quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Barroso assume a presidência do STF; veja o que esperar da gestão

 

Sucessor de Rosa Weber na presidência do Supremo Tribunal Federal, ministro tem histórico de defesa das minorias e liberdades individuais.

 

O ministro Luís Roberto Barroso assume nesta quinta-feira (28/09) a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele substitui Rosa Weber, que vai se aposentar na próxima segunda-feira por ter atingido os 75 anos, a idade-limite para atuação na Corte. Ela presidiu o Supremo por um ano, desde setembro de 2022 – ou seja, metade do tempo padrão de dois anos.

Natural de Vassouras, município do Rio de Janeiro, Barroso completou dez anos de STF em junho. Tem pós-doutorado na Universidade de Harvard e foi professor visitante nas Universidades de Poitiers (França), de Breslávia (Polônia) e de Brasília (UnB). Atuou como procurador do Estado no Rio de Janeiro e, como advogado, participou de julgamentos de destaque na Corte, como a defesa da interrupção da gestação em caso de feto anencéfalo e do reconhecimento das uniões homoafetivas.

A mudança no comando do Supremo gera expectativas, mas Barroso já deu indícios de como deve atuar. No início da semana, o ministro disse que sua maior preocupação é “o aprimoramento do sistema de Justiça do país com segurança jurídica, democrática e humana”.

O que pode estar por vir

Para analistas ouvidos pela DW, em sua gestão, Barroso deve seguir a linha de sua carreira, focando em temas referentes à defesa de minorias e voltados à garantia de direitos individuais. Há também a expectativa de que o novo presidente promova mudanças regimentais no Supremo.

“Acredito que o Barroso vai querer marcar posição e deixar uma assinatura à frente do Supremo. Ele defende um protagonismo e uma independência da Corte”, analisa Juliano Benvindo, professor associado de direito da Universidade de Brasília (UNB). Ele ressalta que o ministro vai continuar pautando temas sensíveis, como a descriminalização das drogas para uso pessoal e do aborto em mulheres com até 12 semanas de gestação.

De acordo com Daniel Capecchi, professor-adjunto de direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) o futuro presidente do STF seguirá uma tendência de sua carreira na advocacia, alinhado à defesa de grupos oprimidos e das minorias. “Ele tem uma grande preocupação em pautar temas caros à garantia dos direitos individuais. É uma tendência possível que ele aborde causas ainda mais relevantes dessa natureza.”

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Capecchi ressalta, no entanto, que a atuação de um presidente da Corte não depende apenas da conjuntura interna do STF, mas de um contexto mais amplo da sociedade. E que a gestão de Barroso também sofrerá com esse cenário. “Os assuntos estão relacionados não só ao perfil do ministro, mas também à conjuntura do país, e a conjuntura do Brasil muda rapidamente”, acrescenta.

Juliana Cesario Alvim, professora-adjunta de direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pondera que Barroso pode alterar questões regimentais no Supremo. “Ainda como advogado ele defendia que os votos, sobretudo da relatoria, sejam circulados antes entre os ministros”. A mudança tem dois propósitos: evitar que quem concorda com tese escreva um voto com argumento semelhante, e possibilitar para quem discorda preparar a divergência sem pedir vista (mais tempo para analisar a proposta).

Ainda sobre a questão regimental, Luiz Fernando Gomes Esteves, professor de direito do Insper, afirma que Barroso já se manifestou pela diminuição nas análises de recursos e que votos mais longos deveriam ser exclusivos para posições antagônicas às da relatoria. Além disso, cometa o docente, Barroso também defende que os ministros se reúnam reservadamente antes de votações importantes para a discussão dos casos.

“São três propostas que alterariam em boa medida o funcionamento do STF. Mas todas elas dependem da adesão dos demais ministros, e eu não classificaria tais propostas como mudanças fáceis”, pondera Esteves.

Um novo perfil à frente do Supremo

Enquanto Rosa Weber atua discretamente e não se manifesta para além dos seus votos, Barroso tem um perfil diferente. Participa de lives, dá entrevistas, vai a eventos públicos e responde os ataques que os magistrados têm recebido. “A Rosa Weber era uma magistrada de carreira, com uma postura discreta. Barroso já era um advogado conhecido antes de ingressar no STF e um professor com uma vasta produção sobre inúmeros assuntos da área, inclusive sobre a própria Corte. São diferenças explicadas pela própria trajetória de cada um”, explica Cesario.

