segunda-feira, 28 de março de 2016

Projeto de Lei que altera multa do FGTS pode gerar onda de demissões


Mais atingidos devem ser profissionais com mais de 10 anos de empresa

Danilo Pieri Pereira, Administradores.com,
Rafael Neddermeyer / Fotos Públicas


Manter um colaborar por mais de 30 anos pode render um “prêmio” amargo para as empresas brasileiras. Tramita no Senado Federal um projeto de lei que visa aumentar a multa do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) em até 15% para empresas que mantiverem funcionários em seus quadros por mais tempo.

O senador Donizeti Nogueira (PT/TO) apresentou, no último dia 10 de março, o Projeto de Lei (PLS 90/16), elevando drasticamente a multa do fundo, para as empresas que mantiverem em seus quadros empregados com mais de 10 anos de casa.

Trata-se de um grave retrocesso, que pode aumentar o número de demissões e complicar ainda mais a empregabilidade de trabalhadores, afetando de forma mais contundente colaboradores com mais tempo de serviço: segundo a proposta, em caso de demissão sem justa causa de um colaborador com mais de 30 anos de contrato, a empresa responderá por uma multa de 55% do montante de todos os depósitos realizados durante a vigência do contrato de trabalho.

O aumento de alíquotas segue progressivamente a partir do décimo ano de contrato, sendo que somente não será punido, aquele empregador que mandar embora seu funcionário, antes do aniversário de 10 anos de casa, única hipótese em que a multa do FGTS continuará sendo a atual, de 40%.

Em momento de crise e dificuldade de recolocação profissional, o projeto do senador petista surge como uma bomba no mercado de trabalho e pode ocasionar a extinção de inúmeros contratos de trabalho, aumentando os gastos do governo com o seguro-desemprego. Em outras palavras, o aumento na penalidade para as empresas que mantém empregados em seus quadros por maiores períodos, por si só já representaria uma contradição, todavia a proposta se revela ainda mais dramática em tempos de crise representando uma grave ameaça ao pleno emprego e à manutenção dos postos de trabalho.

O projeto seguirá para o Plenário do Senado, onde poderão ser apresentadas emendas, até seguir para a votação final e encaminhamento para a Câmara dos Deputados.

É importante ressaltar que no próprio Congresso Nacional existem outros projetos que visam extinguir a multa do FGTS. Isso porque em demissões sem justa causa, a empresa deposita nessa conta vinculada uma indenização de 40%, calculada sobre o montante total acumulado em seu FGTS durante o contrato de trabalho.

Entretanto, a Lei Complementar 110/2001 instituiu a contribuição social adicional de 10%, incidente sobre o montante do FGTS, para os casos de demissão sem justa causa, sem prazo de vigência. Portanto, a multa não é de 40%, e sim 50%, muito embora os 10% extras não sejam destinados ao trabalhador.

Esse adicional serviria, conforme a lei, para cobrir o rombo no FGTS aberto pela decisão da Justiça de aplicar correção integral durante os planos Verão e Collor I. A multa de 10% não é depositada na conta do trabalhador, ela vai direto para os cofres do governo.

Entretanto, a multa de 10% do FGTS tornou-se indevida a partir de março de 2012 e, mesmo assim, vem sendo recolhida por milhões de empresas aos cofres federais. A multa também é tema de discussão no Poder Judiciário e aguarda a decisão em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF)


Danilo Pieri Pereira - Advogado especialista em Direito e Processo do Trabalho e sócio do escritório Baraldi Mélega Advogados

Lava Jato não vai salvar o Brasil, mas será termômetro


REUTERS/Ueslei Marcelino
Mulher segura cartaz com frase "Viva Moro" em protesto em Brasília - 13/03/2016
Mulher segura cartaz com frase "Viva Moro" em protesto em Brasília: entre as quase 70 pessoas condenadas, boa parte já está atrás das grades
 
Thiago de Araújo, do HuffPost Brasil

Um total de R$ 2,9 bilhões recuperados. Junto a R$ 2,4 bilhões em bens apreendidos ou bloqueados.
Outros R$ 21,8 bilhões que podem voltar aos cofres públicos. Mais US$ 800 milhões bloqueados apenas na Suíça.

