo, mas nós estamos negociando, estamos ainda conversando com a direção mais alta da União Europeia. Havia questões complexas que já foram superadas, como as compras governamentais e agora faltam alguns detalhes, algo que é parte da negociação e que esperamos concluir até o dia da cúpula.

Em 2023, com a volta de Lula ao poder, a Alemanha e o Brasil fizeram diversos esforços de reaproximação após a turbulência dos anos Temer e Bolsonaro. Quais seriam os resultados concretos dessa reaproximação?

É mais do que reaproximação. A relação entre a Alemanha com o Brasil, e do Brasil com a Alemanha, ela é tradicional, é antiga. Em 2024, nós vamos celebrar os 200 anos do início da imigração alemã ao Brasil. Nós temos relações antigas, estáveis, férteis e profundas.

A Alemanha tem enormes investimentos na área industrial do Brasil. Houve uma retomada do diálogo a nível político, que infelizmente tinha sido paralisado pelo governo anterior, mas, como o presidente Lula declarou, ‘o Brasil voltou’. Imediatamente retomamos os contatos. O presidente Lula já se encontrou com o chanceler Scholz pelo menos três vezes, em Brasília, em Nova York, e às margens do G7, em Hiroshima. O diálogo é muito fluído, muito próximo. E o nível do diálogo inclusive é mais aberto, mais próximo e mais natural que se poderia ter.

Tanto a Alemanha quanto o Brasil pleiteiam uma reforma e vagas no Conselho de Segurança da ONU. Nos anos 2000, os dois países chegaram a propor uma resolução conjunta com Índia e Japão para pedir uma ampliação do organismo. Neste momento, como a Alemanha e o Brasil podem se apoiar para avançar essa demanda?

Nós criamos 20 anos atrás o G4, que une o Japão, a Índia, o Brasil e a Alemanha justamente para discutir e promover a reforma do Conselho de Segurança. São quatro países que têm a mesma posição: a reforma do Conselho nas duas categorias de membros, dos membros permanentes e dos membros não permanentes, e também uma reforma dos métodos de trabalho do Conselho. Não é uma tarefa simples.

O Conselho de Segurança é um órgão desigual. Há cinco membros permanentes com direito a veto e dez membros eleitos. O G4 está por enquanto neste grupo dos dez membros eleitos. O Brasil está neste momento terminando um mandato como membro eleito. Começou no ano passado e terminará esse mandato no dia 31 de dezembro.

Os países do G4 têm uma visão muito clara de que é preciso reformar o Conselho, fazê-lo mais representativo, inclusive com uma representação africana. Existe o projeto de que ele tenha pelo menos dois países africanos como membros permanentes, além de ampliar o número de membros eleitos. Junto com a África, a América Latina é outra região que não tem nenhuma representação. São dois continentes que estão ausentes da representação permanente.

E tanto a Alemanha quanto o Japão se unem nessa discussão apoiando esses princípios enunciados como comuns para a reforma. E continuamos lutando. Não é fácil. Qualquer reforma que mexa em privilégios estabelecidos – ainda mais desde 1945 – não é fácil. Mas nós temos esperança de que vamos avançar os quatro em conjunto bastante, e em breve. Basta ver a situação em que estamos com guerras em que há uma ausência de ação do Conselho de Segurança, que reflete esse desequilíbrio de representatividade.

A paralisia do Conselho de Segurança reforça então a necessidade de reforma?

Não tenho dúvida. Se o Conselho fosse mais democrático e representativo, outras vozes se uniriam ao debate e seria mais fácil encontrar uma solução.

Qual pode ser o papel do Brasil na atual crise entre Venezuela e Guiana? Como o Brasil enxerga os planos do regime venezuelano de reclamar uma fatia considerável do país vizinho e organizar um referendo popular sobre o tema?

O papel do Brasil é dar o exemplo de que nós sempre valorizamos e sempre adotamos um princípio que, inclusive, é constitucional, de solução pacífica de controvérsias. O Brasil teve nove questões de limites com nove dos seus dez vizinhos imediatos na América do Sul e todas foram resolvidas por negociação pacífica e pela arbitragem internacional. Portanto, esse é o melhor exemplo.

