quinta-feira, 26 de setembro de 2024

No RS, o desafio da reconstrução pós-enchente em meio a novas catástrofes climáticas Brasil afora

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Novas chuvas no estado acendem o alerta sobre a capacidade do Rio Grande do Sul aguentar novas catástrofes climáticas em um curto período de tempo

 (Instituto Helda Gerdau/Divulgação)

(Instituto Helda Gerdau/Divulgação)


Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Cinco meses após as enchentes que atingiram em cheio o Rio Grande do Sul, as chuvas voltaram a preocupar os gaúchos nesta semana. Várias regiões do estado estão lidando com com tempestades isoladas, chuvas persistentes, rajadas de vento intensas e alagamentos pontuais. Pelo menos 800 pessoas estão fora de suas casas e há rodovias bloqueadas. 

A chuva intensa acende um alerta que é o principal ponto de apreensão entre moradores, empresários e a comunidade gaúcha: se as precipitações forem altas, há chance de haver novos alagamentos que destruirão o que está sendo reconstruindo a duras penas? 

A reportagem do Negócios em Luta (especial da EXAME para acompanhar a reconstrução do estado) esteve no Rio Grande do Sul na última segunda-feira, 23, e ouviu de mais de um articulador empresarial que, por enquanto, as medidas de prevenção estão andando de lado. 

A maior preocupação, pelo menos em Porto Alegre, é pela dragagem do Guaíba. Com as chuvas intensas de maio, entulhos de diversas regiões do Estado acabam “estacionando” no fundo do rio, que perdeu profundidade. Ou seja, em novas chuvas, o Guaíba, por estar mais raso, precisa encher menos para transbordar.

O alerta já vem sendo motivo de discussão há algumas semanas. Recentemente, em entrevista à EXAME, o CEO da Lojas Renner, Fábio Faccio, já falava sobre o assunto.

“A dragagem tinha que ter começado no dia seguinte. Qualquer país no mundo, no minuto seguinte, você veria 10 dragas no Guaíba. Eu ainda não vi nenhuma”, disse.

Apesar das novas preocupações, diversas iniciativas estão trabalhando para uma reconstrução de maior prazo. Uma delas vem de uma das maiores famílias do Estado, os Gerdau Johannpeter, fundadores da produtora de aço Gerdau. 

Com o instituto familiar Helda Gerdau e com o braço de responsabilidade social da própria empresa, 75 milhões de reais já foram doados. Um dos principais produtos é o Regenera RS, um fundo filantrópico para atuar na reconstrução do Estado. Já foram captados 38 milhões de reais no projeto, sendo 10 milhões de reais aportados pela Gerdau e outros 20 milhões de reais, pela própria família Gerdau Johannpeter.

Confira a entrevista com a presidente do Instituto Helda Gerdau, Beatriz Johannpeter.

Como a família está trabalhando para ajudar a reerguer o Rio Grande do Sul?

A Gerdau tem um instituto que é da empresa, e o familiar, Helda Gerdau, que eu presido. Essas duas organizações, no momento da calamidade, resolveram criar um fundo filantrópico à parte. Naquele momento de extrema necessidade — e nós, como uma família de raiz gaúcha —, entendemos que seria preciso de algo mais estruturado. Havia muitos potenciais financiadores que também queriam ajudar. Foi quando criamos o fundo e partimos para um movimento mobilizador, com uma coalizão de investidores. É um fundo que já nasceu com 30 milhões de reais para investimento filantrópico e hoje tem em torno de 40 milhões de reais. O nome é Regenera RS. 

Em quais projetos vocês investem?

Atuamos em quatro áreas: habitação, educação, soluções urbanas e apoio a pequenos negócios. Em todo estado, em qualquer região afetada pelas calamidades. Num primeiro momento, foi mais voltado para habitação, construção de casas. Depois, também ajudando a secretaria de Educação. Depois, estruturamos melhor o fundo, com uma governança independente, um conselho consultivo multi-stakeholder e com comitês técnicos participando e ajudando a avaliar onde destinar o dinheiro. A ideia é que seja um fundo com capacidade para dar apoio por dois anos. 

A ideia é que o fundo também consiga acompanhar as obras?

Sim, por isso é um fundo de longo prazo. Mas também queremos deixar registrado o aprendizado. Essas calamidades estão se repetindo em diferentes locais, e precisamos aprender com as práticas que estamos adotando. A ideia é usar 30% do fundo para questões bem emergenciais e o resto num plano mais estruturado de recuperação do Estado. Até agora, já aplicamos 8 milhões de reais. 

