quinta-feira, 8 de junho de 2017

Por que o ruído político não vai afugentar investidor estrangeiro


Em palestra no EXAME Fórum PPPs e Concessões, cientista político e sócio da Arko Advice Lucas Aragão avalia como a crise abre oportunidades no país 

 






São Paulo – O ruído político em Brasília não tem, por ora, força suficiente para derrubar o otimismo dos investidores estrangeiros com os projetos de infraestrutura no país. A avaliação é do cientista político e sócio da consultoria Arko Advice Lucas Aragão.

“Existe a certeza de uma agenda. Independentemente de quem será o presidente em 2018, o compromisso com as reformas está garantido. O Estado entendeu que o modelo que a gente estava atuando, com gastos excessivos e os bancos públicos como principais fomentadores, não pode ser mantido”, disse Aragão durante o EXAME Fórum PPPs e Concessões, realizado nesta quinta-feira (8) em São Paulo.

Uma possível saída antecipada do presidente Michel Temer, na avaliação do cientista político, poderia comprometer a capacidade do governo de tocar a agenda de reformas, “mas isso não significa que ela não irá sair”. Para Aragão, a única chance de o presidente cair seria por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no julgamento da chapa Dilma-Temer que começou nesta semana.

“Os ministros Admar Gonzaga e Tarcisio Vieira são incógnitas. Eles têm uma reputação forte em Brasília e eu acho que tudo está nas mãos deles. Mas o cenário mais provável é de um pedido de vistas do que a decisão ir para o voto”, avaliou Aragão.

A eleição de 2018 não assusta o cientista político. “Ciro Gomes tem força no Nordeste, mas pouca capilaridade ue tempo de televisão. O mesmo acontece com a Marina Silva. O partido dela tem poucos prefeitos, o que a enfraquece”, disse.

Sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Aragão acredita que ele “não tem mais força para romper a esquerda, como fez em 2002. E tem ainda o cenário ‘novo velho’, que seria um rosto novo em um partido tradicional, como o João Dória, atual prefeito de São Paulo.”

 

Otimismo


Enquanto os brasileiros estão muito preocupados com as denúncias de corrupção em Brasília, os investidores estrangeiros seguem otimistas com os projetos de infraestrutura no país, segundo Aragão.

Como pontos positivos, o cientista político destacou que as agências reguladoras estão alinhadas ao mercado e o Brasil “está barato”. Além disso, o PPI [Programa de Parcerias de Investimentos] é politicamente forte e a atual equipe econômica é estável, com uma agenda reformista que agrada aos investidores. “O Brasil extra protecionista ficou para trás e os editais estão mais transparentes.”

“Quem tem equipes de analistas aqui no Brasil e não olha para o país só através da tela da Bloomberg sabe que temos muitos pontos fortes. Os membros da equipe econômica são respeitados internacionalmente e falam a língua dos investidores. Estão abertos a eles. É diferente do governo anterior, que tratava o investidor estrangeiro como inimigo”, afirmou Aragão.

Como pontos negativos, o cientista político destacou a crise, que deixa os investidores receosos, e o fato de o país ter pedido o selo de bom pagador concedido pelas agências de classificação de risco internacionais.

“Os investidores estrangeiros sabem que o Brasil é o país emergente mais parecido com as nações de primeiro mundo. O investidor internacional prefere vir à São Paulo do que à Nova Deli ou Xangai. A China não tem democracia. Aqui, temos uma equipe econômica técnica que os recebem bem e fala a língua deles. Não dá para ignorar o Brasil”, disse.

Para Aragão, o setor de óleo e gás pode ditar o ritmo das concessões no Brasil. “O mundo olha para esse setor. É o setor que tem a maior área de research no mundo. Quando uma gigante investe em um país, como a Shell ou a ExxonMobil, dá uma segurança para todos os outros investidores, porque eles sabem que esses gigantes não vão investir em algo ruim. Eles se perguntam o que a ExxonMobil está fazendo no Brasil, e querem vir para cá também.”

O fim da obrigatoriedade de participação da Petrobras em todos os campos do pré-sal adicionou mais otimismo entre os investidores internacionais com relação às aplicações no Brasil, segundo o cientista político.