Junto a R$ 659 milhões repatriados. Mais de 40 ações penais contra mais 180 pessoas.

São só alguns números, mas eles não deixam dúvidas: ao completar dois anos neste mês, a Operação Lava Jato já é um marco na história do Brasil e também do mundo quando o assunto é o combate à corrupção.

Entre as quase 70 pessoas condenadas – boa parte delas já atrás das grades – constam doleiros, funcionários públicos e empresários.

De uma investigação que começou em razão de um carro importante dado de presente a um executivo poderoso da Petrobras, passando por um posto de gasolina em Brasília (DF) no qual encontros resultavam em entregas de grandes somas de dinheiro, agora a Lava Jato se vê diante da central nevrálgica do escândalo: a política.

Um acirramento político e social que já era evidente em 2014, durante as eleições presidenciais, só se acirrou nos últimos meses.

Não que a Lava Jato seja causa, porém ela agora entra em um campo recheado não só de corrupção que parece sistemática e multipartidária, mas também de interesses que os seus protagonistas tentarão manobrar.

“Vamos trabalhar com tranquilidade, com equilíbrio. Quem tiver de pagar vai pagar”, sentenciou há um ano o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Doze meses depois, o discurso não mudou.

“A pauta política não pode contaminar a pauta jurídica (...). Ninguém está acima ou abaixo da lei”, emendou, em entrevista a jornalistas na Suíça.

Dividido na política e na sociedade, o País e, por consequência, a Lava Jato enfrentam o desafio de avançar em meio ao que parece ser um ‘mar de lama’ dos conchavos entre as grandes empreiteiras nacionais e os interesses de políticos – alguns implicados na própria operação. Como esperado, não há consenso até aqui sobre o quão limpo o Brasil pode ficar.
 

"É preciso investigar a todos"


O fim do sigilo de grampos telefônicos solicitados pela Justiça, na figura do juiz federal Sérgio Moro, teve significativo impacto político e social, seja aos que clamam pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), seja entre os que falam em ‘golpe’ contra o governo federal e em criminalização de Lula e do Partido dos Trabalhadores.

Não ao acaso, os recentes atos pelo País – os verdes e amarelos pedindo a queda de Dilma, os vermelhos defendendo a causa petista e a democracia – ressoam no Judiciário e no ambiente acadêmico do País.

Embora o PP seja o partido mais implicado em número de parlamentares na Lava Jato, a operação estaria perseguindo com ênfase os petistas, ‘blindando’ os demais.

“Acho que lideranças políticas estão apostando em radicalizações. A Lava Jato escolheu uma formatação muito comum para investigar, atacando ramos da investigação em determinado momento. Você não consegue abarcar tudo que é investigado em determinado momento. Tudo vem sendo apurado e, direi ponderadamente, é absolutamente normal que, após uma coalizão de 13 anos no poder, uma investigação se concentre sobre os seus políticos”, avalia o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti.

Tatiana Vaz/Exame.com
Protesto na Avenida Paulista, em São Paulo, em 17/03
Protesto na Avenida Paulista, em São Paulo, em 17/03

Entidade que apoia os trabalhos e a conduta de Moro, a ANPR e o seu presidente não acreditam em uma tese que vem sendo muito recorrente, sobretudo entre os partidários do governo: de que a Lava Jato, uma vez que Dilma deixe a Presidência da República – uma possibilidade real, dado o processo em andamento e sua fragilidade política –, irá arrefecer, beneficiando outros parlamentares também investigados.

“Com todo o respeito, achar isso, que só se investiga o PT, não é verdade. É preciso investigar a todos. Veja que houve uma investigação contra o Aécio Neves [senador e presidente do PSDB] e ela foi arquivada, o que não impede que ele volte a ser investigado. O PP e o PMDB estão até mais envolvidos do que o PT. O procurador Rodrigo Janot já disse que tudo será apurado. Não vejo nenhum viés político no trabalho da Força-Tarefa. É um trabalho extremamente responsável”, diz Cavalcanti.

