sábado, 18 de maio de 2024

CEO do iFood deixa cargo para comandar operação global de empresa holandesa dona do aplicativo

 

Fabricio Bloisi, chief executive officer of Movile Group, a unit of Napsers Ltd, poses for a photograph in Amsterdam, Netherlands, on Thursday, Aug. 29, 2019. Naspers-owned internet ventures will be carved out into a new $100 billion company called Prosus NV, which is due to list in Amsterdam on Sept. 11. Photographer: Yuriko Nakao/Bloomberg

O presidente do iFood, Fabrício Bloisi, está deixando o cargo para ser o CEO da Prosus, a holding de tecnologia holandesa que é controladora do grupo brasileiro de entregas por aplicativos e vale € 92 bilhões na Bolsa de Amsterdã. O novo CEO do iFood será Diego Barreto, atual diretor financeiro e vice-presidente de estratégia.

Bloisi é o fundador da Movile e, no novo cargo na Prosus, que assume a partir de 1º de julho, vai responder por operações em mais de 100 países, atendendo a 2 bilhões de clientes do grupo mundial de internet. Será a primeira vez que um executivo de uma empresa brasileira de tecnologia assume a operação de um gigante global saindo diretamente do Brasil.

A Profus nasceu em 1997, como uma cisão do grupo de mídia sul-africano Naspers, famoso por ser o primeiro serviço que permitia baixar músicas. Desde 2008, a Prosus investiu mais de US$ 30 bilhões em mais de 90 empresas de tecnologia, e o iFood foi uma das principais apostas. Em 2022, comprou a participação remanescente de 33% na empresa de entregas, em um negócio de R$ 9,4 bilhões.

Entre outros investimentos do grupo holandês no mundo está a chinesa Tencent, que é dona do WeChat, a plataforma de compras chinesa Meituan, a OLX e a Delivery Hero, na Alemanha. No Brasil, a Prosus é investidora da Kovi, de alugue de carros, na financeira Creditas e da Sympla, que vende ingressos pela internet, entre outros nomes.

O brasileiro irá assumir o cargo de Ervin Tu, o diretor financeiro que estava como presidente interino na Prosus desde setembro. No iFood, Bloisi segue como presidente do conselho e acionista. “Estou orgulhoso de termos transformado o iFood em uma das maiores e mais bem-sucedidas marcas da América Latina”, comenta em um comunicado sobre sua nomeação.

Em 12 anos, o iFood saiu de um negócio de entregas que Bloisi comprou com menos de 15 funcionários e se tornou uma plataforma de tecnologia com mais de 40 milhões de clientes.

“A gente muda a empresa duas vezes ao ano. Mata alguns projetos e cria projetos novos. Faz parte da nossa cultura”, disse Bloisi ao Estadão/Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) no final de 2023, mencionando também o interesse em inteligência artificial. “Nossa intenção é investir centenas de milhões de reais em aquisições em novos negócios e inteligência artificial.”

Devedores têm último fim de semana para aderir ao Desenrola Brasil

 

Desenrola Brasil possui canais oficiais para negociação ...

Os devedores de até R$ 20 mil que ganhem até dois salários mínimos ou sejam inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) têm o último fim de semana para renegociarem os débitos no Desenrola Brasil. O prazo de adesão à Faixa 1 do programa especial acaba nesta segunda-feira (20).

Dados do Ministério da Fazenda apontam que, até a semana passada, 14,75 milhões de pessoas já haviam renegociado cerca de R$ 51,7 bilhões em dívidas.

Iniciada em outubro de 2023, a Faixa 1 engloba dívidas que tenham sido negativadas entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022 e não podem ultrapassar o valor atualizado de R$ 20 mil cada (valor de cada dívida antes dos descontos do Desenrola).

Por meio do programa, os inadimplentes têm acesso a descontos de, em média, 83% sobre o valor das dívidas. Em algumas situações, segundo o ministério, o abatimento pode ultrapassar 96% do valor devido. Os pagamentos podem ser feitos à vista ou parcelados, sem entrada e em até 60 meses.

