O processo de recuperação gradual da atividade econômica
sofreu interrupção no período recente, mas a expectativa é de retomada
adiante. Essa é a conclusão do Comitê de Política Monetária (Copom) do
Banco Central (BC), que decidiu na última quarta-feira (8) manter a taxa básica de juros, a Selic, em 6,5% ao ano.
Segundo ata da reunião do Copom, o arrefecimento da atividade
observado no final de 2018 teve continuidade no início de 2019. “Em
particular, os indicadores disponíveis sugerem probabilidade relevante
de que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha recuado ligeiramente no
primeiro trimestre do ano, na comparação com o trimestre anterior, após
considerados os padrões sazonais”, diz o documento.
O Copom acrescenta que os indicadores do primeiro trimestre induziram
revisões substantivas nas projeções de instituições financeiras para o
crescimento do PIB em 2019. “Essas revisões refletem um primeiro
trimestre aquém do esperado, com implicações para o “carregamento
estatístico” [herança do que ocorreu no ano anterior], mas também
embutem alguma redução do ritmo de crescimento previsto para os próximos
trimestres”, destacou.
Nesse cenário, o Copom avaliou que seria necessário manter a Selic em 6,5% ao ano.
“O comitê julga importante observar o comportamento da economia
brasileira ao longo do tempo, livre dos efeitos remanescentes dos
diversos choques a que foi submetida no ano passado e, em especial, com
redução do grau de incerteza a que a economia brasileira continua
exposta”, diz a ata. O Copom acrescentou que essa avaliação sobre o
desempenho da economia demanda tempo e não deverá ser concluída a curto
prazo. “O comitê ressalta que os próximos passos da política monetária
[definição da taxa Selic] continuarão dependendo da evolução da
atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas
de inflação”, afirmou.
Inflação
Na ata, o Copom destaca ainda que a inflação acumulada em 12 meses
deve atingir um pico no curto prazo para, em seguida, recuar e encerrar
2019 em torno da meta. Para 2019, a meta de inflação é de 4,25%, com
margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo, portanto, não poderá superar 5,75% neste ano
nem ficar abaixo de 2,75%. A meta para 2020 foi fixada em 4%, também
com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
O comitê ressalta, entretanto, que “a consolidação desse cenário
favorável, com inflação nas metas no médio e longo prazos, depende do
andamento das reformas e ajustes necessários na economia brasileira, que
são fundamentais para a manutenção do ambiente com expectativas de
inflação ancoradas”.
O Copom fez projeções para a inflação de acordo com dois cenários. Na
hipótese de a Selic terminar 2019 em 6,5% ao ano e ser elevada a 7,5%
ao ano em 2020, com taxa de câmbio que termina 2019 em R$ 3,75 e 2020 em
R$ 3,80, a inflação fica em torno de 4,1% para neste ano e 3,8% para
2020. Nesse cenário, as projeções para a inflação de preços
administrados (controlados pelo governo, como gás, energia e gasolina)
são de 5,3% para 2019 e 5% para 2020.
No cenário com taxas contantes – Selic em 6,50% ao ano e de câmbio em
R$ 3,95 -, as projeções para a inflação do Copom ficam em torno de 4,3%
para 2019 e 4% para 2020. A estimativa para a inflação de preços
administrados são de 5,6% para 2019 e 5,1% para 2020.
Taxa Selic
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no
Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência
para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o
Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços,
porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao
reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a
produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar
a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços
estão sob controle e não correm risco de subir. Quando mantém o juros
básicos, o comitê considera que alterações anteriores na taxa foram
suficientes para alcançar a meta de inflação.