Índice da B3 registrou a 5ª sessão seguida em queda
Após
se reaproximar dos R$ 5,60 pela manhã, o dólar desacelerou no Brasil
nesta segunda-feira, 23, mas ainda assim terminou o dia em leve alta, na
segunda sessão consecutiva de ganhos em função das dúvidas do mercado
sobre a capacidade do governo Lula de equilibrar as contas públicas.
O
dólar à vista fechou o dia em alta de 0,26%, cotado a R$ 5,5352. Em
setembro, no entanto, a divisa dos EUA acumula baixa de 1,79%. Veja cotações.
Às 17h03, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,28%, a 5,5390 reais na venda.
O
Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira, seu quinto pregão
consecutivo de declínio, com deterioração da percepção fiscal no país
diante de ajustes na contenção de gastos pelo governo, apesar do viés
positivo nas bolsas norte-americanas.
Índice de referência do
mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,38%, a 130.568,37
pontos, menor patamar de fechamento desde 8 de agosto. Na mínima da
sessão, chegou a 130.099,62 pontos. Na máxima, marcou 131.065,44 pontos.
O volume financeiro no pregão somou R$ 19,6 bilhões.
O dólar no dia
A
moeda norte-americana atingiu o pico da sessão logo após a abertura,
com as cotações dando continuidade ao forte movimento da sexta-feira.
Por trás disso estavam os receios em torno do equilíbrio fiscal.
Na
noite de sexta-feira os ministérios do Planejamento e da Fazenda
apontaram, por meio do Relatório de Receitas e Despesas, a necessidade
de ampliar em 2,1 bilhões de reais o bloqueio de verbas de ministérios
para cumprir o limite de gastos deste ano, totalizando uma contenção de
13,3 bilhões de reais. Segundo projeções da equipe econômica, o governo
central fechará 2024 com déficit primário de 28,3 bilhões de reais.
Em
entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, o
secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou
que há incômodo na equipe econômica do governo em relação a uma suposta
“irracionalidade” na percepção dos agentes econômicos sobre a gestão
fiscal. Ele citou a “especulação mal-feita” em meio a críticas de
analistas sobre saídas criativas para contornar restrições das regras
fiscais.
Apesar das reclamações do governo, o mercado seguiu
colocando mais prêmios na curva a termo brasileira nesta segunda-feira,
enquanto o dólar escalou em direção aos 5,60 reais.
“Há um
descontentamento de alguns economistas do mercado com a área fiscal do
governo. Com isso, o dólar continuou hoje o movimento de alta visto na
sexta-feira”, pontuou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson
Rugik.
Às 9h06, logo após a abertura, o dólar à vista registrou a cotação máxima de 5,5995 reais (+1,42%).
Depois
disso o dólar começou a perder força ante o real, com alguns agentes do
mercado aproveitando as cotações mais elevadas para vender a moeda
norte-americana. Além disso, declarações do ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, ajudaram a aliviar a pressão no câmbio.
Em Nova
York, Haddad reforçou o compromisso do governo com o equilíbrio fiscal e
destacou que as despesas do governo seguem dentro das regras do
arcabouço. Segundo ele, o Executivo vai conseguir cumprir a meta deste
ano para as contas públicas.
“Nós divulgamos os dados do quarto
relatório (bimestral de receitas e despesas) deste ano, mostrando que as
despesas estão absolutamente dentro da regra do arcabouço, limitadas a
2,5% de crescimento em relação ao ano passado. Tivemos boas surpresas
nesse quarto relatório”, disse.
O ministro afirmou ainda que
projeções da equipe técnica da pasta apontam que o país deve “subir um
degrau” em seu rating no ano que vem, ficando mais próximo do grau de
investimento das agências de classificação de risco.
A
descompressão no mercado de câmbio fez o dólar à vista atingir a cotação
mínima de 5,5274 reais (+0,12%) às 14h35. No restante da sessão, a
moeda pouco se afastou deste nível.
A alta do dólar na sexta e
nesta segunda-feira ocorre a despeito de, na quarta-feira passada, o
Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central ter elevado a taxa
básica Selic em 25 pontos-base, para 10,75%, enquanto o Federal Reserve
cortou os juros nos EUA em 50 pontos-base, para a faixa de 4,75% a
5,00%.
