segunda-feira, 4 de abril de 2016

Choques da China sobre mercados globais aumentarão, diz FMI


AFP
O iuane, moeda da China
China: as desacelerações do crescimento econômico e da produção industrial da China reverberaram por todos os mercados financeiros globais
 
Da REUTERS


Washington - Os efeitos dos choques econômicos da China sobre os mercados globais vão aumentar nos próximos anos conforme crescem a influência financeira do país e o uso do iuan como moeda de financiamento, afirmou nesta segunda-feira o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Em um trecho de seu Relatório Global de Estabilidade Financeira, o FMI informou que os acontecimentos nos mercados emergentes respondem agora por um terço a 40 por cento da variação entre os retornos do mercado acionário e as flutuações cambiais em todo o mundo.

As desacelerações do crescimento econômico e da produção industrial da China reverberaram por todos os mercados financeiros globais no ano passado, provocando queda dos preços de ações e de commodities tanto nos mercados emergentes quanto nas economias avançadas.

O FMI apontou que os mercados se tornaram extremamente sensíveis aos sinais econômicos provenientes da China e que as autoridades do país não podem enviar mensagens mistas.

"Conforme o papel da China no sistema financeiro global cresce, uma comunicação clara e oportuna de suas decisões, transaparência sobre suas metas e estratégias consistentes em alcançá-las será cada vez mais importante para evitar reações voláteis do mercado com maiores reverberações", informou o FMI em trechos do relatório divulgado nesta segunda-feira.

Os mercados serão cada vez mais influenciados pelo elevado tamanho da economia da China, mais relações financeiras como a listagem de empresas chinesas em mercados internacionais e o crescimento do uso do iuan em transações internacionais.

Fusão do Itaú Chile com CorpBanca é concretizada




Alexandre Battibugli /EXAME
Agência do Itaú
Itaú: como consequência da união das operações, o Itaú Unibanco passa a controlar o banco resultante da fusão, o Itaú CorpBanca
 
Fátima Laranjeira, do Estadão Conteúdo


São Paulo - A fusão das operações entre o Banco Itaú Chile (BIC) e o CorpBanca foi concretizada nesta sexta-feira, 1, após a obtenção de todas as aprovações societárias e regulatórias necessárias. O negócio foi anunciado em janeiro de 2014.

Como consequência da união das operações, o Itaú Unibanco passa a controlar o banco resultante da fusão, o Itaú CorpBanca, com participação de 33,58% em seu capital social.
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Também hoje, o Itaú Unibanco firmou o acordo de acionistas do Itaú CorpBanca com o Corp Group, que estabelece que os dois têm o direito de indicar membros do conselho de administração do Itaú CorpBanca de acordo com suas participações no capital social, tendo esse bloco de acionistas a prerrogativa de eleger a maioria dos membros do conselho de administração e o Itaú Unibanco, o direito de eleger a maioria desse bloco.

Os presidentes dos conselhos de administração do Itaú CorpBanca e de suas subsidiárias serão indicados pelo Corp Group e seus vice-presidentes pelo Itaú Unibanco. Os executivos do Itaú CorpBanca e de suas subsidiárias serão propostos pelo Itaú Unibanco e ratificados pelo conselho de administração do Itaú CorpBanca.

"O acordo de acionistas garante o exercício do controle do Itaú CorpBanca pelo Itaú Unibanco, prevê o direito do Corp Group de aprovar, em conjunto com o Itaú Unibanco, algumas matérias estratégicas do Itaú CorpBanca e contém disposições sobre a transferência de ações entre Itaú Unibanco e Corp Group e também para terceiros", informa o Itaú em fato relevante.

Segundo o banco, a conclusão da fusão representa um importante passo no processo de internacionalização do Itaú Unibanco e em seu intuito de tornar-se um banco líder na América Latina.

"Com a concretização da operação, o Itaú Unibanco passa da sétima para a quarta posição no ranking de maiores bancos privados do Chile em termos de empréstimos e ingressa no mercado colombiano de varejo financeiro através do Banco CorpBanca Colombia, quinto maior banco local em termos de empréstimos e o qual também passará a operar sob a marca 'Itaú'", ressalta.

O Itaú afirma ainda que, por meio dessa operação, o banco e o Corp Group criam uma plataforma para crescimento e busca de novas oportunidades de negócios no setor financeiro no Chile, na Colômbia, no Peru e na América Central.

"Estima-se que a materialização dos ganhos decorrentes das oportunidades comerciais e sinergias operacionais geradas com a fusão ocorra nos próximos anos, não gerando impactos financeiros relevantes em 2016", diz o Itaú.
 

Ativos


A partir de hoje, o Itaú CorpBanca será consolidado nas demonstrações financeiras do Itaú Unibanco, acrescentando aproximadamente R$ 117 bilhões (dezembro de 2015) de ativos em seu balanço.

