quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Programa de aceleração do Fleury recebe inscrições até 19/1

 

Grupo Fleury sofre novo ataque ransomware - Livecoins

 

 

O grupo farmacêutico Fleury também está com inscrições abertas para projetos de startups. Voltado para negócios de impacto, o programa de aceleração Impacta segue disponível para cadastros até sexta-feira (19).

A ideia é receber soluções que resolvam dois principais problemas: promoção do acesso equitativo aos serviços de saúde para as classes C, D e E; e fortalecer a resiliência do setor de saúde diante das mudanças climáticas, com ênfase em práticas ESG e enfoque em otimização de recursos e redução de resíduos.

As startups selecionadas vão receber benefícios, mentorias, diagnóstico estratégico, networking e suporte personalizado durante três meses -- com previsão de início em 22 de janeiro e término em abril.

Para participar, é preciso atender aos critérios de elegibilidade estabelecidos e se encaixar dentro da proposta. As inscrições podem ser realizadas na página oficial da empresa.

Zurich Seguros tem inscrições para programa global de startups até 14/2

 

Por Wesley Santana — São Paulo



 — Foto: Pixabay
— Foto: Pixabay
 
 

A Zurich abriu as inscrições para a quinta edição do seu programa global de startups. Focado em inovação, o edital tem o objetivo de atrair soluções tecnológicas que otimizem a rotina da empresa de seguros.

O processo seletivo está disponível para startups de todos os países onde a seguradora atua e, para se candidatar, os projetos precisam se enquadrar em uma de quatro principais áreas:

  • Seguros comerciais, que proporcione melhor experiência aos clientes;
  • Simplificação digital, com novidades que garantam eficiência e agilidade;
  • Vida e saúde, de respostas às necessidades dos consumidores;
  • Varejo, propriedade e acidentes, para soluções que melhorem a proteção dos bens dos segurados.

A empresa vai selecionar 10 cases ganhadores, que passarão por uma fase de validação por quatro meses, entre maio e setembro. Durante este período, as startups vão trabalhar integradas aos times e a mentores da Zurich para mostrar como a solução inovadora gera valor para a companhia. As 10 startups selecionadas vão receber até US$ 100 mil (cerca de R$ 480 mil) pela cooperação. 
 

As inscrições estão abertas até 14 de fevereiro, às 19h59 (horário de brasília) pelo site oficial.

Os planos da seguradora suíça é que o número de inscritos supere o da última edição, em 2023, quando 3,5 mil startups completaram seus cadastros. Os quatro primeiros editais resultaram em 50 projetos que estão em curso, segundo a companhia.


Novo app de corridas premium estreia em SP com carros blindados e frota própria

 


A Rhino, startup que já recebeu mais de US$ 400 mil em investimento anjo, tem como valores fundamentais a segurança e o conforto de seus clientes

 

A plataforma começou atuando apenas em bairros nobres de São Paulo (Crédito: Freepik/@senivpetro)

Que tal ter uma viagem por um app de corridas com segurança, de forma tranquila, com motoristas treinados e que até abrem a porta para você? Bom, essa é ideia da Rhino, startup de mobilidade, que estreou na segunda-feira, 15, em bairros nobres da cidade de São Paulo.

O serviço vai contar apenas com carros de luxo, blindados, de frota própria ou alugados. Eles passam por higienização e revisão diariamente.

A plataforma promete de 5 a 7 minutos de espera para localizar carros disponíveis. O preço vai custar de duas até três vezes mais em relação ao concorrente mais caro do mercado.

Por enquanto, o app vai funcionar entre as regiões do Jardim Paulista, Vila Olímpia, Moema, Vila Nova Conceição, Itaim Bibi, Jardins e Pinheiros e com uma lista de espera.

“Se o cliente quiser pedir fora dessa área ele pode, mas nesse caso ele vai pagar pelo deslocamento do nosso veículo, da nossa área para ele”, explica Daniil Sergunin, CEO e cofundador da Rhino, com exclusividade à IstoÉ Dinheiro.

