domingo, 26 de maio de 2024

Governo libera mais R$ 6,7 bi para compra de arroz

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Duas medidas provisórias (MPs) foram editadas anteontem destinando mais R$ 6,7 bilhões para a importação de arroz beneficiado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo nota da Conab, a União destinou até agora R$ 7,2 bilhões para a importação de até 1 milhão de toneladas de arroz como forma de enfrentar as perdas nas lavouras em razão das enchentes no Rio Grande do Sul.

O produto adquirido pela Conab será destinado à venda direta para mercados de vizinhança, supermercados, hipermercados, atacarejos e estabelecimentos comerciais. Esses estabelecimentos deverão vender o arroz exclusivamente para o consumidor final – que deverá pagar no máximo R$ 4 pelo quilo do cereal.

Moraes nega recurso de Bolsonaro contra inelegibilidade

 

A jogada de mestre de Alexandre de Moraes – Opinião ...

O ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), negou um recurso da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e do seu candidato a vice em 2022, Walter Braga Netto, contra a decisão que declarou a inelegibilidade dos dois. O motivo da condenação foi o uso das comemorações do Bicentenário da Independência em Brasília e no Rio de Janeiro para fins eleitorais.

A defesa queria que o recurso fosse analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Antes disso, é preciso que o presidente do TSE analise se a ação cumpre os requisitos para ser enviada ao Supremo. Moraes entendeu que não. “A controvérsia foi decidida com base nas peculiaridades do caso concreto, de modo que alterar a conclusão do acórdão recorrido pressupõe revolvimento do conjunto fático-probatório dos autos, providência que se revela incompatível com o recurso extraordinário”, afirmou na decisão, que foi publicada hoje e assinada na última sexta-feira, 24.

Dia da Indústria: setor busca modernização, com inovação e compromisso sustentável

 Confederação Nacional da Indústria – Wikipédia, a ...


O programa Nova Indústria Brasil, lançado no início deste ano, é a grande aposta do governo Lula para reverter o processo de desindustrialização que afeta a economia brasileira nas últimas décadas. Depois de alcançar mais de 21% nos anos 1980, a participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB) caiu para algo em torno de 10% em 2023, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Focada em inovação, modernização e transição energética, a nova política tem potencial para inverter esse movimento, desde que as propostas sejam implementadas conforme descritas no programa. “Trata-se de uma política pública moderna, que redefine escolhas para o desenvolvimento sustentável, com mais investimento, produtividade, exportação, inovação e empregos, por meio da neoindustrialização”, disse o vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria, Léo de Castro. Hoje, na comemoração do Dia da Indústria, o que setor pede é celeridade na adoção dessa nova agenda.

Por mais que o Brasil tenha tentado estratégias semelhantes – e as condições em relação ao século passado, principalmente, serem outras -, e o mundo ter se voltado para a inovação atrelada à economia de baixo carbono até antes da pandemia, a questão agora é saber como acelerar processos e evitar os erros do passado.

“Essa retomada da política industrial no Brasil ocorre, na verdade, com atraso, mesmo quando comparada com países da América Latina e outras nações em desenvolvimento. O mundo mudou muito em relação aos anos 90 e à forma como os países usam suas políticas, por exemplo, no comércio internacional. O exemplo mais categórico disso são os Estados Unidos com o plano Biden”, afirma o economista Marco Antônio Rocha, professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Segundo o pesquisador, desde pelo menos 2012, o planeta, e principalmente os países desenvolvidos, já definiu os alicerces da chamada indústria 4.0.

CNI cobra agilidade


Além de chegar atrasado ao “baile” da inovação industrial – e os próprios dirigentes da CNI cobraram, nas últimas semanas, mais celeridade na implantação do Nova Indústria Brasil -, é preciso que os gestores fujam do que não deu certo no passado, segundo o economista Armando Castelar, professor da FGV Direito Rio e do Instituto de Economia da UFRJ e pesquisador associado do FGV IBRE. “O mais importante para que esse novo plano para o setor não volte a fracassar é entender que simplesmente proteger as empresas de baixa produtividade não vai tornar o setor mais competitivo a médio prazo.” A vocação de uma política industrial, segundo o pesquisador, deve ser exatamente o contrário.