Outro a refutar qualquer seletividade é o presidente da  Associação dos Juízes Federais (Ajufe) ,   Antônio César Bochenek . Figura de relativa proximidade com Moro, ele vê com maior preocupação uma eventual interferência no trabalho da   Políc ia Federal   que possa dificultar a Lava Jato, e assegura que o Judiciário quer é a liberdade para investigar, dentro dos limites constitucionais, deliberando em cima dos autos, e não sob ideologias ou crenças.

“Repito que os juízes estão preparados e irão julgar em cima do que a PF e o Ministério Público trouxerem. Não há seletividade ou preferência por esse ou aquele. Qualquer obstrução hoje é que não seria republicana, e o Judiciário tem feito o seu papel. Qualquer modificação deve ser feita pelo processo judicial, o sistema permite recursos e eles podem modificar entendimentos e decisões. Há falhas e decisões que podem ser reformadas”, avalia.

Para o doutor em Direito pela Universidade Mackenzie e presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra, não há nenhuma contaminação política nos trabalhos da Lava Jato.

O que há, segundo ele, é a constatação de que “o partido do governo é o maior beneficiário do esquema de corrupção” apurado pela investigação, e que a parte política ficará exclusivamente a cargo do Congresso, a começar pela Câmara, que deve votar até a terceira semana de abril o relatório que aceita ou rejeita o pedido de impeachment de Dilma.

“O que pode haver, caso o impeachment aconteça, é uma diminuição da pressão popular, uma vez que o vice-presidente Michel Temer seria nomeado o substituto. Mas com isso eu acredito que, em maior ou menor grau, as manifestações continuarão. O impeachment é um julgamento político que depende da temperatura da nação, que hoje está elevada. Juridicamente, a questão seguirá sendo apurada. Estamos longe do fim”, explica.

Para o secretário-geral da ONG Contas Abertas, Gil Castelo Branco, o pior que poderia acontecer para o País seria um ‘acordão’ para blindar políticos. Contudo, ele também é outro a acreditar na autonomia dos investigadores.

“Ainda que esse governo seja substituído, a Lava Jato vai continuar. Há um compromisso para isso de todos os que investigam esse escândalo. Não creio em arrefecimento. Parte da sociedade não tem ‘corruptos de estimação’, ‘bandidos de estimação’. Há uma cobrança generalizada contra os políticos, como demonstraram as recentes manifestações. Pau que bata em Chico bate em Cunha, Renan, Aécio,Fernando Henrique Cardoso... em todos que, comprovadamente, tenham infringido a lei.”
 

"Há um risco real de acordo para blindar políticos"


Nem todos, porém, acreditam que a Lava Jato esteja imune a problemas e pressões.  Na análise de Bruno Brandão , representante no Brasil da Transparência Internaci onal (TI) , uma investigação que apura a participação de mais de 60 políticos em um amplo esquema de corrupção sempre “é um momento prolífico de ‘acordões’”, e há um risco real de que um esteja sendo articulado nos bastidores.

“Esta é talvez a única esperança de impunidade de vários dos que estão na mira da operação”, afirma.
Todavia, ele alerta que o êxito político sobre a investigação da Lava Jato é fruto da união entre Polícia Federal, Procuradoria-Geral da República (PGR),Ministério Público Federal (MPF), e o Judiciário – salvo a PF, as demais possuem autonomia suficiente para escapar de influência política.

“Com uma operação envolvendo tantos atores, poderes e interesses conflitantes, além do escrutínio da imprensa e da população, é bastante complexa a tentativa de sufocar a Lava Jato. Talvez o maior risco de fracasso da Lava Jato hoje seja ela própria, que no afã de cumprir sua missão e se defender da imensa pressão política, termine caindo em armadilhas e atropelando a lei, o que pode levar a nulidades processuais e mesmo à perda de apoio de uma parte importante da sociedade.  Foi este   o final d a Satiagraha , não tanto tempo atrás”, diz Brandão.

A doutora em Ciências Sociais pela Universidade Complutense de Madri e professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Esther Solano acredita que o juiz Moro já caiu nessa ‘armadilha’, no episódio dos grampos de Lula – pelo menos três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) criticaram a condução que levou à liberação dos áudios para a imprensa e para a opinião pública.

