sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Nova fase do Pode Entrar dá fôlego a incorporadoras de baixa renda; saiba quem larga na frente

 


Tenda e Plano&Plano se destacam no programa habitacional da Prefeitura de São Paulo, com mais de R$ 900 milhões em VGV já aprovado 

 

 

Nova fase do Pode Entrar deve impulsionar construtoras de baixa renda (Leandro Fonseca/Exame)
Nova fase do Pode Entrar deve impulsionar construtoras de baixa renda (Leandro Fonseca/Exame)
Beatriz Quesada

Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 16 de setembro de 2024 às 17:26.

Última atualização em 16 de setembro de 2024 às 17:49.

A aprovação para financiamento para uma nova rodada do programa habitacional Pode Entrar, do município de São Paulo, deve trazer um vento de cauda para as incorporadoras voltadas para baixa renda – com destaque para a Tenda e para a Plano&Plano, que tem ampla atuação na cidade.

Na semana passada, o diretor-presidente da Companhia Metropolitana de Habitação (Cohab) de São Paulo, João Cury Neto, anunciou, em seu Instagram, a contratação de mais 10.151 moradias para o programa – o maior da história da cidade em termos de moradia popular.

Lançado em 2021, o Pode Entrar permite, entre outras frentes, que a Prefeitura compre imóveis privados para habitação de interesse social (HIS).

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O município assinou memorandos com incorporadoras para a primeira fase do programa, mas não adquiriu todas as 40 mil moradias pretendidas.
Por questões de documentação, apenas 20 mil foram aprovadas. E, por restrições de financiamento, entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano, a Prefeitura acabou comprando 10.965 unidades.

Sobraram, portanto, cerca de 10 mil projetos aprovados, mas que aguardavam aquisição. Após uma revisão de orçamento, o poder municipal optou por adquirir um segundo lote de unidades com recursos da Caixa Econômica Federal.

As negociações se estenderam até o último 30 de agosto, quando a Secretaria Nacional do Tesouro aprovou o pedido da Prefeitura junto à Caixa para financiar o programa. Ao todo, foi liberado R$ 1,08 bilhão.

Entre as construtoras de baixa renda, a Plano&Plano pode ser uma das principais beneficiadas da nova frente de aquisição. A empresa foi a incorporadora listada em bolsa que teve mais empreendimentos aprovados pelo programa: 7 mil.

Foram contratados 3.640 na primeira etapa, totalizando um valor geral de vendas (VGV) de R$ 691,8 milhões.

A Plano&Plano acabou retirando 1.492 unidades do Pode Entrar, mas restaram outras 1.907 ainda não contratadas, que representam um VGV de R$ 370,8 milhões.

“Nas nossas contas, isso adiciona um lucro de R$ 100 milhões entre este ano e o próximo, sobre um total de R$ 350 milhões”, pondera um gestor que tem Plano&Plano na carteira.

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Menos risco de inadimplência

No caso do Pode Entrar, o atrativo em participar é a oportunidade de reduzir os riscos de inadimplência.

“O programa é um potencializador de caixa porque é como se fosse uma venda no atacado para um único cliente: a Prefeitura”, avalia Daniela Ferrari, diretora executiva de habitação econômica do Secovi-SP.

O programa garante que o valor total seja empenhado pela Prefeitura na assinatura do contrato, eliminando o risco de falta de verba. As empresas receberão 15% no início e os 85% restantes durante as obras, ajustados pela inflação. A correção do fluxo de pagamentos para as construtoras diminui os riscos com imprevistos macroeconômicos, como a alta registrada nos preços de materiais e serviços no pós-pandemia.

Outra empresa que pode se beneficiar é a Tenda. Nas contas do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame), a companhia tem R$530 milhões em projetos já aprovados e ainda não contratados – o que pode adicionar R$ 80 milhões a valor presente líquido, o equivalente a 5% do valor de mercado da companhia.

O banco também vê como uma opcionalidade sendo ignorada pelos investidores as perspectivas para atuação da empresa no Rio Grande do Sul.

A Alea (subsidiária da Tenda) inscreveu até 1,5 mil imóveis no programa habitacional regional do estado, de olho na redução do déficit habitacional após a tragédia das enchentes no primeiro semestre do ano.