Fake news

Na reta final do prazo para renegociação das dívidas, a pasta desmentiu duas fake news que circulam sobre o programa. Uma delas diz que, ao negociar as dívidas pelo Desenrola, o cidadão perde o benefício social. Outra, que a pessoa fica com o nome sujo nos sistemas do Banco Central.

“O Relatório de Empréstimos e Financiamentos do sistema Registrato do Banco Central não é um cadastro restritivo. Ele exibe o “extrato consolidado” das dívidas bancárias, empréstimos e financiamentos, tanto do que está em dia quanto do que está em atraso. Isso permite que o cidadão acompanhe, em um só lugar, todo o seu histórico financeiro e se previna contra golpes”, informa o ministério.

“Assim, as dívidas que forem negociadas no Desenrola para pagamento parcelado vão aparecer no extrato emitido pelo Banco Central, assim como outras dívidas bancárias, para que possam ser acompanhadas somente pelo cidadão. Os bancos não acessam os relatórios das pessoas; eles conseguem ver apenas as informações consolidadas, quando o cidadão autoriza esse acesso”, explica ainda o Ministério da Fazenda.

Entenda

Além de dívidas bancárias como cartão de crédito, também podem ser negociadas contas atrasadas de estabelecimentos de ensino, energia, água, telefonia e comércio varejista. A plataforma do Desenrola permite parcelar a renegociação inclusive com bancos nos quais a pessoa não tenha conta, permitindo escolher o que oferece a melhor taxa na opção de pagamento parcelado.

Para quem tem duas ou mais dívidas, mesmo que com diferentes credores, é possível juntar todos os débitos e fazer uma só negociação, pagando à vista em um único boleto ou Pix ou financiando o valor total no banco de preferência.

Para ter acesso ao Desenrola, é necessário ter uma conta Gov.br. Usuários de todos os tipos de contas – bronze, prata e ouro – podem visualizar as ofertas de negociação e parcelar o pagamento. Caso o cidadão opte por canais parceiros, não há necessidade de uso da conta Gov.br.

Catástrofe no RS deve ter impacto nas colheitas, na inflação de alimentos e no PIB; entenda



Enchentes prejudicaram lavouras ainda não colhidas, mas, sobretudo, interromperam cadeias de produção e distribuição. Arroz, soja, frango e leite são alguns dos produtos mais afetados

 

Desabrigados em consequência das enchentes alojados em ginásio em Porto Alegre (RS) 10/05/2024 

 

REUTERS/Diego Vara

O Rio Grande do Sul é tradicionalmente conhecido como um dos grandes produtores do agronegócio brasileiro, e os efeitos das históricas enchentes no estado foram prontamente alvos de preocupação para o setor.

O impacto nas colheitas de arroz, soja e trigo deve ser sentido na inflação em todo o Brasil, o que também deverá ocorrer no caso do leite e de outros produtos. Além disso, a atividade industrial gaúcha também foi fortemente afetada – nove em cada 10 empresas do estado estão em cidades atingidas pelas enchentes, de acordo com levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). Este cenário deve ter repercussões para a atividade econômica do Brasil como um todo.

Além da grande presença na alimentação dos brasileiros, o arroz chama a atenção pelo forte componente doméstico da produção do estado. O Rio Grande do Sul é responsável por mais de 70% da produção brasileira do alimento que, no último ano, representou apenas 1,4% das exportações gaúchas, segundo dados do Comex, sistema para consultas e extração de dados do comércio exterior brasileiro. Embora 80% do arroz já tivesse sido colhido, nos últimos dias o Brasil se mobilizou pela importação do grão, enquanto supermercados pelo país restringiram as compras, temendo desabastecimento em razão de danos aos estoques e à cadeia de distribuição.

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea) identificou impactos em outros itens relevantes da dieta comum dos brasileiros: leite e frango. Em ambos os casos, a infraestrutura afetada, incluindo danos no processamento, devem ser responsáveis por alguma escassez, chegando ao consumidor final com alta de preços. No caso do frango, granjas já relatam dificuldade para receber alimentos para os animais devido aos problemas nas estradas.

