terça-feira, 25 de janeiro de 2022

FMI rebaixa previsão para crescimento da América Latina, com fortes ajustes sobre México e Brasil


FMI rebaixa previsão para crescimento da América Latina, com fortes ajustes sobre México e Brasil

Sede do FMI, em Washington


Por Rodrigo Campos

(Reuters) – O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu nesta terça-feira suas previsões de crescimento econômico em 2022 para a América Latina e suas duas maiores economias, citando inflação, política monetária mais apertada e uma estimativa de crescimento mais baixa para os Estados Unidos como determinantes para os rebaixamentos.


O FMI cortou suas expectativas de crescimento para o México e o Brasil em 1,2 ponto percentual cada, para 2,8% e 0,3%, respectivamente, enquanto a estimativa para a América Latina e o Caribe foi diminuída em 0,6 ponto percentual, a 2,4%.

“A luta contra a inflação levou a uma forte resposta da política monetária, que pesará sobre a demanda doméstica”, disse o FMI sobre o Brasil em uma atualização de seu relatório Perspectiva Econômica Mundial.

A primeira vice-diretora-gerente Gita Gopinath afirmou em entrevista coletiva que outro motivo para o corte na previsão do Brasil é a moderação dos preços das commodities de pauta de exportações do país, como os de minério de ferro, que haviam subido no ano passado.

O relatório do Fundo disse que o México também será afetado por inflação e juros altos, agravadas por uma queda esperada no crescimento da produção nos Estados Unidos, seu parceiro comercial mais importante.

“O rebaixamento (do crescimento econômico) dos EUA traz consigo a perspectiva de uma demanda externa mais fraca do que o esperado para o México em 2022”, disse o FMI.

A Argentina deve crescer 3,0% este ano, um aumento de 0,5 ponto percentual ante às estimativas do FMI de outubro, e o crescimento estimado de 2,5% em 2023 também é 0,5 ponto percentual maior.

O país sul-americano e o FMI negociam um programa de refinanciamento de cerca de 41 bilhões de dólares que a Argentina disse não poder pagar conforme o planejado.

“Estamos adotando uma abordagem flexível e pragmática e esperamos progredir ainda mais nos próximos dias”, afirmou Gopinath.

Para 2023, o Fundo prevê que a América Latina e o Caribe cresçam 2,6%. A expansão do Brasil deve ser de 1,6% e o crescimento do México deve chegar a 2,7%.

(Por Rodrigo Campos)


segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Como a tensão na Ucrânia afeta os investimentos no mundo

 

Bandeira da Ucrânia


Movimentação de tropas russas na fronteira da Ucrânia e retirada de famílias de diplomatas americanos do país trouxe preocupação para gestores de

Por Alexander Nicholson

O acúmulo de tropas russas na fronteira com a Ucrânia agora está sendo citado por estrategistas como uma das principais ameaças aos mercados globais, embora o presidente Vladimir Putin tenha dito repetidamente que atualmente não tem planos de atacar.

Os mercados locais de títulos, moedas e ações em Moscou e Kiev já foram atingidos, mas uma escalada nas tensões pode agravar as baixas. Embora as penalidades contra commodities russas não tenham sido discutidas pelos EUA e pela Europa, um conflito pode desestabilizar os preços do gás natural e do trigo.

Além disso, o apetite por títulos do Tesouro dos EUA está crescendo à medida que alguns investidores transferem suas participações para ativos mais seguros.

Ministros da UE devem discutir a situação da Ucrânia com o secretário de Estado dos EUA Antônio Blinken na segunda-feira. Aqui estão os principais aspectos dos mercados a serem observados:

Gás

Embora os preços tenham caído desde o pico de dezembro, um problema na Ucrânia pode tornar a crise energética da Europa mais longa e mais severa. A maior vítima seria o Nord Stream 2, um novo oleoduto da Rússia para a Alemanha que ainda não iniciou suas operações.

Qualquer escalada pode desencadear sanções ao projeto, potencialmente “restringindo os fluxos para a Europa por um período indefinido” enquanto empurra os preços para novos recordes, escreveram analistas do Goldman Sachs em nota. Os fluxos de gás russo para o continente estão em níveis reduzidos há vários meses, aumentando a pressão sobre os estoques baixos na região.

Metais

Os investidores estão ficando nervosos com as exportações de matérias-primas da Rússia, com as ações da MMC Norilsk Nickel PJSC, a maior mineradora da Rússia, caindo quase 5,9% em Moscou na segunda-feira. Analistas alertam que qualquer interrupção nos fluxos de outros metais, incluindo paládio, níquel e alumínio, pode impulsionar os preços drasticamente.

