Esta
é a menor cotação da moeda desde 17 de julho, enquanto principal índice
da B3 acumula alta semanal de 3,8% na semana e encerra dia no maior
patamar desde fevereiro
O
dólar à vista emplacou nesta sexta-feira, 9, a quarta sessão
consecutiva de queda ante o real, chegando a oscilar abaixo dos R$ 5,50
durante o dia, com as cotações refletindo novamente a busca por ativos
de risco em todo o mundo.
A
moeda norte-americana à vista fechou o dia em queda de 1,05%, cotada a
R$ 5,5151. Esta é a menor cotação de fechamento desde 17 de julho,
quando encerrou em R$ 5,4850. Veja cotações.
Com
o recuo dos últimos quatro dias, o dólar à vista acumulou baixa de
3,43% na semana. Foi a primeira queda semanal após três semanas
consecutivas de ganhos.
Às 17h05, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,38%, a R$ 5,5285 na venda.
E
o Ibovespa engatou a quarta alta consecutiva nesta sexta-feira e fechou
na máxima desde o final de fevereiro, acima de 130 mil pontos, em meio à
repercussão de uma bateria de balanços corporativos, com Vivara e Lojas
Renner entre os maiores ganhos após resultados trimestrais acima das
expectativas de analistas.
Na
contramão, Petrobras encerrou em baixa, um dia após reportar o primeiro
prejuízo trimestral em quase quatro anos, além de ter cortado previsão
de investimentos e anunciado R$ 13,57 bilhões em remuneração a
acionistas, utilizando para o pagamento R$ 6,4 bilhões das reservas de
capital.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o
Ibovespa encerrou em alta de 1,52%, a 130.614,59 pontos, maior patamar
de fechamento desde 27 de fevereiro (131.689,37), acumulando um
acréscimo de 3,78% na semana, após três semanas acumulando sinal
negativo.
Na
máxima do dia, chegou a 130.631,17 pontos. Na mínima, a 128.661,52
pontos. O volume financeiro no pregão somou R$ 26,6 bilhões.
O dólar no dia
A
semana foi marcada por forte volatilidade nos mercados globais, que se
refletiu nos negócios também no Brasil. Na segunda-feira, os receios de
que os EUA possam estar a caminho de uma recessão fizeram o dólar chegar
a ser cotado a 5,86 reais durante o dia.
Desde terça-feira, no
entanto, novos dados sobre a economia norte-americana reduziram a
expectativa por uma recessão iminente nos EUA, o que fez os investidores
retomarem a busca por ativos de maior risco, como ações e moedas de
países emergentes como o real, o peso chileno e o peso mexicano.
O
enfraquecimento do iene ante o dólar em sessões anteriores era outro
fator, apontado por profissionais do mercado, para que as moedas de
emergentes como o real tenham se fortalecido nos últimos dias. O
movimento interrompeu desmontagens de operações de carry trade que, nas
últimas semanas, vinham penalizando as divisas de emergentes.
No
carry trade, investidores tomam recursos em países como o Japão, onde as
taxas de juros são baixas, e reinvestem em países como o Brasil, onde a
taxa de juros é maior. Na desmontagem destas operações, o real vinha
sendo penalizado.
Nesta sexta-feira, a busca por risco deu
novamente o tom nos mercados globais, o que fez o dólar cair ante a
maioria das demais divisas.
“Iniciamos a semana com um sentimento
muito ruim em relação à recessão nos EUA, mas isso deu uma normalizada, o
que se reflete nos juros e no câmbio”, comentou durante a tarde Felipe
Izac, sócio da Nexgen Capital, ao avaliar a queda firme do dólar ante o
real e o fechamento da curva de juros brasileira nesta sexta.
“Por mais que ainda tenha problemas fiscais, o Brasil ainda é um país com entrada de capital estrangeiro”, acrescentou.
Neste
cenário, o dólar oscilou em baixa durante toda a sessão. Após marcar a
cotação máxima de 5,5552 reais (-0,33%) às 9h05, pouco depois da
abertura, o dólar à vista atingiu a mínima de 5,4917 reais (-1,47%) às
14h19. Depois de tocar abaixo dos 5,50 reais, no entanto, a moeda
recuperou um pouco de força.
A baixa firme do dólar era vista
também no exterior em relação às divisas de países emergentes e ante uma
cesta de moedas fortes. Às 17h22 o índice do dólar — que mede o
desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas —
caía 0,14%, a 103,140.
Pela manhã o Banco Central vendeu todos os
12.000 contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de
rolagem do vencimento de 1º de outubro de 2024.
Também pela manhã,
com efeitos reduzidos no câmbio, o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) informou que o índice oficial de inflação, o IPCA,
subiu 0,38% em julho, registrando a maior taxa desde fevereiro, após
alta de 0,21% em junho. No acumulado de 12 meses até julho, o IPCA teve
alta de 4,50%, ficando no teto da meta de inflação do Banco Central.
Os
números vieram um pouco acima das expectativas apontadas por
economistas em pesquisa da Reuters, de aumento de 0,35% em julho e de
alta de 4,47% em 12 meses.
O dia do Ibovespa
O cenário
externo favorável a ativos de risco endossou a performance das ações
brasileiras, com alta nos pregões em Wall Street, recuo nos rendimentos
dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, avanço do petróleo. A queda
do dólar ante o real e o alívio na curva de juros no Brasil reforçaram o
tom positivo.