Fitch atribui ratings a Embraer pela 1ª vez, em BBB-

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Divulgação/Embraer
Embraer (EMBR3)
Embraer: nota de risco da Fitch é a primeira na classificação de grau de investimento e está acima da do Brasil.
 
Sergio Caldas, do Estadão Conteúdo


São Paulo - A agência de classificação de risco Fitch atribuiu ratings a Embraer pela primeira vez, em BBB- na escala global e AAA(bra) na escala nacional, com perspectiva estável.

A Fitch também conferiu o rating BBB- à dívida não segurada emitida pela Embraer Netherlands Finance e Embraer Overseas Limited. A ação afeta cerca de US$ 3,5 bilhões em dívida referente ao fim de 2015.
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Em comunicado, a Fitch explicou que o rating BBB-, que é a última nota considerada "grau de investimento" pela agência, reflete a posição competitiva da Embraer no mercado de jatos comerciais e executivos, assim como sua ampla carteira de encomendas (backlog), rentabilidade consistente, vários programas de defesa promissores e o atual ambiente favorável na indústria global de aviação industrial.

"O sólido perfil de liquidez da Embraer, concentrada principalmente fora do Brasil, e suas elevadas receitas de exportação, combinados com algum fluxo de caixa operacional no exterior, também sustentam os ratings BBB-", afirmou a Fitch.

A nota soberana do Brasil está atualmente um degrau abaixo do da Embraer, em BB+.


Alaska Air vai comprar Virgin America por US$ 2,6 bilhões


Justin Sullivan/AFP
Avião da Virgin America
Avião da Virgin: aquisição pela Alaska Airway ainda deve passar por órgão regulador dos EUA e deve criar a quinta maior empresa aérea do país.


Nova York - O Alaska Air Group chegou a um acordo para comprar a Virgin America, vencendo uma batalha com a JetBlue Airways.

A controladora da Alaska Airlines informou que pagará US$ 57 por cada ação da Virgin, um prêmio de 47% sobre o valor de fechamento de sexta-feira, o que representa um valor total de US$ 2,6 bilhões.
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A disputa entre a Alaska Air e a JetBlue foi acirrada, segundo uma fonte com conhecimento do assunto. A Alaska prevaleceu, em parte, por causa de seu balanço patrimonial limpo, que permitirá mais facilmente a tomada de empréstimos para financiar a aquisição, afirmou a fonte.

A Alaska Air, uma empresa aérea de 84 anos baseada em Seattle, é classificada com grau de investimento, não tem dívida líquida e possui US$ 1,3 bilhão em caixa, de acordo com seus mais recentes documentos financeiros.

A JetBlue, que começou a operar em 2000, tinha US$ 876 milhões em caixa no fim do ano passado e uma linha de crédito não usada de US$ 600 milhões, além de dívida de US$ 1,8 bilhão.

O acordo deverá ser concluído até 1º de janeiro de 2017 e pode gerar aumento de 27% na receita anual da Alaska Air.

A combinação da empresa com a Virgin America, que ainda passará por avaliação do Departamento de Justiça dos EUA, vai criar a quinta empresa aérea do país em tráfego, superando a JetBlue, que atualmente ocupa essa posição.

Ainda assim, a nova companhia continuará sendo bem menor que as quatro maiores empresas aéreas norte-americanas, que controlam 80% da capacidade doméstica.

A Virgin America, que começou a voar em 2007, é controlada pelo Virgin Group, com participação de 54%, e pelo Cyrus Capital Partners. A empresa abriu capital em novembro de 2014. Fonte: Dow Jones Newswires.

Cade recomenda venda do HSBC ao Bradesco com restrições




Germano Luders
Bradesco
Bradesco: quarto maior banco do país deve celebrar acordo com o Cade para não prejudicar clientes do HSBC com a operação de aquisição.
 
Luci Ribeiro, do Estadão Conteúdo

Brasília - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) formalizou no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira, 4, a decisão divulgada na sexta-feira sobre o ato de concentração entre Bradesco e HSBC Brasil.



Segundo o despacho, a Superintendência-Geral do órgão ofereceu impugnação da operação, ou seja, recomendou a venda do HSBC Brasil para o Bradesco, mas com restrições.
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A sugestão da Superintendência é que o aval do órgão esteja condicionado à celebração de Acordo em Controle de Concentrações (ACC) proposto pelos dois bancos.

Em nota, a Superintendência-Geral explica que o ACC foi elaborado depois de análise detalhada sobre o mercado bancário brasileiro, pela qual se verificou a existência de alguns problemas concorrenciais que indicam baixa competição entre os bancos.


A Superintendência considerou diferentes cenários de serviços ofertados pelas instituições, como depósito à vista e a prazo, crédito ao consumidor, cartão de crédito, entre outros.

Nesses segmentos, a participação de mercado do HSBC é reduzida, o que limita a relação entre a aquisição e a possibilidade de aumento de poder de mercado do Bradesco.

