Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
O grupo farmacêutico Fleury também está com inscrições abertas para
projetos de startups. Voltado para negócios de impacto, o programa de
aceleração Impacta segue disponível para cadastros até sexta-feira (19).
A ideia é receber soluções que resolvam dois principais problemas:
promoção do acesso equitativo aos serviços de saúde para as classes C, D
e E; e fortalecer a resiliência do setor de saúde diante das mudanças
climáticas, com ênfase em práticas ESG e enfoque em otimização de
recursos e redução de resíduos.
As startups selecionadas vão receber benefícios, mentorias, diagnóstico
estratégico, networking e suporte personalizado durante três meses --
com previsão de início em 22 de janeiro e término em abril.
Para participar, é preciso atender aos critérios de elegibilidade
estabelecidos e se encaixar dentro da proposta. As inscrições podem ser
realizadas na página oficial da empresa.
As 10 startups selecionadas vão receber até US$ 100 mil (cerca de R$ 480 mil) pela cooperação
Por Wesley Santana — São Paulo
A Zurich abriu as inscrições para a quinta edição do seu programa
global de startups. Focado em inovação, o edital tem o objetivo de
atrair soluções tecnológicas que otimizem a rotina da empresa de
seguros.
O processo seletivo está disponível para startups de todos os países
onde a seguradora atua e, para se candidatar, os projetos precisam se
enquadrar em uma de quatro principais áreas:
Seguros comerciais, que proporcione melhor experiência aos clientes;
Simplificação digital, com novidades que garantam eficiência e agilidade;
Vida e saúde, de respostas às necessidades dos consumidores;
Varejo, propriedade e acidentes, para soluções que melhorem a proteção dos bens dos segurados.
A empresa vai selecionar 10 cases ganhadores, que passarão por uma fase
de validação por quatro meses, entre maio e setembro. Durante este
período, as startups vão trabalhar integradas aos times e a mentores da
Zurich para mostrar como a solução inovadora gera valor para a
companhia. As 10 startups selecionadas vão receber até US$ 100 mil
(cerca de R$ 480 mil) pela cooperação.
As inscrições estão abertas até 14 de fevereiro, às 19h59 (horário de brasília) pelo site oficial.
Os planos da seguradora suíça é que o número de inscritos supere o da
última edição, em 2023, quando 3,5 mil startups completaram seus
cadastros. Os quatro primeiros editais resultaram em 50 projetos que
estão em curso, segundo a companhia.
A
Rhino, startup que já recebeu mais de US$ 400 mil em investimento anjo,
tem como valores fundamentais a segurança e o conforto de seus clientes
A plataforma começou atuando apenas em bairros nobres de São Paulo (Crédito: Freepik/@senivpetro)
Mauro Balhessai
Que
tal ter uma viagem por um app de corridas com segurança, de forma
tranquila, com motoristas treinados e que até abrem a porta para você?
Bom, essa é ideia da Rhino, startup de mobilidade, que estreou na segunda-feira, 15, em bairros nobres da cidade de São Paulo.
O
serviço vai contar apenas com carros de luxo, blindados, de frota
própria ou alugados. Eles passam por higienização e revisão diariamente.
A
plataforma promete de 5 a 7 minutos de espera para localizar carros
disponíveis. O preço vai custar de duas até três vezes mais em relação
ao concorrente mais caro do mercado.
Por enquanto, o app vai
funcionar entre as regiões do Jardim Paulista, Vila Olímpia, Moema, Vila
Nova Conceição, Itaim Bibi, Jardins e Pinheiros e com uma lista de
espera.
“Se
o cliente quiser pedir fora dessa área ele pode, mas nesse caso ele vai
pagar pelo deslocamento do nosso veículo, da nossa área para ele”,
explica Daniil Sergunin, CEO e cofundador da Rhino, com exclusividade à
IstoÉ Dinheiro.
A empresa, no entanto, prevê
expandir para quase toda a capital paulista (até o final do ano), Rio de
Janeiro e Brasília. O objetivo é chegar ao final de 2024 com 40 vezes o
tamanho da operação que possui hoje.