E já expressamos para ambos os lados essa nossa posição, o apoio e o estímulo que a questão seja resolvida pela negociação, pela solução pacífica. E, no momento, a questão está nas mãos da Corte Internacional de Justiça em Haia, que, inclusive se manifestou nos últimos dias, já preliminarmente e é o que nós esperamos que aconteça e que possa solucionar essa questão de fronteiras entre os dois países, ambos vizinhos imediatos do Brasil, com os quais mantemos excelentes e importantes relações.O Brasil assumiu a presidência do G20. Nesse papel de liderança, o que o Brasil pretende realizar? O que seria uma vitória do Brasil na presidência do G20?

Uma vitória no G20 é conseguir promover uma discussão profunda e de qualidade que mostre alguns resultados sobre os temas básicos que orientam a nossa presidência do G20, como o combate à desigualdade, combate à fome, a promoção do desenvolvimento sustentável e a questão climática.

 

Ricardo Santin, da ABPA, é eleito para a presidência do International Poultry Council

Ricardo Santin é eleito presidente da Câmara Setorial de Aves e Suínos

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, foi eleito presidente do International Poultry Council (IPC, sigla em inglês). Em nota, a ABPA diz que Santin é o primeiro brasileiro a comandar a entidade máxima da avicultura mundial, que reúne 54 integrantes (entre associações e empresas) de 30 países, responsáveis por mais de 73% da produção mundial de carne de aves e de mais de 86% da exportação avícola global. Santin, que sucede o canadense Robin Horel, deve reforçar a presença global do conselho, focado em questões relativas aos desafios sanitários globais (especialmente em relação à Influenza Aviária).

“Temos questões intrassetoriais a serem superadas e temas que avançam sobre a cadeia alimentar global. Neste sentido, trabalharemos para construir, de forma uníssona, soluções que alcancem todos os elos da cadeia produtiva dentro de seu propósito de produzir alimentos de forma ampla e democrática, auxiliando a segurança alimentar global e reafirmando o papel desta fundamental proteína”, afirmou Santin.

Com Santin, foram eleitos para o comando do IPC Richard Griffiths (British Poultry Council – BPC), como vice-presidente e Jim Sumner (USA Poultry and Egg Export Council – USAPPEC) como tesoureiro.

 

Projeção do Focus de alta do PIB de 2023 segue em 2,84%; 2024 continua em 1,50%



Projeção do Focus de alta do PIB de 2023 segue em 2,84%; 2024 continua em 1,50%

Para 2024, o Relatório Focus trouxe estabilidade na estimativa de crescimento do PIB, que continuou em 1,50%. (Crédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

 

O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 4, pelo Banco Central manteve a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. A mediana para a alta da atividade em 2023 seguiu em 2,84%, contra 2,89% há um mês. Considerando apenas as 30 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 caiu de 2,84% para 2,81%.

Para 2024, o Relatório Focus trouxe estabilidade na estimativa de crescimento do PIB, que continuou em 1,50% na semana, mesmo patamar de um mês atrás. Considerando as 30 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 também foi mantida em 1,50%.

Em relação a 2025, a mediana caiu de 1,93% para 1,90%, ante 1,90% de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2026, que se manteve em 2,00%, mesmo nível de um mês atrás.

O Ministério da Fazenda revisou em novembro sua projeção para o crescimento do PIB deste ano de 3,2% para 3,0%. Já no Banco Central, a estimativa atual é de 2,9%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.

Dívida/PIB

O Boletim Focus trouxe estabilidade na projeção para o endividamento público neste ano na edição publicada nesta segunda. A estimativa para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 seguiu em 61,00%, ante 60,61% de um mês atrás.

Para o déficit primário em relação ao PIB neste ano, a mediana continuou em 1,10%, mesmo nível de um mês antes. O Ministério da Fazenda buscava entregar um resultado deficitário de 1,0% do PIB em 2023, mas o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, admitiu em novembro que o déficit primário “provável” deste ano deve ficar em torno de 1,32% do PIB, acima da linha.