Em uma análise mais ampla, destaca a Superintendência, constatou-se que o Bradesco é o quarto maior banco do País em ativos totais, enquanto o HSBC é o sexto.

Com a aquisição, o Bradesco continua na mesma posição, com menos de 20% de mercado, atrás do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Itaú, que permanecem como rivais em todos os mercados analisados.

A Superintendência observou ainda que alguns dos problemas do setor, como a baixa portabilidade e os elevados índices de reclamação em relação à qualidade dos serviços bancários, também são verificados no Bradesco.

Além disso, a participação de mercado do banco em número de agências em alguns municípios é elevada.

"Para afastar a possibilidade dos clientes do HSBC serem prejudicados com a operação, e para também beneficiar os clientes do Bradesco, inclusive os situados nos municípios com maior concentração de agências, o banco concordou em celebrar um acordo com o Cade como condição para a aprovação da aquisição", informa o Cade na nota.

De acordo com o órgão, o ACC foi desenhando para contemplar quatro eixos: Comunicação e Transparência; Treinamentos; Indicadores de Qualidade e Compliance.

"Todas as medidas possuem indicadores quantificáveis e serão monitorados", diz o Cade. "Caso o acordo seja celebrado, o não cumprimento das obrigações enseja a aplicação de multas pelo órgão", acrescenta.

Agora, a recomendação da Superintendência-Geral assim como o processo serão remetidos ao Tribunal do Cade, a quem cabe tomar a decisão final sobre o caso.

Os conselheiros podem acolher ou não a recomendação ou adotar outras medidas previstas na Lei 12.529/11, como aprovação da operação, reprovação ou ainda adoção de outros "remédios concorrenciais" que afastem os problemas identificados.

O ato de concentração foi notificado ao Cade em outubro de 2015, totalizando 159 dias até o momento. O prazo legal para a decisão final do Cade é de 240 dias, prorrogáveis por mais 90.


"Falta de representatividade de sindicatos impede que negociações prevaleçam"

Acordos x Lei

Prestes a completar 30 anos de existência, o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região enfrenta cortes em seu orçamento de cerca de R$ 50 milhões. A alternativa tem sido reduzir custos estruturais, como água, luz, telefone e funcionários terceirizados da vigilância e da limpeza. Até os investimentos no processo judicial eletrônico, que tem sido celebrado na Justiça, sofreram um corte de mais de 80%.

Ao contrário do orçamento, a quantidade de processos que chega à Justiça do Trabalho não diminui. No último ano, 280 mil processos foram julgados pelos 371 juízes do trabalho da 15ª Região. À frente do TRT-15, o desembargador Lorival Ferreira dos Santos busca soluções para manter o trabalho no mesmo ritmo. Um dos pontos tem sido os centros integrados de conciliação, que usam inclusive os servidores como mediadores, sob a supervisão de magistrados.

Lorival Ferreira completa 30 anos na magistratura do Trabalho em junho. No comando da corte desde 2014 e agora na presidência do Colégio de Presidentes e Corregedores dos Tribunais Regionais do Trabalho (Coleprecor), desde novembro de 2015, ele tem esperança de que o presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra da Silva Martins Filho consiga auxiliar na busca da Justiça Trabalhista por mais verbas.

O desembargador não concorda que a Justiça do Trabalho proteja demais o trabalhador. Segundo ele, a legislação é assim e deve ser interpretada para dar proteção ao lado mais fraco da relação, como ocorre também com idosos, crianças ou consumidores. Um dos fatores que enfraquecem o trabalhador nas disputas, diz ele, é a falta de representatividade dos sindicatos.

Favorável à ratificação Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho, que permite a liberdade sindical, pelo Brasil, ele afirma: “Se todos os sindicatos tivessem representatividade, poderia perfeitamente ser feito o negociado sobre o legislado”. A liberdade sindical, diz Lorival Ferreira, seria uma maneira de flexibilizar algumas questões de forma ordenada.

O presidente do TRT-15 vê pouco espaço para uma reforma trabalhista. Quanto à flexibilização de jornada, tem experimentado o home office para servidores do tribunal, “mas desde que o chefe imediato tenha um controle semanal da produtividade”.


Leia a entrevista:


ConJur — Quais são as desobediências mais recorrentes às leis trabalhistas?
Lorival Ferreira —
As desobediências mais comuns referem-se às horas extraordinárias. O trabalhador é contratado para cumprir um horário e trabalha mais que o combinado — quando rescinde o contrato, procura a Justiça para receber por essas horas. Agora, na atual crise econômica, nós temos notado muitas reclamações postulando verbas rescisórias. Obviamente, numa situação de dificuldade econômica, os empresários têm dificuldade de honrar o pagamento das verbas rescisórias e os trabalhadores vêm postular essas verbas e outras que, normalmente, vêm de problemas que o advogado aponta como passíveis de reparação.