“A principal causa da perda de participação da indústria de transformação no PIB é seu fraco desempenho em termos de produtividade: essa tem, de fato, caído”, diz Castelar. Segundo ele, os planos anteriores para o setor buscaram compensar isso com medidas de proteção contra importações mais baratas e competitivas, via barreiras às importações, exigências de conteúdo local e subsídios diversos, em especial via financiamento público com juros reais muito baixos ou mesmo negativos. “Essas medidas buscavam compensar a baixa produtividade, mas não aumentá-la”, avalia Castelar.

Mergulhar profundamente nas águas da inovação é uma das premissas essenciais para que as empresas brasileiras consigam ganhar terreno na participação do PIB, segundo Rocha, da Unicamp. “A questão da incorporação da agenda climática na indústria, tão exigida hoje, por exemplo, não pode ser um mantra. É um esforço que depende da modificação da estrutura produtiva do País, do investimento em ciência, tecnologia e inovação, itens que, historicamente, fazem parte de políticas nacionais.”

Se há um plano sobre a mesa com diretrizes modernas, e que aponta para setores industriais específicos, existem outros processos ainda mais delicados a serem atacados, segundo Rocha. “Para tudo o que vem sendo construído funcionar precisa, primeiro, de uma coordenação muito bem articulada das ações transversais relacionadas às compras públicas e ao fomento industrial e de inovação. O PAC deve dialogar muito bem com os esforços previstos na política relacionados, por exemplo, ao desenvolvimento de tecnologias para cidades resilientes, como as infraestruturas verdes. A segunda questão, e que mais me preocupa, é a capacidade fiscal do Estado. O fluxo de recursos, nesses casos, precisa ser estável.”

Sobre essas camadas mais elementares de uma política industrial existem outras igualmente importantes. A exacerbada competição internacional exige que investimentos vultosos sejam feitos, tanto do lado do governo quanto do lado privado. Sob pena de os setores nacionais ficarem pendurados apenas nos subsídios, sem terem resultados positivos para apresentar.

“Essa questão de atingir a competitividade internacional é um pouco mais complicada. Precisamos dobrar o nosso investimento em infraestrutura e dobrar os recursos em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Isso apenas para atingirmos o benchmark”, afirma o pesquisador do Unicamp. Chegar a esse patamar, segundo os dados internacionais, significa ficar, ainda, atrás de países que estão no topo da inovação tecnológica global, caso de Estados Unidos, China, Alemanha e Coreia do Sul.

As perspectivas do Nova Indústria Brasil

1. Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais para a segurança alimentar: fabricação de equipamentos para agricultura de precisão e máquinas e ampliação da capacidade produtiva da agricultura familiar para a produção de alimentos saudáveis

2. Complexo econômico industrial da saúde: ampliar a participação da produção no País de 42% para 70% das necessidades nacionais em medicamentos, vacinas, equipamentos e dispositivos médicos. E contribuir para fortalecer o SUS e melhorar o acesso à saúde

3. Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis: ampliar em 25 pontos porcentuais a participação da produção na cadeia da indústria do transporte público sustentável

4. Transformação digital da indústria: investir no desenvolvimento de produtos digitais e produção nacional de semicondutores

5. Bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas: aumentar o uso da biodiversidade pela indústria e reduzir em 30% a emissão de carbono da indústria nacional

6. Tecnologias para soberania e defesa nacionais: ações voltadas ao desenvolvimento de energia nuclear, sistemas de comunicação e sensoriamento, sistemas de propulsão e veículos autônomos e remotamente controlados

Como o jeito brasileiro ajudou a Brex a se tornar uma fintech avaliada em US$ 12 bi

 


Brasileiro Henrique Dubugras, da Brex, tem 26 anos e US$ 1,5 bilhão

Brasileiro Henrique Dubugras, da Brex, tem 26 anos e US$ 1,5 bilhão (Crédito: Reprodução/Facebook/Henrique Dubugras)