Nesses primeiros 100 dias, quais foram os principais aprendizados de como será o processo de reconstrução do Estado? Está no ritmo que vocês gostariam? 

O que aprendemos agora é que, passado esse período, já está mais difícil captar recursos, porque já aconteceram outras calamidades no país depois, como os incêndios e a seca de agosto e de setembro. Também houve redução na cobertura do assunto, mas os desafios seguem gigantescos. O recurso filantrópico ajuda, mas é muito pequeno para fazer a transformação que o Estado precisa. Como instituto, vamos ajudando outras frentes também, programas de crédito para PMEs, iniciativas de consultorias para pequenos empresários. Casamos recursos financeiros com outros tipos de capitais, com outras iniciativas, porque senão fica muito limitado. Vamos fazendo co-investimentos e trabalhando juntos. Por isso também estruturamos uma governança independente para cuidar do fundo e visualizar esses projetos que podem incentivar uma construção a longo prazo. 

A ideia é também conseguir fazer um trabalho preditivo, não só correr atrás do prejuízo.

Exatamente. Por isso que nosso fundo se chama Regenera. A gente se inspirou na regeneração. Outras emergências vão surgir e precisamos pensar diferente. 

Pode dar alguns exemplos de investimentos que já foram feitos pelo fundo? 

Um grande exemplo que acabamos de entrar é na construção da primeira Favela 3D da Gerando Falcões no Rio Grande do Sul. Já tinham conversas mesmo antes da calamidade, mas seriam em áreas diferentes. Agora, em função da calamidade, se escolheu que será na cidade de Eldorado do Sul, que foi muito atingida. O fundo Regenera é um dos apoiadores, entrando com 1 milhão de reais. E o Instituto Helda Gerdau vai entrar, também, com outro um milhão de reais. E não se trata apenas de um projeto de habitação, mas de empregabilidade, de acolhimento na primeira infância, na geração de renda. É uma mandala de oportunidades.  

Do que o Rio Grande do Sul precisa agora? 

Somar esforços. Poder público, empresas e organizações sociais precisam unir esforços. Ninguém vai resolver as questões sozinho. É preciso ouvir as necessidades das comunidades, buscar os recursos adequados. Mas sem dúvida, o que mais precisamos agora é articulação para construir soluções que realmente façam a diferença, que possam dar conta das necessidades mais imediatas, mas que também levem em consideração o que pode vir pela frente. 

Confira outras iniciativas da Gerdau

Educação

  • Reconstrução da Escola Municipal Liberato Salzano, em Porto Alegre, em parceria com Ambev e execução da Brasil ao Cubo.
  • Iniciativa para reformar 13 escolas públicas (municipais e estaduais) nas cidades de Sapucaia do Sul, Charqueadas e São Jerônimo.
  • Apoio financeiro, via fundo RegeneraRS, ao Projeto de Volta Para a Escola, liderado pela ONG União BR. O objetivo é reequipar as cozinhas das escolas estaduais.
  • Sob a liderança do MBC – Movimento Brasil Competitivo, estamos apoiando uma consultoria que está realizando um trabalho técnico junto a Secretaria de Estado de Educação, para construção do plano de retomada das aulas em todo o Rio Grande do Sul.

Habitação

  • Gerdau e a ONG Gerando Falcões se uniram na criação de um fundo destinado a mobilizar recursos financeiros com foco em habitação no Rio Grande do Sul. A Gerdau fez um aporte de R$ 5 milhões, destinado para moradias temporárias. Dentre as ações está a disponibilização de 100 Unidades Habitacionais de Emergência no Centro Humanitário de Acolhimento de Canoas, em parceria com agência da ONU, a ACNUR. 
  • Apoio financeiro para o projeto de construção de 50 casas definitivas em steelframe, em parceria com o Sinduscon-RS.
  • Apoio no Projeto Legado Habitação RS para construir 500 novas casas, em parceria com a União BR, com doação de aço Gerdau para a base das moradias.

Infraestrutura

  • Reforma do telhado do Hospital Regional de São Jerônimo.
  • Apoio financeiro e doação de aço para a reconstrução da ponte do Arroio Curupa, na cidade de Agudo.
  • A Gerdau se juntou à Corsan (Aegea) na instalação temporária de uma Estação Móvel de Tratamento de Água no terreno da unidade Riograndense, em Sapucaia do Sul. A ETA móvel com capacidade de uma vazão de 20 litros de água por segundo ou 1,7 milhão litros por dia, atuou nas primeiras semanas suprindo a demanda de água potável para a cidade.
  • Parceria com a Randoncorp para doação de aço e reconstrução de 10 pontes na região da serra gaúcha.