“O viés inicial para a economia brasileira é de efeitos temporários em 2024 de maior pressão de alta na inflação de alimentos e de bens manufaturados, além de alguma moderação no ritmo de crescimento do PIB nacional”, aponta o Rabobank, em relatório assinado pelos analistas Maurício Une e Renan Alves.

No último relatório Focus, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central projetaram uma alta no índice de preços ao consumidor amplo (IPCA) de 3,76% em 2024, um pequeno aumento ante os 3,72% da semana anterior. Desde o meio do último ano, os riscos inflacionários do fenômeno El Niño vinham sendo apontados por analistas. Até as chuvas no Rio Grande do Sul, algumas estimativas chegaram a reduzir suas previsões para a inflação, o que foi revertido nos últimos dias.

Grande impacto nas cadeias de fornecimento

A analista de grãos da StoneX Ana Luiza Lodi afirma que os impactos devem afetar não apenas as plantações, mas as cadeias de fornecimento como um todo, lembrando dos prejuízos nos silos e às indústrias que usam a soja, como o caso da proteína animal – e isso sem falar nas estradas, rodovias e pontes. No caso da soja, a expectativa antes das enchentes era de uma exportação de 23 milhões de toneladas, que foi reduzida para 20 milhões. O chamado complexo da soja, que abrange ainda o farelo, é o maior produto de exportação do Brasil, tendo a China como principal compradora.

Além disso, ela aponta uma possível perda na qualidade em parte da safra, o que deve impossibilitar a exportação em alguns casos. Em 2023, o produto foi responsável por 18% das vendas internacionais do estado, o que representou um ingresso de US$ 4,1 bilhões para o Rio Grande do Sul.

No caso do trigo, a expectativa é de queda de 6,9% na produção da safra, que será prejudicada ainda pelos impactos da chuva também em Santa Catarina. Por sua vez, para o milho, as perdas não tendem a ser tão relevantes, já que uma parte importante já havia sido colhida. Com chuvas ainda previstas para os próximos dias, Lodi afirma que é difícil estimar o tempo para uma normalização no Rio Grande do Sul. Segundo a Empresa de Extensão Técnica e Extensão Rural (Emater-RS), 76% da soja e 83% do milho plantados no estado já tinham sido colhidos antes das enchentes.

Nos últimos anos, os produtores do estado já haviam sofrido com fenômenos climáticos. No entanto, nas colheitas anteriores, ao contrário deste ano, o que ocorreu foi uma forte seca no Sul do país, impulsionado pela La Niña, que, ao contrário do El Niño, tende a causar períodos mais secos nesta parte da América do Sul.

Outro ponto a ser levado em consideração é a perda de tratores, caminhões e outras máquinas agrícolas que podem atrapalhar o plantio de algumas culturas, como o trigo. Mesmo nas áreas em que a água já baixou, o solo continua exarcado e ainda é cedo para saber as condições de plantio para as próximas safras.

Apesar do cenário de constantes problemas para o plantio, Lodi não acredita que haja grande estímulo para produtores deixarem de investir na atividade ou mudar o uso do solo. A analista lembra que a soja é muito relevante para o estado, contando com uma cadeia já pronta, que torna difícil que a produção seja substituída.

Impacto na indústria

Dos 497 municípios gaúchos, pelo menos 447 (cerca de 90%) foram afetados pelas enchentes, de acordo com o governo do Estado. Isso representa, segundo a Fiergs, 94,3% de toda a atividade econômica estadual. “Os locais mais atingidos incluem os principais polos industriais do Rio Grande do Sul, impactando segmentos significativos para a economia do Estado”, afirmou o presidente em exercício da Fiergs, Arildo Bennech Oliveira, em comunicado.

A tragédia levou à paralisação de fábricas de diversos setores, de montadoras a utensílios domésticos. Empresas desligaram as máquinas e concederam férias coletivas ou deram folga aos empregados, como no caso da Tramontina e da fábrica local da General Motors. O tema chegou a atingir os vizinhos, com a Fiat suspendendo sua atividade industrial em Córdoba, na Argentina, pela falta de insumos vindos do Sul do Brasil.