No entanto, cortar o fornecimento dos produtores de commodities da Rússia corre o risco de causar estragos nas cadeias de suprimentos de manufatura e não há indicações de que sanções diretas aos gigantes da mineração da Rússia estejam na agenda. Ainda assim, operadores também estão ponderando se quaisquer sanções mais amplas às instituições financeiras russas teriam um impacto indireto nas exportações de metais cotadas em dólares.

Treasuries

Após o pior início de ano em décadas, os títulos do Tesouro dos EUA subiram à medida que a tensão entre a Rússia e a Ucrânia estimulou a demanda por papeis mais seguros. Os rendimentos dos títulos de 10 anos dos EUA caíram pelo quarto dia consecutivo depois de subir na semana passada para o nível mais alto em mais de dois anos.

Os rendimentos de seus pares alemães, também considerados seguros, seguiram o exemplo e caíram na segunda-feira, depois de ficarem brevemente positivos pela primeira vez desde maio de 2019.

Ativos da Ucrânia

Os títulos estrangeiros da Ucrânia perderam 7,5% este ano em dólares, o pior desempenho nos mercados emergentes depois da Argentina, segundo índice da Bloomberg.

Ações da Rússia

Os estrategistas do Morgan Stanley prevêem uma queda de 27% no índice MSCI Rússia no caso de uma escalada substancial. Já com alguns dos piores desempenhos do mundo, as ações do país sentiram o calor novamente no final da semana passada, após um relatório de que Washington está permitindo que alguns países bálticos enviem armas fabricadas nos EUA para a Ucrânia.

É provável que as empresas suspendam quaisquer planos de listagem de ações e esperem que os preços se recuperem antes de fazê-lo.

Títulos russos e rublo

À medida que a tensão aumentou, o Ministério das Finanças da Rússia cancelou os leilões regulares de títulos da semana passada, já que os rendimentos subiram para o nível mais alto em meia década. O rublo caiu na segunda-feira, recuando até 2,8% em relação ao dólar e liderando baixas em mercados emergentes. Os rendimentos da dívida local de 10 anos saltaram 33 pontos base para 9,76%.

Ao mesmo tempo, uma recuperação nos preços das commodities permitiu à Rússia reconstruir suas reservas internacionais, que em mais de US$ 600 bilhões fornecem à economia uma proteção contra possíveis novas sanções.

Trigo

Os futuros de trigo atingiram a marca de US$ 8 pela primeira vez desde dezembro na semana passada, em meio a preocupações com possíveis interrupções no comércio.

Dependendo da escala de qualquer ação militar, a produção e exportação de commodities agrícolas ucranianas, incluindo milho e trigo, podem ser afetadas, Warren Patterson, chefe de estratégia de commodities do ING Groep NV, escreveu em nota na sexta-feira.

Para a Rússia, quaisquer sanções financeiras dificultariam o comércio, o que poderia afetar as exportações agrícolas, disse ele. A Rússia deve se tornar o maior exportador de trigo do mundo nesta temporada, depois da União Europeia.

Ainda assim, após a anexação da Crimeia pela Rússia, não houve grandes interrupções nos fluxos de grãos da região, e os principais portos ucranianos estão longe da Rússia na parte ocidental da Ucrânia. Até agora, as conversas sobre novas sanções se concentraram nos setores financeiros, e não nas commodities.

 

 https://invest.exame.com/me/como-a-tensao-na-ucrania-afeta-os-investimentos-no-mundo


Dívidas do Simples poderão ser pagas ou renegociadas até 31 de março


Empresas do regime ganham dois meses para regularizarem débitos 
 
Essa é a segunda medida tomada pelo governo para compensar o veto à lei que criaria um programa especial de renegociação para os contribuintes do Simples

Os negócios de pequeno porte e os microempreendedores individuais (MEI) ganharão mais dois meses para regularizarem os débitos com o Simples Nacional – regime especial de tributação para micro e pequenas empresas. O Comitê Gestor do programa aprovou o adiamento do prazo de 31 de janeiro para 31 de março.

A regularização dos débitos é necessária para os micro e pequenos empresários e os profissionais autônomos continuarem no Simples Nacional. Em nota, a Receita Federal, que integra o Comitê Gestor, informou que a medida tem como objetivo ajudar os negócios afetados pela pandemia de covid-19.