A empresa, no entanto, prevê expandir para quase toda a capital paulista (até o final do ano), Rio de Janeiro e Brasília. O objetivo é chegar ao final de 2024 com 40 vezes o tamanho da operação que possui hoje.


CEO

Daniil Sergunin, CEO e cofundador da Rhino – Crédito: Divulgação

Sergunin explica que mora no Brasil há 3 anos. Ele é russo e estava na Suiça antes de vir para cá. O CEO diz que lá a população não precisa pensar em segurança, isso é básico.

“A realidade aqui é diferente e só há apenas algumas formas de se proteger em relação à violência que existe na cidade e uma delas é um veículo blindado.”

A startup

Fundada em outubro de 2023, a startup tem um time com 18 pessoas e recebeu mais de US$ 400 mil de investidores anjos, em suas primeiras semanas de funcionamento. Agora, ela prepara para iniciar a rodada de investimento seed.

Treinamento e base

A base funciona em uma casa alugada em São Paulo, onde fica a frota e são realizados os treinamentos, um dos diferenciais, segundo o CEO.

“O processo seletivo é fundamental para os nossos motoristas. Temos duas propostas de valor para o nosso cliente: segurança e conforto. Segurança com o veículo blindado em si e o motorista selecionado e treinado. Nosso time de RH entrevistou quase 200 pessoas”.

O CEO ressalta que o treinamento segue após a seleção, em que é abordado como se comportar com o cliente e como usar o aplicativo, para citar. Eles também passam por um psicólogo.

A Rhino iniciou sua atuação com 20 motoristas preparados, mas haverá uma expansão. Há mais de 3 mil motoristas na lista de espera para entrar na plataforma.

Após aprovado, ele tem várias opções de contrato de trabalho, sendo que Mei é uma delas.

O condutor trabalha 8 horas por dia e devolve o veículo na base. A Rhino promete um “salário” de R$ 4 mil e que pode chegar até R$ 8 mil, isso com incentivos, caso o profissional não tenha atrasos, boa avaliação e sem multas, por exemplo.


FGV: mais ricos estão concentrando cada vez mais renda no Brasil

 FGV | Education | Rio de Janeiro RJ


Pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) com base no imposto de renda mostra que os mais ricos estão concentrando cada vez mais renda no Brasil.

Entre as evidências mais importantes da análise, destaca-se no período recente o crescimento da renda dos muito ricos a um ritmo duas a três vezes maior do que a média registrada por 95% dos brasileiros. “O que, ao que tudo indica, a confirmar-se por estudos complementares, elevou o nível de concentração de renda no topo da pirâmide para um novo recorde histórico, depois de uma década de relativa estabilidade da desigualdade”, diz a pesquisa.

O levantamento divide os estratos em o milésimo (0,1%) mais rico, o 1% mais rico, os 5% mais ricos e os 95% restantes da população adulta (com 18 anos ou mais de idade). “E o que se vê é que, além dos mais ricos terem, em média, maior crescimento de renda do que a base da pirâmide, a performance é tanto maior quanto maior é o nível de riqueza”, conclui o IBRE/FGV.

Ou seja, enquanto a maioria da população adulta teve um crescimento nominal médio de 33% em sua renda no período de cinco anos, marcado pela pandemia, a variação registrada pelos mais ricos foi de 51%, 67% e 87% nos estratos mais seletos. Entre os 15 mil milionários que compõe o 0,01% mais rico, o crescimento foi ainda maior: 96%.

Como resultado disso, a proporção do bolo apropriada pelos 1% mais rico da sociedade brasileira cresceu de 20,4% para 23,7% entre 2017 e 2022, mais de quatro quintos dessa concentração adicional de renda foi absorvida pelo milésimo mais rico, constituído por 153 mil adultos com renda média mensal de R$ 441 mil em 2022.

Os resultados da análise com base nos dados do imposto de renda servem de alerta sobre o processo de reconcentração de renda no Brasil e sobre os vetores que mais contribuem para isso: os rendimentos isentos ou subtributados que se destacam como fonte de remuneração principal entre os super ricos.