CEO
Sergunin
explica que mora no Brasil há 3 anos. Ele é russo e estava na Suiça
antes de vir para cá. O CEO diz que lá a população não precisa pensar em
segurança, isso é básico.
“A
realidade aqui é diferente e só há apenas algumas formas de se proteger
em relação à violência que existe na cidade e uma delas é um veículo
blindado.”
A startup
Fundada em
outubro de 2023, a startup tem um time com 18 pessoas e recebeu mais de
US$ 400 mil de investidores anjos, em suas primeiras semanas de
funcionamento. Agora, ela prepara para iniciar a rodada de investimento
seed.
Treinamento e base
A base funciona em uma casa
alugada em São Paulo, onde fica a frota e são realizados os
treinamentos, um dos diferenciais, segundo o CEO.
“O
processo seletivo é fundamental para os nossos motoristas. Temos duas
propostas de valor para o nosso cliente: segurança e conforto. Segurança
com o veículo blindado em si e o motorista selecionado e treinado.
Nosso time de RH entrevistou quase 200 pessoas”.
O
CEO ressalta que o treinamento segue após a seleção, em que é abordado
como se comportar com o cliente e como usar o aplicativo, para citar.
Eles também passam por um psicólogo.
A
Rhino iniciou sua atuação com 20 motoristas preparados, mas haverá uma
expansão. Há mais de 3 mil motoristas na lista de espera para entrar na
plataforma.
Após aprovado, ele tem várias opções de contrato de trabalho, sendo que Mei é uma delas.
O
condutor trabalha 8 horas por dia e devolve o veículo na base. A Rhino
promete um “salário” de R$ 4 mil e que pode chegar até R$ 8 mil, isso
com incentivos, caso o profissional não tenha atrasos, boa avaliação e
sem multas, por exemplo.
Pesquisa
do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas
(Ibre/FGV) com base no imposto de renda mostra que os mais ricos estão
concentrando cada vez mais renda no Brasil.
Entre
as evidências mais importantes da análise, destaca-se no período
recente o crescimento da renda dos muito ricos a um ritmo duas a três
vezes maior do que a média registrada por 95% dos brasileiros. “O que,
ao que tudo indica, a confirmar-se por estudos complementares, elevou o
nível de concentração de renda no topo da pirâmide para um novo recorde
histórico, depois de uma década de relativa estabilidade da
desigualdade”, diz a pesquisa.
O
levantamento divide os estratos em o milésimo (0,1%) mais rico, o 1%
mais rico, os 5% mais ricos e os 95% restantes da população adulta (com
18 anos ou mais de idade). “E o que se vê é que, além dos mais ricos
terem, em média, maior crescimento de renda do que a base da pirâmide, a
performance é tanto maior quanto maior é o nível de riqueza”, conclui o
IBRE/FGV.
Ou seja, enquanto a maioria da população adulta teve um
crescimento nominal médio de 33% em sua renda no período de cinco anos,
marcado pela pandemia, a variação registrada pelos mais ricos foi de
51%, 67% e 87% nos estratos mais seletos. Entre os 15 mil milionários
que compõe o 0,01% mais rico, o crescimento foi ainda maior: 96%.
Como
resultado disso, a proporção do bolo apropriada pelos 1% mais rico da
sociedade brasileira cresceu de 20,4% para 23,7% entre 2017 e 2022, mais
de quatro quintos dessa concentração adicional de renda foi absorvida
pelo milésimo mais rico, constituído por 153 mil adultos com renda média
mensal de R$ 441 mil em 2022.
Os resultados da análise com base
nos dados do imposto de renda servem de alerta sobre o processo de
reconcentração de renda no Brasil e sobre os vetores que mais contribuem
para isso: os rendimentos isentos ou subtributados que se destacam como
fonte de remuneração principal entre os super ricos.