Riscos ao sistema financeiro

De acordo com a ata da última reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central, os desdobramentos da tragédia seguirão sendo acompanhados para definir a política monetária.

A catástrofe ocorre em um momento no qual cresce a discussão pelo mundo sobre a necessidade de bancos centrais levarem em conta as mudanças climáticas, já que os eventos extremos cada vez mais recorrentes afetam grande parte de sua área de atuação. Além de influenciar na inflação, em tragédias como a do RS, corridas bancárias, com grande volume de saques simultâneos, podem gerar algum estresse, que coloca riscos ao sistema financeiro em efeito cascata.

A Oxford Economics acredita que as enchentes no RS serão um obstáculo significativo ao crescimento nos próximos meses. Em relatório, a consultoria lembra que o governo federal anunciou um pacote de expansão fiscal de 0,5% do PIB, mas ainda vê riscos de impacto negativo para sua projeção de crescimento do PIB brasileiro de 1,2% neste ano, que já é mais baixa do que outras projeções.

Em um primeiro momento, o pacote anunciado pelo governo federal para reconstrução do Rio Grande do Sul foi de R$ 52 bilhões. Por sua vez, uma série de integrantes do governo afirmou, ao longo dos últimos dias, que o tema não deverá alterar a trajetória fiscal do país. Desta forma, os gastos não deverão entrar no limite orçamentário de 2024, o que traz dúvidas sobre o efeito para as contas públicas.

sexta-feira, 17 de maio de 2024

Fiergs pede ao governo Lula flexibilização trabalhista e novas linhas de crédito ao RS

Publicações | FIERGS-RS

A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) apresentou, nesta sexta-feira, 17, reivindicações ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltadas ao setor no Estado, que foi fortemente afetado por conta das enchentes na região. Dentre os pedidos, a federação solicitou flexibilização trabalhista nos moldes da lei adotada na pandemia da covid-19 e novas linhas de crédito às indústrias.

A reunião ocorreu no período da manhã com o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Participaram, dentre outros, o presidente em exercício da Fiergs, Arildo Bennech Oliveira, e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira.

Na ocasião, a Fiergs entregou ao governo federal um documento para pleitos na área de crédito, comércio exterior, trabalho e infraestrutura.

O programa apresentado, segundo a Fiergs, deve custar em torno de R$ 100 bilhões em 36 meses, período que a federação avalia ser preciso para reconstruir o Estado.

De acordo com Alckmin, mais de 90% da indústria no Rio Grande do Sul foi afetada pelas enchentes.

“A situação das empresas é muito difícil e a gente precisa dessas medidas hoje apresentadas ao governo federal com a maior prioridade possível”, disse o presidente em exercício da federação.

Segundo Bennech, os pleitos que se fazem mais urgentes dizem respeito a novas medidas de crédito e medidas de flexibilização trabalhista.

O “mote principal” da reunião, de acordo com a Fiergs, é manter o emprego e fazer com que as pessoas das regiões atingidas continuem trabalhando. Nesse sentido, Bennech pediu a regulamentação da lei 14.437, que retoma estrutura semelhante ao que foi adotado durante a crise causada pela pandemia de covid-19, flexibilizando leis trabalhistas. “É só regulamentar e colocar em uso lá no Rio Grande do Sul, que vai favorecer bastante as empresas aquela série de medidas que tem ali nessa lei”, pontuou.

De acordo com o pleito, o pagamento do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) “será custeado com recursos da União, mediante disponibilidade orçamentária e o pagamento do benefício será realizado enquanto durar a redução da jornada de trabalho e do salário ou a suspensão temporário do contrato de trabalho”.

Já sobre a linha de crédito, a Fiergs pede urgência sobre a questão. “O crédito me parece mais importante agora que é para as empresas poderem manter os seus funcionários, que hoje são mais de 500 mil pessoas com carteira assinada que estão com as suas casas cobertas de água”, disse Bennech.

