quinta-feira, 9 de março de 2017

Multinacionais estão de olho na Vigor, da J&F


A Vigor, empresa de lácteos da holding J&F, dona da JBS Friboi e que pertence à família Batista, está sendo assediada por multinacionais, apurou o Estado. A PepsiCo já teria feito uma oferta por 100% da companhia, mas a proposta foi recusada pela empresa, segundo fontes familiarizadas com o tema.

Além da PepsiCo, a empresa mexicana de lácteos Lala já teria sondado a companhia brasileira, de acordo com informações de uma outra fonte do mercado financeiro.

Em outubro do ano passado, o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, havia informado que a Vigor, que fatura R$ 6 bilhões, tinha sido colocada à venda. À época, a J&F negou que a informação.

Na terça-feira, 7, fontes próximas ao grupo da família Batista informaram que a empresa não está à venda oficialmente, mas que foi assediada pela PepsiCo. No entanto, o grupo não aceitou a oferta feita pela gigante americana. A fonte não revelou o valor oferecido pela companhia.


Alvo.


Fontes de mercado afirmaram ainda que a Vigor tem sido alvo de ofertas de várias empresas multinacionais, mas as propostas não convenceram ainda a família Batista a vender o negócio. "Não há um banco mandatado pelo J&F para vender o ativo, mas tudo é uma questão de preço", disse essa fonte.

Procuradas, PepsiCo e Lala não retornaram os pedidos de entrevista 

(O Estado de S. Paulo, 8/3/17)

Marcelo Odebrecht confirma que Lula é o “amigo” das planilhas


Segundo procuradores que acompanharam a delação, revelações de Odebrecht são "arrasadoras" para o petista

 




São Paulo – Marcelo Odebrecht teria confirmado, em sua delação premiada, que Luiz Inácio Lula da Silva é o “amigo” ou “amigo de EO” que aparece nas planilhas da empresa. A informação é da colunista Vera Magalhães, do Estadão.

Segundo ela, procuradores que acompanharam a delação afirmam que as revelações são “arrasadoras”, o que explica a pressa do petista em lançar sua candidatura à presidência.

Em um documento do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, “amigo” é destinatário de R$ 23 milhões. Em relatório, a Polícia Federal, que já tinha feito a ligação, afirma que, do total, R$ 8 milhões foram “debitados do ‘saldo’ da ‘conta-corrente da propina’ que correspondia ao agente identificado pelo codinome de Amigos”.

De acordo com Magalhães, Marcelo descreve a amizade entre Lula e o pai, Emílio Odebrecht, como um estorvo, já que ele cederia demais aos pedidos do então presidente.

A delação de Marcelo ainda seria o fim da linha para outros dois homens fortes do governo Lula, Antonio Palocci e Guido Mantega.

A colunista cita a declaração de um integrante do Ministério Público: “os dois morrem”. Segundo ele, o “Italiano” não terá outra saída exceto fechar um acordo com a Justiça para entregar outros nomes envolvidos no esquema.


Repsol faz a maior descoberta de petróleo nos EUA em 30 anos

 

Segundo cálculos, os recursos encontrados no Alasca representam aproximadamente 1,2 bilhão de barris recuperáveis de petróleo leve

 






Madri – A companhia petrolífera espanhola Repsol, junto com sua parceira Armstrong Energy, informou nesta quinta-feira que realizou no estado do Alasca a maior descoberta convencional de hidrocarbonetos dos últimos 30 anos em solo dos Estados Unidos.

Os cálculos indicam que os recursos que a Repsol e a americana Armstrong Energy identificaram na formação de Nanushuk (Alasca) são de aproximadamente 1,2 bilhão de barris recuperáveis de petróleo leve, segundo comunicou a multinacional à Comissão Nacional da Bolsa de Valores (CNMV), o regulador da bolsa espanhola.