ConJur — O presidente do TST, ministro Ives Gandra, recentemente disse que a Justiça do Trabalho é paternalista. A Anamatra disse que isso representava uma opinião pessoal do juiz e não necessariamente dos juízes. A Justiça do Trabalho é paternalista?
Lorival Ferreira —
O ministro Ives Gandra é um homem extremamente preparado que tem as suas posições que todos nós respeitamos, em razão da alta sabedoria científica que ele conserva. No entanto, eu penso que, no âmbito trabalhista, o legislador deu uma superioridade jurídica em favor do trabalhador para compensar a supremacia econômica do empresário. Se não fosse assim, certamente haveria muita dificuldade para que o trabalhador fosse fazer uma postulação contra uma grande empresa. Então eu penso que nós, juízes do trabalho (já se vão cerca de 30 anos na magistratura), interpretamos a norma. A legislação é favorável ao trabalhador, que é considerado um hipossuficiente e, por isso, recebe a proteção da legislação. Mas não é só na área trabalhista que existe isso. O Código do Consumidor protege o consumidor. As leis da Previdência protegem quem depende dela. Cada ramo do Direito dá uma proteção àqueles que são os mais fracos. Os idosos, crianças e adolescentes... Todos recebem um benefício da legislação.


ConJur — Empresas que atuam no Brasil e no exterior, como HSBC e TAP, dizem que eles perdem, no Brasil, o mesmo percentual de ações trabalhistas que ganham lá fora. Não há um desequilíbrio nisso?
Lorival Ferreira —
Na verdade, quem pode alterar a legislação trabalhista é o Congresso. Os parlamentares é que podem propiciar um debate, uma discussão, e alterar. A nós, juízes, cabe apenas interpretar a legislação posta. Hoje, se fala muito de avançar via normas coletivas e eu concordo com isso. Mas a legislação trabalhista, no artigo 444 da CLT, fala que pode-se negociar tudo, desde que não contravenha as disposições de proteção mínima. Onde estão essas proteções mínimas? Na Constituição da República, na Consolidação das Leis do Trabalho, em leis esparsas. Eu reconheço que, efetivamente, as taxas que se cobra com relação à Previdência Social e outros e outros impostos possa ser, trazer alguma dificuldade para o empresário, mas cabe aos empresários debater isso junto ao governo federal.


ConJur — Médicos, engenheiros, jornalistas e advogados devem ter o mesmo tratamento, como hipossuficientes, que um trabalhador braçal, uma empregada doméstica, por exemplo?
Lorival Ferreira —
Evidentemente um engenheiro, um médico ou um alto executivo não pode receber esse mesmo tratamento. Nem mesmo a legislação dá o mesmo tratamento. Dependendo do cargo, o trabalhador sequer ele tem direito a horas extraordinárias. Mas, se tem carteira assinada, a legislação é aplicável. Não poderiam jamais dizer que um gerente teria a mesma proteção que um doméstico. Isso é uma coisa elementar, nós estamos no século XXI. Talvez devesse haver uma adequação nesse aspecto, para excepcionar expressamente essas figuras que, atualmente, não estão excepcionadas na legislação.


ConJur — O Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro está representando contra vários escritórios de advocacia, acusando-os de considerar sócios quem é, na verdade, empregado. Diante da resistência dos escritórios em fornecerem, ao Ministério Público do Trabalho, os seus contratos sociais, o MPT intimou as empresas a fornecerem seus contratos com escritórios de advocacia e os contratos sociais dos escritórios para essa investida. Em São Paulo, há alguma coisa parecida?
Lorival Ferreira —
Até hoje, não tomamos conhecimento a respeito desse tipo de ação. A legislação trabalhista considera trabalhador aquele que explora atividade econômica e equipara a esse mesmo empregador os profissionais liberais e outros, até entidades beneficentes que utilizem de empregados. Então é preciso examinar se, efetivamente, essas pessoas que estão lá atuando como advogados são empregados ou sócios de fato, porque há uma distinção. Só vamos saber disso examinando caso a caso.


ConJur — O Supremo Tribunal Federal, no ano passado, contrariou um entendimento antigo do TST e decidiu que os trabalhadores que aderiram a acordos do plano de demissão incentivada ou voluntária não têm direito a entrar com uma nova reclamação trabalhista pleiteando valores ou itens que não foram contemplados no acordo. Os advogados reclamam que juízes trabalhistas continuam aceitando a esse tipo de pedido. O senhor tem visto isso?
Lorival Ferreira —
Quando determinada empresa quer, digamos assim, resolver um problema de excesso de empregados, propõe um plano de demissão voluntária, com o pagamento de cinco ou dez salários para quem aderir. A Justiça do Trabalho tem interpretado que é possível postular outras verbas às quais ele possa ter direito, como horas extraordinárias ou diferenças salariais no passado, levando em consideração que esse PDV seria uma forma de indenização por ele estar abrindo mão de o direito de continuar trabalhando na empresa. A gente tem o dever de acatar e acompanhar decisões da Suprema Corte e se houver descumprimento dessa decisão, a parte prejudicada pode utilizar o instituto da reclamação perante o Supremo, para reformar essa decisão do juiz. Mas essa decisão do STF deve ser também interpretada.