Um dos primeiros trabalhos de James Reggio na Brex, há pouco mais de três anos, foi criar o aplicativo da fintech de gestão de despesas corporativas californiana, avaliada em US$ 12,3 bilhões. “Um dos primeiros engenheiros que contratamos no Brasil se juntou ao nosso grupo e percebeu que estávamos fazendo algumas escolhas talvez pouco amigáveis ao usuário”, diz Reggio, que hoje é o chefe de engenharia (CTO) da Brex. “Ele fez então uma apresentação de diferentes aplicativos de fintechs e bancos brasileiros – e eu me lembro claramente dele nos mostrando como o Nubank resolveu o cadastro do cliente e o processo de integração de uma forma mais fácil do que o Brex -, o que mudou nossa perspectiva.”

Reggio diz que esse foi apenas um, de dezenas de momentos, nos quais viu na prática o ganho de ter culturas diferentes trabalhando juntas – sendo que a brasileira tem um tempero especial nesse caldeirão. Além dos fundadores da companhia, Pedro Franceschi e Henrique Dubugras, terem nascido no País, hoje a Brex tem 100 funcionários, ou cerca de 10% da mão de obra, no Brasil.

É uma fatia tão importante que esta semana três, dos oito executivos seniores da companhia, estiveram no País em uma série de reuniões com a equipe, bem como para buscar mais gente para se juntar aos quadros. “Por sermos uma empresa totalmente remota, é importante ter esses momentos para construir cultura e garantir que as mensagens sobre o negócio e para onde estamos indo sejam consistentes”, diz Heather Dunn, que comanda a área de pessoas (CPO) da Brex. “Temos diferentes princípios sobre a velocidade que nos movemos, como operamos, o que esperamos de nossos gestores, os tipos de objetivos e como os alcançamos, e isso é construído nesses encontros.”

O “jeito Brex”, diz Reggio, é ter alto grau de autonomia individual para atender o cliente, com a famosa cabeça de dono. “Podem parecer apenas palavras da moda, mas o objetivo é direcionar o próprio trabalho para entregar tanto para o cliente quanto para o negócio, em vez de ter um modelo organizacional muito centralizado e de cima para baixo”, diz ele. “Usamos esses momentos para disseminar conhecimento e garantir que todos estejam remando na mesma direção.”

Além da visita dos chefões ao País, periodicamente todos os 1.100 funcionários são levados a encontros em São Francisco. Além de conhecer de perto a empresa em que trabalham, também se aproximar de seu público-alvo. Apesar de dizerem que parte dos 30 mil clientes são globais, todos têm base nos EUA. Isso porque a Brex começou oferecendo soluções – como gestão de gastos, despesas, viagens e cartões corporativos – para empresas nascentes do Vale do Silício. O alcance aumentou nos últimos sete anos, principalmente depois da quebra do SVB, o Sillicon Valey Bank, conhecido como o banco das startups, no ano passado.

Com a expansão rápida e menos recursos para o setor, a Brex também teve de fazer cortes e enxugar operações. Só em janeiro, foram demitidos 20% dos funcionários. “Houve um tempo em que todas as startups estavam recebendo muito financiamento e podiam tentar várias coisas”, afirma Camilla Matias, chefe operacional (COO) da Brex. “Mas nos últimos anos, todas as empresas de tecnologia passaram a buscar a eficiência e o caminho para a lucratividade.” Uma das mudanças foi reduzir níveis hierárquicos e aproximar os gestores da operação – e esse movimento fez parte da visita dos executivos ao País.

A partir de agora, diz ela, o movimento é no sentido de executar projetos para o crescimento da empresa. Além de menos recursos no mercado, a Brex começou a enfrentar mais concorrência de todos os lados. “Uma coisa comum às startups é arrecadar fundos pelo mundo todo, sendo boa parte nos Estados Unidos”, diz Camilla. “Então, elas precisam ter uma conta lá e o fato de termos mais concorrentes hoje em dia significa que provamos a existência de um modelo de negócios bem sucedido.”