“Estimamos que essas casas possam valer R$300 milhões e adicionar um VPL de R$ 75 milhões para a Tenda. Se a Alea for selecionada no programa habitacional do RS, suas operações poderiam facilmente atingir seu plano de lançamento de 4,5 a 5,5 mil imóveis para 2025 – um objetivo-chave para aumentar a escala de seu negócio de casas modulares e melhorar a lucratividade”, escreveram os analistas.

As ações da Tenda avançaram quase 6% no pregão desta segunda-feira após a recomendação. Já os papéis da Plano&Plano ficaram praticamente de lado, em alta de 0,4%.

Para quem decide. Por quem decide.
 

Nike troca CEO e traz veterano de volta ao jogo

 


John Donahoe vai ser sucedido por Elliott Hill — e levará na bagagem o peso de ter tornado a gigante da moda ‘uncool’ 

 

Nike: vendas estão estagnadas, na contramão do bom momento da concorrência, em especial da Adidas (NurPhoto/Getty Images)
Nike: vendas estão estagnadas, na contramão do bom momento da concorrência, em especial da Adidas (NurPhoto/Getty Images)

Raquel Brandão

Repórter Exame IN


Na tentativa de voltar a momentos mais gloriosos, a Nike está anunciando a volta de um executivo de longa data para comandar os negócios.

Elliott Hill retornará à empresa para suceder John Donahoe como presidente e CEO da gigante de moda esportiva. Ele começa no próximo dia 14.

As ações da empresa subiam 9% nas negociações no pós-mercado. A mudança de CEO "dá um sinal positivo porque é alguém que conhece a marca e conhece a empresa muito bem", disse Jessica Ramirez da Jane Hali & Associates, à Reuters.

Hill esteve na Nike por 32 anos e ocupou cargos de liderança na Europa e América do Norte, sendo responsável por ajudar a expandir os negócios para mais de US$ 39 bilhões. Ele também liderou todas as operações comerciais para as marcas Nike e Jordan antes de se aposentar em 2020.

Tentativa de virar o jogo

Depois de uma corrida de vendas na pandemia, a companhia começou a ver os números se enfraquecerem. Em uma longa reportagem publicada nesta semana, a Bloomberg definiu John Donahoe como o CEO que fez a Nike "sem graça" (The man who made Nike uncool, no título original).

Donahoe foi encarregado de reforçar a presença online da Nike e impulsionar as vendas por meio de canais diretos ao consumidor. E conseguiu por um tempo, com as vendas passando pela primeira vez dos US$ 50 bilhões anuais no ano fiscal de 2023.

No entanto, o cenário mudou e o crescimento desacelerou, pressionado especialmente por um ritmo mais lento da economia chinesa e pelos cortes de gastos dos consumidores em meio ao ambiente inflacionário.

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Além disso, a falta de produtos inovadores e atraentes fez a Nike encontrar dificuldade para ganhar a preferência dos consumidores em meio a um ambiente de concorrência mais acirrada, com marcas como a On, apoiada por Roger Federer, e a Hoka, da Deckers.

No ano fiscal de 2024, encerrado em junho, a companhia reportou vendas estagnadas em US$ 51,4 bilhões. No último trimestre, porém, as vendas caíram 2%, para US$ 12,6 bilhões. Na contramão, a alemã Adidas reportou crescimento de 11% nas vendas do primeiro semestre de 2024, com a marca principal crescendo 16%.

A expectativa do mercado é de que as vendas anuais da Nike voltem aos patamares abaixo dos US$ 50 bilhões no ano fiscal de 2025, chegando a US$ 48,87 bilhões.

Dança das cadeiras

Já havia uma expectativa de mudanças no alto escalão da empresa. Agora, o histórico de Hill como ex-gestor da valiosa marca Jordan, uma das vacas leiteiras da Nike, também pode ajudar a gigante de artigos esportivos a recuperar o fôlego.

Alguns investidores estavam preocupados nos últimos meses que a Jordan estivesse perdendo força. O valor de alguns tênis Jordan em 2023 estava caindo no mercado de revenda, pois outras marcas de tênis, incluindo a On Running, tiveram um crescimento meteórico.

Agora, a Nike vai ter que acelerar para reverter o mau momento de vendas e, também, na Bolsa. Apesar da alta do pós-mercado de hoje, os papéis acumulam uma queda de mais de 25% na Nyse desde o começo deste ano.