ConJur — O Congresso, o Planalto e o Supremo já sinalizaram ser favoráveis a uma amplitude maior da terceirização que se pratica hoje. Mas a Justiça do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho são contra a ampliação do escopo da terceirização. O que acontece?
Lorival Ferreira —
Eu costumo dizer que a terceirização não tem volta. Ela veio com a globalização e veio para ficar. O que nós precisamos, e eu acho que aí é um trabalho do Parlamento, é procurar fazer com que ela seja menos gravosa para o trabalhador. Não é razoável ter dois trabalhadores exercendo praticamente a mesma função, com um ganhando R$ 3 mil e o outro ganhando R$ 1 mil. Por enquanto, eu me filio àquela posição de que podemos terceirizar todas as demais atividades periféricas para que o empresário possa se dedicar à atividade-fim. Preocupa-me a terceirização da atividade-fim, porque nós temos verificado alguns casos de precarização. Até os órgãos públicos têm terceirizados, não dá pra ser sectário e resistir a isso. Uma coisa boa que o projeto sobre terceirização que tramita no Congresso traz é a responsabilidade solidária. Hoje, aplicamos a responsabilidade subsidiária: primeiro, se cobra aquele que é o empregador. Se ele não pagar, cobramos o beneficiário da prestação de serviços. O Supremo Tribunal Federal foi chamado a examinar esse aspecto, sobre o artigo 71 da Lei 8.666, e fez uma interpretação interessante. No âmbito do serviço público, é preciso verificar se fiscalizou o prestador de serviço. Isso porque é comum, nas terceirizações, que uma empresa que não tem lastro nenhum, com capital de R$ 2 mil ou R$ 3 mil, pegue um contrato de um grande ente público e, de repente, desapareça, deixando o trabalhador fica sem receber. O beneficiário da prestação de serviço só pode se eximir se tiver fiscalizado.


ConJur — Ministros e juízes assinaram manifestos contra a terceirização. Não era o trabalhador que deveria encabeçar um movimento, já que ele é o titular do direito em questão? Ou será que isso dá razão às duas representações feitas por todas as centrais sindicais do Brasil contra o Ministério Público do Trabalho, na OEA, acusando o órgão de representar interesses próprios — e não dos trabalhadoras?
Lorival Ferreira —
Você tem razão quando diz que essa representação deveria ser dos trabalhadores. Ocorre que, no Brasil, lamentavelmente, nós não temos a pluralidade sindical. Com ela, teríamos vários sindicatos e, talvez, o movimento fosse um pouco mais aguerrido. Algumas categorias profissionais fazem um trabalho fantástico, como dos metalúrgicos, dos bancários, e outros. Mas temos muitos sindicatos fracos. O Congresso precisa fazer um debate, aprovar a Convenção 87 da OIT e, talvez, mudar o padrão do movimento sindical, para que tenhamos mais trabalhadores participando e exigindo o cumprimento dos seus direitos. O Brasil está caminhando devagar a vai conseguir chegar lá, eu tenho essa esperança muito otimista a respeito disso.


ConJur — O TRT da 15ª Região tem uma atuação intensa no programa de combate ao trabalho infantil e ao trabalho escravo. Além desses dois temas, o Ministério Público do Trabalho, também se dedica bastante à eliminação do amianto. Esses três problemas, no volume de processos que tramitam pela Justiça do Trabalho, é estatisticamente significativo?
Lorival Ferreira —
Nós temos comitês sobre essas questões. Fazemos seminários, palestras e debatendo os problemas. Estatisticamente, são poucos casos, mas são minorias que precisam de cuidado. Nós não estamos aqui para cuidar apenas das maiorias. Há situações difíceis, em que é preciso buscar uma atuação na sociedade, de prevenção.


ConJur — A decisão do STF, que autoriza cumprimento de pena já após a segunda condenação, na segunda instância, se aplica à Justiça Trabalhista?
Lorival Ferreira —
Nós não examinamos esse aspecto jurídico, ainda, mas faz sentido. O que nós sempre reclamamos é que há aquela vontade de litigar e a Constituição, as leis permitem uma série de recursos. Acho que devemos valorizar as decisões de primeiro grau. Há um projeto de lei para que a pessoa que recorre de uma decisão e perde pague a mais, para tentar diminuir o número de recursos.


ConJur — Fala-se muito da necessidade de uma reforma trabalhista. Como seria?
Lorival Ferreira —
Não são muitos pontos. Os princípios devem ser preservados.


ConJur — Redução da jornada seria um item?
Lorival Ferreira —
No meio rural, onde tem o cortador de cana, que é uma jornada análoga ao trabalho degradante, deveria ser uma jornada de seis horas e não de oito. Às vezes, eles praticam dez horas, porque ganham por produção — e, no afã de ganhar um pouco mais, trabalham até a estafa. Precisa haver uma alteração legislativa para buscar um certo equilíbrio. Nós podemos avançar, por exemplo, nas conciliações.