“Tudo aponta para uma blindagem dos outros partidos [caso o impeachment aconteça]. Não vejo o mesmo interesse da operação e da própria classe política para que ela avance além do PT. Acho que a Lava Jato vai continuar, mas dará uma segurada no ímpeto das investigações. Venho conversando com outras pessoas e o senso é este: que o PT é o foco principal e outros nomes, como o do Aécio e o do Cunha, vão desaparecer do noticiário. O Temer será poupado, assim como o PSDB, em prol de uma coalizão possível”, afirma.

Paulo Whitaker/Reuters
Protesto pela democracia e contra o impeachment de Dilma na Avenida Paulista, em São Paulo
Protesto pela democracia e contra o impeachment de Dilma na Avenida Paulista, em São Paulo

Esther acredita que “as instituições não estão cumprindo o seu papel”, uma vez que o Judiciário, por exemplo, “deveria ser mais sóbrio” em suas decisões.

“Ele não deveria se posicionar, a isenção é própria do Judiciário. Acho que falta cautela e imparcialidade, enquanto o Congresso se tornou um ‘circo’ de projetos personalistas de poder, ao passo que a imprensa mainstream tem sido muito parcial”, completa. Outro que teme pelo futuro da Lava Jato é o filósofo da USP Vladimir Safatle, para quem a operação não mostrou “simetria estrita” ao longo de suas 26 fases com todos os atores políticos investigados.

“Temos um escândalo que toca tanto o governo quanto a oposição. Esse é um esquema que começou no governo FHC, os operadores são os mesmos, o Delcídio [Amaral, senador que foi diretor da Petrobras e deixou o PT neste mês, após a sua delação premiada ser homologada pelo STF] vem desde o governo FHC. Até Furnas tem relação com esse processo, desde 2004, 2005. Essas pessoas que falar que é questão de foco, ‘primeiro aqui e depois lá’, devem achar que somos idiotas. É só olhar para a história brasileira”, analisa.

Safatle relembra ainda o chamado mensalão tucano, que só neste ano condenou em primeira instância o ex-governador e ex-deputado Eduardo Azeredo (PSDB), passados 18 anos do escândalo que desviou recursos públicos para a sua campanha de reeleição em Minas Gerais.

De acordo com o filósofo, seria um caso clássico de como a Justiça e a imprensa são claramente seletivas no Brasil quando o assunto é o combate à corrupção.

“Dados os indícios que temos, é muito clara a chance de que a operação desapareça após a queda do governo, que é enorme. Os últimos lances da Lava Jato foram dentro do jogo político, e pouco tiveram a ver com o ritmo necessário em uma operação profunda e complexa, que coloca às claras a relação incestuosa entre políticos e empresários. Está claro que desde o fim da ditadura (1985) a democracia brasileira só funciona sob corrupção generalizada. Temos um fracasso completo, é muito sério.”

Na mesma linha, o cientista político da Unicamp Valeriano Mendes Costa Ferreira avalia que o perigo que um arrefecimento da Lava Jato pode causar é enorme, uma vez que os primeiros indicativos – como as recentes conversações entre lideranças de PMDB e PSDB– são de que muito pouco vai mudar na esfera política nacional.

Mudam partidos, mas a coalizão e a forma com que ela se dá, ao que parece, não deve mudar por interesses partidários.

“O ritmo da Lava Jato tem sido alucinado apenas na primeira instância. Se fosse uma operação séria e republicana, essas demais forças políticas que estão comprometidas já estariam inviabilizadas. Quando acabar essa ‘farra do boi’, com massacre da Dilma e do Lula, sobrará o Congresso, que não há como escapar. Aí vão tirar o pé e se considerarão satisfeitos, se tornando mais razoáveis para, aparentemente, colaborar com uma solução governativa”, opina.
 

"Lava Jato não transformará o Brasil"


Talvez o único ponto que é unânime para os especialistas é que a Lava Jato, embora histórica e de grande importância, não irá transformar o Brasil por si só.

‘Nunca antes na história deste País’, como diria Lula, uma investigação chegou a figuras de tamanha envergadura, quer no poder público, seja no âmbito privado.