Doações

  • Encaminhamos um volume importante de doações às comunidades (cestas básicas, colchões, kits de higiene, produtos de limpeza, cobertores, entre outros itens), e envio de água potável para apoiar as comunidades onde temos presença. Já foram doadas mais de 60 toneladas de alimentos, mais de 68 mil itens de limpeza e higiene e mais de 50 mil litros de água mineral.
  • Realizamos uma campanha de doação de recursos financeiros, convidando os colaboradores no Brasil para participar. O valor arrecadado de R$ 68 mil foi dobrado pela Gerdau e repassado ao Banco Social da FIERGS (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul.
  • Programa de Voluntariado Gerdau: Contamos com a mobilização de colaboradores e colaboradoras das nossas unidades que atuaram de forma voluntária para apoiar de forma emergencial a população do Rio Grande do Sul, dedicando seu tempo para auxiliar no recebimento, separação e entrega de nossas doações à população gaúcha

Empreendedorismo

  • Apoio financeiro ao projeto ProLata Cooperativas para a doação de equipamentos operacionais em duas organizações de cooperativas situadas em Porto Alegre.
  • Apoio financeiro para a reforma do Instituto Caldeira.


Microsoft investirá R$ 14,7 bi em IA e nuvem no Brasil nos próximos três anos

 


A Microsoft informou nesta quinta-feira, 26, que vai investir R$ 14,7 bilhões em infraestrutura de nuvem e inteligência artificial (IA) no Brasil ao longo de três anos.

A gigante de tecnologia também anunciou um programa de treinamento em habilidades de IA, o ConectAI, para 5 milhões de pessoas nos próximos três anos, conforme comunicado à imprensa.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, afirmou durante evento da companhia nesta quinta, em São Paulo, que o Brasil deve ser o “grande protagonista” na área de IA.

“O grande gargalo da inteligência artificial no mundo todo é a energia, ela é alta consumidora de energia, e energia limpa, energia renovável. E o Brasil é o campeão: 50% da nossa matriz energética é renovável e 93% da eletricidade é renovável”, afirmou o vice-presidente.

A big tech, dona da plataforma de serviços em nuvem Azure, afirmou que vai expandir sua infraestrutura de nuvem e IA em vários campus de data centers no Estado de São Paulo.

A Microsoft já possui duas regiões de nuvem no Brasil, a Brasil South, localizada em São Paulo e anunciada em 2014, e a Brasil Southeast, no Rio de Janeiro, lançada em 2020.

Venda de café avança no Brasil com 'explosão' nos preços

 


Dados da Safras & Mercado indicam que, até o momento, 89% do café arábica já foi comercializado; no caso do conilon, venda atingiu 96%

café - bolsa de nova york - preços - cna - cafeicultura - cnc - silas brasileiro
Foto: CNA

A comercialização do café no Brasil segue em ritmo acelerado, tanto para a safra 2023/24 quanto para a safra 2024/25 que se inicia.

Os produtores estão aproveitando os preços favoráveis no mercado internacional, impulsionados pela valorização do arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) e do robusta/conilon na Bolsa de Londres.

Dados da Safras & Mercado indicam que, até o momento, 89% do café arábica já foi comercializado, superando os 87% do mesmo período do ano passado e a média de 5 anos de 88%. No caso do café conilon, a comercialização atingiu 96%, acima dos 91% do ano passado e da média de 5 anos de 92%.

Em números absolutos, isso significa que 58,65 milhões de sacas de café já foram vendidas, em um total de 58,65 milhões de sacas estimadas para a safra 2023/24.

Segundo o consultor da Safras, Gil Barabach, a recente valorização dos preços do café trouxe movimentação ao mercado físico interno brasileiro.

“Os produtores estão mais presentes na venda, aproveitando o momento favorável. O aumento dos preços tanto em NY quanto em Londres, aliado ao dólar acima de R$ 5, estimulou os vendedores e proporcionou maior liquidez às negociações. Muitos produtores estão adiantando suas vendas para garantir fluxo de caixa durante a colheita”, diz.

Barabach indica que a comercialização de conilon continua em ritmo acelerado, impulsionada pelo forte interesse externo.