A Justiça do Trabalho tem um verdadeira vocação conciliatória desde a sua criação. Mas hoje temos 100 milhões de ações na Justiça. Aqui no TRT da 15ª Região, estamos fazendo um grande esforço, criamos oito centros integrados de conciliação — implantamos já sete — e criamos um centro de conciliação no segundo grau.

A Justiça do Trabalho é considerada uma das mais céleres, mas, mesmo assim, nós estamos vivendo uma contradição: num período em que há desemprego em massa, com aumento de reclamações da ordem de cerca de 10%, nós tivemos um corte orçamentário de cerca de R$ 49 milhões. Temos aposentadorias que não podemos repor.


ConJur — Qual é o impacto disso no funcionamento do tribunal e das varas?
Lorival Ferreira —
Nós tivemos que fazer a adequação de horário de funcionamento, cortes e mais cortes em água, luz, telefone, terceirizados da vigilância e da limpeza. O processo judicial eletrônico sofreu um corte de mais de 80% e precisa de manutenção.

Nossa expectativa é que o nosso presidente Ives Gandra possa nos ajudar a buscar, junto aos órgãos do governo, uma solução. Nós não queremos e não podemos comprometer a solução dos processos aos trabalhadores e aos empregadores. Conseguimos cortar, até agora, R$ 25 milhões. Falta cortar R$ 24 milhões. De onde vamos tirar? Houve uma discriminação com a Justiça do Trabalho, pois outros ramos do Judiciário não sofreram esse corte astronômico. Será um preconceito com a Justiça do Trabalho?


ConJur — Quantos processos foram julgados no último ano?
Lorival Ferreira —
Na primeira instância, chegaram 315 mil processos, foram solucionados 280 mil. Na segunda instância, chegaram 116 mil e 103 mil foram solucionados.


ConJur — Como está o déficit de servidores?
Lorival Ferreira —
Temos um déficit de mais de mil servidores. Para se ter uma ideia, tem inclusive um projeto que está no Congresso — já passou pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho e pelo Conselho Nacional de Justiça — cria 973 cargos. Ou seja, o déficit passa de mil.


ConJur — Como é possível manter o ritmo de julgamentos?
Lorival Ferreira —
Nós estamos trabalhando no limite. Os servidores e os magistrados do primeiro grau vestem a camisa. Tem vara com três ou quatro servidores a menos e que não pode repor. No TRT, cada gabinete recebe, em média, 12 processos por dia. O tribunal da 15ª Região, como disse a ministra Ellen Gracie, em despacho, é o tribunal mais produtivo do país. E a gente se orgulha disso. São mais de 3,6 mil servidores, 371 juízes no primeiro grau e 55 desembargadores.


ConJur — O trabalho de conciliação tem contado, inclusive, com servidores atuando como mediadores, certo?
Lorival Ferreira —
Eles auxiliam nesse papel, com a supervisão de um ou dois magistrados.


ConJur — Qual é o percentual de casos que são resolvidos pela mediação ou conciliação?
Lorival Ferreira —
Nos casos espontâneos de conciliação no primeiro grau, vai de 42% a 45%. Nos Centros Integrados de Conciliação (CICs), o índice é maior, vai de 60% a 70%. Fazemos conciliação até por WhatsApp. Isso tem deixado a gente muito confiante. Tem sete CICs espalhados em regiões geográficas e, agora, nós vamos montar um em Sorocaba. Mas isso não quer dizer que os juízes da vara não venham insistindo nas conciliações.


ConJur — O TRT-15 completa 30 anos de existência. Como o senhor define a importância da corte para esta vasta região, que alcança cerca de 600 municípios paulistas?
Lorival Ferreira —
Ele nasceu de um desmembramento da 2ª região e nós ficamos com 599 municípios. Na época, tinha apenas 38 juntas de conciliação, não era nem vara. Hoje, alcançamos 153 varas do Trabalho, dez postos avançados e duas varas itinerantes. São mais de 21 milhões de trabalhadores na jurisdição. O tribunal nasceu pequeno, mas, durante os anos, foi se agigantando, mesmo porque o interior do estado passou a crescer bastante. Nesses 30 anos, o TRT-15 foi um órgão importantíssimo para os trabalhadores e para os empregadores, não apenas na solução dos processos, mas também pela representação que tem. A corte não apenas julga processos e participa das conciliações, mas também procura exercer até o trabalho na área social. No processo da Shell-Basf, por exemplo, houve um acordo entre o Ministério Público e a empresa que resultou numa fixação de dano moral coletivo de R$ 200 milhões, que nós remetemos ao Hospital do Câncer de Barretos. Lá em Barretos foram aplicados R$ 35 milhões e, aqui em Campinas, o prefeito doou um terreno onde será construído um hospital do câncer com outros R$ 35 milhões. Várias instituições foram indicadas pelo Ministério Público do Trabalho para receber essas verbas.