Já a estimativa do Focus para o déficit nominal este ano seguiu em 7,60% do PIB, ante 7,51% de um mês atrás. O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

2024

Para o próximo ano, a estimativa para a dívida líquida passou de 63,90% para 63,95% do PIB, ante 63,65% de quatro semanas antes. Já o déficit primário esperado para 2024 continuou em 0,80% do PIB. O déficit nominal projetado na Focus se manteve em 6,80% do PIB. Há um mês, os porcentuais eram de 0,80% e 6,80%, respectivamente.

No fim de agosto, o governo apresentou o projeto de lei orçamentária de 2024 ao Congresso. A peça prevê superávit de R$ 2,8 bilhões em 2024 (0% do PIB), mas depende da arrecadação de R$ 168,5 bilhões em medidas extras, entregues ao Parlamento junto com o Orçamento. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já avisou que o governo “dificilmente chegará à meta zero”, até porque o chefe do Executivo “não quer fazer cortes em investimentos e obras”. Desde então, aumentou o debate sobre uma possível alteração na meta fiscal do próximo ano.

Déficit em c/c

O resultado das transações correntes ficou negativo em outubro deste ano, em US$ 230 milhões, informou o Banco Central. Este é o melhor desempenho para meses de outubro desde 2006, quando o saldo foi positivo em US$ 1,296 bilhão. Em setembro, o resultado foi deficitário em US$ 1,375 bilhão.

O saldo negativo da conta corrente em outubro ficou menor que a mediana do levantamento realizado pelo Projeções Broadcast, que apontava para déficit de US$ 950 milhões. O intervalo ia de déficit de US$ 2,60 bilhões a superávit de US$ 1,10 bilhão.

Pela metodologia do Banco Central, a balança comercial registrou saldo positivo de US$ 7,372 bilhões em outubro, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 3,548 bilhões. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 4,223 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou positivo em US$ 169 milhões.

No ano até outubro, a conta corrente teve rombo de US$ 20,847 bilhões. Em 12 meses, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 33,976 bilhões, o que representa 1,62% do Produto Interno Bruto (PIB).

A estimativa atual do BC é de déficit na conta corrente de US$ 36 bilhões em 2023, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.

 

‘Brasil voltou ao mundo’, diz Lula em Berlim


Lula com o premiê alemão Olaf Scholz em Berlim (Crédito: AFP)

(ANSA) – BRASILIA, 04 DIC – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu homólogo alemão, Frank-Walter Steinmeier, falaram hoje sobre meio ambiente e as atividades do G20, que é comandado pelo Brasil desde 1° de dezembro, durante reunião em Berlim.

“Conversamos sobre os avanços na economia, sobre investimentos no novo PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], da retomada da proteção ambiental e sobre a presidência do Brasil no G20”, declarou o mandatário sul-americano.

A reunião com Steinmeier aconteceu no âmbito das Consultas de Alto Nível, realizadas pela última vez em agosto de 2015, quando a então chanceler Angela Merkel visitou Brasília.

“O Brasil voltou a ter um governo que trabalha e é referência positiva no mundo. Vamos reforçar nossa parceria e cooperação em muitas áreas, estamos retomando o diálogo com os alemães, que tinha sido abandonado em governos anteriores”, disse o petista.

Por sua vez, o presidente Steinmeier agradeceu em nome da “Alemanha e do mundo” pela “retomada da proteção do meio ambiente e da Amazônia”, informou o Palácio do Planalto. (ANSA).

 

Engenheira do ITA e ex-professora de cursinho, ela conta como foi ser a única CEO no Oriente Médio


Claudia Massei, da Siemens, é entrevistada na série 'DNA da Liderança', que conta histórias de líderes e traz dicas de carreiras


Formada pelo ITA, a engenheira aeronáutica Claudia Massei tem um currículo invejável. Fala oito idiomas, tem MBA na escola de negócios mais antiga dos EUA e foi a única mulher estrangeira CEO no Oriente Médio, de 2018 a 2020, em Omã (país que faz fronteira com Emirados Árabes Unidos e Iêmen). Ainda no início da sua carreira, a executiva brasileira foi professora em um cursinho preparatório e conta que várias das habilidades que usa até hoje vieram da época de sala de aula.