Mesmo assim, o trabalho dá fôlego aos brasileiros para construírem uma alternativa melhor do que a que está colocada hoje.

“Acho que há uma injustiça muito grande com o juiz Moro, que não está dando nenhuma entrevista, mas que é acusado de estrelismo. Ele não buscou isso, é o trabalho que, pela sua importância, gerou esse holofote.

Temos mais de 50 magistrados envolvidos na Lava Jato, que meus colegas de Curitiba acreditam que durará pelo menos mais três anos.

 O legado da operação será a busca pela eficiência na administração pública, com uma busca por um novo padrão cultural.

A sociedade não tolera mais impunidade e corrupção”, diz José Robalinho Cavalcanti, da ANPR.

Fiel defensor de uma democracia mais participativa, Vladimir Safatle acompanha o pensamento de que a corrupção não deve ser tolerada, o que o faz reforçar o pedido por simetria à operação que “começou muito bem” e que fez “coisas admiráveis contra a nata do empresariado corrupto”.

Porém, o filósofo alerta que o País hoje rachado não pode ignorar os direitos individuais, sob pena de pagar um preço alto.

“Vemos no mundo todo situações de emergência usadas para flexibilizar os direitos dos cidadãos contra o Estado. Por exemplo, usa-se o exemplo do terrorismo para suspender direitos individuais. Como não tem terrorismo no Brasil, a corrupção foi transformada nisso. Não se pode aceitar a vulnerabilização de cidadãos perante o Estado. Acho que a sociedade civil pode ainda vir a sofrer uma violência absurda. Há hoje um movimento de pessoas que se acham no direito de tomar posse do Brasil, que não precisam do voto popular.”

Possibilidade de impeachment faz mercado se voltar a Temer


Ueslei Marcelino/Reuters
Vice-presidente da República e presidente do PMDB Michel Temer durante evento do partido em Brasília
Vice-presidente da República, Michel Temer: para investidores, programa do partido pode ter efeito positivo no mercado, se implementado.
 
Josué Leonel, da Bloomberg

A expectativa de rompimento do PMDB com o governo acelera as apostas no afastamento da presidente Dilma Rousseff.

Com a possibilidade de o impeachment ser votado em menos de um mês, a tendência do mercado passa a depender menos de Dilma e mais da capacidade de um eventual governo do vice- presidente Michel Temer aprovar as reformas e reconquistar a confiança dos investidores.
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O risco Brasil caiu mais de 100 pontos este ano, enquanto o Ibovespa subiu 26% em dólar. O mercado está refletindo o aumento da aposta na saída de Dilma, diz José Marcio Camargo, sócio da Opus Gestão de Recursos.

“O governo Dilma acabou; não consegue aprovar nada no Congresso”, diz Camargo, professor da PUC-RJ e que está entre os economistas que têm mantido contatos com interlocutores do vice-presidente sobre ideias para um eventual governo Temer.

O PMDB do RJ acenando com a saída do governo e a perspectiva de o partido todo e de outras legendas da base aliada também desembarcarem ajudam a impulsionar o mercado, diz Eduardo Longo, gerente de renda fixa e multimercados da Quantitas Gestão de Recursos. “Esses movimentos dão força para o impeachment."

O impeachment já está praticamente precificado, diz Camargo. Melhoras adicionais dos ativos brasileiros vão depender de o novo governo implementar uma agenda de reformas.

Camargo considera que o programa “Uma Ponte para o Futuro”, do PMDB, pode ter impacto positivo no mercado se implementado. O programa inclui, entre outras medidas, uma maior flexibilização do orçamento, que se tornaria impositivo, e a reforma da Previdência.

Camargo reconhece que as investigações da Lava Jato devem permanecer como um fator de incerteza mesmo que a mudança de governo seja confirmada.

Ainda assim, o impeachment seria bem visto pelos investidores por ao menos criar uma possibilidade de melhora que o mercado considera inexistente na hipótese de Dilma permanecer.

"O governo está paralisado. O impeachment pode não acabar com a crise, mas será difícil a situação continuar tão ruim quanto está hoje”, diz Camargo.