“Em resumo, ainda é cedo para avaliar se o aumento da concentração de renda no topo é fenômeno estrutural ou conjuntural, mas as evidências reunidas  reforçam a necessidade de revisão das isenções tributárias atualmente concedidas pela legislação e que beneficiam especialmente os mais ricos”, finaliza Ibre/FGV

Preço do aluguel residencial sobe três vezes a mais que a inflação em 2023, aponta FipeZap

 


Segundo dados do índice FipeZAP, divulgados nesta terça-feira, 16, o preço do aluguel residencial subiu, em média, 16,16% no Brasil em 2023. Isso significa que o custo com moradia subiu três vezes a mais que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — a inflação oficial —, que ficou em 4,62% em 2023.

Ainda assim, o resultado ficou ligeiramente abaixo do registrado em 2022, quando o indicador FipeZAP apontou alta de 16,55%, o maior em 11 anos de pesquisas.

Em dezembro de 2023, o preço do aluguel residencial aumentou, em média, 1% no País, o que representa uma aceleração do indicador que, em outubro e novembro, registrou altas de 0,70% e 0,85%, respectivamente.

Segundo a apuração da FipeZAP, imóveis com apenas um dormitório foram os que apresentaram as maiores valorizações no preço do aluguel residencial, com alta de 1,34% em dezembro do ano passado. No mesmo período, a locação de imóveis com três ou mais quartos subiu 0,24%.

Preço do aluguel residencial por cidades

Com base em anúncios veiculados na internet, o FipeZAP acompanha também o preço médio de locação de apartamentos prontos em 25 cidades brasileiras, incluindo grande parte das capitais.

Entre as metrópoles monitoradas, as maiores altas no ano no preço do aluguel residencial foram em Goiânia (37,28%), Florianópolis (27,68%), Fortaleza (21,95%), Curitiba (20,70%), Rio de Janeiro (19,79%) e Belo Horizonte (17,11%).

 

Confira a figura abaixo e compare os aumentos entre as cidades:

Índice FipeZAP do preço do aluguel residencial
Índice FipeZAP, IBGE e FGV.

 

Preço do aluguel residencial por metro²

Ainda segundo o índice FipeZAP, o preço médio dos novos contratos de aluguéis no País é de R$ 42,53 por metro quadrado, considerando dados de dezembro de 2023. Nessa base de comparação, um apartamento de 50 metros quadrados custa, em média R$ 2.126,50 mensais. No final de 2022, o mesmo imóvel era alugado por, em média, R$ 1.832.

Na lista por preços de aluguéis, Barueri, na região metropolitana de São Paulo, apresenta o maior custo. Lá, o aluguel custa, em média, R$ 59,06 por metro quadrado. Ou seja, uma residência com 50 metros quadrados vai custar aproximadamente R$ 2.953 mensais.

Ao considerar 11 capitais brasileiras medidas pelo índice, a cidade de São Paulo lidera o ranking de custo do aluguel por metro quadrado. Na capital paulista, o custo médio com locação de imóvel é de aproximadamente R$ 51,62 por metro quadrado. Na sequência, aparecem Florianópolis (R$ 49,81 por m²) e Recife (R$ 47,78 por m²).

Veja a lista completa do preço do aluguel residencial por cidades (m²):

Preço médio do aluguel por cidade (m²); dados de dezembro:

  1. Barueri (SP): R$ 59,06
  2. São Paulo (SP): R$ 51,62
  3. Florianópolis (SC): R$ 49,81
  4. Recife (PE): R$ 47,78
  5. Santos (SP): R$ 45,50
  6. Rio de Janeiro (RJ): R$ 45,10
  7. Brasília (DF): R$ 40,57
  8. São José (SC): R$ 37,88
  9. São José dos Campos (SP): R$ 37,85
  10. Belo Horizonte (MG): R$ 36,76
  11. Curitiba (PR): R$ 36,17
  12. Goiânia (GO): R$ 36,07
  13. Campinas (SP): R$ 34,87
  14. Praia Grande (SP): R$ 34,82
  15. Santo André (SP): R$ 34,05
  16. Guarulhos (SP): R$ 33,52
  17. Salvador (BA): R$ 33,10
  18. Porto Alegre (RS): R$ 31,67
  19. São Bernardo do Campo (SP): R$ 29,76
  20. Joinville (SC): R$ 28,39
  21. Fortaleza (CE): R$ 28,36
  22. Niterói (RJ): R$ 26,81
  23. Ribeirão Preto (SP): R$ 23,82
  24. São José do Rio Preto (SP): R$ 21,83
  25. Pelotas (RS): R$ 17,59

Por que o preço do aluguel residencial subiu?