Alckmin disse já ter conversado com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, sobre o tema, mas que ainda é preciso falar com o Ministério da Fazenda para definir a questão do juros, o fundo garantidor, e as linhas de crédito.

“Que devem ser para tudo, desde capital de giro, recomposição de máquinas, equipamentos, prédios, enfim, toda área de reconstituição”, disse o vice-presidente. “Pode, deve [vir novas medidas de crédito] e o principal é estabelecer os juros. O principal é qual vai ser o tamanho da equalização”, comentou Alckmin.

O pedido da Fiergs é que sejam criadas linhas de créditos especiais a juro zero para capital de giro, pagamento de folha e aquisição de máquinas e equipamentos. De acordo com o vice-presidente da República, Lula deve sancionar a lei que institui o programa de depreciação acelerada de máquinas e equipamentos novos nos próximos dias. Nesse sentido, o ministro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) disse que está sendo estudado um programa de depreciação acelerada especificamente para o Rio Grande do Sul.

Alckmin reiterou que o governo federal terá “todo o empenho” para que se recupere a atividade da indústria e o emprego na região. Enquanto isso, Bennech disse estar “satisfeito” com as atitudes do chefe do Executivo, citando as três vezes que Lula viajou ao Estado para acompanhar a situação da tragédia.

 

Lesoto abre mercado para carne de aves do Brasil

 

Exportação de frango para Argélia pode começar em 2024 – O ...

O Brasil poderá exportar carne de aves para o Lesoto, localizado no centro-leste da África do Sul, informaram o Ministério da Agricultura e o Ministério das Relações Exteriores, em nota conjunta. A abertura de mercado foi comunicada nesta sexta-feira, 17, pelo Reino do Lesoto ao governo brasileiro.

Segundo o Ministério da Agricultura, as negociações para o acordo começaram em novembro do ano passado.

O Lesoto importa em torno de 8 mil toneladas de carne de aves por ano, segundo dados do Ministério.

O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango, somando 5 milhões de toneladas e US$ 9,61 bilhões em 2023.

No ano, o Brasil conquistou 43 novos mercados para produtos agropecuários.

Em evento do BC, ex-presidentes defendem comunicação da autoridade monetária

Ficheiro:Banco Central do Brasil logo.png – Wikipédia, a ...

O debate sobre os 30 anos do Plano Real com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e ex-chefes da autoridade monetária saiu do script para comentar a comunicação do BC. A fala mais enfática foi do ex-presidente Gustavo Franco, que reforçou a unidade da autoridade monetária.

“Na nossa época, a comunicação era meio jazz, não tínhamos as regras de hoje. O que vocês fazem hoje é mais música clássica, é um jeito de trabalhar que não deve haver improviso na comunicação. O que dialoga com outro assunto que é a colegialidade e da unidade da diretoria do Copom. Fala-se do STF, que são 11 Supremos, mas aqui não são 9 bancos centrais, é um só”, afirmou.

Para Gustavo Loyola, evidentemente o grau de comunicação e transparência do BC vai aumentando, seguindo a tendência que também ocorre com as pessoas. “Acho que há certos tipos de discussão do Banco Central que eu sinceramente tenho sérias dúvidas se devem ser colocadas a público, pelo menos de maneira imediata. São discussões que devem ser feitas de maneira mais fechada até para a riqueza da própria discussão”, defendeu.

Na visão de Persio Arida, haverá uma enorme modificação na forma de comunicação, relacionada à incorporação da inteligência artificial nas projeções de inflação e juros. “A comunicação do Banco Central vai ser a discordância ou concordância com um modelo de inteligência artificial. O modelo diz isso e nós achamos isso, o que envolve uma forma radical de o BC se comunicar”, disse.

Pedro Malan, por sua vez, destacou que a preocupação com a guidance e comunicados tem o objetivo de ancorar expectativas e exige coerência do discurso, porque a sociedade precisa saber que a intenção de estabilizar é forte e que será seguida com tenacidade. Ele ponderou, também, a sutileza das comunicações, porque não é trivial apontar limitações para a atuação do BC em função da necessidade de ação de outros Poderes.