Embora o impeachment traga a chance de retomada das reformas, o mercado ainda tem mais dúvidas do que certezas sobre a viabilidade de um novo governo diante do cenário de elevada tensão política.

Os jornais têm noticiado conversas entre PMDB e PSDB sobre o cenário pós-Dilma, mas o fato de líderes dos dois partidos terem sido citados na Lava Jato desautoriza um otimismo mais convicto.

O foco do mercado é totalmente político, diz Leonardo Monoli, sócio e diretor da Jive Asset. “O Brasil está em stand- by, aguardando o que vai ser do seu futuro e com toda a sua população literalmente fora de sua zona de conforto em uma economia que afunda a passos largos", diz o diretor.

Operadoras das bolsas de Londres e Frankfurt acertam fusão



Daniel Roland/AFP
Sede da Deutsche Börse
Deutsche Börse: a fusão "entre iguais" permitirá criar "um grupo líder de infraestruturas de mercado mundiais com base na Europa"
 
Da AFP


O operador alemão da bolsa Deutsche Börse anunciou nesta quarta-feira um acordo de fusão com a plataforma britânica London Stock Exchange (LSE), com a qual estava em negociações.

A LSE administra as bolsas de Londres e Milão, assim como a sociedade de investimentos de índices americana Russell Investments.
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Por sua vez, a Deutsche Börse é proprietária da Bolsa de Frankfurt, da câmara de compensação de Luxemburgo Clearstrem a e da plataforma de produtos derivados Eurex.

"Após a aprovação do conselho de vigilância da Deutsche Börse, o diretório da Deutsche Börse concluiu um acordo sobre a fusão com a LSE, em forma de holding" domiciliado no Reino Unido, anunciou o grupo em um comunicado.

A fusão "entre iguais", segundo o comunicado, permitirá criar "um grupo líder de infraestruturas de mercado mundiais com base na Europa".

Os acionistas da LSE terão 45,6% da nova estrutura e os do Deutsche Borse 54,4%.

A fusão permitirá economizar 450 milhões de euros graças às sinergias.

A Deutsche Börse, com sede em Eschborn (oeste da Alemanha), havia fracassado em uma tentativa de se fundir com a NYSE Euronext, que administra a bolsa de Nova York, assim como as de Paris, Amsterdã, Bruxelas e Lisboa.

App iFood compra tecnologia para reduzir espera pela pizza


Thinkstock
http://www.cearasc.com/noticia/ifood-e-o-novo-patrocinador-master-do-ceara
iFood: empresa agora tem tecnologia que agiliza entregas
 
 
 
 
São Paulo – O iFood, conhecido por seu aplicativo de pedido de refeições, anunciou hoje a compra da empresa de tecnologia de entregas rápidas SpoonRocket, que havia encerrado nesta semana suas operações em razão da alta concorrência no mercado americano. Os termos do acordo não foram revelados.

A empresa realizava entregas em 15 minutos graças à sua tecnologia de rastreamento de motociclistas e otimização de rotas. Agora, o iFood vai implementar no seu serviço no Brasil parte do que foi criado ao longo dos últimos três anos pela SpoonRocket nos Estados Unidos. 

O iFood processou 1,5 milhão de pedidos por meio de seu app no Brasil no último mês e agora tem a missão de mudar a forma como funciona o delivery no país, reduzindo o tempo de entrega e até mesmo o preço da sua pizza, por exemplo.  

Em entrevista a EXAME.com, Felipe Fioravante, CEO do iFood, contou mais detalhes sobre a evolução da plataforma tecnológica da companhia nos últimos tempos e também quais são os próximos passos. Confira os melhores trechos da conversa a seguir. 
 
EXAME.com: Por que comprar uma empresa americana de entregas? 
Felipe Fioravante: A empresa fez sucesso nos Estados Unidos e desenvolveu muita tecnologia ao longo dos anos em que operou. Ela chegou a levantar 15 milhões de dólares em investimentos. Vimos que grande parte do que podemos melhorar a experiência do usuário do iFood está na fase após a realização do pedido. Já revolucionamos muito a forma de pedir e o próximo passo é melhorar o pós-pedido. Por isso, foi uma medida estratégica comprar a SpoonRocket. 
 