"Neste momento de retomada da economia, a deliberação do Comitê Gestor do Simples Nacional visa propiciar aos contribuintes do Simples Nacional o fôlego necessário para que se reestruturem, regularizem suas pendências e retomem o desenvolvimento econômico afetado devido à pandemia da Covid-19", destacou o comunicado.

Apesar da prorrogação para o pagamento ou a renegociação de dívidas, o prazo de adesão ao Simples Nacional continua em 31 de janeiro. Segundo a Receita, essa data não pode ser prorrogada por estar estabelecida na Lei Complementar 123/2006, que criou o regime especial. Tradicionalmente, quem não pagou os débitos é retirado do Simples Nacional em 1º de janeiro de cada ano. As empresas excluídas, no entanto, têm até 31 de janeiro para pedir o regresso ao Simples Nacional, desde que resolvam as pendências até essa data.

O processo de regularização deve ser feito por meio do Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte da Receita Federal (e-CAC), requerendo certificado digital ou código de acesso. O devedor pode pagar à vista, abater parte da dívida com créditos tributários (recursos que a empresa tem direito a receber do Fisco) ou parcelar os débitos em até cinco anos com o pagamento de juros e multa.

Histórico
Essa é a segunda medida tomada pelo governo para compensar o veto à lei que criaria um programa especial de renegociação para os contribuintes do Simples. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional criou dois programas para renegociar débitos do Simples inscritos na dívida ativa, quando o contribuinte é negativado e passa a ser cobrado na Justiça.

No último dia 7, o presidente Jair Bolsonaro vetou a renegociação de dívidas com o Simples Nacional. Na ocasião, o presidente alegou falta de medida de compensação (elevação de impostos ou corte de gastos) exigida pela Lei de Responsabilidade Fiscal e a proibição de concessão ou de vantagens em ano eleitoral. O projeto vetado beneficiaria 16 milhões de micro e pequenas empresas e de microempreendedores individuais. A renegociação da dívida ativa abrangerá um público menor: 1,8 milhão de contribuintes, dos quais 1,6 milhão são micro e pequenas empresas e 160 mil são MEI.

Criado em 2007, o Simples Nacional é um regime tributário especial que reúne o pagamento de seis tributos federais, além do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), cobrado por estados e pelo Distrito Federal, e do Imposto Sobre Serviços (ISS), arrecadado pelos municípios. Em vez de pagar uma alíquota para cada tributo, o micro e pequeno empresário recolhe, numa única guia, um percentual sobre o faturamento que é repassado para os três níveis de governo. Somente as empresas que faturam até R$ 4,8 milhões por ano podem optar pelo regime.

Com Agência Brasil

 

As principais tendências para empreendedores em 2022, segundo o Sebrae


Guia traz o que deve nortear o mercado para as micro e pequenas empresas

 


Depois do forte impacto causado pela pandemia e um período cheio de incertezas, o mercado começa a dar sinais de como serão os negócios daqui para frente. O Sebrae-PR fez um levantamento do que deve ser tendência neste e no próximo ano.

O Guia de Tendências 2022- 2023 é uma ferramenta de grande utilidade para os empreendedores planejarem suas ações adaptadas às novas realidades. Nesta página, você encontra um resumo do que deve nortear os negócios, de acordo com o Guia. O material completo está disponível o site.

As principais tendências de negócios para 2022 e 2023

 

1 - Diversidade e inclusão

A inclusão de grupos minoritários, antes pouco percebidos ou atendidos pela indústria, é uma das grandes exigências do consumidor atual (mesmo daquele que não faz parte destes grupos diretamente). O que se espera é que as empresas se demonstrem, para além de discursos, preparadas na prática para lidar com públicos diversificados.

2 - Transparência

Atendentes que seguem consumidores em lojas físicas ou “programas de fidelidade” com cláusulas obscuras e juros altíssimos, são soluções não mais bem-vindas.

3 - Humanização

É preciso estar sempre atento às necessidades dos colaboradores, desde condições de saúde (física e mental) até experiências no ambiente de trabalho, a fim de implementar melhorias e oferecer suporte mais adequado.

4 - Digitalização

Disponibilizar o seu negócio no meio online traz uma série de vantagens, sendo talvez a principal delas o fato de que, a qualquer hora, em qualquer lugar, alguém pode adquirir seus produtos e serviços. A loja digital vende 24 horas por dia todos os dias.

5 - Lojas físicas

Não mais limitados a “pontos de venda”, as lojas físicas agora se tornam uma extensão experiencial do que as lojas virtuais não podem oferecer. Isso significa explorar as vantagens do mundo físico de modo mais elaborado ou estratégico que antes.