Duas frases de Barroso ganharam os holofotes recentemente. Em novembro do ano passado, enquanto caminhava em Nova York, ele foi achacado por um eleitor do ex-presidente Jair Bolsonaro e respondeu: “perdeu, mané, não amola”. Em julho deste ano, durante congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), o ministro disse: “nós derrotamos o bolsonarismo”.

“O próprio ministro Barroso reconheceu que se excedeu ao dizer a frase sobre derrotar o bolsonarismo. Eu diria que o pedido de desculpas é um sinal de que há uma preocupação do ministro em não repetir uma postura parecida”, assinalou Esteves.

“Os ministros estavam sob ataque e pressão. Não é o ideal, o desejado, mas pode acontecer, sobretudo porque a situação estava fora do normal”, ressalta Capecchi. “Uma fração radicalizada da sociedade passou a enxergar o STF como inimigo, o que é muito ruim. Nesse processo todo, a conduta do ministro Barroso foi de proteção do tribunal.”

Capecchi acredita que Barroso tem um perfil capaz de tornar o Supremo mais compreensível para o restante da população. “Ele é um acadêmico respeitado e que sempre escreveu de forma clara, com o objetivo de romper esse paradigma do direito de ser obscuro. É possível que ele busque aprimorar a forma como o tribunal se comunica com a sociedade, inclusive na maneira como vota, para que as pessoas entendam o que foi decidido.”

Rosa Weber: discreta, mas atuante

Foram doze anos como ministra e um ano à frente do Supremo, com uma atuação elogiada por seus pares e pelos analistas ouvidos pela reportagem. “Minha avaliação é muito positiva”, afirmou o Esteves. Ele destaca o fato de a ministra ter limitado os pedidos de vista e as decisões liminares dadas individualmente pelos ministros. “É importante dizer que a ministra implementou essas modificações sem que existisse qualquer ruído.”

Nos temas analisados, Rosa Weber conseguiu retomar a discussão sobre a descriminalização do porte de drogas para consumo – o julgamento foi suspenso após pedido de vista do ministro André Mendonça, mas o placar estava com cinco votos favoráveis a liberação –, insistiu ao longo de 11 sessões para finalizar o julgamento da tese do Marco Temporal, e colocou em pauta a descriminalização do aborto, cujo próprio voto a favor da proposta foi considerado histórico pelo colega e também ministro Edson Fachin.

“O voto dela no julgamento sobre o aborto foi um espetáculo. A afirmação da mulher de maneira soberana e indiscutível”, elogia Benvindo. “Ela mostrou um compromisso muito forte com a agenda dos direitos fundamentais”, resume Capecchi.

Cesario ressalta que Rosa Weber estabeleceu um “parâmetro de comportamento”, que “preza pela imparcialidade e independência da Corte”, explica. “Ela não esteve envolvida em nenhum escândalo ou comportamento indevido”.

A especialista complementa: “A ministra deixa um legado importante, para além dos casos importantes que conseguiu pautar. Teve o aborto e as drogas, mas também o orçamento secreto, quando havia uma pressão grande”. Na ocasião, Rosa Weber, que era relatora das ações contrárias as emendas, declarou o procedimento inconstitucional e disse que a prática “viola o princípio republicano”.

Mas nenhum assunto foi mais emblemático que o quebra-quebra promovido nos atos golpistas de 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes. “É uma gestão bem-sucedida também porque enfrentou desafios com total altivez”, enaltece Capecchi.

“Sua personalidade discreta, certamente, contribuiu para que o STF conseguisse atravessar o período difícil do último ano sem que sua legitimidade fosse questionada pelos outros poderes”, destaca Esteves.

“Na postura de juíza de Corte ela é imbatível. Poderia ter tido uma postura estrelar, mas não o fez. Ao contrário: discrição, seriedade, agilidade. Ela termina a gestão com uma marca forte”, finaliza Benvindo.

Haddad diz que reunião com Lira será para dialogar sobre pauta econômica


Brasília (DF), 23/05/2023 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Câmara, Arthur Lira, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil (Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil) 

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúne no período da manhã desta quinta-feira, 28, com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Na saída para o encontro, o ministro disse que o objetivo é dialogar sobre o andamento da pauta econômica no Parlamento. “Achamos que o Desenrola será votado na segunda, no Senado, em caráter terminativo, e acredito que Marco de Garantias e fundos exclusivos devam ser votados na Câmara também”, destacou.