Para quem decide. Por quem decide. 
 
 
 https://exame.com/insight/nike-troca-ceo-e-traz-veterano-de-volta-ao-jogo/p

CEO da Hugo Boss compra participação na empresa de quase € 1 milhão e ações sobem

 Daniel Grieder


O CEO da Hugo Boss, Daniel Grieder, comprou uma participação avaliada em quase 1 milhão de euros na famosa empresa alemã de roupas, o que fez as ações subirem na Bolsa de Frankfurt, na Alemanha. A Hugo Boss disse que Grieder comprou, no total, 27 mil ações a um preço médio de cerca de 36,40 euros cada, totalizando 982.925,52 euros.

A recuperação dos papéis da marca acontece depois de um declínio registrado nos últimos meses, enquanto a empresa lida com uma desaceleração na demanda por bens de luxo – especialmente na China, por conta de problemas econômicos na potência econômica – e os desafios por conta dos planos de recuperação das marcas Hugo e Boss, que pertencem ao grupo.

Em julho, a Hugo Boss reduziu as metas financeiras para o ano atual, desencadeando uma queda nas ações. 

 

Fonte: Dow Jones Newswires

AgroGalaxy revela dívida de R$ 3,7 bilhões; saiba quem são os maiores credores

 


AgroGalaxy amplia prejuízo líquido para R$ 96,6 milhões no 1º trimestre

A AgroGalaxy, uma das principais redes de varejo de insumos agrícolas do Brasil, apresentou na quarta-feira, 18, um pedido de recuperação judicial que revelou um passivo total de R$ 3,7 bilhões e US$ 160 milhões. O valor inclui obrigações com instituições financeiras, produtores rurais e fornecedores.

Entre os maiores credores da empresa, destaca-se a Vert Companhia Securitizadora, responsável por estruturar Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) da AgroGalaxy, que somam R$ 516,4 milhões. O vencimento antecipado desses CRAs foi acionado devido à crise de liquidez da empresa, colocando pressão adicional sobre sua situação financeira.

Outros credores importantes incluem o Banco do Brasil, com R$ 391,2 milhões; Santander, com R$ 278,4 milhões, e o Citibank, com R$ 106,8 milhões. Além disso, grandes fornecedores do setor agrícola, como a FMC, aparecem na lista de credores com R$ 163,6 milhões, seguidos pela Opea Securitizadora, com R$ 148,8 milhões, e a Albaugh Agro Brasil, com R$ 139,4 milhões.

Além das dívidas com instituições financeiras, a AgroGalaxy também possui débitos com produtores rurais relacionados a operações de fixação de preço de grãos. A empresa listou ainda dívidas com seu controlador, o Agrofundo Brasil X FIP, gerido pelo Aqua Capital, no valor de R$ 152,3 milhões.

A lista de credores ainda inclui outros nomes relevantes do mercado agrícola, como a Mosaic Fertilizantes, com R$ 119,5 milhões, a Rainbow Defensivos Agrícolas, com R$ 116,9 milhões, e a Total Biotecnologia, com R$ 115,5 milhões.

Além dos débitos quirografários, o grupo também reconheceu R$ 11,1 milhões em dívidas trabalhistas (Classe 1) e mais R$ 9,6 milhões, além de US$ 7 mil, devidos a micro e pequenos empresários (Classe 4), conforme a legislação de recuperação judicial.

A empresa alega que enfrentou uma combinação de adversidades, incluindo “queda drástica nos preços das commodities”, “condições climáticas adversas” e “restrições de acesso a crédito”. Fatores que, segundo a Agrogalaxy, afetaram diretamente sua liquidez e capacidade de geração de caixa, levando a um aumento da dívida líquida.

Na quinta-feira, 19, a AgroGalaxy obteve uma liminar concedida pela juíza Alessandra Gontijo do Amaral, da 19ª Vara Cível e Ambiental de Goiânia, que suspendeu as execuções de dívidas e rescisões contratuais decorrentes do pedido de recuperação judicial. A decisão também bloqueou cláusulas de vencimento antecipado, concedendo à empresa um fôlego temporário de 45 dias para elaborar seu plano de recuperação e iniciar negociações com os credores.