A equipe da Santander Asset Management afirmou que
segue com posicionamento neutro na bolsa brasileira, conforme carta
mensal enviada a clientes.
Eles avaliam que tanto o valuation das
empresas como as projeções de lucros seguem construtivos, podendo
sustentar uma eventual alta do Ibovespa. No entanto, ponderam que o
patamar elevado de juros no Brasil e nos EUA retira a atratividade por
investimentos em ativos de risco.
“Ainda não observamos um fluxo
relevante do investidor estrangeiro na bolsa local e seguimos com poucos
gatilhos que possam impactar positivamente o Ibovespa no curto prazo”,
afirmaram, chamando ainda a atenção para incertezas em relação à
política fiscal.
Na pauta doméstica, o IPCA acelerou mais do que o
previsto no mês passado, com alta de 0,38%, colocando a taxa em 12
meses em 4,50%, no limite da meta de inflação perseguida pelo Banco
Central, o que referenda perspectivas de manutenção da taxa Selic em
patamar restritivo, com risco de aumento.
Para o economista-chefe
da G5 Partners, Luis Otávio Leal, o IPCA contribui para a percepção de
que o processo desinflacionário no Brasil será, de fato, mais desafiador
e reforça a cautela externalizada pelo Banco Central, bem como a
expectativa de que a Selic permaneça em 10,5% até o fim do ano.
DESTAQUES
–
PETROBRAS PN caiu 0,92%, após prejuízo líquido de 2,6 bilhões de reais
no segundo trimestre, seu primeiro resultado negativo desde o terceiro
trimestre de 2020, principalmente por impactos tributários e cambiais.
Em termos recorrentes, teve lucro de 15,7 bilhões de reais, abaixo do
esperado no mercado. A Petrobras também cortou previsão para
investimentos em 2024, mas sem efeito na curva de produção. Analistas do
UBS BB chamaram a atenção para o uso da reserva de capital para o
pagamento de dividendos ordinários, avaliando que tira referência para
previsões e adiciona incerteza sobre yields. O CFO da companhia disse
que a estatal poderá distribuir dividendos extraordinários ao fim do ano
se o caixa ficar acima do necessário para a empresa.
– VIVARA ON
disparou 7,38%, marcando uma máxima desde meados de março, tendo no
radar resultado do segundo trimestre com lucro líquido de 210,96 milhões
de reais, quase o dobro do montante registrado um ano antes e maior do
que projeções no mercado. A companhia também reportou uma expansão de
23,9% no Ebitda ajustado, para 164 milhões de reais, com a margem nessa
métrica passando de 23,6% para 25%.
– LOJAS RENNER ON saltou
6,55%, alcançando uma máxima em três meses, reagindo ao lucro líquido de
315 milhões de reais no segundo trimestre, que superou as previsões de
analistas. As vendas no conceito mesmas lojas cresceram 2,7% ante tombo
de 6,8% no segundo trimestre de 2023.
– B3 ON avançou 5,9%, um dia
após reportar lucro líquido recorrente de 1,23 bilhão de reais nos
meses de abril a junho deste ano, alta de 5% ano a ano, contra
expectativa média de analistas consultados pela LSEG de lucro de 1,17
bilhão de reais no período. A receita líquida cresceu 10,2%. A companhia
ampliou programa de recompra em até 110 milhões de ações.
– ITAÚ
UNIBANCO PN subiu 2,7%, em sessão positiva para o setor no Ibovespa, com
BANCO DO BRASIL ON valorizando-se 1,37% e SANTANDER BRASIL UNIT
fechando em alta de 1,38%. BRADESCO PN avançou 2,46%, tendo ainda como
pano de fundo acordo com a John Deere Brasil S.A, que prevê um aporte de
capital para deter 50% de participação do Banco John Deere, a fim de
fortalecer seu posicionamento nos setores de agronegócio e construção.
BTG PACTUAL UNIT, que divulga balanço na próxima semana, encerrou com
acréscimo de 0,35%.
– CYRELA ON ganhou 5,42%, após a construtora
divulgar avanço de 47% no lucro líquido do segundo trimestre em relação
ao reportado no mesmo período do ano passado, para 412 milhões de reais,
acima das previsões de analistas. O CFO da companhia disse que a Cyrela
tem observado uma alta nos custos de construção, tema que é visto com
preocupação pela liderança, mas isso não deve impactar as margens
futuras.
– ALPARGATAS PN cedeu 4,35%, mesmo após divulgar lucro
líquido de operações continuadas de 23,4 milhões de reais no segundo
trimestre, revertendo prejuízo apurado um ano antes.
– YDUQS ON
recuou 3,46%, após divulgar uma queda de 22,5% no lucro líquido do
segundo trimestre em relação ao apurado no mesmo período do ano passado,
para 24,8 milhões de reais. Excluindo efeitos não recorrentes, o lucro
subiu 9,1%.
– ASSAÍ ON perdeu 1,72%, enquanto agentes analisavam o
balanço do segundo trimestre, que mostrou queda de 21,2% no lucro
líquido do segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano
anterior, para 123 milhões de reais.
– VALE ON terminou com
variação positiva de 0,37%, seguindo o tom mais positivo na B3, em dia
de desempenho misto do minério de ferro na Ásia, onde o contrato mais
negociado em Dalian, na China, fechou com acréscimo de 0,27%, enquanto o
vencimento de referência em Cingapura caiu 0,78%