“O preço ultrapassando a marca de R$ 1.000 a saca tem estimulado as vendas, reduzindo a disponibilidade e deixando pouco café na mão do produtor neste período de transição entre as safras 2023 e 2024 no Brasil”, afirma.

Safra 2024/25 de café

Já a comercialização antecipada da safra brasileira de café 2024/25 está em torno de 16% do potencial produtivo. Um percentual abaixo do normal para o período, que gira em torno de 23%, e abaixo da média para o período (24%). Barabach diz que o fluxo de negócios com a safra nova de café está ganhando intensidade, impulsionado pela significativa melhora nos preços.

“Embora ainda possa parecer estranho para alguns produtores aceitar um preço futuro abaixo do disponível, é evidente o que o salto nas cotações fez crescer a disposição em vender café da safra nova”, avalia.

As vendas de café arábica subiram para 19% do potencial da safra 2024, em comparação com os 25% do mesmo período do ano passado e a média dos últimos 5 anos, que é de 28%. O salto nos preços, que subiram mais de R$ 100 a saca desde o início de abril, tem acelerado as vendas.

Quanto ao café conilon, as vendas também estão ganhando ritmo e alcançam 9% da produção. Mesmo com o avanço, as vendas ainda estão abaixo do mesmo período do ano passado, quando 18% da produção estava negociada, e aquém da média dos últimos 5 anos, que é de 18%. “A relutância dos vendedores e a resistência da indústria de torrefação doméstica explicam esse comportamento”, aponta Barabach.

 

 https://www.canalrural.com.br/agricultura/cafe/venda-de-cafe-avanca-no-brasil-com-explosao-nos-precos/

Mercado Livre prevê dobrar número de centros de distribuição no Brasil até 2025

 


Mercado Livre

Centro de distribuição da gigante do comércio eletrônico (Crédito: Divulgação/ Mercado Livre)

O Mercado Livre informou nesta terça-feira que prevê mais que dobrar seus centros de distribuição “fulfillment”, onde as mercadorias ficam estocadas até a compra pelo consumidor, para 21 unidades logísticas até o fim do próximo ano.

Mais da metade dos centros de distribuição neste modelo estarão localizados fora de São Paulo, informou o Mercado Livre em comunicado à imprensa, em um esforço para ampliar sua cobertura nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sul.

Os novos estabelecimentos serão instalados em Estados como Rio Grande do Sul, Pernambuco, Ceará, Bahia, Paraná, Rio de Janeiro e também no Distrito Federal, segundo a companhia.

A expansão já está prevista no investimento de R$ 23 bilhões no Brasil anunciado em março deste ano pela gigante do comércio eletrônico.

Frota aérea

O Mercado Livre também informou que está otimizando sua frota aérea, com expansão da capacidade de seu Air Hub (espaço para voos) em Guarulhos (SP) e, a partir desta terça-feira, o início de uma nova rota provisória para Caxias do Sul (RS), com foco nas entregas para a região Sul do país, enquanto o aeroporto de Porto Alegre não reabre, após ser atingido por fortes chuvas na região mais cedo este ano.

A empresa de comércio eletrônico disse ainda que ampliará sua frota aérea com duas novas aeronaves cargueiras em parceria com a GOLLOG, serviço de transporte de cargas e encomendas da Gol, até o final de 2025.

“Com esta nova aeronave, o maior e-commerce da América Latina soma 9 aeronaves cargueiras dedicadas à sua estratégia de expansão regional”, afirmou a companhia em comunicado.

Uso de robôs

O Mercado Livre, que também é proprietário do banco digital Mercado Pago, deu atualizações sobre sua estratégia de operação com robôs em um dos seus centros em Cajamar.

A tecnologia, conhecida como “Shelves to Person”, já possui 334 robôs no total e processa 20 mil itens diariamente, de acordo com a empresa.

A companhia acrescentou que a estratégia permite reduzir o tempo de processamento de pedidos em até 20% e proporciona uma economia de espaço de 15% nas operações.

Coalizão Indústria alerta para risco de importações predatórias

 


As importações vindas de países que adotam práticas predatórias de comércio corroem o mercado de segmentos da indústria, ameaçando investimentos previstos de R$ 826 bilhões até 2027 e empregos no Brasil. É o que adverte a Coalizão Indústria, que reúne 14 entidades dos setores de transformação, da construção e do comércio exterior, responsáveis por 43% do PIB industrial. Para esse coletivo, as transformações geopolíticas no pós-pandemia e a necessidade de escoar gigantesco excesso de capacidade instalada de produção acentuaram fluxos de produtos vindos desses países, agravando o ataque ao mercado interno no Brasil.  