“Em
resumo, ainda é cedo para avaliar se o aumento da concentração de renda
no topo é fenômeno estrutural ou conjuntural, mas as evidências
reunidas reforçam a necessidade de revisão das isenções tributárias
atualmente concedidas pela legislação e que beneficiam especialmente os
mais ricos”, finaliza Ibre/FGV
Isso significa que o preço do aluguel residencial subiu três vezes a
mais que a inflação oficial (IPCA), que ficou em 4,62% em 2023.
(Crédito: Freepik)
sammyrochai
Segundo
dados do índice FipeZAP, divulgados nesta terça-feira, 16, o preço do
aluguel residencial subiu, em média, 16,16% no Brasil em 2023. Isso
significa que o custo com moradia subiu três vezes a mais que o Índice
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — a inflação oficial —, que ficou
em 4,62% em 2023.
Ainda
assim, o resultado ficou ligeiramente abaixo do registrado em 2022,
quando o indicador FipeZAP apontou alta de 16,55%, o maior em 11 anos de
pesquisas.
Em dezembro de 2023, o preço do aluguel residencial
aumentou, em média, 1% no País, o que representa uma aceleração do
indicador que, em outubro e novembro, registrou altas de 0,70% e 0,85%,
respectivamente.
Segundo
a apuração da FipeZAP, imóveis com apenas um dormitório foram os que
apresentaram as maiores valorizações no preço do aluguel residencial,
com alta de 1,34% em dezembro do ano passado. No mesmo período, a
locação de imóveis com três ou mais quartos subiu 0,24%.
Preço do aluguel residencial por cidades
Com
base em anúncios veiculados na internet, o FipeZAP acompanha também o
preço médio de locação de apartamentos prontos em 25 cidades
brasileiras, incluindo grande parte das capitais.
Entre as
metrópoles monitoradas, as maiores altas no ano no preço do aluguel
residencial foram em Goiânia (37,28%), Florianópolis (27,68%), Fortaleza
(21,95%), Curitiba (20,70%), Rio de Janeiro (19,79%) e Belo Horizonte
(17,11%).
Confira a figura abaixo e compare os aumentos entre as cidades:
Preço do aluguel residencial por metro²
Ainda
segundo o índice FipeZAP, o preço médio dos novos contratos de aluguéis
no País é de R$ 42,53 por metro quadrado, considerando dados de
dezembro de 2023. Nessa base de comparação, um apartamento de 50 metros
quadrados custa, em média R$ 2.126,50 mensais. No final de 2022, o mesmo
imóvel era alugado por, em média, R$ 1.832.
Na lista por preços
de aluguéis, Barueri, na região metropolitana de São Paulo, apresenta o
maior custo. Lá, o aluguel custa, em média, R$ 59,06 por metro quadrado.
Ou seja, uma residência com 50 metros quadrados vai custar
aproximadamente R$ 2.953 mensais.
Ao
considerar 11 capitais brasileiras medidas pelo índice, a cidade de São
Paulo lidera o ranking de custo do aluguel por metro quadrado. Na
capital paulista, o custo médio com locação de imóvel é de
aproximadamente R$ 51,62 por metro quadrado. Na sequência, aparecem
Florianópolis (R$ 49,81 por m²) e Recife (R$ 47,78 por m²).
Veja a lista completa do preço do aluguel residencial por cidades (m²):
Preço médio do aluguel por cidade (m²); dados de dezembro:
Barueri (SP): R$ 59,06
São Paulo (SP): R$ 51,62
Florianópolis (SC): R$ 49,81
Recife (PE): R$ 47,78
Santos (SP): R$ 45,50
Rio de Janeiro (RJ): R$ 45,10
Brasília (DF): R$ 40,57
São José (SC): R$ 37,88
São José dos Campos (SP): R$ 37,85
Belo Horizonte (MG): R$ 36,76
Curitiba (PR): R$ 36,17
Goiânia (GO): R$ 36,07
Campinas (SP): R$ 34,87
Praia Grande (SP): R$ 34,82
Santo André (SP): R$ 34,05
Guarulhos (SP): R$ 33,52
Salvador (BA): R$ 33,10
Porto Alegre (RS): R$ 31,67
São Bernardo do Campo (SP): R$ 29,76
Joinville (SC): R$ 28,39
Fortaleza (CE): R$ 28,36
Niterói (RJ): R$ 26,81
Ribeirão Preto (SP): R$ 23,82
São José do Rio Preto (SP): R$ 21,83
Pelotas (RS): R$ 17,59
Por que o preço do aluguel residencial subiu?