ConJur — O senhor assumiu o Coleprecor (Colégio de Presidentes e Corregedores dos TRTs) em novembro. Tem alguma plataforma específica?
Lorival Ferreira —
A plataforma é discutir com os 24 regionais todos os problemas relevantes envolvendo a área trabalhista. Nós temos uma interlocução de área através do WhatsApp. Uma vez por mês, durante dois dias, nos reunimos em Brasília para debater. Discutimos coisas como o aperfeiçoamento do PJE, conciliações, o próprio Direito do Trabalho...


ConJur — Como o senhor vê as pressões pra que haja uma flexibilização das leis trabalhistas, principalmente considerando o advento da internet, com home office e outras alternativas?
Lorival Ferreira —
Há uma flexibilização já aqui, no âmbito do tribunal. Nós permitimos e regulamentamos o trabalho a distância, tem muita gente trabalhando à distância. Vai contribuir com a mobilidade urbana, vai contribuir com economia de uma maneira geral.


ConJur — Tem um controle da produtividade?
Lorival Ferreira — Nós permitimos esse trabalho desde que o chefe imediato tenha um controle semanal da produtividade. No âmbito das relações típicas trabalhistas, talvez seja possível pensar na flexibilização em negociação coletiva.


ConJur — O que o senhor acha da noção do predomínio do combinado do negociado sobre o legislado?
Lorival Ferreira —
No governo Fernando Henrique Cardoso, se pretendeu fazer prevalecer o negociado sobre o legislado. A preocupação foi, exatamente, com relação aos sindicatos fracos, que não tivessem representatividade. Se todos os sindicatos tivessem representatividade, poderia perfeitamente predominar o negociado sobre o legislado, mas ocorre que não temos segurança jurídica com relação à representatividade. Então essa prevalência precarizaria determinados direitos de trabalhadores, o que não seria possível. A flexibilização de forma desordenada seria ruim.

Seria bom ter uma regulamentação com relação a demissões coletivas, instituindo a forma dessas demissões. Nós já tivemos o caso de uma grande empresa que despediu 798 trabalhadores e eu fiquei numa audiência a tarde inteira negociando. Ao fim, estabelecemos um layoff que possibilitou uma requalificação dos trabalhadores. Nesse campo, quem sabe haja uma negociação.


ConJur — Como o senhor vê a atuação do Ministério Público do Trabalho, hoje?
Lorival Ferreira —
A atuação do Ministério Público do Trabalho no âmbito da 15ª Região é boa. Eles têm desempenhado com zelo e dedicação o seu trabalho. Acompanham os problemas no setor produtivo, às vezes abrindo inquérito civil público, às vezes ingressando com as ações civis públicas.


ConJur — A Justiça do Trabalho tem preocupação com a empregabilidade e com o desenvolvimento?
Lorival Ferreira —
Os juízes do Trabalho são brasileiros, que amam o país. Há uma preocupação, sim, nem poderia ser diferente. Mas a contribuição dos magistrados e do Ministério Público é muito limitada, como nas palestras, nos seminários, no debate público. O restante é para o empresariado e a classe política.

Impeachment ou caos!

 




blog


Em sua coluna de hoje, Ricardo Noblat resgata a história de PC Farias e a tentativa de compra de votos contra o impeachment de Collor. Não deu certo. Hoje é o PT que, desesperado, parte para essa tentativa esdrúxula de comprar apoio e todo deputado que estiver à venda. Diz o jornalista:

Outras moedas começaram a ser usadas – oferta de Ministérios e cargos em diversos escalões do governo, liberação de emendas ao Orçamento para a realização de obras em redutos eleitorais de deputados, e promessas de ajuda em tribunais superiores para os encrencados com a Lava-Jato (Alô, alô, Renan Calheiros!).

Acostume-se com a insignificância das siglas destinadas a conduzir áreas estratégicas da administração pública: PTN, PHS, PSL, PEN e PT do B. Elas têm 32 deputados. PP, PR, PSD PRB são considerados partidos da segunda divisão, mas reúnem 146 deputados.
O PRB do mensaleiro Valdemar Costa Neto, condenado a sete anos de prisão, será agraciado com o Ministério de Minas e Energia.

Na bolsa informal de valores do Clube da Falsa Felicidade, o outro nome pelo qual o Congresso é chamado em Brasília, pagou-se R$ 400 mil na semana passada para o deputado que se abstivesse de votar o impeachment. Ao que votasse contra, R$ 1 milhão.

O mercado está com viés de alta. A oposição parece mais perto de atrair 342 votos a favor do impeachment do que o governo 171 contra.
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Isolada no Palácio do Planalto, transformado em aparelho político, Dilma recusa saídas que poderiam deixá-la menos mal com a História – a renúncia ou a convocação de novas eleições gerais. Tenta controlar os nervos à base de calmantes.