Entre as instituições mencionadas estão Banco do Brasil, Santander, Banco ABC, Banco Daycoval e Citibank, que foram proibidos de reter cerca de R$ 205 milhões em recebíveis vinculados às contas da AgroGalaxy. Esses recursos devem ser transferidos para contas de livre movimentação, sob pena de multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento.

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Butantan deve pedir registro de vacina para dengue em breve, afirma Nísia

 


Em evento com Lula, a ministra afirmou que o orçamento para combate à dengue e outras arboviroses será de R$ 1,5 bilhão em 2025

 

Jéssica Gotlib

Nísia Dengue
Ministra da Saúde, Nísia Trindade, apresenta plano de ação contra a dengue e outras arboviroses ao lado do presidente Lula.

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou nesta quarta-feira (18/9), ao lado da ministra da Saúde, Nísia Trindade, o plano de ação para o enfrentamento à dengue e outras arboviroses (doenças transmitidas por mosquitos) para 2025. Em evento no Palácio do Planalto, eles detalharam as ações e responderam dúvidas sobre o tema. Sobre o imunizante de dose única do Instituto Butantan, há uma expectativa de que seja apresentado para avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nas próximas semanas. “Provavelmente até meados de outubro”, informou a ministra.

Durante a apresentação, Trindade destacou as vacinas contra a dengue como um dos instrumentos de controle da doença. Mas voltou a falar em limitação de doses e disse que a distribuição nacional deve ser pactuada nas próximas semanas com estados e municípios. O ministério prevê distribuir 9 milhões de doses da Qdenga, produzida pelo laboratório Takeda, e 1 milhão de um novo imunizante fabricado pelo Instituto Butantan.

“Dissemos desde o ano passado que a vacina é uma estratégia e que vai ser de implantação progressiva. (…) Na vacina Takeda ainda, houve a disponibilidade da Fiocruz para uma parceria com o laboratório, mas há dificuldades do laboratório japonês em função da pouca presença de capacidade da própria IFA, o insumo farmacêutico ativo. Ainda estamos trabalhando, mas não farei falsas promessas aqui”, disse a ministra.

Trindade aproveitou para lembrar da importância de investimento na produção nacional, com o desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, financiamento via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), inclusão de medidas no Plano de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) e parcerias com o setor privado. “Essa política industrial e essa ampliação de escala precisa de um apoio”, afirmou. O país tem potencial para multiplicar por cinco a produção de vacinas, disse a ministra.

Orçamento

A previsão de orçamento para a área é de R$ 1,5 bilhão, somando compra de vacinas, investimento na expansão de tecnologias, como armadilhas para os mosquitos e expansão do método Wolbachia, e recursos para estados e municípios em emergência, além das ações de vigilância e atendimento à população.

“A Nísia me disse assim, presidente nós vamos tratar de assuntos de curtíssimo prazo, de médio prazo e de longo prazo. Eu falei para ela, vamos cuidar primeiro do médio prazo porque o nosso mandato termina dia 31 de dezembro de 2026”, brincou o presidente sobre a prioridade dada às estratégias.

Wolbachia e controle vetorial

Entre as estratégias combinadas para controle do mosquito Aedes aegypti, foram destaques a implementação de estações disseminadoras de larvicidas — ação que faz com que as fêmeas do mosquito espalhem os produtos químicos pelos criadouros — e a ampliação do método Wolbachia.

A técnica infecta os mosquitos transmissores com a bactéria de mesmo nome, Wolbachia, e reduz a capacidade de replicação viral dentro do próprio vetor, diminuindo também a transmissão dos vírus para seres humanos.

Utilizada em algumas cidades, a estratégia apresenta resultados promissores. Em Niterói (RJ), por exemplo, houve redução de 69,4% dos casos de dengue, 56,3% dos casos de chikungunya e 37% dos casos de Zika, após uso do método.

A técnica deve ser expandida para outras regiões. Trindade citou como exemplo a biofábrica no município de Eusébio (CE), que está em construção, mas ainda não tem data para ser inaugurada.

Outras estratégias mencionadas são a dispersão de mosquitos estéreis em áreas rurais e em territórios indígenas e a borrifação de inseticidas dentro das casas e outras construções, nos locais com maior circulação de pessoas e incidência da doença.