Conforme apontou o índice FipeZAP, o preço do aluguel residencial aumentou bem acima da inflação, quase três vezes acima do IPCA de 2023. Embora o cenário econômico apresente maior equilíbrio e crescimento, por que o custo com locação de imóveis subiu?

Segundo a advogada especialista em direito imobiliário e economia imobiliária, Dra. Aline Oliveira, o que explica essa diferença é que o setor de aluguéis possui uma variedade de questões que são levadas em conta na hora de definir o ajuste dos valores de locação.

“Um deles, inclusive, é a questão do descongelamento dos valores dos aluguéis residenciais que, durante a pandemia, foram congelados ou tiveram sua elevação diminuída durante o período de crise pandêmica. Agora, em 2024, com uma superação daquele cenário, os ajustes nos valores que tinham sido anteriormente barrados ou diminuídos, vieram com força total”, indica a advogada.

Ainda na sua avaliação, outros fatores também são relevantes para a valoração do aluguel no setor como, por exemplo, a valorização ou desvalorização do imóvel, questões de cunho pessoal do locador, dentre outros cenários que não seguem o mesmo fluxo do crescimento econômico.

“É evidente que esse aumento nos preços dos aluguéis é preocupante, especialmente quando olhamos para uma faixa da população brasileira que não viu sua renda aumentar, ou retornar aos patamares anteriores, mesmo com o fim da pandemia de COVID-19”, afirma Aline.

“O grande problema é que um crescimento tão grande dos valores de locação podem levar a um maior número de pessoas inadimplentes, por simplesmente não conseguirem arcar com esse reajuste, o que, no final, pode gerar um número ainda maior de pessoas sem teto”, acrescenta.

Para a advogada, há algumas soluções que podem ajudar no cenário de aumentos expressivos no preço do aluguel residencial. A primeira delas, de acordo com Aline, é uma maior fiscalização por parte do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (CRECI), a fim de apurar as verdadeiras razões pelas quais o valor dos aluguéis está registrando aumentos exponenciais, se índices inflacionários não estão acompanhando tal elevação.

“Outra é que, mais do que nunca, se torna preciso falar e desenvolver projetos de moradia popular e a Administração Pública (Municipal, Estadual e Federal) precisa estar cada vez mais focada nesse tipo de proposta, pois se sabe que a maior parte das pessoas que alugam residências hoje é a classe pobre/classe média. Segundo o próprio IBGE, pelo menos 65% dos mais pobres moram em lugares locados”, continua.

Por fim, na avaliação de Aline, é preciso deixar claro que, embora a relação de locação seja uma relação privada, isto é, doutrinada pelo Código Civil e Lei específica, cabe aos locadores o bom senso de que o cenário econômico brasileiro ainda está em recuperação, o que não significa que está recuperado e que todas as pessoas conseguem acompanhar, financeiramente, o ritmo dessa aceleração.

“O bom senso e o diálogo podem garantir que esse locador permaneça com o imóvel locado e bem cuidado, até porque, um aumento desenfreado do valor do aluguel, embora pareça ótimo para quem esteja alugando, não necessariamente é algo bom, pois pode levar a desenfreadas crises de inadimplência, despejo, dentre outras questões prejudiciais e morosas ao próprio locador”, complementa a advogada.

Reajustes do preço do aluguel residencial

Outro fator para a alta elevação no preço do aluguel residencial são os reajustes. Com um índice de desemprego ainda considerável, apesar de apontar tendência de queda, a renda disponível pelos consumidores segue reduzida, o que gera maior procura por locações, segundo a advogada Aline Oliveira.

