Mudança ocorre após críticas do mercado sobre comunicação da companhia
Guilherme
Castellan, da Natura &Co, vai unir função de CFO e relações com
investidores: experiência no mercado financeiro e AB Inbev
(Divulgação/Natura &Co)
Por Graziella ValentiPublicado em 31/05/2022 09:24 | Última atualização em 31/05/2022 09:41Tempo de Leitura: 7 min de leitura A Natura &Co, dona também das marcas Avon, The Body Shop e Aesop, ouviu e entendeu as queixas do mercado. Guilherme Castellan,
que está à frente da diretoria financeira global desde julho de 2021,
agora assume também a área de relações com investidores. Longe de ser
uma medida burocrática, o movimento é parte da reação da companhia aos
últimos eventos na sua rotina com os acionistas não controladores.
O objetivo é que Castellan, com seus quase 20 anos de
experiência no mercado financeiro no Brasil e nos Estados Unidos e como
executivo do grupo AB Inbev, estabeleça uma dinâmica nova e mais próxima
ao mercado. Gerir expectativa é algo que conhece bem e, por vir de fora
do grupo, traz um olhar fresco para o assunto. Antes de assumir a
cadeira na Natura &Co, foi o CFO e relações com investidores da
unidade asiática do grupo de bebidas, responsável pelo IPO de 2019 em
Hong Kong, que avaliou o negócio em mais de US$ 40 bilhões. Com o
anúncio de hoje, a companhia retoma o modelo que tinha até 2019, com o
mesmo executivo na liderança financeira e de relações com investidores.
"A primeira coisa importante para ressaltar é que a gente escutou o
mercado, de maneira transparente, e a ideia é reforçar muito a
comunicação. A Natura &Co sempre presou pela governança e pelo ESG.
Acho que minha experiência, de companhia pública na Ásia, com diversos
tipos de investidores ajudará muito nessa tarefa. E acredito que o
investidor local quer mesmo essa conexão mais próxima com o grupo",
disse Castellan, em exclusiva ao EXAME IN.
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Guilherme
Castellan, da Natura &Co, vai unir função de CFO e relações com
investidores: experiência no mercado financeiro e AB Inbev
(Divulgação/Natura &Co)
A Natura &Co, dona também das marcas Avon, The Body Shop e Aesop, ouviu e entendeu as queixas do mercado. Guilherme Castellan,
que está à frente da diretoria financeira global desde julho de 2021,
agora assume também a área de relações com investidores. Longe de ser
uma medida burocrática, o movimento é parte da reação da companhia aos
últimos eventos na sua rotina com os acionistas não controladores.
O objetivo é que Castellan, com seus quase 20 anos de
experiência no mercado financeiro no Brasil e nos Estados Unidos e como
executivo do grupo AB Inbev, estabeleça uma dinâmica nova e mais próxima
ao mercado. Gerir expectativa é algo que conhece bem e, por vir de fora
do grupo, traz um olhar fresco para o assunto. Antes de assumir a
cadeira na Natura &Co, foi o CFO e relações com investidores da
unidade asiática do grupo de bebidas, responsável pelo IPO de 2019 em
Hong Kong, que avaliou o negócio em mais de US$ 40 bilhões. Com o
anúncio de hoje, a companhia retoma o modelo que tinha até 2019, com o
mesmo executivo na liderança financeira e de relações com investidores.
"A primeira coisa importante para ressaltar é que a gente escutou o
mercado, de maneira transparente, e a ideia é reforçar muito a
comunicação. A Natura &Co sempre presou pela governança e pelo ESG.
Acho que minha experiência, de companhia pública na Ásia, com diversos
tipos de investidores ajudará muito nessa tarefa. E acredito que o
investidor local quer mesmo essa conexão mais próxima com o grupo",
disse Castellan, em exclusiva ao EXAME IN.