Flexibilidade e salário menor

Com mais desafios, diz ela, a flexibilidade brasileira é um diferencial. “Como qualquer empresa que cresce tão rápido como a Brex, é preciso mudar prioridades às vezes”, diz ela. “Não temos medo de tentar. Se não der certo, tudo bem. Vamos tentar novamente na outra semana.” Para ela, adaptabilidade é uma característica muito fácil de encontrar no Brasil, mais do que em outras partes do globo. “Aprendemos desde crianças no Brasil a sermos flexíveis e positivos”, afirma. “É uma vantagem e tanto.”

O salário menor do brasileiro, mas ainda acima da média do mercado na Brex, é outro atrativo. Camilla diz que a empresa se beneficia da diferença, mas investe no longo prazo, o que inclui se adaptar às exigências legais e ter uma estrutura de recursos humanos e advogados no País, bem como melhorar o inglês dos funcionários e até mesmo ajudar no visto e na visita às reuniões nos EUA.

“Poderíamos ter uma estrutura em que apenas o líder, à frente de um time local, falasse bem o inglês, como fazem muitas empresas maiores”, diz ela. “O desenvolvimento é mais rápido, não há choque cultural, mas acho que foi uma dessas decisões intencionais que trouxeram enormes dividendos.”

Além de aproximar o time local, a visita dos executivos também significou novas contratações no País. Além de um líder para pessoas local, a Brex também busca cientistas de dados no Brasil. “Começamos a investir bem cedo em aprendizado de máquina e inteligência artificial”, diz Reggio. “Um de nossos principais diferenciais foi a capacidade de conceder linhas de crédito a negócios que anteriormente não podiam ser avaliados, e usamos aprendizado de máquina e IA para fazer isso.” Com o advento dos novos modelos generativos, a ideia é intensificar esse uso.

Com as transformações do mercado, a Brex perdeu algumas posições no ranking das empresas mais disruptivas do mundo, da CNBC. Após ter ficado em segundo lugar por dois anos, apareceu em quarto, na lista divulgada este mês. “Estamos muito felizes porque estamos entre os cinco maiores disruptores, no ano passado houve muito barulho em torno de IA (que estão à frente da Brex na lista) e muitos de nossos competidores estão atrás da gente”, diz Camilla. “Isso significa que continuamos sendo relevantes com o passar do tempo e vários de nossos clientes estão no ranking. Se eles crescem, nós crescemos com eles. Simples assim.”

Além do Brasil, o Canadá, fora dos EUA, é o país no qual a Brex mais contrata. Segundo Reggio, a cultura de engenharia canadense emergiu nos últimos 10 anos. Pessoas que conseguiam empregos de engenharia de software preferiam trabalhar para grandes bancos e empresas, mas a cultura de empreendedorismo e capital de risco têm emergido no País, num fenômeno bastante recente.


Ceará: universidade desenvolve tecnologia para captar hidrogênio verde

 

O que é Hidrogênio Verde (H2V) e qual sua importância ...

O Laboratório de Mecânica da Fratura e Fadiga (LAMEFF) da Universidade Federal do Ceará (UFC) criou tecnologia mais barata e renovável para extrair hidrogênio verde, considerado uma fonte energética alternativa aos combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, que provocam aquecimento global.

Em pesquisa de doutorado no Programa de Engenharia e Ciências Materiais da UFC, o físico Santino Loruan criou uma membrana de quitosana para uso em eletrolizadores que separam na água (H2O) as moléculas de hidrogênio do oxigênio. O hidrogênio vira gás combustível e pode ser usado como fonte de energia.

A membrana de quitosana é feita a partir da casca de camarão ou de caranguejo, fartamente encontrada no litoral brasileiro, e substitui uma membrana sintética (nafion) importada e de custo mais elevado. Diferente da membrana nafion, a membrana de quitosana não polui o ambiente quando descartada.