“É possível ver este fenômeno nos grandes centros, onde os ciclos migratórios se intensificam e se justificam por conta das oportunidades de emprego”, finaliza.

Preço do aluguel residencial em 2024

E neste ano, será que o preço do aluguel residencial irá subir tanto? Questionada pela Dinheiro, a economista do DataZAP, Larissa Gonçalves, crê em um arrefecimento nas altas, mas não em queda dos custos com locações imobiliárias.

Para ela, o forte aumento de preços que vem ocorrendo desde 2022 não deve perdurar em 2024, uma vez que os principais fatores para a alta exponencial também estão perdendo força.

“A inflação, por exemplo, segue controlada. O mercado de trabalho, que se recuperava após período pandêmico, não deve apresentar o mesmo nível de retomada e deve seguir uma tendência de estabilidade. Enfim, o mercado de locação provavelmente deve apresentar taxas positivas de crescimento, porém isso não significa uma redução dos preços, e sim taxas menores”, comenta.

A economista cita, ainda, uma possível desaceleração na procura por locações por conta da taxa Selix em queda, maior acesso ao financiamento imobiliário e um possível reaquecimento do mercado, impulsionado também por programas habitacionais como o Minha Casa Minha Vida.

“Entretanto, apesar das expectativas otimista para o mercado de compra e venda, para o de locação a expectativa é que haja uma desaceleração”, completa.

 

https://istoedinheiro.com.br/preco-do-aluguel-residencial-16-2023-fipezap/

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Desigualdade S.A. e o poder político do capital

 


Relatório da Oxfam mostra que, de cada 100 dólares de lucro das 96 maiores empresas do mundo, 82 dólares vão para bem poucos bolsos

 

por César Locatelli

 

Há vários mecanismos que alimentam o aumento da distância, em termos de renda e riqueza, entre muitos ricos e pobres. Talvez os dados mais impressionantes deste novo relatório da Oxfam, Desigualdade S.A., sejam i) o aumento dos lucros extraordinários dos últimos anos, sem a contrapartida de crescimento econômico com um mínimo de vigor, e, sobretudo, ii) a destinação da maior parte desses lucros para os bolsos dos acionistas.

A inflação verificada nos anos de pandemia deveu-se, em grande medida, a empresas com grande poder de aumentar seus preços e seus lucros, com grande poder de mercado no jargão dos economistas. As 722 maiores empresas do mundo acumularam lucros extraordinários em 2021 (US$ 1,09 trilhão) e em 2022 (US$ 1,1 trilhão). A análise, feita por Oxfam e ActionAid, definiu como lucro extraordinário aquele que excedeu à média de lucros do período 2017-2020 em mais de 10%.

O lucro gigantesco, que poderia se tornar investimento, impulsionando o emprego, a produção, melhoria de bem estar e migração para processos com diminuição de utilização de combustíveis fósseis, tornou-se renda para uma pequena parcela da população. Dados do relatório da Oxfam apontam que as 96 maiores empresas do mundo acumularam um lucro combinado de US$ 1,1 trilhão (entre julho de 2022 e junho de 2023). Deste montante, as recompras de ações e a distribuição de dividendos consumiram US$ 913 bilhões. Ou seja, não foram reinvestidos 82,5% dos lucros líquidos destas empresas. Viraram dinheiro nas contas dos acionistas.

Lucrar mais sem aumentar a oferta de empregos é um dos mais perversos mecanismos de concentração de renda, é reduzir ainda mais a participação do trabalho na divisão do produto das sociedades, é aumentar a desigualdade. Lucrar mais e não usar o lucro para aumentar a produção, não investir, potencializa o efeito danoso sobre a renda do trabalho e, consequentemente, sobre a qualidade de vida de parte significativa da população.

Em termos mundiais, a conjunção da inflação sem reajustes de salários e a não criação de novos postos de trabalho provocaram perdas de quase 1,5 trilhão de dólares para 791 milhões de trabalhadores, nos últimos dois anos, “o equivalente a quase um mês (25 dias) de salários perdidos por trabalhador”, diz o relatório.