6 - Entender os canais de venda

Se antes o omnichannel era visto como “o futuro do mercado”, hoje já se entende que estar em todos os canais e redes sociais pode ser um tiro no pé. Aposte nos canais que realmente fazem sentido para o seu público, tenha controle de qualidade sobre cada um, unifique as informações e foque em aprimorar a fluidez das jornadas do cliente.

7 - Modelo de assinatura

A oferta de serviços no modelo de assinatura tem crescido a cada ano, fazendo com que a ideia de compra se desvencilhe aos poucos da ideia de posse: o consumidor não paga mais para adquirir, mas para acessar e experienciar.

8 - Delivery de tudo

O modelo na experiência de compra do cliente é tão (ou mais) fundamental para os negócios quanto a presença digital.

9 - Turismo instrospectivo

O turismo introspectivo se relaciona com o crescente desejo na população por fazer “retiros rurais” e passar temporadas em locais mais tranquilos e isolados, especialmente quando cercados por natureza. Este movimento cria uma grande oportunidade para os pequenos negócios destas áreas, com potencial para fortalecer a economia da região.

10 - Sustentabilidade

Essa é a nova base dos negócios. Essas questões têm se tornado tão fundamentais quando falamos em mercado e indústria que já é possível identificar uma espécie de setor econômico crescente originado dela.

11 - Economia circular

Os materiais que vão para descarte podem ser comercializados ou permutados entre empresas, doados pela ou para a população, reutilizados em novos processos de produção, transformados em bioenergia.

12 - Energias renováveis

Uso de energias renováveis e emergentes como a solar, eólica e bioenergia começam a ganhar cada vez mais espaço nos negócios.

13 - Conectividade

A conectividade deixou de ser uma grande novidade para a população e passou a fazer cada vez mais parte do seu cotidiano, especialmente a partir da pandemia. O público finalmente começa a desfrutar em peso das praticidades oferecidas por essas tecnologias e espera agora solucionar questões rotineiras, das mais triviais às mais complexas, a partir delas. Para o mercado, este é um ponto sem volta.

14 - Bem-estar

Como forma de compensar os desgastes psicológicos vividos recentemente, as pessoas estarão propensas a buscar por “momentos de fuga” de distintas maneiras. O público estará ainda mais ávido pela procura de serviços que contribuam para o seu bem-estar.


Embraer: Azorra assina contrato de US$ 3,9 bi para adquirir 20 novas aeronaves

Embraer muda de nome para Boeing Brasil e consolida entrega | Política


A Embraer informa que a americana Azorra assinou contrato para adquirir 20 novas aeronaves da família E2, além de mais 30 direitos de compra. A preços de tabela, a encomenda é avaliada em US$ 3,9 bilhões. Segundo a fabricante brasileira, o acordo é flexível e permite que a Azorra adquira aeronaves E190-E2 ou E195-E2.

Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Embraer detalha que a Azorra é uma empresa de leasing de aeronaves com sede na Flórida, EUA, especializada em aeronaves executivas, regionais e comerciais. As entregas terão início em 2023, adicionando mais 20 aeronaves da Embraer às 21 que constam no portfólio.

“Nossa equipe tem uma longa e produtiva história com a Embraer. Na Jetscape, fomos a primeira empresa de leasing independente a se comprometer com o programa E-Jet da Embraer em dezembro de 2007 e depois os E-Jets estabeleceram uma base global de clientes, com mais de 80 operadores. A primeira aeronave nova da Azorra foi um Phenom 300, adquirido da Embraer em dezembro de 2016”, lembra John Evans, CEO da Azorra.

“Esse compromisso reforça nossa crença no E2; uma família de aeronaves modernas com desempenho econômico e ambiental superior, proporcionando à Azorra uma excelente oportunidade para estabelecer uma posição de liderança nos mercados em que servimos”, acrescenta.

 

Santander Brasil faz acordo com BTG em central registradora

Crédito: REUTERS/Edgard Garrido

Logo do Santander (Crédito: REUTERS/Edgard Garrido)

SÃO PAULO (Reuters) – O Santander Brasil firmou acordo com o BTG Pactual para investimento minoritário na Central de Serviços de Registro e Depósito aos Mercados Financeiro e de Capitais (CSD BR), disseram os dois bancos nesta segunda-feira.

A CSD BR opera como uma registradora de ativos financeiros, derivativos, valores mobiliários e apólices de seguro, autorizada pelo Banco Central do Brasil, pela Comissão de Valores Mobiliários e pela Superintendência de Seguros Privados, afirmou o Santander.

