Sede do Banco Central, em Brasília
Por Fernando Cardoso
(Reuters)
– O Banco Central vendeu 1,5 bilhão de dólares nesta sexta-feira em
leilão à vista da moeda norte-americana realizado entre as 9h30 e 9h35,
informou a autarquia em comunicado, com o presidente do BC, Roberto
Campos Neto, afirmando que a ação se deu para lidar com um “fluxo
atípico” de dólares decorrente de um rebalanceamento de índice do
mercado.
O BC havia anunciado a realização do leilão na véspera,
acrescentando que a venda seria referenciada na taxa Ptax e que seriam
vendidos até 1,5 bilhão de dólares.
O
leilão ocorreu após quatro dias de forte alta do dólar à vista, que
chegou a 5,6227 reais na quinta-feira, acumulando elevação de 2,61% nas
últimas quatro sessões.
Em evento promovido pela XP Investimentos,
Campos Neto disse que as atuações ocorrem em momentos de
disfuncionalidade no mercado, indicando ainda que se for preciso fazer
mais intervenções no câmbio, “assim faremos”.
“A
gente está tendo um movimento de fluxo atípico por um rebalanceamento
de um índice… cabe ao BC mapear qual o tamanho desse desbalanceamento,
quanto precisa para suprir esse fluxo que é atípico, e a gente também
está olhando a diferença do que a gente entende que é um descolamento
muito grande dos fundamentos, às vezes por critério de liquidez, às
vezes por ruídos de curto prazo”, disse.
A afirmação se deu em
meio ao rebalanceamento do Morgan Stanley Capital International, um dos
principais índices de referência para investidores que aplicam em bolsas
de valores internacionais.
Campos Neto ressaltou que o Banco Central tem reservas suficientes para fazer intervenções cambiais quando for necessário.
Esta
foi a segunda intervenção no câmbio realizada pelo BC desde o início do
mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sendo a primeira no
mercado à vista.
O BC não interveio no mercado quando o dólar chegou a superar os 5,85 reais durante a sessão de 5 de agosto.
A
instituição, por outro lado, entrou no mercado em 1º de abril deste
ano, quando o dólar estava em 5,0888 reais, ofertando 20.000 contratos
de swap cambial (1 bilhão de dólares). Na época, o BC informou que a
operação buscava atender parte da demanda gerada pelo resgate do título
NTN-A3, previsto para 15 de abril.
Como a NTN-A3 era indexada ao
dólar, o vencimento estava gerando demanda adicional por hedge
(proteção) no mercado de câmbio. A venda de swap cambial é uma operação
cujo efeito é equivalente à oferta de dólares no mercado futuro.
Após
iniciar a sessão desta sexta em tendência de queda, refletindo certa
cautela no exterior e na espera do leilão, o dólar passou a disparar
novamente frente ao real.
A moeda norte-americana atingiu a mínima
da sessão logo após o fim do leilão, às 9h40 (-0,72%), mas não
sustentou a queda e passou a avançar logo depois, chegando a subir mais
de 1% em um determinando momento.
Às 12h57, o dólar à vista subia 0,19%, a 5,6333 reais na venda.