Conforme
apontou o índice FipeZAP, o preço do aluguel residencial aumentou bem
acima da inflação, quase três vezes acima do IPCA de 2023. Embora o
cenário econômico apresente maior equilíbrio e crescimento, por que o
custo com locação de imóveis subiu?
Segundo a advogada
especialista em direito imobiliário e economia imobiliária, Dra. Aline
Oliveira, o que explica essa diferença é que o setor de aluguéis possui
uma variedade de questões que são levadas em conta na hora de definir o
ajuste dos valores de locação.
“Um
deles, inclusive, é a questão do descongelamento dos valores dos
aluguéis residenciais que, durante a pandemia, foram congelados ou
tiveram sua elevação diminuída durante o período de crise pandêmica.
Agora, em 2024, com uma superação daquele cenário, os ajustes nos
valores que tinham sido anteriormente barrados ou diminuídos, vieram com
força total”, indica a advogada.
Ainda
na sua avaliação, outros fatores também são relevantes para a valoração
do aluguel no setor como, por exemplo, a valorização ou desvalorização
do imóvel, questões de cunho pessoal do locador, dentre outros cenários
que não seguem o mesmo fluxo do crescimento econômico.
“É
evidente que esse aumento nos preços dos aluguéis é preocupante,
especialmente quando olhamos para uma faixa da população brasileira que
não viu sua renda aumentar, ou retornar aos patamares anteriores, mesmo
com o fim da pandemia de COVID-19”, afirma Aline.
“O
grande problema é que um crescimento tão grande dos valores de locação
podem levar a um maior número de pessoas inadimplentes, por simplesmente
não conseguirem arcar com esse reajuste, o que, no final, pode gerar um
número ainda maior de pessoas sem teto”, acrescenta.
Para
a advogada, há algumas soluções que podem ajudar no cenário de aumentos
expressivos no preço do aluguel residencial. A primeira delas, de
acordo com Aline, é uma maior fiscalização por parte do Conselho
Regional dos Corretores de Imóveis (CRECI), a fim de apurar as
verdadeiras razões pelas quais o valor dos aluguéis está registrando
aumentos exponenciais, se índices inflacionários não estão acompanhando
tal elevação.
“Outra
é que, mais do que nunca, se torna preciso falar e desenvolver projetos
de moradia popular e a Administração Pública (Municipal, Estadual e
Federal) precisa estar cada vez mais focada nesse tipo de proposta, pois
se sabe que a maior parte das pessoas que alugam residências hoje é a
classe pobre/classe média. Segundo o próprio IBGE, pelo menos 65% dos
mais pobres moram em lugares locados”, continua.
Por
fim, na avaliação de Aline, é preciso deixar claro que, embora a
relação de locação seja uma relação privada, isto é, doutrinada pelo
Código Civil e Lei específica, cabe aos locadores o bom senso de que o
cenário econômico brasileiro ainda está em recuperação, o que não
significa que está recuperado e que todas as pessoas conseguem
acompanhar, financeiramente, o ritmo dessa aceleração.
“O
bom senso e o diálogo podem garantir que esse locador permaneça com o
imóvel locado e bem cuidado, até porque, um aumento desenfreado do valor
do aluguel, embora pareça ótimo para quem esteja alugando, não
necessariamente é algo bom, pois pode levar a desenfreadas crises de
inadimplência, despejo, dentre outras questões prejudiciais e morosas ao
próprio locador”, complementa a advogada.