O valor do investimento não foi informado.

 

Queda da bolsa no Brasil cria alvos de aquisição

Queda da bolsa no Brasil cria alvos de aquisição

Queda da bolsa no Brasil cria alvos de aquisição


Por Carolina Mandl e Tatiana Bautzer

 

 

SAO PAULO (Reuters) – A grande atividade em torno de fusões e aquisições nas duas primeiras semanas do ano no Brasil surpreendeu os executivos de bancos de investimento.

Com a economia em recessão, inflação a duplos dígitos e a expectativa de uma eleição presidencial polarizada, muitas empresas perderam valor na bolsa e tornaram-se alvos fáceis de aquisição.

“Há muito tempo não via um início de ano com um volume tão alto de fusões e aquisições”, disse Roderick Greenlees, chefe global de investment banking do Itaú BBA.

O índice Ibovespa caiu 17% nos últimos seis meses, e o real perdeu 5% em relação ao dólar, com as preocupações relativas aos riscos macroeconômicos, piora da disciplina fiscal e incertezas eleitorais.

As empresas mais frágeis são aquelas listadas recentemente na bolsa e que perderam valor de mercado significativo desde suas ofertas públicas iniciais de ações (IPOs), segundo os executivos.

As varejistas de móveis Mobly e Westwing, a empresa de programa de fidelidade Dotz, a companhia de terceirização de serviços Getninjas e a Oceanpact , de engenharia marítima, perderam mais de 70% do valor desde seus IPOs, no ano passado.

“Há muitas empresas listadas de pequeno a médio porte que teriam dificuldades para acessar os mercados de capitais e levantar mais dinheiro, então as fusões e aquisições são uma alternativa mais confiável ou a única alternativa”, disse Gustavo Miranda, chefe de investment banking do Banco Santander Brasil.

O Banco Modal, por exemplo, perdeu quase 60% do valor desde seu IPO em abril, e recebeu uma oferta de aquisição da XP este mês.

A discussão entre as empresas de shopping Aliansce Sonae e BR Malls para uma fusão também ocorrem após queda de mais de 20% das ações de ambas companhias frente a um ano antes. O negócio parece ser motivado pela necessidade de mostrar crescimento e boas notícias aos investidores, mesmo com as dificuldades da recuperação do setor de shoppings.

A BR Malls rejeitou a oferta inicial da Aliansce Sonae, mas as negociações devem continuar. As varejistas Americanas e Marisa Lojas não chegaram a um acordo sobre uma potencial transação no ano passado.

Ricardo Lacerda, presidente-executivo e fundador do banco de investimentos BR Partners, disse que a turbulência recente na bolsa interrompeu planos de empresas recentemente listadas e elas podem ser forçadas a entrar em transações. “Algumas estavam contando com ofertas subsequentes para financiar sua expansão mas não conseguiram captar devido à volatilidade de mercado”, afirmou.

Captar dívida também ficou mais caro para as empresas, com a alta das taxas de juros básicas no ano passado de 2% em março para 9,25% em dezembro.

“Dada a volatilidade que está afetando as ofertas de ações, os volumes de fusões e aquisições em 2022 devem superar os do ano passado,” afirma Hans Lin, co-head de investment banking do Bank of America no Brasil. No ano passado, fusões e aquisições envolvendo empresas brasileiras atingiram 101,6 bilhões de dólares, 152% acima de 2020.

NOVAS OFERTAS

Os executivos de bancos preferem não estimar o volume de ofertas de ações este ano, mas vários esperam que os montantes caiam em relação ao ano passado.

As ofertas de ações levantaram 26,2 bilhões de dólares no ano passado, ligeiramente abaixo dos volumes de 2020 em dólares, mas o número de negócios aumentou 17%, para 78 ofertas.

“Tivemos no ano passado recorde em ofertas de ações, mas 2022 não será tão forte para as emissões como resultado da volatilidade macroeconômica e política”, disse Greenlees, do Itaú.

Algumas empresas já anunciaram planos para ofertas subsequentes, como a processadora de alimentos BRF e a petroquímica Braskem. Também é esperada para junho a privatização da Eletrobras.

Os executivos acreditam que as operações de follow-on serão mais comuns do que IPOs este ano, com os investidores preferindo ativos conhecidos durante períodos voláteis.

“Dependendo da recepção às ofertas subsequentes, o sentimento dos investidores pode melhorar e potencialmente permitir alguns IPOs,” disse Eduardo Miras, chefe da área de banco de investimento do Citi.