Os Estados Unidos são uma das áreas estratégicas de crescimento da companhia petrolífera espanhola, sobretudo por suas explorações no Alasca e na parte americana do Golfo do México.

Apenas no estado do Alasca, a Repsol conta com 380 blocos de exploração, segundo informa a empresa em seu site.


Embraer tem lucro líquido de R$ 648,3 milhões no 4º trimestre

 

O valor é maior do que o registrado no quarto trimestre de 2015, quando a empresa lucrou R$ 425,8 milhões

 




São Paulo – A fabricante brasileira de aeronaves Embraer teve lucro líquido de 648,3 milhões de reais no quarto trimestre, maior que o resultado de 425,8 milhões de reais apurado no mesmo período de 2015.

A empresa ainda apurou geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 1,258 bilhão de reais entre outubro e dezembro, mais que o dobro dos 579,5 milhões de reais observados no último trimestre de 2015.

Airbnb levanta US$ 1 bilhão em rodada de financiamento


Companhia opera em mais de 65 mil cidades do mundo e teve lucro na segunda metade de 2016




A Airbnb informou nesta quinta-feira que levantou 1 bilhão de dólares em uma rodada de financiamento, o que levou o valor da companhia para 31 bilhões de dólares.

A empresa captou 447,85 milhões de dólares, afirmou à Reuters uma fonte próxima da Airbnb. Em setembro, a empresa disse que tinha levantado cerca de 555 milhões de dólares, como parte da mesma rodada de injeção de recursos.

A Airbnb opera em mais de 65 mil cidades do mundo e teve lucro na segunda metade de 2016. A empresa espera continuar entregando resultados positivos neste ano, disse a fonte, acrescentando que a Airbnb não tem planos de listagem de ações no futuro próximo.


Advent compra quase metade da Easynvest por R$ 200 milhões


Fundo americano Advent comprou uma fatia minoritária relevante da corretora Easynvest

 






São Paulo – O fundo americano Advent anunciou na quarta-feira, 8, a compra de uma participação minoritária relevante da corretora Easynvest.

Com cerca de 150 mil usuários ativos e aproximadamente R$ 10 bilhões de ativos sob custódia, a empresa é uma das maiores plataformas digitais de investimentos do País e líder em aplicação em Tesouro Direto, respondendo por cerca de 25% desse segmento.

O valor e a fatia adquirida não foram divulgados pelas partes. A operação está sujeita à aprovação do Banco Central.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a transação girou em torno de R$ 200 milhões para aquisição de uma fatia de um pouco menos de 50% do negócio. Os acionistas da Easynvest ficam com o controle.

As negociações para a aquisição de parte da Easynvest foram conduzidas pela Nyx Participações, empresa controlada por fundos do Advent. As conversas começaram no ano passado.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, Mario Malta, diretor do fundo de private equity (que compra participações em empresas) no Brasil, disse que a aquisição é importante para a gestora, que tem 30% de seus investimentos globais no setor de serviços financeiros.

Malta, que não comentou o valor da transação, disse apenas que os recursos para a aquisição fazem parte da captação de US$ 2,1 bilhões feita pelo Advent para investir na América Latina.

No Brasil, o Advent já foi um dos investidores da Cetip, central depositária de títulos privados de renda fixa e derivativos de balcão no Brasil e que anunciou fusão com BM&FBovespa; e na J. Malucelli Seguradora.

Segundo Marcio Cardoso, um dos sócios da Easynvest, a entrada do Advent deverá dar impulso à corretora, fundada em 1968, mas que passou a partir de 2010 a fazer parte do ranking das maiores investidoras em Tesouro Direto. “Entre 2012 e 2013, começamos a fazer um reposicionamento para a plataforma online.” A expectativa é que a corretora dobre o total de clientes no fim de 2017, para cerca de 300 mil, com cerca de R$ 20 bilhões sob gestão.