O ministro afirmou que há uma chance de a medida de fundos exclusivos e a de tributação dos fundos offshore serem apreciadas conjuntamente, mas ele ponderou que verá isso agora, na reunião com Lira. “São temas afins. São fundos não tributados hoje. O que não condiz com a experiência internacional”, comentou.

Haddad disse ainda que, durante o encontro com Lira, também colocará a equipe econômica à disposição dos parlamentares para explicar a MP 1185/2023, que muda a tributação sobre incentivos fiscais.

Ainda sobre projetos que dependem do Parlamento, Haddad afirmou que há potencial de aprovar a reforma tributária ainda este ano. “Vamos ver como o Senado reage às contribuições recebidas. Há apoio grande por parte das lideranças. Objetivo é melhorar projeto da Câmara para conformar o sistema mais moderno. Mas continuo confiante de votação até o final de outubro no Senado. Temos condições de aprová-la este ano e promulgá-la este ano”, afirmou.

 

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

A maior especialista em tecnologia de nióbio do mundo é brasileira


Campeã histórica de MELHORES E MAIORES, da EXAME, a CBMM está focada em criar mercados para o metal. Baterias para veículos elétricos industriais e comerciais estão entre as apostas


Planta da CBMM em Araxá, MG: investimento de US$ 80 milhões na expansão de toda a linha de produção de óxido de nióbio  (CBMM/Divulgação)

Planta da CBMM em Araxá, MG: investimento de US$ 80 milhões na expansão de toda a linha de produção de óxido de nióbio (CBMM/Divulgação)

A tecnologia do nióbio — um metal com alto valor agregado, produzido do pirocloro ou de outros minérios — é uma valiosa aliada na transição energética global. Ela está em toda parte: desde as aplicações na indústria de energia renovável ao desenvolvimento de baterias de última geração. E é o vultoso investimento nessa frente que tem levado a CBMM a explorar outras oportunidades de negócio.

“A metalurgia vai continuar sendo nosso grande core business, mas também queremos criar novos mercados para o nióbio”, confirma Rogério Ribas, head do Programa de Baterias da CBMM, fundada em 1955 e, hoje, líder global na produção e comercialização de produtos e tecnologia de nióbio.

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Melhor empresa histórica no setor de Siderurgia, Mineração e Metalurgia nos 50 anos de MELHORES E MAIORES, da EXAME, a CBMM acumula nove premiações no total (1977, 1996, 1998, 2000, 2008, 2009, 2010, 2013 e 2015). Este novo reconhecimento, nas palavras de Ribas, está bem alinhado ao DNA da empresa. “A CBMM investe em tecnologia desde o início da sua história. Não existia mercado para o nióbio. Então, ao mesmo tempo que a companhia começou a desenvolver seus processos, para produzir a partir dele, começou a trabalhar com projetos, universidades, empresas e centros de pesquisa para desenvolver aplicações para esse metal”, rememora.

A liderança mundial é, portanto, fruto do pioneirismo da CBMM, que tem investido nessa tecnologia nos últimos 70 anos, contribuindo para o fato de o Brasil concentrar cerca de 90% da produção de nióbio no mundo.

Agora, a empresa reforça seus planos para um crescimento pautado em novas aplicações na siderurgia e na diversificação de seus mercados de atuação, com destaque para o Programa de Baterias. Em 2022, as vendas de óxido de nióbio para baterias tiveram crescimento de 327%, chegando a cerca de 500 toneladas — ante 100 toneladas, em 2021.

Por esse motivo, a companhia anunciou, em 2022, o investimento de US$ 80 milhões na expansão de toda a sua linha de produção de óxido de nióbio, que incluirá a construção de uma nova planta em seu complexo industrial em Araxá (MG). Com previsão de entrada em operação em 2024, ela terá capacidade produtiva de 3 mil toneladas de material ativo para baterias, para aplicações em tecnologias de carregamento ultrarrápido e seguro, de alta potência e maior vida útil.

Inovação: CBMM investe em pesquisas para desenvolver novas aplicações para o nióbio (CBMM/divulgação)

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Nióbio “turbina” baterias de lítio

O Programa de Baterias está inserido no Programa de Tecnologia, que foi criado na década de 1970 “para ensinar o mundo a usar nióbio”, destaca Rogério Ribas. “Não se tinha conhecimento, principalmente nas siderúrgicas, sobre o uso do nióbio e seus benefícios”, explica ele. Ao longo dos anos, o programa se fortaleceu. Hoje, a CBMM investe nele cerca de 2% a 3% de seu faturamento global (cerca de R$ 300 milhões por ano), destinando quase um terço desse montante (R$ 90 milhões) para o Programa de Baterias.