O crescente poder econômico das empresas implica crescente poder político para barrar iniciativas que promovam qualquer movimento por maior justiça tributária. No Brasil, quase 70% da renda dos ultrarricos (0,1% da população) são isentas de impostos. Dados do imposto de renda, do ano de 2022, mostram “a elevada concentração de renda no topo da pirâmide, bem como o aumento das parcelas de renda isenta e de tributação exclusiva de acordo com os estratos de renda mais altos: entre os 0,1% do topo, a renda foi dividida em 9,6% tributável, 21,0% de rendimento exclusivo e 69,3% de rendimento isento”, informa o Relatório da distribuição pessoal as renda e da riqueza.

O poder político o concentrado, fruto da renda e da riqueza concentradas, empurra o Brasil para privatizações (transformando serviços públicos em fontes de gordo lucro privado); empurra o país para menor participação de gastos e investimentos sociais no orçamento do governo; empurra o país para uma política monetária que prioriza juros altíssimos (nos 12 meses terminados em novembro de 2023 foram gastos 713 bilhões de reais em juros).

Isenções de impostos para a maior parte da renda e da transmissão de riqueza dos ultrarricos, privatizações, restrições orçamentárias para gastos sociais pelos governos e juros reais extremamente elevados são receitas infalíveis para o aumento da desigualdade e da pobreza.

O poder político das grandes empresas, no mundo, emperra medidas que poderiam interromper, ou ao menos reduzir, a velocidade do aquecimento global e o decorrente colapso climático. O relatório aponta que “as empresas de combustíveis fósseis sabem, há décadas, que os gases de efeito de estufa poderiam causar mudanças climáticas potencialmente catastróficas, mas têm continuamente procurado defender e prolongar o status quo mortal, influenciando as políticas e a opinião pública. Elas gastam quantias enormes em campanhas e lobby, e dominam cada vez mais as negociações climáticas da ONU”.

Embora o relatório tente concluir com um certo otimismo, “rumo a uma economia para todos”, nenhuma mudança, para melhor, da opinião pública e, portanto, do quadro político é perceptível nos dias de hoje. Bem ao contrário, passos concretos em direção ao fascismo vêm sendo dados em vários países.

Será que algum dia constituirão maioria aqueles que percebem que “as estruturas econômicas, as instituições políticas, os códigos jurídicos, as normas morais, as tendências culturais, as teorias científicas, as perspectivas filosóficas e mesmo o senso comum, são, todos, produtos de um padrão de desenvolvimento histórico moldado por um modo de produção”, como entende Helena Sheehan?

 

 https://economistaspelademocracia.org.br/2024/01/16/desigualdade-s-a-e-o-poder-politico-do-capital/


China põe as diferenças com os EUA de lado e faz parceria para desenvolver algo revolucionário

 


Novo semicondutor na área


A rivalidade entre a China e os Estados Unidos atingiu campos da ciência e da tecnologia como não víamos desde os tempos da Guerra Fria. Atualmente, a corrida espacial é liderada por estas duas superpotências, assim como a competição no desenvolvimento de semicondutores. Porém, por vezes, eles se juntam para um "bem maior".

Um estudo publicado recentemente na Nature mostra uma esperança para o setor de microchips. Um semicondutor que utiliza uma base diferente dos atuais pode ser viável para ser o protagonista nos próximos 50 anos. E esse estudo contou com uma colaboração entre Estados Unidos e China.

Apesar de rivais tecnológicos, China e EUA se juntaram em estudos sobre um novo semicondutor (Imagem: Montagem via Xataka)

Uma revolução computacional

Cientistas da Tianjin University of Technology, na China, e do Georgia Institute of Technology, nos Estados Unidos, foram os responsáveis ​​por esta importante descoberta. Atualmente, os semicondutores da tecnologia que utilizamos hoje são feitos de silício, um elemento que está atingindo seus níveis mínimos e que mais cedo ou mais tarde atingirá seu limite.