Membrana Quitosana no laboratório de Mecânica da Fratura e Fadiga da Universidade Federal do Ceará – LAMEFF/UFC

Na pesquisa, o eletrolizador foi ativado com uso de energia limpa (energia solar), o que tornou todo o processo ambientalmente sustentável e por isso o combustível gerado é chamado de “hidrogênio verde”. Ao ser gerado por energia solar, o hidrogênio se torna um vetor energético de fonte limpa.

Eletrolisador no laboratório de Mecânica da Fratura e Fadiga da Universidade Federal do Ceará – LAMEFF/UFC

Conforme o engenheiro Enio Pontes de Deus, coordenador do LAMEFF e orientador de Santino Loruan, “o hidrogênio, na verdade, não tem cor nenhuma. É um gás inerte e incolor, o elemento mais abundante na atmosfera. Ele é verde porque é obtido com fonte renovável.”

A membrana de quitosana foi patenteada pela Universidade Federal do Ceará. “Nós patenteamos essa membrana. Hoje ela é um produto, uma tecnologia nacional, que entra no mercado, e passa a competir com outras membranas”, descreve Enio Pontes.

A invenção da membrana será uma das inovações apresentadas na Conferência Internacional das Tecnologias das Energias Renováveis (Citer), que ocorre de 3 a 5 de junho, em Teresina (PI).

A conferência reunirá 180 palestrantes de diversos países, em 45 painéis de formato híbrido (participações presenciais e remotas). A expectativa dos organizadores é que a conferência receba 10 mil pessoas, inclusive empresários que possam se interessar pela produção industrial da membrana criada na UFC e outras inovações brasileiras.

A entrada é gratuita. Além de empresários, pesquisadores e especialistas em energia renovável esperam atrair público leigo que possa ter interesse por ciência. “Nós precisamos dar acesso à população sobre a produção científica, para colaborar com a conscientização sobre a importância da ciência e da tecnologia para o desenvolvimento do país e para o desenvolvimento da humanidade”, defende Ana Paula Rodrigues, presidente do Instituto de Cooperação Internacional para o Meio Ambiente e uma das idealizadoras da conferência.

Cigarro pode ser taxado em 250% e cerveja em 46%, estima Banco Mundial

 


Cigarros estão entre produtos que podem sofrer aumento de taxação

Ferramenta desenvolvida pelo Banco Mundial traz, pela primeira vez, estimativa das alíquotas do Imposto Seletivo, o chamado “imposto do pecado”, que incidirá sobre itens considerados nocivos à saúde e ao ambiente. Trata-se de um dos pontos de maior divergência na regulamentação da reforma tributária, que começará a ser analisada por um grupo de trabalho na Câmara dos Deputados.

O organismo internacional, que acompanha de perto a mudança nos tributos brasileiros e seus impactos distributivos, considerou uma taxa de 32,9% para os refrigerantes; 46,3% para cerveja e chope; 61,6% para outras bebidas alcoólicas; e 250% no caso dos cigarros.

Esses porcentuais foram projetados pelo banco com base em informações repassadas pelo Ministério da Fazenda, mas não refletem as cobranças exatas do Seletivo, que têm particularidades conforme o produto, e só serão definidas futuramente, por meio de lei ordinária.

Em nota, a Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária afirma que repassou aos economistas do banco as alíquotas consideradas pela equipe de quantificação, as quais têm o objetivo de manter a carga tributária desses produtos. Os técnicos da Fazenda frisaram, porém, que se trata de “hipóteses de trabalho”.

O objetivo dos economistas do banco foi dar uma dimensão a essas cobranças e, assim, viabilizar simulações no âmbito do novo sistema tributário – que terá uma segunda guerra de lobbies no Congresso.

Tributaristas alertam que essa fase de regulamentação da reforma será ainda mais intricada e delicada do que o texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), promulgado no ano passado. Cada vírgula, das 360 páginas da lei complementar, poderá ter impacto na alíquota final do Imposto sobre Valor Agregado (o IVA, que unificará cinco tributos).

Por isso, a aposta do banco na criação da ferramenta, que foi batizada de Simulador de Imposto sobre Valor Agregado (SimVat, na sigla em inglês). A intenção do organismo é de que pesquisadores, parlamentares e contribuintes testem os efeitos de eventuais alterações na lei.