“Atualmente, existem mais de 200 projetos de tecnologia espalhados pelo mundo, dos quais 42 são dedicados especificamente ao Programa de Baterias, na China, no Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Europa e Brasil, desenvolvendo tecnologias de baterias de lítio que utilizam nióbio na sua composição”, comenta o head do programa. “O que a gente faz é modificar uma bateria de lítio, para que ela tenha algumas propriedades interessantes para o mercado”, esclarece ele.

Em aplicações de óxido de nióbio para o ânodo das baterias, destacam-se a tecnologia NTO (Niobium Titanium Oxide), desenvolvida pela CBMM em parceria com a Toshiba, no Japão. Essa tecnologia garante aumento de segurança, durabilidade e capacidade de recarga ultrarrápida (em tempos inferiores a 10 minutos), sem perda do ciclo de vida do produto.

Caminhões, ônibus e até robôs podem ganhar eficiência com nióbio

Mas o foco maior da CBMM está nos mercados comerciais e industriais, como os de eletrificação e hibridização de ônibus, caminhões de entrega urbana, trens, navios e até robôs. “Armazéns de grandes varejistas têm robôs com baterias de lítio dentro deles. Não são pessoas trabalhando”, pontua Rogério Ribas. “Já uma bateria que, hoje, serviria a um caminhão para operar durante o dia e ficar recarregando a noite toda, você poderia, com a tecnologia do nióbio, servir a três ou quatro caminhões, aproveitando a recarga ultrarrápida”, prossegue ele. “Você faz mais com menos.”

Isso vale também para ônibus. E é por isso que, em novembro, a CBMM vai apresentar, juntamente com a Toshiba e a Volkswagen Caminhões e Ônibus, o primeiro protótipo de um veículo comercial do mundo — um ônibus elétrico, que utiliza baterias de recarga ultrarrápida com nióbio.

Ônibus elétrico: CBMM vai apresentar ao mercado um ônibus elétrico que utiliza baterias de recarga ultrarrápida com nióbio

“A gente vai mostrar para o mercado como você pode ter um ônibus urbano para 52 passageiros, com um pack de baterias quatro vezes menor (que pesa 500 kg em vez de 2 toneladas), que você recarrega em até 15 minutos, e o ônibus pode rodar com uma autonomia perto de 100 quilômetros, com espaço para levar mais 15 pessoas, de forma segura”, resume Ribas. “É um modelo muito mais sustentável e econômico, do ponto de vista do operador.”

A CBMM pretende continuar crescendo o mercado, apoiada na diversificação de sua receita. Em 2030, a expectativa é de que 25% de sua receita deve ser representada por produtos fora do aço. Antecipando-se a novos pedidos, a CBMM atua com excedente produtivo. “Hoje, a CBMM tem capacidade de produção de 150 mil toneladas de ferronióbio, que é a principal liga para a indústria siderúrgica. O mercado mundial é da ordem de 120 mil toneladas. Isso dá para a gente uma vantagem de garantir para os nossos clientes que eles podem continuar investindo nessa tecnologia”, explica Rogério Ribas.

Paralelamente, o Plano de Sustentabilidade da CBMM busca atingir a neutralidade de carbono até 2040. Atualmente, 100% da energia elétrica consumida pela empresa é proveniente de fontes renováveis. “Assumimos o compromisso de neutralizar tanto as emissões diretamente ligadas ao nosso processo produtivo quanto àquelas associadas à geração de energia que consumimos”, afirma o executivo.

 

 https://exame.com/negocios/a-maior-especialista-em-tecnologia-de-niobio-do-mundo-e-brasileira/

 

 

Projeto da repatriação dos recursos estrangeiros é aprovado no Senado e segue para a Câmara


 Diferentemente das outras duas janelas de repatriação, o relatório de Renan prevê uma alíquota de 14% e multa de 90%


Segundo o relator, o objetivo de reduzir a alíquota e a multa tem o objetivo de "tornar reais as expectativas de arrecadação" (Pedro França/Agência Senado/Flickr)

Segundo o relator, o objetivo de reduzir a alíquota e a multa tem o objetivo de "tornar reais as expectativas de arrecadação" (Pedro França/Agência Senado/Flickr)

O projeto de lei que reabre a janela de repatriação de recursos mantidos no exterior foi aprovado nesta terça-feira, 26, no Senado e segue para a análise da Câmara dos Deputados.