Governo federal fará mais 18 leilões de infraestrutura neste ano


Tarcísio de Freitas, secretário do Programa de Parcerias de Investimentos, disse no EXAME Fórum que o governo está aberto a “provocações” do mercado 

 




São Paulo — O secretário de coordenação de projetos do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Tarcísio Gomes de Freitas, estimulou os executivos presentes no Fórum EXAME Concessões e PPPs 2017 a participarem do programa. “Sabem quem é a liderança que pode ajudar o Brasil a voltar a crescer? O setor privado, vocês”, disse, durante sua palestra realizada na abertura do evento, em São Paulo.

Durante o primeiro ano do governo de Michel Temer, o PPI já realizou 44 leilões na área de infraestrutura, que representaram uma captação de 23 bilhões de reais em investimentos.

O secretário destacou que, apesar da turbulência política enfrentada pelo governo, o cronograma de projetos não deve ser modificado. “Estão previstos 18 leilões no segundo semestre, a partir de setembro. Vamos continuar a trabalhar como se nada estivesse acontecendo”.

Em conversa com o diretor editorial da revista EXAME, André Lahóz Mendonça de Barros, Freitas disse que o programa está aberto a “provocações ” do setor privado. “Elas são muito importante para nós e algumas já foram incorporadas”. Agora, ele cita que o programa busca incentivar a participação de novos players nas concessões após grandes empreiteiras, atingidas pelas denúncias da Lava Jato, anunciarem a paralisação de projetos.

Freitas também disse, durante sua palestra no evento, que há um desafio enorme para aumentar a produtividade no Brasil e esse caminho passa pelo setor de infraestrutura. “Precisamos romper o ciclo vicioso que afugenta investidores e aumenta o desemprego (…). Não há escapatória às concessões, nas quais percebemos ganhos. Afinal, não podemos ficar reféns do orçamento fiscal”.

Uma grande vantagem do PPI, cita o secretário, é a criação de uma governança sobre os projetos. “Criamos um hub, articulado com ministérios, que busca selecionar projetos realmente atrativos para o setor privado e que está sendo bem sucedido”. Ele destaca o leilão de linhas de transmissão em abril, considerado o maior da história.

O secretário afirmou que o programa busca corrigir um “repertório de erros” cometido no passado na área de PPPs, como o excesso de intervenção do estado, que provocou o desbalanceamento do risco dos projetos “.

Questionado por Lahóz se os erros cometidos nos últimos anos em concessões deixou marcas nas decisões tomadas por investidores estrangeiros, Freitas citou a presença de consórcios internacionais nos leilões realizados no PPI, especialmente nas concessões de aeroportos, realizadas em março. “Acredito que ficou claro para estes investidores que o governo deixou uma linha anti-business e passou para uma linha pró-business com a posse de Temer”.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

As empresas brasileiras mais negociadas nos EUA

Levantamento da Economatica mostra os ADRs com maior movimentação diária neste ano

 







São Paulo — O interesse dos investidores por ADRs (American Depositary Receipts) brasileiros aumentou em 2017. De acordo com um levantamento da Economatica, 1,3 bilhão de dólares é movimentado, todos os dias, com recibos de ações brasileiros nos Estados Unidos. O montante é 27% maior do que a média diária registrada em 2016.

Entre as brasileiras que são negociadas em Nova York, a Vale é a que apresenta o maior volume diário. Até o início desta semana, os ADRs da mineradora movimentaram 273,4 milhões de dólares por dia.

A Petrobras, que era a mais negociada entre 2014 e 2016, agora ocupa o segundo lugar. Diariamente, os recibos da empresa movimentam 214,8 milhões de dólares.

O Itaú Unibanco é a terceira melhor posicionada, com 155,4 milhões de dólares movimentados por dia. Na quarta posição, aparece a Ambev, com 119,5 milhões de dólares por dia, seguida pelo Bradesco, com 119 milhões de dólares.


Veja abaixo o ranking e o desempenho de cada ADR no ano.