Hoje ela atua como assessora do CEO global na unidade de negócios de motion control (controle de movimento) e é líder de transformação da empresa na Alemanha. Para ela, fornecer um ambiente onde as pessoas se sintam motivadas a tentar coisas é essencial para impulsionar o crescimento da companhia.

"Enquanto CEO, eu pensava a partir da ideia que eu trabalhava para os meus funcionários, eu estava ali para servir se algum deles tivesse um problema", conta.

Massei é líder de transformação e assessora do CEO global da Unidade de Negócios Motion Control da Siemens.
Massei é líder de transformação e assessora do CEO global da Unidade de Negócios Motion Control da Siemens.
Foto: ALEX SILVA/ESTADAO / Estadão
 

Confira trechos da entrevista:

Como foi o início da sua carreira?

Comecei minha carreira como professora de cursinho durante a faculdade de engenharia aeronáutica no ITA e eu acho que várias das habilidades que uso até hoje vieram da época de sala de aula. Em seguida, fiz um estágio de pesquisa na França, quando me encantei com a ideia de morar fora do país. Ao retornar ao Brasil, escolhi não seguir a engenharia e entrei na consultoria estratégica em São Paulo.

No segundo ano efetivada, tive uma chance de voltar para a França e depois para África do Sul participar de alguns projetos. Voltei para o Brasil e comecei a aplicar para o MBA em algumas escolas. Acabei indo para o Wharton, nos Estados Unidos, e fiz meu estágio de verão na Microsoft.

Nessa época, um rapaz do ITA que conheci na época em que eu estava indo para o MBA me escreveu falando que estava começando um projeto para fazer uma empresa de educação tecnológica e que ele precisava de investimento. Resolvi investir. Trabalhamos juntos nesse período, mas precisava de um emprego. Busquei algumas oportunidades, mas acabei escolhendo ir para a Siemens. A empresa me esperou por um ano e meio para eu ajustar a minha empresa e quem tocou foi meu sócio.

Quando entrei na Siemens , participei de um programa chamado CEO Program. Fiz rotações na Alemanha, Portugal, China, Alemanha, Dinamarca. Depois do programa, voltei para a Alemanha e então tive a chance, depois de um ano, de me chamarem para um processo seletivo para CEO em Omã. Passei e fiquei como CEO por 4 anos, de 2018 a 2020

Como dar aula ajudou profissionalmente?

Dar aula nada mais é do que você contar uma história com a ajuda de gráfico, de material visual. Quando eu dava aula, eu precisava preparar o storytelling. Eu precisava preparar a lousa de forma que fique tudo bonitinho do começo até o fim para o aluno que perdeu a aula por qualquer razão.

E isso é muito parecido com o trabalho em consultoria, porque você vai fazer uma apresentação para o seu cliente, você tem que ter uma história, você tem que ter todos os slides.

Na verdade, você está querendo provar um ponto ou você está querendo expor uma ideia e você precisa das partezinhas. Você tem que levar todo mundo para a mesma página e depois garantir que vai chegar ao seu objetivo, convencendo o público daquele ponto que você quer.

Como é o seu dia a dia de trabalho hoje?

Hoje em dia, ocupo a posição de assessora de um CEO global em uma unidade de negócios chamada Motion Control. Eu lido com diversos temas estratégicos, comunicação e programas especiais.

Além disso, participo ativamente do planejamento de reuniões, visitas e viagens, quando ocorrem. Sou também a líder de transformação na mesma unidade de negócios, cujo foco é promover uma transformação cultural, indo além do digital.

Nós gostamos de afirmar que já realizamos as transformações digitais nesta unidade de negócios, direcionando nossos esforços para a transformação cultural. O objetivo é justamente fazer as pessoas colaborarem mais umas com as outras aqui dentro.

Você foi uma das principais executivas do Oriente Médio no período em que liderou a Siemens em Omã. Como foi essa experiência?

Acho que as pessoas pensam que é mais diferente do que realmente é, tendo como referência do Brasil. Omã é o país mais simpático do Golfo Pérsico (região que inclui Irã, Emirados Árabes Unidos e outros países). Então eu não achei assim tão desafiador.

