Aceleradora com 17 mil unidades franqueadas e faturamento de R$6,5 bilhões é a sexta maior do mundo, mas quer crescer ainda mais
Fundadores da SalesFarm e 300 Franchising: aporte de R$6 milhões e apetite global (SalesFarm/Divulgação)
A holding de franquias 300 Franchising espera lucrar
com um modelo de negócios que já tem funcionado muito bem no universo
das startups há anos: o de aceleração. Por trás do termo está a ideia de
capacitar empresas de menor porte com as mentorias e conexões
necessárias — sejam elas com outras empresas ou com potenciais
investidores — para fazê-las crescer. No caso da 300 Franchising, a
mentoria também vem acompanhada de investimento financeiro.
Agora, a aceleradora — que já é a maior em número de unidades de
franquias no país, com 7.000 unidades de 90 marcas — quer alçar voos
ainda maiores e carregar o título de maior do setor no mundo nos
próximos cinco anos. Para isso, uma das apostas está na união com a
startup SalesFarm, de terceirização de times comerciais, um acordo
societário que foi selado a partir de um aporte que custou à holding
cerca de 6 milhões de reais.
Uber das vendas
A SalesFarm foi fundada em março de 2020 pelos empresários Fábio
Oliveira e Gustavo Motta como uma resposta à crescente demanda por
profissionais de áreas comerciais em empresas, especialmente após o
início da pandemia e do regime de trabalho remoto. “Estamos ajudando
empresas que, perceberam que assim como outros pontos, os times
comerciais digitais vieram para ficar”, diz Gustavo Mota, um dos
fundadores da SalesFarm.
Na prática, a empresa funciona como uma comunidade que reúne
treinamentos e bootcamps comerciais e por onde empresas “pescam” os
melhores profissionais para formar seus times. Atualmente, a startup tem
mais de 15.000 profissionais autônomos ativos. “Somos como um Uber, mas
nas vendas”, diz.
Segundo o fundador, os dois anos de operação serviram para mostrar a
eficiência da solução em diversos segmentos, com destaque para a
indústria. A partir de agora, o desejo da startup é ampliar o leque de
setores atendidos — algo que passa a ser mais simples a partir do
alcance das franquias da 300 Franchising. De início, a aceleradora vai
usar a plataforma em 100 de seus clientes.
Em 2022, a SalesFarm deve faturar 12 milhões de reais, quatro vezes a
receita de 2021. Se depender do entusiasmo dos fundadores, a curva de
crescimento deve se manter por alguns anos. Até 2025, a empresa estima
chegar ao valor de mercado de 1,4 bilhão de reais.
Do Brasil para fora
O investimento já deixa a 300 Franchising com meio caminho andado
rumo ao pódio global das aceleradoras de franquias — o cheque na
SalesFarm consolida a holding na posição de 6ª maior do mundo. Por aqui,
o portfólio de investidas da empresa conta com as marcas Açai Concept,
Asia Source, 10 Pastéis, Calzoon, Mais Top Estética, Online Traders,
Lavô Lavanderia, Senhor Smart, It Case, entre outras. Juntas, as
empresas aceleradas faturam mais de 2 bilhões de reais anualmente.
Agora, a intenção é chegar a 17.000 unidades de franquia, mais do que
o dobro do volume atual. Chegar a esse resultado, segundo Castelo, será
possível a partir da inauguração de operações próprias em países como
Estados Unidos, China e Portugal — que marcará a estreia da holding na
Europa.
A ambição em fincar as bases fora do país acompanha a curva
de crescimento da 300 Franchising no Brasil e, ao mesmo tempo, justifica
o interesse na SalesFarm, afirma Leonardo Castelo, cofundador e CEO da
aceleradora. “Nossa incógnita era como manter o ritmo de expansão sem
dedicar grandes recursos em novas unidades físicas, dentro ou fora do
país”, diz.
Com a SalesFarm, o modelo digital ganha solidez, eliminando parte
dessas barreiras. Afinal, a solução criada pela startup ajuda a conectar
vendedores que atuam para marcas que precisam crescer, sem a
necessidade de estarem fisicamente presentes. “É um modelo de negócio
que vai de encontro com o que planejamos, pois traz não só a capacidade
de nos internacionalizar, mas também de ganhar escala aqui mesmo”, diz
Castelo.
Por falar em planejamento, novas diretrizes passaram a embasar as
decisões da aceleradora. Em parceria com a Falconi, a 300 Franchising
definiu os novos pilares estratégicos para o negócio daqui em diante. O
primeiro deles, segundo Castelo, é apostar nas metodologias ágeis, um
método de trabalho adotado em massa por startups. “Não apenas vendemos
franquias. Queremos construir negócios”, diz.
Levar essa mentalidade inovadora a uma rede formada por marcas tão
diferentes entre si é um desafio que, para a 300 Franchising, só será
superado com a formação empreendedora. A solução foi criar um braço
educacional, uma espécie de universidade corporativa que pretende
ensinar às franqueadoras aspectos comportamentais e de gestão, além da
parte operacional e técnica.
Em outra frente, a holding também aposta na tecnologia para saltar da
sexta para a primeira posição no ranking das mais importantes empresas
do franchising mundial. Com um sistema baseado em inteligência
artificial, a 300 Franchising ajuda as franqueadoras a coletar
informações que fazem uma varredura na operação, começando pelo
interesse de novos franqueados no negócio.
“Identificamos pelo tom de voz, ansiedade e engajamento o interesse
de uma pessoa em realmente adquirir uma de nossas franquias”, explica
Castelo. Cruzando essas e outras informações, as marcas podem checar
também se os vendedores estão seguindo o roteiro de vendas. Assim, uma
franqueadora pode avaliar o engajamento e atendimento de seus
funcionários.
“Uma franqueadora não tem recurso para ferramentas desse nível e nem
mesmo para criar processos de gestão como esse. É aí que entramos e é
nosso diferencial que justifica o potencial que temos de liderar o
mercado global”.
https://exame.com/pme/planos-300-franchising-holding-franquias/
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