Indústrias do RS pedem ao governo Lula flexibilização trabalhista e mais crédito

 


Porto Alegre, 03/05/2024, Rio Guaíba, usina do gasômetro, em Porto Alegre após chuva intensa. Foto: Gilvan Rocha/Agência Brasil

A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) apresentou, nesta sexta-feira, 17, reivindicações ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltadas ao setor no Estado, que foi fortemente afetado por conta das enchentes na região. Dentre os pedidos, a federação solicitou flexibilização trabalhista nos moldes da lei adotada na pandemia da covid-19 e novas linhas de crédito às indústrias.

A reunião ocorreu no período da manhã com o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Participaram, dentre outros, o presidente em exercício da Fiergs, Arildo Bennech Oliveira, e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira.

Na ocasião, a Fiergs entregou ao governo federal um documento para pleitos na área de crédito, comércio exterior, trabalho e infraestrutura.

O programa apresentado, segundo a Fiergs, deve custar em torno de R$ 100 bilhões em 36 meses, período que a federação avalia ser preciso para reconstruir o Estado.

De acordo com Alckmin, mais de 90% da indústria no Rio Grande do Sul foi afetada pelas enchentes.

“A situação das empresas é muito difícil e a gente precisa dessas medidas hoje apresentadas ao governo federal com a maior prioridade possível”, disse o presidente em exercício da federação.

Segundo Bennech, os pleitos que se fazem mais urgentes dizem respeito a novas medidas de crédito e medidas de flexibilização trabalhista.

O “mote principal” da reunião, de acordo com a Fiergs, é manter o emprego e fazer com que as pessoas das regiões atingidas continuem trabalhando. Nesse sentido, Bennech pediu a regulamentação da lei 14.437, que retoma estrutura semelhante ao que foi adotado durante a crise causada pela pandemia de covid-19, flexibilizando leis trabalhistas. “É só regulamentar e colocar em uso lá no Rio Grande do Sul, que vai favorecer bastante as empresas aquela série de medidas que tem ali nessa lei”, pontuou.

De acordo com o pleito, o pagamento do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) “será custeado com recursos da União, mediante disponibilidade orçamentária e o pagamento do benefício será realizado enquanto durar a redução da jornada de trabalho e do salário ou a suspensão temporário do contrato de trabalho”.

Já sobre a linha de crédito, a Fiergs pede urgência sobre a questão. “O crédito me parece mais importante agora que é para as empresas poderem manter os seus funcionários, que hoje são mais de 500 mil pessoas com carteira assinada que estão com as suas casas cobertas de água”, disse Bennech.

Alckmin disse já ter conversado com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, sobre o tema, mas que ainda é preciso falar com o Ministério da Fazenda para definir a questão do juros, o fundo garantidor, e as linhas de crédito.

“Que devem ser para tudo, desde capital de giro, recomposição de máquinas, equipamentos, prédios, enfim, toda área de reconstituição”, disse o vice-presidente. “Pode, deve [vir novas medidas de crédito] e o principal é estabelecer os juros. O principal é qual vai ser o tamanho da equalização”, comentou Alckmin.

O pedido da Fiergs é que sejam criadas linhas de créditos especiais a juro zero para capital de giro, pagamento de folha e aquisição de máquinas e equipamentos. De acordo com o vice-presidente da República, Lula deve sancionar a lei que institui o programa de depreciação acelerada de máquinas e equipamentos novos nos próximos dias. Nesse sentido, o ministro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) disse que está sendo estudado um programa de depreciação acelerada especificamente para o Rio Grande do Sul.

Alckmin reiterou que o governo federal terá “todo o empenho” para que se recupere a atividade da indústria e o emprego na região. Enquanto isso, Bennech disse estar “satisfeito” com as atitudes do chefe do Executivo, citando as três vezes que Lula viajou ao Estado para acompanhar a situação da tragédia.