Claro que sendo mulher e sendo estrangeira, ajudou um pouco mais do que se eu fosse só mulher. Eu era é a única mulher estrangeira CEO no país, então as pessoas não sabiam exatamente onde me encaixar, mas foi mais fácil por eu ser CEO do que se eu fosse gerente, por exemplo, porque no fim das contas, eu era CEO antes de ser mulher.

Experimentei um choque cultural maior na Alemanha. Lá, as interações eram diretas; se você fazia uma pergunta e as pessoas não estavam interessadas, elas simplesmente diziam não na sua cara.

Em certo sentido, liderar uma equipe onde nem todos realizam o trabalho perfeitamente pode ser mais desafiador, mas também mais gratificante.

Tive a oportunidade de desempenhar um papel crucial, atuando como um filtro de qualidade, garantindo que detalhes importantes não fossem negligenciados.

Minha experiência em Omã foi muito valiosa, porque eu sentia que minha presença fazia diferença. Essa é uma das maiores vantagens: se eu não tivesse lá vendo aquele documento naquela hora, uma determinada cláusula do contrato teria passado e ninguém teria visto.

Quais características são essenciais para um líder?

De certa maneira tem o lado de você ganhar o respeito das pessoas. Talvez eu esteja falando isso pela minha experiência como mulher em lugares em que somos minoria, mas acho que você tem de ganhar respeito, e às vezes você ganha o respeito de pessoas diferentes de maneiras diferentes.

Tem as pessoas que vão valorizar um título acadêmico ou o fato de você ter atingido recorde de vendas em algum lugar. Então o negócio é você entender isso.

Basicamente você precisa personalizar sua mensagem no seu pitch (idéia, resumo breve) para cada pessoa, mas ao mesmo sem parecer muito arrogante, tentar explicar o que você fez que foi bom, mas sem parecer que você se acha superior aos outros.

Outro ponto importante é criar um ambiente de segurança psicológica. Em Omã minha porta ficava sempre aberta, porque quando eu queria falar algo confidencial eu falava em alemão e pronto, mas a minha porta era sempre aberta.

Na hora em que algum colaborador queria falar comigo, eu parava o que estava fazendo. Algumas pessoas por definição cultural tinham um certo receio de falar com a chefe. Então eu pensava que se tivesse uma pequena barreira que seja eles vão iam se privar de tentar falar comigo.

Você também tem de fazer as pessoas sentirem que você confia nelas. Então, por exemplo, às vezes a pessoa não sabe fazer uma coisa, mas você fala: 'vai lá e tenta, e se der errado você volta aqui, a gente conversa então'.

Ela precisa saber que, se ela errar ou se estiver com algum problema, não haverá uma retaliação.

Quais são as dicas que você dá para quem quer chegar a um cargo de liderança?

Liderança tem a ver com cuidado das pessoas. Acho que diferentes pessoas têm diferentes motivações para estar à frente de uma equipe, mas acredito que a mais legítima delas é justamente você querer cuidar daquelas pessoas.

Cuidar pode ser em termos de ajudar a se desenvolver ou simplesmente ajudar a proteger e conseguir a atenção que o funcionário precisa ter nos seus projetos, por exemplo.

Além disso, fornecer esse ambiente para pessoas se sentirem motivadas a tentar coisas, porque acredito que isso que faz uma equipe crescer. E as pessoas não devem ter medo de tentar.

Então minha dica é você desenvolver sua capacidade de liderança pensando muito em como consigo fazer o melhor para as pessoas que estão abaixo de mim?

Enquanto CEO, eu pensava a partir da ideia que eu trabalhava para os meus funcionários, eu estava ali para servir se algum deles tivesse um problema.

Você precisa sempre se preocupar em como servir o time e em como fazer com que essas pessoas se tornem pessoas melhores. E como que você pode desenvolvê-las a ponto de que o conjunto cresça junto.