ADR Volume médio diário Desempenho no ano
Vale ON US$ 273,4 milhões 10,41%
Petrobras ON US$ 214,8 milhões -8,85%
Itaú Unibanco PN US$ 155,4 milhões 8,79%
Ambev ON US$ 119,5 milhões 17,97%
Bradesco PN US$ 119 milhões 5,84%

Porto de Santos e etanol da BR Distribuidora no ‘Arquivo Temer’




Porto de Santos e etanol da BR Distribuidora no  ‘Arquivo Temer’

Apareceu o Porto de Santos na conta de Michel Temer, conforme antecipou o Relatório Rreservado nas edições de 22 de março de 2016 e 21 de março de 2017. Agora falta o etanol da BR Distribuidora, pedra cantada pelo RR nos dias 28 de setembro de 2015 e 21 e 22 de março de 2016 (Relatório Reservado, 6/6/17)


Para lembrar: Delcídio cita Temer em esquema ilícito na BR Distribuidora

 
Vice-presidente teria indicado João Augusto Henriques – Foto -, envolvido em compra ilícita de etanol, para a estatal durante o governo FHC; assessoria nega que Temer tenha tido qualquer participação na escolha de Henriques.

O vice-presidente Michel Temer foi citado pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS) como responsável pela indicação de um diretor da BR Distribuidora que fez aquisições de etanol de forma ilícita. O caso consta nos depoimentos feitos sob acordo de delação premiada do senador, tornada pública nesta terça-feira, 15, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com Delcídio, Temer foi responsável pela indicação de João Augusto Henriques para a companhia estatal no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Já a compra ilegal de álcool teria ocorrido entre 1997 e 2001. Na oportunidade, Temer era deputado federal e ocupava a Presidência da Câmara.

“Augusto Henriques foi diretor na BR Distribuidora entre 1998 e 2000; Que a diretoria de João Henriques tinha, entre outras atribuições, a compra de etanol de etanol e, por conta disso, mantinha relação estreita com usineiros; que a gestão de João Augusto Henriques foi polêmica”, disse Delcídio.

Ainda segundo Delcídio, Henriques acabou demitido da BR Distribuidora. Entre 2007 e 2008, contudo, ele voltou a ser cotado para outro posto na Petrobrás, o de diretor da área internacional, cargo que pertencia a Nestor Cerveró. Ele, porém, teve o nome vetado pela então ministra Dilma Rousseff.

“Que João Augusto Henriques foi cotado para ser Diretor da Diretoria Internacional da Petrobrás, em 2007 ou 2008, com o apadrinhamento de Michel Temer”, registra o depoimento de Delcídio.

Ainda segundo o senador, como o nome de Henriques foi vetado, Jorge Zelada acabou ficando com a vaga e Michel Temer acabou sendo seu padrinho: “Que João Augusto Rezende Henriques indicou Jorge Zelada, Que Jorge Zelada foi chancelado por Michel Temer e pela bancada do PMDB”.
Outro lado
 
Temer informou, por meio de sua assessoria, que sequer conhecia João Augusto Henriques quando ele foi nomeado para a BR Distribuidora. A informação de que seria o “padrinho” do operador, sustenta o vice-presidente, é falsa. Temer alega que, no governo Lula, a indicação de João Augusto foi da bancada do PMDB mineiro, e não dele.

O Estado telefonou para a assessoria do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que ainda não retornou 

(O Estado de S.Paulo, 15/3/16)

Tesouro: melhorias regulatórias trazem atratividade às concessões


A secretária do Tesouro Nacional também atribuiu a atratividade às mudanças de governança já aprovadas

 




A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi
Brasília – A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, disse nesta quarta-feira, 7, que o governo acompanha de perto o cronograma de concessões deste ano e avaliou que o que traz atratividade aos investimentos em infraestrutura são as mudanças regulatórias e de governança já aprovadas.

Questionada se a crise política pode prejudicar o andamento dos leilões, ela respondeu que há um trabalho rigoroso na confecção dos editais e afirmou que se tratam de projetos de longo prazo.

No último relatório de receitas e despesas, a equipe econômica acrescentou R$ 7,035 bilhões na arrecadação esperada com as concessões e permissões em 2017.

Questionada também sobre eventuais dificuldades de aprovação das medidas provisórias editadas no mês passado pelo presidente Michel Temer sobre renegociação de dívidas, que também têm o objetivo de reforçar o caixa do governo, Ana Paula respondeu apenas que a meta de déficit de R$ 139 bilhões este ano está mantida.

“Não haverá qualquer mudança na meta fiscal”, enfatizou a secretária ao deixar reunião com os parlamentares da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara.

A secretária disse ainda que estratégia no governo para a aprovação das reformas da Previdência e trabalhista no Congresso continua.

Por fim, perguntada sobre críticas que a nova metodologia de cálculo das notas de rating dos Estados tem recebido, Ana Paula afirmou que sugestões à consulta pública aberta no mês passado são bem-vindas e serão avaliadas.