‘Menor número de casos da história’

O monitoramento segue acompanhando os relatórios publicados pela ferramenta Infodengue, da Fiocruz. No ano passado, a previsão máxima de casos de dengue era de 5 milhões em todo o país, mas o total verificado até o momento ultrapassa 6,5 milhões, segundo o painel de arboviroses. De acordo com a ministra, o índice excepcional de contaminados é multifatorial e fortemente relacionado às mudanças climáticas. Ela reforçou que, para o ano que vem, espera uma média menor.

“Se Deus ajudar, a gente quer ter o verão com menos dengue na história desse país”, disse o presidente Lula na abertura da apresentação. Para a ministra, é uma meta difícil de se alcançar, mas que deve ser colocada no horizonte em busca do melhor resultado possível.

“Nós dificilmente teremos um verão com o menor número de casos na história, mas devemos ter isso como meta. Eu compararia com a vacinação, com o feminicídio zero. São metas que nós temos que colocar no nosso horizonte e trabalhar para isso. É possível reduzir muito sim e os cenários mudam”, colocou a ministra Nísia Trindade.

Seis eixos

À semelhança do que fizeram em 2023 com a vacinação, a nova campanha foi chamada de Movimento Nacional, com a convocação para participação ativa de estados, municípios, atores da saúde e sociedade civil. A estratégia é dividida em seis eixos: prevenção, vigilância, controle vetorial, organização da rede assistencial e comunicação e participação comunitária.

A ministra também mencionou a criação de um plano de redução de filas específico para crianças com microcefalia causada pela epidemia do vírus da zika. A ideia é diminuir o tempo de espera daqueles que precisam de cirurgias ortopédicas. O plano de ação ainda deve ser detalhado pelo governo.logo-jota

Jéssica Gotlib

Repórter de saúde do JOTA. Formada pela Universidade de Brasília (UnB), com experiência no Correio Braziliense e R7, além de dois anos de experiência em comunicação no Ministério da Saúde. Também liderou a comunicação da Anajustra por três anos, produzindo conteúdo sob demanda relacionado ao Judiciário e Legislativo. 

 

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Governo contrata projeto para trecho da Transnordestina; é o 1º investimento do tipo em 14 anos

 

A Infra S.A., empresa pública vinculada ao Ministério dos Transportes, assinou contrato com o Consórcio Estratégica – Prosul para elaboração de projeto do trecho pernambucano da ferrovia Transnordestina, entre o Porto de Suape e Salgueiro.

A contratação, no valor de R$ 15,217 milhões, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira, 19.

Em 14 anos, é a primeira vez que o governo federal investe nesse tipo de contratação para elaboração de projetos para novos trechos de ferrovia.

O Consórcio Estratégica é formado pelas empresas Estratégica Engenharia Ltda e Prosul – Projetos, Supervisão e Planejamento Ltda.

As empresas deverão elaborar o projeto básico/executivo do segmento greenfield do empreendimento. O contrato também contempla serviços de revisão de estudos e traçados para o projeto de engenharia com vista à execução das obras.

O projeto de engenharia é o primeiro passo para viabilizar as obras da ferrovia, que devem ser iniciadas em 2025.

Pelo contrato, o projeto de engenharia para os primeiros 55 km da ferrovia será entregue em quatro meses. Isso possibilitará que a Infra S.A. inicie a licitação para as obras assim que os documentos sejam aprovados.

O cronograma total de execução prevê que os serviços sejam realizados em 18 meses, conforme plano de trabalho pactuado com a contratada.

O segmento completo entre o Porto de Suape, em Recife, e a cidade de Salgueiro, no interior do Estado, conta com 520 quilômetros de extensão. O trecho greenfield, com obras não iniciadas, possui cerca de 250 quilômetros de extensão.

Incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Ferrovia Transnordestina é considerada fundamental para redução dos custos logísticos da produção dos polos industriais, minerais e de agronegócio existentes na Região Nordeste.

Copom sacramenta cenário majoritário do mercado e do governo após indicação de Galípolo

 


Tom mais duro do diretor de política monetária foi amenizado por defesa de gradualismo por parte de Campos Neto

 


Fabio Graner, Bárbara Baião

copom
Reunião do Copom no Banco Central de 2 de agosto / Crédito: Raphael Ribeiro/BCB


 

Na primeira reunião do Copom após o diretor Gabriel Galípolo ser oficialmente indicado para a presidência do Banco Central, a autoridade monetária evitou surpresas e seguiu o caminho que a maioria do mercado financeiro havia entendido como sinalizado: o início de um ciclo de alta dos juros em 0,25 ponto porcentual.