Reajustes do preço do aluguel residencial
Outro
fator para a alta elevação no preço do aluguel residencial são os
reajustes. Com um índice de desemprego ainda considerável, apesar de
apontar tendência de queda, a renda disponível pelos consumidores segue
reduzida, o que gera maior procura por locações, segundo a advogada
Aline Oliveira.
“É
possível ver este fenômeno nos grandes centros, onde os ciclos
migratórios se intensificam e se justificam por conta das oportunidades
de emprego”, finaliza.
Preço do aluguel residencial em 2024
E
neste ano, será que o preço do aluguel residencial irá subir tanto?
Questionada pela Dinheiro, a economista do DataZAP, Larissa Gonçalves,
crê em um arrefecimento nas altas, mas não em queda dos custos com
locações imobiliárias.
Para ela, o forte aumento de preços que vem
ocorrendo desde 2022 não deve perdurar em 2024, uma vez que os
principais fatores para a alta exponencial também estão perdendo força.
“A
inflação, por exemplo, segue controlada. O mercado de trabalho, que se
recuperava após período pandêmico, não deve apresentar o mesmo nível de
retomada e deve seguir uma tendência de estabilidade. Enfim, o mercado
de locação provavelmente deve apresentar taxas positivas de crescimento,
porém isso não significa uma redução dos preços, e sim taxas menores”,
comenta.
A economista cita, ainda,
uma possível desaceleração na procura por locações por conta da taxa
Selix em queda, maior acesso ao financiamento imobiliário e um possível
reaquecimento do mercado, impulsionado também por programas
habitacionais como o Minha Casa Minha Vida.
“Entretanto,
apesar das expectativas otimista para o mercado de compra e venda, para
o de locação a expectativa é que haja uma desaceleração”, completa.
Relatório da Oxfam mostra que, de cada 100 dólares de lucro das 96
maiores empresas do mundo, 82 dólares vão para bem poucos bolsos
por César Locatelli
Há vários mecanismos que alimentam o aumento da distância, em termos
de renda e riqueza, entre muitos ricos e pobres. Talvez os dados mais
impressionantes deste novo relatório da Oxfam, Desigualdade S.A.,
sejam i) o aumento dos lucros extraordinários dos últimos anos, sem a
contrapartida de crescimento econômico com um mínimo de vigor, e,
sobretudo, ii) a destinação da maior parte desses lucros para os bolsos
dos acionistas.
A inflação verificada nos anos de pandemia deveu-se, em grande
medida, a empresas com grande poder de aumentar seus preços e seus
lucros, com grande poder de mercado no jargão dos economistas. As 722
maiores empresas do mundo acumularam lucros extraordinários em 2021 (US$
1,09 trilhão) e em 2022 (US$ 1,1 trilhão). A análise, feita por Oxfam e ActionAid, definiu como lucro extraordinário aquele que excedeu à média de lucros do período 2017-2020 em mais de 10%.
O lucro gigantesco, que poderia se tornar investimento, impulsionando
o emprego, a produção, melhoria de bem estar e migração para processos
com diminuição de utilização de combustíveis fósseis, tornou-se renda
para uma pequena parcela da população. Dados do relatório da Oxfam
apontam que as 96 maiores empresas do mundo acumularam um lucro
combinado de US$ 1,1 trilhão (entre julho de 2022 e junho de 2023).
Deste montante, as recompras de ações e a distribuição de dividendos
consumiram US$ 913 bilhões. Ou seja, não foram reinvestidos 82,5% dos
lucros líquidos destas empresas. Viraram dinheiro nas contas dos
acionistas.
Lucrar mais sem aumentar a oferta de empregos é um dos mais perversos
mecanismos de concentração de renda, é reduzir ainda mais a
participação do trabalho na divisão do produto das sociedades, é
aumentar a desigualdade. Lucrar mais e não usar o lucro para aumentar a
produção, não investir, potencializa o efeito danoso sobre a renda do
trabalho e, consequentemente, sobre a qualidade de vida de parte
significativa da população.