Ela rebateu, no entanto, afirmando que a proposta de nova metodologia é segura para a concessão de garantias. “Há toda uma institucionalidade para que o sistema de garantias seja seguro.

O programa de ajuste fiscal dos Estados é um verdadeiro instrumento de mitigação de riscos no futuro”, concluiu.

Maior avião de passageiros da Embraer pode ser campeão de vendas


Uma versão maior do E195, com novo motor, que entrará em atividade no começo de 2019, tem atraído um novo patamar de interesse

 





Cancún – O maior avião de passageiros já construído pela Embraer pode se tornar seu modelo campeão de vendas, emergindo das sombras de aeronaves menores e apresentando assentos extras e asas grandes que mudaram seu modelo econômico, disse um alto executivo à Reuters.

A primeira geração do E195, de 116 lugares, recebeu três vezes menos encomendas do que o E190, de 100 assentos. Mas uma versão maior, com novo motor, que entrará em atividade no começo de 2019 — parte da linha chamada E2 — tem atraído um novo patamar de interesse.

“É justo dizer que o E195 aparece em peso em quase todas as conversas sobre a família E2”, disse o vice-presidente do negócio de aviação comercial da Embraer, John Slattery, em entrevista na noite de segunda-feira durante um encontro anual do setor de transporte aéreo no México.

“Há uma real possibilidade para a E2 de que o E195 vá superar as vendas do E190.”

A possível reviravolta salienta como três fileiras adicionais de assentos, além de asas mais largas, forçaram muitas companhias aéreas a reconsiderarem o maior modelo da empresa brasileira, que agora busca concorrer diretamente com a nova CSeries da Bombardier.

Para a Embraer, terceira maior fabricante de aviões do mundo, depois da Airbus e da Boeing, o E195 representa a maior mudança na família E2, a qual tem se concentrado em mercados de aviação regional, em um momento no qual a Bombardier entra em brigas maiores.

Embora a Bombardier venda aeronaves maiores na CSeries, competindo com versões menores fabricadas por Boeing e Airbus, a Embraer tem reafirmado que não há planos para aviões de passageiros maiores do que o novo E195.

Na semana passada, a Embraer ampliou a autonomia do E195-E2 para cerca de 4.200 quilômetros, ante cerca de 4.000 anteriormente, por conta de melhorias na aerodinâmica de um protótipo que começou a voar em março.

O CS100 da Bombardier, em comparação, tem uma autonomia máxima de cerca de 5.000 quilômetros.

Slattery disse que o verdadeiro ponto de venda do novo E195 é seu custo operacional, que concorre com o de aeronaves de um corredor das rivais Airbus e Boeing, ao passo que custa 20 por cento menos por viagem.

Assentos extras e asas mais finas tornaram a nova aeronave uma “caçadora de lucros”, disse o executivo.

Santander compra Banco Popular Español por 1 euro


De acordo com o Santander, o plano é levantar 7 bilhões de euros para financiar uma faxina no balanço do Banco Popular

 



Madri – O Banco Santander comprou o Banco Popular Español num leilão durante a madrugada pelo valor simbólico de 1 euro.

O Banco Central Europeu (BCE) já havia afirmado que o Popular, sexto maior banco da Espanha em ativos, estava a caminho da falência.

De acordo com o Santander, o plano é levantar 7 bilhões de euros para financiar uma faxina no balanço do Banco Popular.

Enquanto os maiores credores espanhóis estão numa base financeira estável, o Banco Popular vinha sendo o elo fraco, com um balanço negativo de cerca de 37 bilhões de euros em execuções de hipotecas e outros ativos de liquidação duvidosa, acumulados durante a crise imobiliária no país. Só na semana passada, o valor das ações do banco despencou mais de 50% com preocupações dos investidores de que não seria possível vender ativos, levantar capital ou encontrar um comprador.

“A deterioração significativa da liquidez do banco nos últimos dias levou à determinação de que a entidade se tornaria, num futuro próximo, incapaz de pagar suas dívidas e outras obrigações quando elas vencerem”, afirmou o BCE em nota enviada à imprensa nesta quarta-feira.

“Consequentemente, o BCE estipulou que o banco estava falindo, ou com probabilidade de falir, e prontamente informou o Conselho Único de Resolução, que decidiu por uma solução que implica a venda do Banco Popular Español ao Banco Santander”.