Pelo relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL), o novo programa de repatriação dos recursos estrangeiros terá condições mais vantajosas para os cidadãos que optarem pela regularização do dinheiro.

Alíquota e multa reduzidas

Diferentemente das outras duas janelas de repatriação, o relatório de Renan prevê uma alíquota de 14% e multa de 90%, conforme adiantado na semana passada pelo Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. No texto inicial, apresentado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a alíquota era de 15% e a multa, de 167%.

Segundo o relator, o objetivo de reduzir a alíquota e a multa tem o objetivo de "tornar reais as expectativas de arrecadação". Para ele, "o porcentual da multa continua elevado; permanece, dessa forma, apto a penalizar o contribuinte com ativos não regularizados, mas sem deixar de estimular a medida consubstanciada no projeto".

A proposta foi aprovada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta terça. A proposta tramitava em caráter terminativo - ou seja, não precisará passar pelo aval do plenário do Senado, a não ser que haja recursos dos senadores para que isso aconteça.


 

Dólar na máxima em 10 meses, encontro de Lula e Campos Neto e o que mais move o mercado


Moeda americana avança no exterior em meio à alta dos títulos americanos; no Brasil, dólar bateu máxima desde junho

 

Dólar | Foto: Adrienne Bresnahan/Getty Images (Adrienne Bresnahan/Getty Images)

Dólar | Foto: Adrienne Bresnahan/Getty Images (Adrienne Bresnahan/Getty Images)

Juros altos por mais tempo segue sendo a tônica dos debates no mercado internacional, após as sinalizações contracionistas do Federal Reserve (Fed).

Essa expectativa de que as taxas sigam elevadas pelo próximo ano ou mais tem impulsionado o rendimento dos títulos americanos de mais longo prazo. Os holofotes estão especialmente sobre os títulos de 10 anos do Tesouro dos Estados Unidos, que bateu 4,566% na véspera, o maior patamar em 16 anos.

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Dólar em alta

Com a maior rentabilidade dos títulos, cresce a procura por dólar. Essa demanda tem reflexo sobre os preços, com a divisa americana se valorizando no mundo. Nesta manhã, o índice Dxy, que representa a variação do dólar contra uma cesta de divisas mais negociadas do mundo, sobe pelo quinto dia seguido, indo ao maior patamar desde novembro.

A valorização do dólar no exterior também tem pressionado o preço da moeda no Brasil. Contra o real, o dólar vem de cinco pregões de alta dos últimos seis. No último pregão, a moeda encerrou cotada a R$ 4,98, no maior nível desde junho.

Nesta quarta, ao menos, o clima é um pouco mais leve, com o recuo do rendimento dos títulos de 10 anos nos Estados Unidos. Índices futuros de Nova York sinalizam um dia de alta após cinco quedas nos últimos seis pregões.

Encontro entre Lula e Roberto Campos Neto

Além dos movimentos internacionais, paira sobre o radar do investidor brasileiro o encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O encontro está previsto para às 17h30.

Que horas fecha a bolsa de valores?

O horário de negociação na B3 vai das 10h às 17h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o after-market ocorre entre 17h25 e 17h30. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 17h55.

 

Brasil lidera ranking de inovação na América Latina


Mãos segurando e manuseando tela de celular. Brasil lidera ranking de inovação na América Latina
(Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil/Ranking de inovação)

 

O Brasil subiu cinco posições no Índice Global de Inovação (IGI) na comparação com o ranking de 2022 e agora ocupa o 49º lugar entre 132 países. Após 12 anos fora do recorte das 50 economias mais bem classificadas no IGI, o Brasil passou a liderar o ranking dos países da América Latina e Caribe, ultrapassando pela primeira vez o Chile (52ª).

Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (27) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e serão apresentados durante o 10º Congresso Internacional de Inovação da Indústria, que está sendo realizado no São Paulo Expo.

Entre os cinco países que atualmente compõem o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil está na terceira colocação, à frente da Rússia (51º lugar) e da África do Sul (59º). A China é a 12º colocada, e a Índia ocupa o 40º lugar.