 

 https://www.terra.com.br/amp/noticias/educacao/carreira/engenheira-do-ita-e-ex-professora-de-cursinho-ela-conta-como-foi-ser-a-unica-ceo-no-oriente-medio,7ef2b762501f58936289b0c16dcd3a5a3u9wxmuv.html

 

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Alckmin defende alternativa para desonerar folha de pagamento


 

O presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta terça-feira (28) que uma nova proposta para a desoneração da folha de pagamento deve ser discutida após a aprovação da reforma tributária no Congresso Nacional. Em reunião com representantes de diversas entidades do setor privado, Alckmin informou que, após a viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos Emirados Árabes, a ideia é se debruçar sobre essa questão para apresentar uma proposta para os setores que estavam sendo beneficiados com a desoneração da folha.

Na semana passada, Lula vetou integralmente a proposta aprovada pelo Congresso Nacional que prorrogava até 2027 a medida que estabelece que a contribuição para a Previdência Social de 17 setores produtivos seja entre 1% e 4,5% sobre a receita bruta, em vez da contribuição de 20% sobre a folha de pagamento. Sem a prorrogação, a medida vale só até o dia 31 de dezembro deste ano.

“O grande desafio do mundo vai ser emprego e renda, não só nosso, mas mundial. Então, a gente [deve] procurar, pós-reforma tributária, buscar caminhos, e nós podemos discutir isso, para a desoneração de folha que já existe hoje na área rural para pessoa física e não teve perda de receita, você só muda a fonte de contribuição”, disse Alckmin.  

Em reunião de instalação do Fórum MDIC de Comércio e Serviço, Alckmin disse que, quando era deputado federal, foi relator da legislação que estabelece que pessoas físicas na área rural não paguem contribuição previdenciária sobre a folha, mas sim um percentual na venda do produto. “Para você estimular o emprego, estimular a formalização”, explicou o presidente em exercício.

O ministro Fernando Haddad também já declarou que vai aguardar a tramitação da reforma tributária para enviar uma nova proposta de desoneração da folha ao Congresso.

Desenrola Empresas

Na reunião, Alckmin também disse que o governo estuda uma nova versão do programa Desenrola, que possibilita a renegociação de dívidas, para beneficiar também as empresas.

“Estamos discutindo o Desenrola Empresas também, para ajudar as empresas que tiveram dificuldade a poderem sair”, disse, lembrando que o programa do governo já beneficiou quase 2 milhões de pessoas que deixaram de estar negativadas e voltam a ter crédito. 

"Nós tivemos, especialmente meses atrás, taxas de juros muito elevadas e muitas empresas vindo ainda de problemas do tempo da pandemia tiveram dificuldade. Então, há necessidade de se ter uma discussão, da mesma forma que se buscou um Desenrola para as pessoas, ter um Desenrola para as empresas", completou.  

Fórum

O Fórum MDIC de Comércio e Serviço é formado pelas secretarias do Ministério e por 26 entidades representativas do setor privado, como Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e  Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm).

O objetivo do Fórum é a troca de informações entre os setores público e privado para identificar as políticas que afetam a competitividade e a produtividade do setor, bem como as necessidades e medidas de fortalecimento do comércio e serviços.

Edição: Valéria Aguiar 

 

 https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2023-11/alckmin-defende-criar-proposta-para-desonerar-folha-de-pagamento

 

Klabin estima investimentos de R$ 4,5 bilhões para 2023 e R$ 4,5 bilhões para 2024

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A Klabin divulgou nesta quinta-feira, 30, suas estimativas de investimentos para o ano fechado de 2023 e também para 2024. A empresa estima investimentos totais de R$ 4,5 bilhões neste ano e R$ 4,5 bilhões em 2024.

Para o segmento de Sivicultura, o guidance é de R$ 800 milhões em 2023 e R$ 800 milhões em 2024. Em Continuidade Operacional, a empresa espera investir R$ 1 bilhão em 2023 e 1,3 bilhão em 2024.

Já em Compra de Madeira em pé, a expectativa é de R$ 400 milhões em 2023 e R$ 1,1 bilhão em 2024. Em Projetos Especiais, a companhia prevê gastar R$ 800 milhões em 2023 e R$ 700 milhões em 2024.

Na Nova Caldeira de Monte Alegre, por sua vez, o ano de 2023 fechará sem investimentos e, para 2024, a estimativa é de R$ 300 milhões.

Por fim, no Puma II, a Klabin estima investir R$ 1,5 bilhão em 2023 e R$ 300 milhões em 2024.