Desde o terceiro trimestre de 2021, quando a receita líquida
consolidada da companhia caiu 8,5%, para R$ 9,5 bilhões, os investidores
começaram a castigar as ações da Natura &Co, preocupados
especialmente com o desempenho de Avon. De lá para cá, a sensação de
acionistas relevantes consultados é que a companhia se fechou. Essa
dificuldade de diálogo foi alvo de críticas. Para alguns, o entendimento
é de que isso agravou a "percepção" de crise, fazendo-a parecer maior.
Em julho de 2021, a ação da empresa chegou a superar os R$ 61, com a
empresa avaliada em aproximadamente R$ 83 bilhões na B3. Hoje, os papéis
são negociados abaixo de R$ 17 – a companhia vale menos de R$ 23
bilhões. É uma perda superior a 70% em relação ao pico histórico. Na
mínima, o papel bateu em R$ 15,15.
Na opinião de Castellan, o crescimento da Natura &Co, com as
diversas marcas e modelos de negócios, tornou o entendimento da empresa
mais complexo. "Quem não segue a companhia há muito tempo e não está tão
familiarizado com a história, não entende muito bem. Uma das grandes
coisas que vamos tentar mudar é trazer uma comunicação mais clara,
simples e direta sobre cada uma das unidades", afirma. A ideia é dar um
direcionamento mais claro sobre a rentabilidade e o caminho de cada uma.
Apesar das frustrações entre o fim de 2021 e começo deste ano, não
faltou tentativa da empresa de alertar o mercado sobre o cenário. Desde
outubro do ano passado, o presidente global da Natura &Co, Roberto
Marques, inclusive em duas entrevistas exclusivas ao EXAME IN,
apontava a dificuldade do ambiente macroeconômico, brasileiro e global:
uma combinação de demanda mais fraca, com inflação elevada nas
matérias-primas da indústria.
A decepção com a rotina da empresa em relação ao mercado alcançou o
ápice pouco antes da divulgação do balanço do primeiro trimestre deste
ano. Ao iniciar uma conversa sobre a “temperatura dos números” com
analistas, a companhia acabou revelando demais e teve de antecipar
receita e Ebitda do período. Somente no pregão do dia em que a conversa
ocorreu, as ações caíram 15,5%.
O número, que já não era dos mais animadores — uma queda 12,3%, para
R$ 8,2 bilhões de receita líquida consolidada — ficou ainda mais amargo
com a trapalhada. O Ebitda, que no terceiro trimestre de 2020 chegou a
quase R$ 1,5 bilhão, somou apenas R$ 515 milhões de janeiro a março
deste ano, depois de encolher 38% na comparação anual. E na divulgação
do balanço, veio novo ajuste negativo dos papéis. Mais uma vez, um balde
de água fria com os guidances dados na teleconferência sobre os
resultados e com o tom da empresa. Mas nada que deveria ter surpreendido
quem estava próximo da empresa, mesmo com todos os desafios no diálogo.
Investidores relevantes, como o fundo Verde, de Luis
Stuhlberger, destacaram em carta aos cotistas (ou conversas) que o
desempenho da carteira no mês passado sofreu, entre outras razões, pela
posição em Natura &Co. Até onde o EXAME IN apurou,
porém, nenhum grande fundo mudou a crença no negócio, mas muitos estavam
bastante insatisfeitos com a dinâmica — ou a falta dela — da companhia
com o mercado. "Não se consegue mais falar em profundidade com o
C-level", disse um gestor, com ações da fabricante de produtos de
higiene e beleza. Desde a aquisição da Avon, o grupo é o 4º maior do
mundo no setor.
Quem acompanha o negócio de perto, nem mesmo acha que Avon
seja um caso grave ao ponto de tirar tanto valor do negócio, mas
acreditam que a empresa não está sendo hábil o suficiente para
demonstrar de um jeito positivo o trabalho realizado. Os ajustes na
operação internacional da marca, que sabidamente demandava uma profunda
reestruturação de negócios e revitalização de nome, machucaram o
desempenho consolidado, mas a crença é que o caminho está na direção
correta.
https://exame.com/exame-in/natura-co-cfo-assume-dialogo-com-mercado-apos-tombo-de-70-na-b3/