 

(Fonte: CNI)

O Brasil apresentou pontuações elevadas em indicadores como serviços governamentais online (14ª posição) e participação eletrônica (11ª). Também se destaca pelo valor de seus 16 unicórnios (nome que se dá às startups que conseguem grande valor de mercado em dólares), aparecendo na 22ª posição, e por seus ativos intangíveis (31ª), obtendo bons resultados mundiais por suas marcas registradas (13ª) e pelo valor global de suas marcas (39ª).

Os dez países mais bem colocados no índice global são: Suíça, Suécia, Estados Unidos, Reino Unido, Singapura, Finlândia, Holanda, Alemanha, Dinamarca e Coreia do Sul.

A classificação é divulgada anualmente desde 2007 pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI – WIPO, na sigla em inglês), em parceria com o Instituto Portulans e o apoio de parceiros internacionais – no caso do Brasil, a CNI e a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), parceiras na produção e divulgação do IGI desde 2017.

Criado em 2007, o IGI tornou-se referência na avaliação da inovação e um pilar na formulação de políticas de ciência, tecnologia e inovação.

Potencial

Apesar dos ganhos de posição, sustentados pelo terceiro ano consecutivo, a colocação brasileira ainda é considerada aquém do potencial do país, que hoje tem a 10ª maior economia do mundo, segundo avaliação da CNI. Para o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, o Brasil tem condições de crescer a cada ano no ranking, por meio de investimentos e políticas direcionadas à ciência, tecnologia e inovação (CT&I).

“Temos um potencial muito inexplorado para melhorar o nosso ecossistema de inovação, atingir o objetivo de integrar os setores científico e empresarial e, consequentemente, promover maior inovação”, afirma.

Cálculo do IGI – Ranking de inovação

A posição global dos países no índice é resultado de um cálculo complexo que divide os indicadores em “insumos de inovação” (inputs) e “resultados de inovação” (outputs), em que há pesos diferentes para cada indicador.

A primeira das categorias de indicadores (insumos) se refere às condições e elementos disponíveis para apoiar atividades de inovação, como educação, ambiente de negócios e recursos humanos especializados. A segunda categoria (resultados) indica o desempenho dos países quanto à inovação produzida, como produção científica, patentes, novos produtos, serviços e processos.

*Informações Agência Brasil

Acordo UE-Mercosul: Como a Europa recebeu o ultimato de Peña

Santiago Peña logo após votar no Paraguai, em 30 de abril de 2023 — Foto: Daniel Duarte/AFP

Presidente do Paraguai afirmou que pretende priorizar negociações com outros países se europeus não agirem para concluir acordo comercial até 6 de dezembro. Bruxelas evitou comentar, mas Berlim vê pressão como necessáriaA conclusão do acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul precisa acontecer até no máximo 6 de dezembro deste ano, disse em tom de ultimato o presidente do Paraguai, Santiago Peña, no começo desta semana. Caso isso não ocorra, ele alertou: "Não darei continuidade [às discussões] no próximo semestre".

O paraguaio ainda afirmou que cabe aos europeus dar o passo decisivo para que o acordo finalmente saia do papel. "Nesse acordo comercial, não se trata mais de uma discussão técnica, é uma decisão política, e isso não está do lado do Mercosul, mas do lado da União Europeia", disse.

A data estipulada por Peña se refere ao dia em que o Brasil, atualmente ocupando a presidência rotativa do bloco comercial sul-americano, passará o posto para o vizinho Paraguai. E o presidente paraguaio avisou que, a partir dessa data, pretende se concentrar em acordos menos complexos com outros países, como Singapura e Emirados Árabes Unidos (EAU).

A presidência do Mercosul é alternada a cada seis meses entre os quatro membros plenos atualmente ativos: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. (A Venezuela, o quinto membro, encontre-se suspensa, e os sete países restantes do continente são membros associados).

As declarações do presidente paraguaio estão em sintonia com falas do seu homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que já afirmou que espera uma conclusão do acordo até dezembro. Lula também já se queixou publicamente de várias exigências dos europeus, que têm sido encaradas pelos sul-americanos como um empecilho para a conclusão do pacto, entre elas a abertura do mercado de compras governamentais para os europeus e uma série de contrapartidas ambientais.

Na terça-feira, em entrevista ao programa Conversa com o Presidente, Lula voltou a mencionar o assunto das compras governamentais. “O Brasil não abre mão das compras governamentais no acordo com a União Europeia. Se fizermos isso, vamos ‘matar’ a indústria nacional”, disse.