A decisão, unânime, também reduz a safra de ruídos que vinham crescendo dadas as diferentes sinalizações que vinham sendo dadas por Galípolo e o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto.

O atual diretor de política monetária, em um esforço para comprar credibilidade para quando der efetivamente as cartas, começou a falar mais grosso nas semanas seguintes ao Copom de julho. O discurso ficou tão duro que Campos Neto entrou em campo para abrandar o sinal e dizer que, caso o ciclo de alta viesse a se efetivar, seria gradualista. No fim, foi o que aconteceu.

Apesar de o cenário apontar uma queda na inflação ao longo do tempo, esse processo está mais lento do que o desejável para quem tem uma meta de 3% e em um contexto no qual as projeções pioraram entre um Copom e outro.

No cenário de referência do BC, que considera a taxa de juros prevista pelo mercado, o IPCA fecha o ano que vem em 3,7% e chega a 3,5% no primeiro trimestre de 2026, o chamado horizonte relevante da política monetária. Antes, estavam em 3,6% e 3,4%, respectivamente, em um quadro que ainda não pressupunha uma retomada já do ciclo de alta dos juros.

O BC tirou do comunicado seu cenário alternativo, no qual apresentava a projeção para o IPCA considerando a manutenção dos juros em 10,5% por todo o horizonte de projeção.

A nota que informa a decisão, aliás, foi mais enxuta e também deixou claro que, para além da piora nas projeções do BC e do mercado, o cenário de atividade mais aquecida do que o esperado, inclusive com o PIB operando acima do potencial (hiato positivo), enseja ação do BC para colocar o IPCA de volta à rota para ficar ao redor da meta.

A decisão era esperada pelo governo. A unanimidade, especialmente em um contexto no qual o indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou mais grosso que os integrantes mais antigos do colegiado, dificulta a retomada de um discurso mais agressivo do governo. Mesmo assim, o chefe do Planalto voltou hoje a lançar farpas contra Campos Neto. O presidente do BC é visto como um inimigo por Lula e seu entorno, embora o governo tenha esfriado um pouco nos últimos meses o processo de produção de ruídos no flanco monetário.

A postura gradualista adotada pelo colegiado liderado por Campos Neto foi facilitada pela decisão do Fed (o BC americano), que cortou a taxa básica dos EUA em 0,5 ponto. Com isso, a taxa de câmbio já se consolida em patamar abaixo de R$ 5,50, o que pode facilitar um ciclo de ajuste mais curto e não muito agressivo. As projeções para o IPCA apresentadas hoje pelo BC consideraram o dólar em R$ 5,60.

A ata certamente trará mais detalhes da discussão e da decisão do BC, mas o time de indicados de Lula, depois da decisão dividida de maio, reforça a mensagem de que não pretende ser leniente com a inflação. Ainda assim, é de se esperar que o futuro BC, com maioria de indicados do atual governo, tenha uma postura na qual tente operar mais na lógica de duplo mandato, buscando fazer a inflação convergir em um ambiente de pleno emprego. Isso, porém, só é viável se o Copom tiver credibilidade. Galípolo e companhia sabem disso e estão buscando viabilizar as condições para isso. A decisão de hoje contribui.

De outro lado, certamente será crescente no governo uma preocupação: se a combinação de uma redução dos estímulos fiscais que começou a acontecer no curto prazo com aperto monetário não vai gerar um resfriamento maior do que o desejável na atividade. Hoje esse não é o cenário-base da equipe econômica e nem do governo, mas aqui e ali já se notam alguns interlocutores apontando para esse risco.


Fabio Graner

Analista de economia do JOTA em Brasília. Foi repórter e colunista de economia no Valor Econômico e também atuou no Estadão, DCI e Gazeta Mercantil, com mais de 20 anos de experiência, incluindo setor público. E-mail: fabio.graner@jota.info

Bárbara Baião

Analista de Política em Brasília. Passou pelas redações da CBN e CNN Brasil, com foco na cobertura do Legislativo. Email: barbara.baiao@jota.info 

 

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