Qual será o impacto dessa compra no iFood, o que vai mudar? 
A tecnologia deles, que foi criada para os Estados Unidos, não vai continuar. Eles entregavam comida em 15 minutos por meio de vários sistemas que vamos trazer para cá. Toda a parte de tecnologia dos motoqueiros, GPS, otimização de rota, tudo de despacho, automação e entrega para o usuario. Isso vai dar suporte para mais dois serviços que vamos lançar no meio do ano. 
 
Vocês compraram muitas empresas nos últimos tempos, foram 15. Por quê? 
Eram empresas locais que tinham bom relacionamento com estabelecimentos em regiões que não tínhamos. Foi uma estratégia para crescer mais rápido e chegar a mais locais. O Hellofood, por exemplo, foi importante para a aquisição de talentos que têm muito conhecimento do nosso mercado. Já o caso do SpoonRocket é diferente, o foco é a tecnologia. Vimos a oportunidade de pegar alguma tecnologia já criada lá fora e compramos a empresa. 
 
Vocês receberam um aporte de 62 milhões de dólares no meio do ano passado. Como esse dinheiro foi usado para melhorar a plataforma do iFood? 
O dinheiro foi investido em tecnologia, marketing e comerciais. Triplicamos o número de pedidos que recebíamos por mês e chegamos a várias outras cidades. Hoje, temos um app com 5 estrelas na App Store, o que é algo bem raro de se ver.  
 
A compra da Hellofood trouxe algum benefício, além da aquisição de talentos? 
Sim, ela ajudou em todas as nossas áreas. Agregamos restaurantes e pedidos feitos em outra plataforma. Mas o principal ativo foram as pessoas. Num mercado tão especifico como o nosso, gente com experiência de 3 ou 4 anos nos ajuda a crescer mais rápido. Nossa equipe aumenta 50% por ano. Por isso, o desafio é encontrar e treinar mais profissionais. 
 
Qual considera como principal desafio para mudar o delivery no Brasil? 
Como somos um marketplace, apresentar a tecnologia para todos os restaurantes é um desafio bem grande. A ideia é que todos usem e que todos entendam como vai funcionar a tecnologia. Ainda assim, há interesse dos restaurantes. Todo mundo vê onde está o entregador, tanto o restaurante quanto o cliente. Com isso, dá para preparar a comida no tempo certo. Nós investimos muito nessa parte porque a entrega era o elo mais fraco do delivery, as pessoas pedem quando já estão com fome. Diminuir o tempo de entrega é importante. 
 
A tecnologia de otimização de rotas é similar ao que faz hoje o Waze? 
Não, é mais parecido com o que fazem hoje os apps de táxis e o Uber. O trânsito é levado em consideração, sim. Mas o desafio é saber qual é o entregador certo para atender cada pedido de acordo com localização tanto do cliente, quanto do motociclista. 
 
Quais são os números do iFood hoje? 
1,5 milhão de entregas no último mês (em novembro, eram 1 milhão), 10 mil restaurantes em 100 cidades cadastrados na plataforma. 
 
Qual é a região mais popular do app? 
Sudeste é a mais forte. As cidades que mais pedem pelo iFood são São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza – com crescimento recente visto como resultado do patrocínio do clube de futebol Ceará – e Curitiba. 

No geral, o iFood está bem espalhado pelo país, quase em todos os Estados, exceto pelo Acre e alguns Estados acima do Amazonas 
 
Algo a acrescentar?  
Somos vistos muitas vezes como um app para pedir comida, mas estamos mostrando que a nossa intenção é mudar como essa indústria trabalha. O delivery é difícil e custoso para os restaurantes. 

Muita gente quer entregar comida nas casas dos clientes, mas não sabe como fazer isso ou não quer enfrentar esse trabalho. Otimizando esse processo, conseguiremos mudar essa indústria e oferecer uma qualidade geral melhor e um preço mais baixo para os consumidores. 