Atuante


O Advent tem sido um dos principais fundos de investimentos atuantes no Brasil. Entre dezembro e janeiro, anunciou importantes aquisições – a distribuidora de produtos químicos quantiQ, que pertencia à Braskem, e a faculdade gaúcha Cesuca.

O fundo também é apontado como favorito para comprar o laboratório de genéricos Teuto, que tem a multinacional americana Pfizer como sócia, e está em negociações avançadas para vender o terminal TCP, de Paranaguá, para o Dubai Ports World (DPW). O terminal de Paranaguá é avaliado em cerca de R$ 3 bilhões.

A gestora americana também está em conversas avançadas para abrir o capital da farmacêutica Biotoscana, que no Brasil controla a United Medical. Além disso, avalia a Via Varejo, divisão de eletroeletrônico do grupo francês Casino, mas, neste caso, não há negociações em andamento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Relação das mulheres com o dinheiro precisa ser desmitificada


Resultado de imagem para fotos de politicas publicas para as mulheres






Estão enganados aqueles que pensam que esta coluna vai tratar de roupas, sapatos, cosméticos e idas a shopping centers. Uma falsa visão sobre a relação das mulheres com o dinheiro que precisa ser desmistificada. Nosso dinheiro — o dinheiro público —, como se poderá constatar, é muito bem aplicado se gerenciado pelas mulheres e se a elas for destinado.

Nesta quarta-feira, dia 8 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Adotado pela ONU em 1977, foi uma data conquistada após mais de um século de lutas pela plena igualdade e de direitos que eram negados a elas.

O Estado brasileiro não fica alheio às importantes questões que envolvem as lutas por esses direitos que ainda não foram plenamente alcançados e que ainda se fazem necessárias não só aqui como em muitos países do mundo.

Isso se pode observar pela existência de órgãos, políticas públicas e seus reflexos na atividade financeira do Estado brasileiro, materializada em programas orçamentários específicos e em recursos dispersos em dotações diversas, evidenciando a especial atenção que elas merecidamente recebem e que o Direito Financeiro deve lhes dispensar.

É preciso enfatizar a importância de políticas públicas voltadas às mulheres. Talvez poucos saibam, mas já há algum tempo se evidencia que a pobreza não é um fenômeno independente do gênero. Diversos estudos e documentos internacionais mostram que as mulheres são expressiva maioria entre as populações pobres do planeta. Em 1995, o Relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento aponta que 70% dos pobres do mundo eram mulheres, que representavam também dois terços da população analfabeta[1]. Passados mais de 20 anos, determinados grupos são mais afetados do que outros pelo multidimensional fenômeno da pobreza: nos países em desenvolvimento, os índices são maiores entre mães solteiras e mulheres idosas que vivem sozinhas, em comparação com homens de mesmas características[2]

Em artigo seminal sobre o tema, a socióloga norte-americana Diane Pearce usou, em 1978, a expressão “feminização da pobreza” para caracterizar a expressividade da pauperização feminina naquele momento, a despeito de sua crescente participação na força de trabalho[3]. Apesar das inúmeras discussões que o assunto tem levantado desde então entre os especialistas, diversos pesquisas corroboram resultados que indicam a propensão à pobreza de domicílios chefiados por mulheres nos países em desenvolvimento[4].

As definições são variadas, e os debates a respeito da ocorrência do fenômeno com essas características no Brasil são muitos. O que não impede a conclusão de que as políticas públicas não devem ser neutras com relação à questão de gênero, pois “[a] existência de uma mesma proporção de homens e mulheres na pobreza não significa que ambos os grupos tenham as mesmas necessidades, que experimentem a pobreza da mesma maneira ou que tenham de seguir os mesmos caminhos para superar essa condição”[5].