Silêncio de Bruxelas

Questionada pela DW, a Comissão da UE em Bruxelas não quis comentar os comentários de Peña. "Continuamos a trabalhar com base no compromisso assumido em nível presidencial para concluir as negociações antes do final do ano", disse o porta-voz da comissão europeia responsável pelo comércio e agricultura, Olof Gill.

Ele se referiu ao "intercâmbio muito construtivo de 14 de setembro", quando representantes de ambos os lados se reuniram em Santiago de Compostela, na Espanha. "Espero poder anunciar a data da próxima reunião dos principais negociadores antes do fim de semana," acrescentou.

Sob a perspectiva europeia, portanto, não há motivos para a inquietação, pois "tudo está correndo conforme o planejado".

 

"Duro, mas necessário"

 

Em contrapartida, um representante da coalizão do governo alemão em Berlim parece quase grato pela pressão do Paraguai. "O ultimato do presidente do Paraguai é duro, mas necessário", disse à DW Reinhard Houben, porta-voz de política econômica do grupo parlamentar do Partido Democrático Liberal (FDP) no Bundestag alemão. "Mais de 20 anos devem ser suficientes para aprovar um acordo de livre comércio."

De fato, as primeiras conversas sobre um acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul começaram já em 1999. Durante um longo tempo, pouco aconteceu, até que, em 2019, foi anunciado um "acordo inicial". Um esboço do texto, porém, foi rejeitado no início de 2020 devido à resistência da Áustria e da França.

Na Europa, os principais críticos do acordo são os países com grande produção agrícola. Eles temem que a concorrência leve a uma guerra de preços, e ao mesmo tempo, que ainda mais florestas tropicais sejam destruídas na América do Sul.

A tentativa do Paraguai de exercer pressão política com um ultimato não surpreendeu Pekka Pesonen, secretário-geral das associações europeias de agricultores e cooperativas.

"Isso apenas confirma nossa percepção desse acordo e seu impacto sobre a agricultura. Da forma como está agora, o acordo é inaceitável. Isso diz respeito ao acesso ao mercado de algumas commodities agrícolas, mas também à falta de compromissos concretos sobre clima e sustentabilidade por parte dos países do Mercosul."

 

Por que o acordo é polêmico?


Nos últimos meses, a UE impôs exigências adicionais para fortalecer a proteção ambiental e os direitos humanos, algo que acabou gerando críticas na América do Sul.

No Brasil, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou as recentes conquistas do atual governo, que viu o desmatamento na Amazônia cair em quase 50% somente neste ano. Em entrevista à DW em meados de setembro, ela também defendeu a assinatura do acordo de livre comércio.

A organização ambiental Greenpeace, por outro lado, adverte contra medidas precipitadas. "Em vez de avançar com um acordo feito para as grandes corporações, a UE e os países do Mercosul deveriam pensar em como formulá-lo de modo que a natureza e os direitos humanos sejam mais importantes do que a destruição do nosso planeta em nome do lucro privado", disse Lis Cunha, do Greenpeace, à DW.

 

Uma questão geopolítica

 

Javi López, eurodeputado social-democrata e comissário da Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana (EuroLat), enfatiza a importância geopolítica do acordo. "O acordo entre a UE e o Mercosul seria um verdadeiro divisor de águas e fortaleceria as relações com a região."

Phil Hogan, que atuou como comissário de Comércio da UE até 2020, também é favorável ao acordo. Como argumento, ele aponta para os desejos de"diversificação" da UE, que busca maior independência de países como a China ou a Rússia. "Não devemos perder essa oportunidade. Este é um mercado de 270 milhões de pessoas que está sendo negociado há anos."

Para Hogan, as condições atualmente discutidas para a proteção do clima e do meio ambiente não devem ser motivo para o fracasso das negociações. Nesse sentido, ele espera que um acordo seja alcançado até o final do ano. "Acho que a Europa precisa disso e a América do Sul também."

 O eurodeputado López também descarta a possibilidade de fracasso. "Entendo a frustração pelo fato de que, após 20 anos de negociações, ainda não haja um resultado final", disse ele à DW. "Isso também diz respeito, portanto, à confiabilidade da União Europeia como negociadora de acordos internacionais."

 

 https://istoe.com.br/acordo-ue-mercosul-como-a-europa-recebeu-o-ultimato-de-pena/