“Ao lançar o SimVat, o Banco Mundial enfatiza a importância de usar evidências concretas e sugestões baseadas em dados para inspirar o texto final da reforma”, diz Shireen Mahdi, economista principal da entidade para o Brasil.

A ferramenta mostra, por exemplo, que, caso não haja incidência de Seletivo sobre bebidas alcoólicas, refrigerantes e cigarros, a alíquota-padrão do novo IVA passaria de 26,5% para 28,1%. A Fazenda tem destacado que o imposto do “pecado” não tem fins arrecadatórios, e sim regulatórios – de combater hábitos de consumo nocivos à saúde e ao ambiente.

No entanto, como uma das premissas da reforma é ser fiscalmente neutra, mantendo a carga tributária vigente, todo o sistema está inevitavelmente interligado. Logo, se a cobrança é reduzida em uma ponta, ela tem de aumentar em outra para compensar.

CESTA BÁSICA. No caso da cesta básica, outro tema controverso, o SimVat mostra que novas ampliações da lista, combinadas com a eliminação do cashback (devolução de imposto aos mais pobres), podem ser uma maneira ineficiente de ajudar os mais vulneráveis.

Se a isenção fosse estendida a todos os alimentos e não houvesse o cashback, a alíquota do IVA, segundo a plataforma, aumentaria de 26,5% para 28,3%.

Nesse caso, os 10% mais ricos da população teriam um leve aumento de carga tributária, que passaria de 8,2% para 8,3%, como proporção da renda. Já os 10% mais pobres veriam a sua taxação saltar de 22,1% para 25,3%.

“Com dados oportunos e valiosos, os formuladores de políticas podem tomar decisões informadas que têm grandes impactos, especialmente para populações vulneráveis”, diz Shireen, do Banco Mundial.

EMBATE. A cesta básica, no entanto, é um ponto de embate entre setores e para o qual ainda não há consenso no âmbito do Congresso Nacional. Os supermercados e o agronegócio, por exemplo, não abrem mão de incluir as carnes na lista do imposto zero, e já iniciaram conversas com parlamentares para viabilizar essa alteração.

O argumento é de que a proteína animal pode acabar saindo de vez da dieta dos mais pobres. Pelo projeto do governo, as carnes foram enquadradas na alíquota reduzida, com desconto de 60% da padrão, à exceção de alguns itens considerados de luxo, que pagarão alíquota cheia.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI), por sua vez, vai na direção contrária e já firmou posição contrária à ampliação da lista de produtos com alíquota zero ou com tributação reduzida, como os itens que integram a cesta.

A preocupação é exatamente com um eventual aumento da alíquota-padrão. “Não vamos sugerir nenhuma inclusão porque o que a gente quer é que a alíquota de referência seja a menor possível, que é onde todo mundo vai pagar”, afirmou ao Estadão o superintendente de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

sábado, 25 de maio de 2024

Padilha diz que governo vai continuar convidando dirigentes para eventos com Lula

 

 

 

As ausências do governador de São Paulo, Tarciso de Freitas (Republicanos) e do prefeito Ricardo Nunes (MDB) na agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, neste sábado, 25, ocorreram por decisões dos dirigentes, disse o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. “O presidente Lula convidou o governador, convidou o prefeito”, disse, afirmando que a “época de conflito” acabou.

“Vamos continuar convidando sempre”, continuou Padilha, durante inauguração de obras na rodovia Presidente Dutra. “A época de conflito, onde tinha uma máquina de produzir conflito federativo no País, lá no terceiro andar do Palácio, acabou”, disse.

O ministro brincou citando o cantor Domenico Lancelotti. “Tem uma música do Domenico que diz ‘te convidei pra um samba, você não foi, eu vou esquecer’. Vou esquecer que você não veio, vou continuar te convidando sempre”. Segundo ele, o convite foi feito na última quarta-feira, 22, assim que o presidente confirmou a agenda.