Por isso, uma ação contra a concorrência predatória deve ser prioridade máxima do país – caso contrário os segmentos que compõem a Coalizão não terão como manter os investimentos previstos e empregos serão eliminados. Esse cenário pode levar a uma redução superior a 50% no volume de investimentos projetado. “A indústria está sob ataque. Existem mecanismos de que o país pode lançar mão, a exemplo do que já fizeram os países desenvolvidos, para frear, dentro das regras de Comércio Exterior, essa concorrência desleal”, diz Marco Polo de Mello Lopes, coordenador da Coalizão Indústria. “No entanto, é necessário que o governo, de forma estratégica, adote urgentemente uma ação tática para responder a esse ataque. 

A preocupação da indústria foi apresentada em coletiva de imprensa realizada na cidade de São Paulo, na tarde da quarta-feira (25/09). O evento contou com a presença dos presidentes de 10 entidades. “Nossa preocupação é estimular a geração de novos empregos e renda, termos emprego qualificado”, afirmou Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). “Temos observado a chegada de empresas estrangeiras no nosso setor. O que os demais segmentos da indústria estão enfrentando, nós enfrentaremos mais adiante”, acrescentou. 

 

Para a Coalizão, outra fonte de preocupação reside na possibilidade de o Mercosul avançar para um acordo comercial com a China, que vem sendo discutido no próprio âmbito do Mercosul. A avaliação é que é pouco provável que esse acordo avance, dada a atual complexidade do quadro mundial, mas, caso venha a se concretizar, investimentos da ordem de R$ 500 bilhões devem ser suspensos de imediato nos setores representados pelas associações-membros.  

 “Os investimentos atualmente sob risco são imprescindíveis para o país crescer de forma sustentada e sustentável no longo prazo, promovendo desenvolvimento e inclusão social”, afirma Lopes. “Se a indústria for obrigada a cancelá-los, esses recursos não serão passíveis de reposição por outros segmentos econômicos, setor público ou outros países exportadores”, afirma Lopes.  

Durante o evento, o presidente da CBIC destacou que o desafio do setor da construção é restabelecer sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. “Nós queremos dobrar. Já tivemos 7% e, hoje, estamos em 3%”, comentou, esclarecendo que esse desempenho decorre da redução do investimento em infraestrutura e do déficit habitacional no país.  

Correia também comentou a expectativa da Coalisão Indústria em torno da aprovação da reforma tributária. Segundo ele, a modernização do arcabouço tributário é importante para o país e exige debate profundo e qualificado. “A reforma tributária é muito importante, pois coloca a modelagem de tributação do Brasil em linha com os países desenvolvidos”, afirmou. “A regulamentação está sendo um pouco demorada, mas estamos esperando há 40 anos pela reforma. Nós teremos mais acertos do que erros ao estudar melhor esse tema”, acrescentou, referindo-se à possibilidade de retirada da urgência constitucional do projeto de lei em tramitação no Senado Federal.  

Sobre a Coalizão Indústria 

Estruturada em 2018, a Coalizão Indústria é composta por 14 entidades de âmbito nacional que representam 13 setores da indústria de transformação, da construção civil e do comércio exterior. Os setores que representa respondem por 44% do PIB da indústria e por 57% das exportações de manufaturados; geram 37 milhões de empregos diretos e indiretos; por ano paga 264 bilhões de reais em tributos. 

 Apartidária, a Coalizão Indústria atua em uma agenda Brasil, que defende: 

  • A retomada do crescimento econômico sustentado, invertendo a inconstância das últimas décadas. Para isso, é fundamental o ajuste fiscal. 
  • A recuperação da competitividade sistêmica da indústria, que vem perdendo participação no PIB. Estudo patrocinado pela Coalizão Indústria calcula que o Custo Brasil é de 1,7 trilhão de reais por ano. 
  • A Transição Energética, para a qual são fundamentais ações em favor da maior oferta de gás natural a preços competitivo e disponibilidade de linhas de financiamentos e recursos a fundo perdido no desenvolvimento de tecnologias disruptivas para descarbonização. 

 

Entidades integrantes da Coalizão Indústria: 

Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores 

Abrinq – Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos 

Abicalçados – Associação Brasileira das Indústrias de Calçados 

AEB – Associação de Comércio Exterior do Brasil 

Abinee – Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica 

Abimaq – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos 

Abiplast – Associação Brasileira da Indústria do Plástico 

Abit – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção 

ABIA – Associação Brasileira da Indústria de Alimentos 

ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland 

CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção 

Eletros – Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos 

Grupo FarmaBrasil 

Instituto Aço Brasil 

Presidente do BC diz que não foi feito guidance e que opções estão abertas

 

Campos Neto: 'Este governo está tendo que conviver com um ...