Segundo a ONU, a taxa de desemprego das mulheres é cerca de duas vezes a dos homens, e, na comparação de homens brancos com mulheres afrodescendentes, o percentual de 5,3% aumenta para 12,5%. A maioria das famílias brasileiras é chefiada por mulheres, que também se dedicam às tarefas domésticas. A violência contra as mulheres (feminicídios e estupros) dobrou entre 1980 e 2011, colocando o Brasil na 7ª posição dentre os países mais violentos. Aqui, uma mulher é assassinada a cada duas horas, na maioria dos casos por homens com os quais têm relações. O número de estupros foi superior a 50 mil em 2012[6].

Há que se enfatizar também a complexidade para que seja possível criar e implementar políticas públicas voltadas às mulheres, uma vez que, assim como em outras áreas de atuação do Estado, não são específicas de uma esfera de governo, nem de um único setor da administração pública. As políticas que envolvem as mulheres são múltiplas e de variadas naturezas, tornando-as interfederativas, multissetoriais e transversais, envolvendo no mais das vezes uma complexa relação entre órgãos, poderes, instituições e entes da federação.  

Essas políticas públicas exigem a articulação de diferentes órgãos governamentais, como aqueles responsáveis pelos programas de educação e de saúde.

Por isso, o planejamento é fundamental, e a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM)[7], no âmbito federal, instituiu em 2004 o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres[8], com 199 ações, distribuídas em 26 prioridades[9], traçadas a partir de quatro linhas de atuação: autonomia, igualdade no mundo do trabalho e cidadania; educação, inclusive a não sexista; saúde das mulheres, direitos sexuais e direitos reprodutivos; e enfrentamento à violência contra as mulheres. Renovado e aperfeiçoado posteriormente em novas edições, o PNPM avança muito no enfrentamento de problemas relacionados às questões de gênero, mas peca, tal como outros planos governamentais, pela sua pouca institucionalização, sequer sendo materializado em lei, o que fragiliza sua implementação e execução, especialmente por abranger políticas públicas interfederativas.

Daí porque convém analisar os programas orçamentários sob condução da Secretaria de Políticas para as Mulheres, previstos no sistema formal de planejamento orçamentário, incluídos nos planos plurianuais e nas leis orçamentárias, onde se constatam programas por ela gerenciados, como, no âmbito federal, o Programa de Promoção da Igualdade e Enfrentamento à Violência (Programa 2016, PPA 2016-2019), que congrega os objetivos de aplicação de recursos públicos para as políticas públicas voltadas às mulheres. É aí que se situam as metas de promoção de autonomia econômica, social, sexual e de garantia de direitos das mulheres (Objetivo 0931), visando, por exemplo, a capacitação de mulheres urbanas, rurais, do campo, da floresta e das águas para fortalecer sua participação no mundo do trabalho e o fomento à participação em empreendimentos econômicos solidários. 

A intersecção entre orçamento e políticas voltadas para as mulheres se torna mais evidente quando consideradas as iniciativas desse objetivo, as quais, se bem executadas, seriam poderoso instrumento de ação governamental para a melhoria de sua qualidade de vida e para a igualdade de renda e de bem-estar. Vejam-se as iniciativas de “implementação de ações para a promoção de autonomia econômica voltadas para as mulheres em situação de violência e para a garantia de direitos” (Iniciativa 05CM), as “ações de estímulo ao empreendedorismo das mulheres e de fortalecimento da organização e inclusão produtiva, em especial do segmento de mulheres catadoras e quilombolas” (Iniciativa 05CN) e “as ações de apoio à aprovação e implementação do Projeto de Lei n.º 4.857/2009, que trata da igualdade entre homens e mulheres no mundo do trabalho público e privado” (Iniciativa 05CP).

Além de se voltarem à integração econômica e à geração de renda, muitos objetivos visam ainda à participação social, à cidadania e à igualdade de um modo mais amplo. É o que se nota nos programas orçamentários que têm por objetivo promover a “a transversalidade intra e intergovernamental das políticas para as mulheres e de igualdade de gênero, observando as diretrizes do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres” (Objetivo 0935); “fortalecer o processo de participação política, democrática e igualitária das mulheres, nas instâncias de poder e decisão, considerando sua diversidade e especificidades” (Objetivo 0934); e, finalmente, “ampliar a política nacional de enfrentamento de todas as formas de violência contra as mulheres, considerando sua diversidade e especificidades” (Objetivo 0998).