NTT Data acerta compra de unidades de TI da Dell por US$3 bi


Bazuki Muhammad / Reuters
Logos da Dell em sede de Kuala Lumpur, dia 04/09/2013
Dell: a companhia japonesa afirmou que vai pagar cerca de 3,05 bilhões de dólares, um valor que exclui dívidas e outras despesas
 
Da REUTERS


A japonesa NTT Data Corp informou nesta segunda-feira acordo para comprar a divisão de consultoria em tecnologia da informação da norte-americana Dell por mais de 3 bilhões de dólares - se para a América do Norte.

O acordo permitirá à Dell cortar parte da dívida de 43 bilhões de dólares que está assumindo com a aquisição da fabricante de equipamentos para armazenagem de dados EMC, um negócio em dinheiro e ações avaliado em cerca de 60 bilhões de dólares.

A companhia japonesa afirmou que vai pagar cerca de 3,05 bilhões de dólares, um valor que exclui dívidas e outras despesas.

A compra vai dar à NTT Data, uma das maiores companhias de serviços de tecnologia do mundo, uma maior presença nos Estados Unidos, onde está buscando se expandir em serviços para as áreas de medicina, seguros e finanças.

Moro envia superplanilha da Odebrecht para o Supremo


REUTERS/Rodrigo Paiva
Sede da Odebrecht, em São Paulo
Odebrecht: A superplanilha é a maior relação de políticos e partidos associada a pagamentos de uma empreiteira capturada pela Lava Jato desde o início da operação, há dois anos
 
 
Ricardo Brandt, do Estadão Conteúdo
Mateus Coutinho, do Estadão Conteúdo
Fausto Macedo e Julia Affonso, do Estadão Conteúdo


São Paulo - O juiz federal Sérgio Moro decidiu enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a superplanilha com a indicação de pagamentos feitos pela Odebrecht a políticos, encontrada pela força-tarefa da Operação Lava Jato na casa do ex-presidente de Infraestrutura da empreiteira Benedicto Barbosa Silva Junior, no Rio de Janeiro.

A superplanilha traz cerca de 300 nomes ligados a 24 partidos políticos. Levantamento do jornal O Estado de S. Paulo com base no documento mostra que, em vários casos, os valores são superiores aos declarados pelos candidatos indicando possível caixa 2.
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"O ideal seria antes aprofundar as apurações para remeter os processos apenas di­ante de indícios mais concretos de que esses pagamentos seriam também ilícitos. A cautela recomenda, porém, que a questão seja submetida desde logo ao Egrégio ­Supremo Tribunal Federal", registra Moro, na decisão desta segunda-feira, 28.

A superplanilha, como está sendo chamada a lista nos bastidores do poder, é a maior relação de políticos e partidos associada a pagamentos de uma empreiteira capturada pela Lava Jato desde o início da operação, há dois anos.

Ela foi encontrada nas buscas da 23.ª fase, a Acarajé, que teve como alvo principal o casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura.

A planilha foi divulgada oficialmente pela operação na manhã de quarta-feira, 23. Mas, no início da tarde, o juiz federal decretou sigilo sobre o documento. Moro pediu ao Ministério Público Federal que se manifeste sobre "eventual remessa" dos papéis ao Supremo Tribunal Federal.
 

Campanhas


As anotações, indica a Lava Jato, referem-se às campanhas eleitorais de 2012 (municipais) e 2014 (presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais). Segundo a força-tarefa, não há nenhum indicativo de que os pagamentos sejam irregulares ou fruto de caixa 2.

Barbosa Silva Jr. é apontado pelos investigadores como o encarregado de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira, para tratar de doações eleitorais e repasses a políticos.

Também há inúmeras anotações manuscritas fazendo referência a repasses para políticos e partidos, acertos com outras empresas referentes a obras e até documentos sobre "campeonatos esportivos", que lembram documentos semelhantes já encontrados na Lava Jato e revelaram a atuação de cartel das empreiteiras em obras na Petrobras.

Os partidos que constam na planilha são PT, PMDB, PSDB, PP, PSB, DEM, PDT, PSD, PC do B, PPS, PV, PR, PRB, SD, PSC, PTB, PTN, PT do B, PSOL, PPL, PTB, PRP, PCB e PTC.

O levantamento jornal O Estado de S. Paulo baseou-se nas planilhas às quais a reportagem teve acesso.