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu que o Comitê de Política Monetária (Copom) está dependente de dados para calibrar o ciclo de aumento da taxa Selic e que não vai fornecer um guidance sobre os próximos passos. “Nós não fizemos guidance, ou seja: as opções estão abertas”, disse, em entrevista coletiva para comentar o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), em São Paulo.

Ele reforçou que o ciclo teve um início gradual – com aumento de 0,25 ponto porcentual da Selic, de 10,50% para 10,75% -, mas que são necessários mais dados para determinar o que acontecerá daqui para a frente.

Campos Neto repetiu que, neste momento, um guidance sobre o ciclo não teria um valor positivo para o BC, já que há incertezas em campos como o mercado de trabalho. Por isso, o BC preferiu mencionar os condicionantes que têm sido observados para calibrar a política monetária: hiato do produto, balanço de riscos, expectativas, projeções e inflação corrente.

“É melhor descrever dessa forma, dizendo que a gente está dependendo dos dados e que a gente tem esses condicionantes, do que falar sobre como é que vai ser o ciclo à frente”, afirmou o presidente do BC.

Cenário dos EUA

Campos Neto repetiu ainda nesta quinta-feira que o cenário básico da instituição é de uma desaceleração organizada da economia norte-americana, embora a incerteza sobre esse tema exista.

“Precisamos acompanhar os dados para ver, eu acho que o Fed Federal Reserve, o banco central americano também está acompanhando os dados para tentar entender o que é essa desaceleração e qual é o efeito que isso pode ter”, afirmou Campos Neto

Acordo entre Mercosul e China seria um desastre, dizem lideranças industriais brasileiras

Lideranças industriais que fazem parte do grupo Coalizão Indústria expressaram preocupação nesta quarta-feira, 25, com movimentos em direção a uma negociação pelo acordo de livre comércio entre Mercosul e China. Segundo os presidentes de entidades que representam diversos setores industriais, o setor já enfrenta uma “invasão chinesa” que coloca em risco investimentos previstos da ordem de R$ 825,8 bilhões. Assim, um acordo com a China seria um desastre, conforme definiu Fernando Valente Pimentel, presidente da Abit, associação da indústria têxtil.

O Uruguai, que assumiu em julho a presidência pro tempore do Mercosul, é entusiasta de um tratado de livre comércio com os chineses. Altos representantes do bloco sul-americano e da China retomaram recentemente conversas com o objetivo de aprofundar a relação.

Presidente da Abiplast, entidade que representa a indústria de produtos plásticos, José Ricardo Roriz Coelho observou em entrevista coletiva à imprensa que, diante de barreiras enfrentadas em outras grandes economias, os produtos chineses estão buscando mercados abertos para entrar – entre eles, o Brasil. Segundo Roriz, embora a capacidade da economia esteja tomada, “ninguém está investindo”.

“As indústrias estão receosas em investir. Precisamos investir mais, mas com essa espada no peito, não temos perspectiva futura melhor para que esses investimentos aumentem”, declarou Roriz.

Marco Polo de Mello Lopes, coordenador da Coalizão Indústria, classificou como “predatória” a importação vinda da China em certos mercados. O “ataque chinês”, como foi descrito o avanço de produtos do gigante asiático, resulta de uma política de Estado cujo objetivo é escoar uma gigantesca capacidade ociosa, com redução de preços e exportações feitas com margens negativas, comentou Marco Polo. Ele também é presidente do Instituto Aço Brasil.

“Sem acordo já vivemos esse tsunami, com o acordo vocês podem imaginar o que pode acontecer”, declarou o coordenador do grupo industrial ao abordar os movimentos entre Mercosul e China. Ele projetou que R$ 500 bilhões em investimentos – ou seja, 60% do total previsto – serão paralisados se o “tsunami chinês” não for contido.

Também presente na coletiva de imprensa da coalizão, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, defendeu que não é momento de falar de acordo comercial com a China, já que a indústria automotiva passa por momento de transição tecnológica, para a qual estão sendo anunciados pesados investimentos. As montadoras vêm cobrando do governo a volta imediata do imposto cheio, 35%, sobre carros híbridos e elétricos importados, cuja origem, principalmente, é a China.