A corrida para criar semicondutores que utilizem uma base elementar diferente não é nova e, desde a primeira década dos anos 2000, o grafeno foi proposto como principal candidato para substituir o silício. Porém, só agora que a colaboração entre a China e os Estados Unidos conseguiu finalmente encontrar um método para utilizar o grafeno na produção de chips.

Segundo um comunicado de imprensa divulgado pela Deutsche Welle, o principal autor do artigo na Nature, Walter de Heer, garante que a utilização do grafeno para criar microchips é a próxima grande etapa que pode nos levar ao futuro da computação:

"Não sabemos onde isso vai parar, mas sabemos que estamos abrindo a porta para uma grande mudança de paradigma na eletrônica. O grafeno é o próximo passo. Quem sabe quais serão os próximos passos depois disso, mas há boas chances de que o grafeno se torne o paradigma para os próximos 50 anos."

Ideia é utilizar o grafeno para substituir o silício (Imagem: Imaginechina-Tuchong/Imago Images)

Walter de Heer tem muitos motivos para confirmar o que foi dito acima: o "epigrafeno", composto que criaram para chips de grafeno, tem mobilidade eletrônica 10 vezes mais rápida que a do silício. Podemos pensar no epigrafeno, criado a partir do carboneto de silício, como uma espécie de via ultrarrápida para os elétrons, que nos permitirá processar informações muito mais rápido do que fazemos hoje.

A lacuna de energia proibida

O principal problema a ser superado para a criação de semicondutores de grafeno tem a ver com algo chamado “Band Gap” ou “Energy Gap”, conhecido como Banda Proibida. De modo geral, os elétrons em um sólido não orbitam em torno de átomos individuais, mas sim em uma rede, chamada de "rede cristalina", sobre o material.

Existem dois tipos de bandas em um material: a banda de valência e a banda de condução. O primeiro deles contém os elétrons de valência, enquanto o segundo é aquele que conduz a corrente elétrica quando os elétrons se movem em direção à banda de condução - apesar da redundância. Reduzindo a terminologia, a banda de valência contém elétrons de valência, a banda de condução é para onde os elétrons se movem.

Entre essas duas bandas está o band gap, uma espécie de espaço entre elas que requer certas condições para permitir a mobilidade dos elétrons e, portanto, a transmissão de informações. O grafeno contém um band gap que até agora não podia ser manipulado da melhor forma, pois o que se busca na criação de um semicondutor é que ele possa transmitir informações à temperatura ambiente.

Ilustração de um band gap entre a banda de condução e a banda de valência (Imagem: via Xataka)

Por que precisamos que esteja em temperatura ambiente?

Uma das razões é que aumentar ou diminuir a temperatura acarreta um custo energético que provocaria a criação de dispositivos que regulam a temperatura, aumentando os custos. A isto também se somam variáveis ​​como pressão, monitoramento de umidade, altura, entre muitas outras coisas. Trabalhar bem à temperatura ambiente garante um bom desempenho padrão.

O Dr. Lei Ma, da Universidade de Tiajin, explica todo esse assunto da seguinte forma:

"Um problema antigo na eletrônica do grafeno é que o grafeno não tinha o intervalo de banda adequado e não podia ser ligado e desligado na proporção correta. Ao longo dos anos, muitos tentaram resolver isso com uma variedade de métodos. Nossa tecnologia atinge o band gap e é um passo crucial na realização da eletrônica baseada em grafeno."

A ciência como "banda" de trégua

Este avanço é de extrema importância, uma vez que as melhorias na computação foram acompanhadas por revoluções ao nível do hardware que melhoram a nossa capacidade de processar informação. Com semicondutores mais rápidos e potentes, a computação será aprimorada e só o tempo nos mostrará o que podemos fazer com o epigrafeno e tudo o que vem depois dele.

Além da relevância desta descoberta, podemos também comemorar o fato de, apesar do que a política e a economia possam ditar, China e Estados Unidos deixaram a rivalidade de lado em prol da ciência. Colaborar para um bem maior sempre foi um dos principais impulsionadores científicos. E seria bom se ambos fizessem isso mais vezes.