A formalização de políticas públicas nos planos e leis orçamentárias, no entanto, não é suficiente para garantir que sejam executadas, ou se executadas, que resultem em benefícios para as mulheres. É preciso que o controle interno, o controle externo e o controle social exerçam seu importante papel fiscalizatório, exigindo o cumprimento do planejamento, analisando os resultados e a eficiência da política planejada, o que nem sempre é preocupação do gestor público. Reavaliar as políticas públicas é uma obrigação, assim como implementá-las de forma mais eficiente.

E os gestores públicos não têm sido eficientes na implementação dessas políticas públicas, e em razão dessa deficiência no planejamento e na execução das políticas, muito dinheiro é gasto em ações que acabam não resolvendo os problemas. Políticas mal planejadas geram gastos mal planejados, e nem todas chegam a ser implementadas, porque são contingenciadas, e na prática o que se verifica no Brasil é que a violência contra a mulher continua e aumenta a cada ano, a discriminação no ambiente de trabalho se mantém, persiste a falta de capacitação, de educação e de participação mais expressiva na política.

A educação pública de qualidade, preferencialmente integral, inclusiva e igualitária, é a principal delas, porque formará cidadãos mais preparados, e as mulheres terão melhores condições de se tornar agentes, acessar empregos permanentes e qualificados, onde serão tratadas sem discriminação[10]. Da mesma forma, uma educação melhor e inclusiva propiciará às mulheres melhores condições e iniciativa para participar mais da política, seja nas ações comunitárias, seja no Poder Legislativo ou no Executivo, onde serão gestoras do dinheiro público, função que já estão desempenhando com eficiência na sua vida privada, apesar de tantos percalços.

A Finlândia é exemplo de eficiência na política pública de educação, o que resulta na proteção dos direitos da mulher também[11]. Foi o primeiro país da Europa a conceder às mulheres, em 1906, o sufrágio universal. As finlandesas foram também as primeiras no mundo a obter a elegibilidade nas eleições parlamentares, com plenos poderes políticos numa sociedade ainda patriarcal[12]. Os países nórdicos figuram entre os três melhores índices em igualdade de gêneros. A lista foi divulgada pelo Fórum Mundial de Economia em 2015. A Islândia está em primeiro lugar, seguido de Finlândia e Noruega (empatadas) e depois a Suécia (a Dinamarca ocupa a 14º posição). Nesse ranking, o Brasil está na 85º posição[13].

A situação brasileira está tão distante dos países nórdicos porque, ao contrário de lá, por aqui temos um país continental com acentuada desigualdade social, uma violência generalizada, uma das piores políticas de educação do mundo, e, neste ano de 2017, mais de 12 milhões de desempregados, muitos dos quais mulheres.

E as mulheres são reconhecidamente gestoras boas e responsáveis. Quando as mulheres conseguem ocupar cargos ou funções antes reservadas somente aos homens, elas têm um excelente aproveitamento e são eficientes tanto nos negócios como na economia[14], e também na área pública.

Veja como pouco aparecem em escândalos de corrupção, má gestão e outros problemas dessa natureza; quase não estão presentes em casos rumorosos como “lava jato”, mensalão e outros. A própria legislação já reconheceu essa qualidade. Na Lei 11.977, que dispõe sobre o programa Minha Casa Minha Vida, em seu artigo 35, estabeleceu que os “contratos e registros efetivados no âmbito do PMCMV serão formalizados, preferencialmente, em nome da mulher”, e nos casos de separação, será registrado em nome da mulher[15].
Instrumentos financeiros muito úteis, os fundos permitem a alocação direcionada e mais segura de recursos que viabilizam a implementação e execução das políticas públicas.