Em termos mundiais, a conjunção da inflação sem reajustes de salários
e a não criação de novos postos de trabalho provocaram perdas de quase
1,5 trilhão de dólares para 791 milhões de trabalhadores, nos últimos
dois anos, “o equivalente a quase um mês (25 dias) de salários perdidos
por trabalhador”, diz o relatório.
O crescente poder econômico das empresas implica crescente poder
político para barrar iniciativas que promovam qualquer movimento por
maior justiça tributária. No Brasil, quase 70% da renda dos ultrarricos
(0,1% da população) são isentas de impostos. Dados do imposto de renda,
do ano de 2022, mostram “a elevada concentração de renda no topo da
pirâmide, bem como o aumento das parcelas de renda isenta e de
tributação exclusiva de acordo com os estratos de renda mais altos:
entre os 0,1% do topo, a renda foi dividida em 9,6% tributável, 21,0% de
rendimento exclusivo e 69,3% de rendimento isento”, informa o Relatório da distribuição pessoal as renda e da riqueza.
O poder político o concentrado, fruto da renda e da riqueza
concentradas, empurra o Brasil para privatizações (transformando
serviços públicos em fontes de gordo lucro privado); empurra o país para
menor participação de gastos e investimentos sociais no orçamento do
governo; empurra o país para uma política monetária que prioriza juros
altíssimos (nos 12 meses terminados em novembro de 2023 foram gastos 713
bilhões de reais em juros).
Isenções de impostos para a maior parte da renda e da transmissão de
riqueza dos ultrarricos, privatizações, restrições orçamentárias para
gastos sociais pelos governos e juros reais extremamente elevados são
receitas infalíveis para o aumento da desigualdade e da pobreza.
O poder político das grandes empresas, no mundo, emperra medidas que
poderiam interromper, ou ao menos reduzir, a velocidade do aquecimento
global e o decorrente colapso climático. O relatório aponta que “as
empresas de combustíveis fósseis sabem, há décadas, que os gases de
efeito de estufa poderiam causar mudanças climáticas potencialmente
catastróficas, mas têm continuamente procurado defender e prolongar o
status quo mortal, influenciando as políticas e a opinião pública. Elas
gastam quantias enormes em campanhas e lobby, e dominam cada vez mais as
negociações climáticas da ONU”.
Embora o relatório tente concluir com um certo otimismo, “rumo a uma
economia para todos”, nenhuma mudança, para melhor, da opinião pública
e, portanto, do quadro político é perceptível nos dias de hoje. Bem ao
contrário, passos concretos em direção ao fascismo vêm sendo dados em
vários países.
Será que algum dia constituirão maioria aqueles que percebem que “as
estruturas econômicas, as instituições políticas, os códigos jurídicos,
as normas morais, as tendências culturais, as teorias científicas, as
perspectivas filosóficas e mesmo o senso comum, são, todos, produtos de
um padrão de desenvolvimento histórico moldado por um modo de produção”,
como entende Helena Sheehan?
A rivalidade entre a China e os Estados Unidos atingiu campos da ciência e da tecnologia como não víamos desde os tempos da Guerra Fria. Atualmente, a corrida espacial é liderada por estas duas superpotências, assim como a competição no desenvolvimento de semicondutores. Porém, por vezes, eles se juntam para um "bem maior".
Um estudo publicado recentemente na Nature
mostra uma esperança para o setor de microchips. Um semicondutor que
utiliza uma base diferente dos atuais pode ser viável para ser o
protagonista nos próximos 50 anos. E esse estudo contou com uma
colaboração entre Estados Unidos e China.
Uma revolução computacional
Cientistas da Tianjin University of Technology, na China, e do Georgia Institute of Technology,
nos Estados Unidos, foram os responsáveis por esta importante
descoberta. Atualmente, os semicondutores da tecnologia que utilizamos
hoje são feitos de silício, um elemento que está atingindo seus níveis mínimos e que mais cedo ou mais tarde atingirá seu limite.
A corrida para criar semicondutores que utilizem uma base elementar
diferente não é nova e, desde a primeira década dos anos 2000, o grafeno
foi proposto como principal candidato para substituir o silício. Porém,
só agora que a colaboração entre a China e os Estados Unidos conseguiu
finalmente encontrar um método para utilizar o grafeno na produção de chips.