O PT tenta ganhar tempo para “raspar o tacho”, para extrair o máximo possível do butim, para otimizar a pilhagem que faz da coisa pública. Mas uma eventual vitória sua na batalha do impeachment seria uma vitória de Pirro: no dia seguinte o país estaria mergulhado no caos total, e parece impensável remar até 2018 nessa situação.

Denis Rosenfield também comenta sobre o impeachment em sua coluna de hoje, alertando que teremos ou ele ou o caos social:

Embora o governo já tenha acabado, a presidente Dilma, Lula e o PT se agarram por todos os meios ao poder. Utilizando uma linguagem popular: não querem largar o osso de forma nenhuma!

Os meios são os mais diversos possíveis, apesar de terem uma denominação comum: a ausência de escrúpulos, a falta de pudor e a desconsideração de toda moralidade. Tudo vale, contanto que o aparelhamento partidário do Estado seja mantido e os seus “benefícios” conservados.

Os paparicados de ontem tornam-se os “golpistas” de hoje. A fábrica de destruição de imagens volta a funcionar a todo o vapor, tendo agora como alvos prediletos o vice-presidente Michel Temer e o PMDB. A estratégia é velha conhecida, tendo sido utilizada frequentemente pelo PT. Incapaz de se defender e de dar conta dos seus atos, volta-se para o ataque, atribuindo aos outros os seus próprios feitos.
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O governo Dilma, o ex-presidente Lula e o PT devastaram a coisa pública, produzindo um cenário de terra arrasada. A corrupção tornou-se um meio de governar. Os escândalos mostram milhões e bilhões de reais sendo apropriados partidária e privadamente em conluio com empreiteiras inescrupulosas. O discurso, no entanto, é o de que, se corrupção há, seria igual em todos os partidos. A lama é atirada em todos para justificar a sua própria sujeira. E, embuste maior, a crise atual teria como responsável o “capitalismo” e a “direita”!
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Considere-se, contudo, a possibilidade de que o governo, em seu afã de sobrevivência e falta de escrúpulo com a coisa pública, consiga um quórum que lhe permita se salvar do impeachment. Imaginem a seguinte situação: graças às suas manobras fisiológicas e outras, o governo teria conseguido impedir que as oposições reúnam os 342 votos necessários, tendo chegado a 340.

Qual seria a legitimidade de um governo deste tipo? Como poderia governar? Como seria capaz de tirar o país do buraco em que ele mesmo o colocou?

O amanhã seria de mais crise econômica, mais fisiologismo e corrupção, mais desemprego, mais indignação moral e, talvez, convulsão social. A crise, em suas mais diferentes facetas, só se acentuaria.

“Se o impeachment não vingar, o país ruma para o caos”, conclui o professor. Há, porém, uma oportunidade de unir o país em torno de um projeto suprapartidário, liderado por Michel Temer e o PMDB. Pode parecer impossível, a ponto do ministro Barroso, do STF, decretar a “morte da política” e ficar apavorado com o que pode vir depois do PT. Mas o verdadeiro medo é a continuação do lulopetismo, que sem dúvida devastaria completamente nosso país.

Jorge Moura, que foi deputado pelo MDB, escreve um artigo no GLOBO hoje sobre o papel dos moderados dentro do maior partido do país, o mais fisiológico e de “centro”. Ninguém pode morrer de amores pelo PMDB, mas todos que não suportam o PT, com razão, acabam enxergando no PMDB uma alternativa ao caos, ainda que de curto prazo, num governo tampão. Diz Moura:

Hoje, o partido vive mais um momento histórico decisivo: o processo de impeachment da atual presidente da República. O PMDB unido não faltará ao Brasil em respeito à sua história, contra qualquer forma de golpismo, e aos seus 50 anos de respeito ao Estado Democrático de Direito que ajudou decisiva e incisivamente a construir. A repetição diuturna da palavra “golpe” para caracterizar um processo rigorosamente legal, democrático e constitucional hoje em marcha no Congresso Nacional é parte do aprendizado que o PT fez dos métodos utilizados por Goebbels, famoso ministro da Propaganda nazifascista de Hitler, que afirmava tornar-se verdade uma mentira repetida à exaustão. Não passarão, como advertiu historicamente La Pasionaria, na Guerra Civil Espanhola.

O único golpe em curso é aquele orquestrado pelos petistas. O que o PMDB faz é lutar dentro das instituições contra esse golpe bolivariano. Não podemos nos transformar na Venezuela, o que será quase inevitável se Dilma for capaz de evitar o impeachment com a compra escancarada de apoio. A escolha está muito clara diante de nós: ou teremos o impeachment, ou o caos total. O PT precisa sair logo do poder. Não dá mais para aguentar nem um ano sob esse “governo”.

Rodrigo Constantino

 http://rodrigoconstantino.com/artigos/impeachment-ou-caos/