É importante nesse sentido estar atento para aqueles que são voltados às questões de gênero, como é o caso do Projeto de Lei 7371/14, que cria o Fundo Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, até hoje um grave problema no setor e que necessita ser combatido, para o que fundos como esse têm especial relevância, sendo a aprovação desse projeto de lei uma medida importante para solucioná-lo. Há também destinação específica de recursos de fundos às políticas para as mulheres, como a prevista no Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), que prevê recursos para manutenção de casas de abrigo destinadas a acolher vítimas de violência doméstica[16] e para a implantação e manutenção de berçário, creche e seção destinada à gestante e à parturiente nos estabelecimentos penais[17].

Veja-se que há muito o que fazer pelas mulheres, e o Direito Financeiro tem um papel importante a desempenhar.

Que amanhã as mulheres comemorem seu dia, e que este dia sirva de reflexão para os nossos gestores públicos darem a elas a atenção que merecem.

[1] HAQ, Mahbul ul (Principal coordinator), Human Develop Report 1995, New York, Oxford University Press, 1995, p. iii.
[2] The World’s Women 2015 – Trends and Statistics, United Nations Statistics Div., ch. 8 (https://unstats.un.org/unsd/gender/downloads/WorldsWomen2015_chapter8_t.pdf), p. 179.
[3] PEARCE, D, The Feminization of Poverty: Women, Work and Welfare. The Urban and Social Change Review, vol. 11, nº 1, 1978, p. 28.
[4] Como pode ser verificado no detalhado estudo de COSTA, J. S.; PINHEIRO, L.; MEDEIROS, M.; QUEIROZ, C. A face feminina da pobreza: sobre-representação e feminização da pobreza no Brasil. Brasília: IPEA, 2005.
[5] A face feminina..., p. 36.
[6] In http://www.onumulheres.org.br/brasil/visao-geral/. Acesso em 4/3/2017.
[7] Que é relativamente recente, tendo sido criada em janeiro de 2003.
[8] Inspirado no Programa ONU MULHERES, do qual participam vários países, inclusive o Brasil (ONU Mujeres – Informe Anual 2015- 2016. New York: ONU, 2016 - http://www2.unwomen.org/-/media/annual%20report/attachments/sections/library/un-women-annual-report-2015-2016-es.pdf?vs=3039).
[9] I Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. Brasília: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 2004.
[10] http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-03/mulheres-precisam-ocupar-diferentes-areas-de-trabalho.
[11] http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2016/10/24/1144860/conheca-4-paises-melhores-sistemas-educacionais.html#https://finland.fi/pt/vida-amp-sociedade/o-poder-da-simplicidade-do-sistema-educacional-finlandes/.
[12] http://www.finlandia.org.br/public/default.aspx?contentid=109006.
[13] http://www.brasileiraspelomundo.com/finlandia-igualdade-de-generos-na-sociedade-061628146.
[14] SEN, Amartya. Desenvolvimento como Liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, pp. p. 260-261.
[15] Lei 11.977, art. 35-A. Nas hipóteses de dissolução de união estável, separação ou divórcio, o título de propriedade do imóvel adquirido no âmbito do PMCMV, na constância do casamento ou da união estável, com subvenções oriundas de recursos do orçamento geral da União, do FAR e do FDS, será registrado em nome da mulher ou a ela transferido, independentemente do regime de bens aplicável, excetuados os casos que envolvam recursos do FGTS (Incluído pela Lei nº 12.693, de 2012).
[16] Lei Complementar 79/1994, artigo 3º, XIV, com redação dada pela Lei Complementar 119/2005.
[17] Lei Complementar 79/1994, artigo 3º, XV, com redação dada pela Lei Complementar 153/2015.







http://www.conjur.com.br/2017-mar-07/contas-vista-relacao-mulheres-dinheiro-desmistificada