Segundo um comunicado de imprensa divulgado pela Deutsche Welle, o principal autor do artigo na Nature, Walter de Heer, garante que a utilização do grafeno para criar microchips é a próxima grande etapa que pode nos levar ao futuro da computação:
"Não sabemos onde isso vai parar, mas sabemos que estamos abrindo a
porta para uma grande mudança de paradigma na eletrônica. O grafeno é o
próximo passo. Quem sabe quais serão os próximos passos depois disso,
mas há boas chances de que o grafeno se torne o paradigma para os
próximos 50 anos."
Ideia é utilizar o grafeno para substituir o silício (Imagem: Imaginechina-Tuchong/Imago Images)
Walter de Heer tem muitos motivos para confirmar o que foi dito acima: o "epigrafeno", composto que criaram para chips de grafeno, tem mobilidade eletrônica 10 vezes mais rápida que a do silício.
Podemos pensar no epigrafeno, criado a partir do carboneto de silício,
como uma espécie de via ultrarrápida para os elétrons, que nos permitirá
processar informações muito mais rápido do que fazemos hoje.
A lacuna de energia proibida
O principal problema a ser superado para a criação de semicondutores de grafeno tem a ver com algo chamado “Band Gap” ou “Energy Gap”, conhecido como Banda Proibida.
De modo geral, os elétrons em um sólido não orbitam em torno de átomos
individuais, mas sim em uma rede, chamada de "rede cristalina", sobre o
material.
Existem dois tipos de bandas em um material: a banda de valência e a banda de condução.
O primeiro deles contém os elétrons de valência, enquanto o segundo é
aquele que conduz a corrente elétrica quando os elétrons se movem em
direção à banda de condução - apesar da redundância. Reduzindo a
terminologia, a banda de valência contém elétrons de valência, a banda
de condução é para onde os elétrons se movem.
Entre essas duas bandas está o band gap, uma espécie
de espaço entre elas que requer certas condições para permitir a
mobilidade dos elétrons e, portanto, a transmissão de informações. O
grafeno contém um band gap que até agora não podia ser manipulado da
melhor forma, pois o que se busca na criação de um semicondutor é que
ele possa transmitir informações à temperatura ambiente.
Ilustração de um band gap entre a banda de condução e a banda de valência (Imagem: via Xataka)
Por que precisamos que esteja em temperatura ambiente?
Uma das razões é que aumentar ou diminuir a temperatura acarreta um
custo energético que provocaria a criação de dispositivos que regulam a
temperatura, aumentando os custos. A isto também se somam variáveis
como pressão, monitoramento de umidade, altura, entre muitas outras
coisas. Trabalhar bem à temperatura ambiente garante um bom desempenho
padrão.
O Dr. Lei Ma, da Universidade de Tiajin, explica todo esse assunto da seguinte forma:
"Um problema antigo na eletrônica do grafeno é que o grafeno não
tinha o intervalo de banda adequado e não podia ser ligado e desligado
na proporção correta. Ao longo dos anos, muitos tentaram resolver isso
com uma variedade de métodos. Nossa tecnologia atinge o band gap e é um
passo crucial na realização da eletrônica baseada em grafeno."
A ciência como "banda" de trégua
Este avanço é de extrema importância, uma vez que as melhorias na
computação foram acompanhadas por revoluções ao nível do hardware que
melhoram a nossa capacidade de processar informação. Com semicondutores
mais rápidos e potentes, a computação será aprimorada e só o tempo nos
mostrará o que podemos fazer com o epigrafeno e tudo o que vem depois
dele.
Além da relevância desta descoberta, podemos também comemorar o fato de, apesar do que a política e a economia possam ditar, China e Estados Unidos deixaram a rivalidade de lado em prol da ciência.
Colaborar para um bem maior sempre foi um dos principais
impulsionadores científicos. E seria bom se ambos fizessem isso mais
vezes.