Na prática, o diferencial de juros segue amplamente
favorável ao recebimento de investimentos pelo Brasil — o que, em tese,
abre espaço para um dólar mais próximo dos 5,30 reais, conforme alguns
profissionais ouvidos pela Reuters nos últimos dias.
Mas assim
como no mercado de DIs (Depósitos Interfinanceiros), os receios em torno
da área fiscal têm levado a um aumento de prêmios nos ativos
brasileiros. No caso do câmbio, isso significa um dólar em patamar ainda
elevado.
No exterior, às 17h27 o índice do dólar — que mede o
desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas —
subia 0,12%, a 100,900.
O dia do Ibovespa
Investidores
repercutiram nesta segunda o anúncio de sexta-feira sobre a contenção
total de verbas de ministérios — que será reduzida de 15 bilhões de
reais para 13,3 bilhões de reais, com ganhos de arrecadação compensando
uma alta de gastos obrigatórios.
Em entrevista coletiva para
comentar o relatório bimestral de receitas e despesas, o
secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou
nesta segunda-feira que há incômodo na equipe econômica do governo em
relação a uma “irracionalidade” na percepção de agentes econômicos sobre
a gestão fiscal.
No front de juros, agentes financeiros
mencionaram um tom “mais duro” do Comitê de Política Monetária (Copom)
após a elevação da taxa Selic em 25 pontos-base na semana passada.
Analistas consultados pelo Banco Central subiram sua projeção para o
nível da Selic ao fim deste ano, prevendo agora uma alta de 50
pontos-base nos juros na próxima reunião da autarquia, em novembro,
conforme pesquisa Focus divulgada nesta segunda.
Na visão de
analistas do Itaú BBA, o Ibovespa “deu um até logo” para a tendência de
alta no curto prazo. “O que pode segurar o mercado por aqui é que sob a
visão do estrangeiro, o EWZ e o Ibovespa em dólar ainda não perderam
suportes”, afirmaram Fábio Perina, Lucas Piza e Igor Caixeta no
relatório Diário do Grafista.
Nos Estados Unidos, os índices
acionários encerraram levemente positivos, em meio a comentários de
autoridades do Federal Reserve e dados estáveis de atividade
empresarial, partindo da forte alta do mercado na semana passada, após a
decisão do banco central norte-americano de reduzir os juros.
“A
expectativa de longo prazo para a trajetória dos juros, tanto no Brasil
quanto nos EUA, continuará sendo um elemento-chave para determinar os
movimentos futuros do mercado financeiro brasileiro”, afirmou Fábio
Murad, sócio da Ipê Avaliações, em comentários.
Destaques
–
SANTOS BRASIL ON saltou 16,44%, em meio ao anúncio de que a gigante
francesa do transporte marítimo CMA CGM acertou acordo para comprar
47,6% da companhia por 6,3 bilhões de reais. A empresa francesa também
se comprometeu a lançar uma oferta pública de aquisição das ações
remanescentes da Santos Brasil.
– VALE ON subiu 0,31%, mesmo em
meio ao declínio dos futuros do minério de ferro na China, com o
contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrando as
negociações diurnas em queda de 4,5%, a 658,5 iuanes a tonelada. A
mineradora anunciou na sexta-feira que seu novo presidente, Gustavo
Pimenta, assumirá o cargo em 1º de outubro.
– PETROBRAS PN subiu
1,02%, apesar da reversão durante a sessão da tendência de alta dos
preços do petróleo no exterior, com o barril de Brent encerrando em
queda de 0,8%, a 73,90 dólares.
– ITAÚ UNIBANCO PN caiu 0,58% e
BRADESCO PN perdeu 2,58%, ambas selando seu sexto pregão seguido de
queda. No setor, BTG PACTUAL UNIT desvalorizou-se 1,62%.
–
USIMINAS PN perdeu 4,76%, com JP Morgan rebaixando o papel para
“underweight” e reduzindo preço-alvo de 11 reais para 5,50 reais.
Analistas citaram custos de produção ainda elevados, apesar da reforma
do alto-forno 3 em Ipatinga (MG), um mercado global de aço ainda
pressionado por altos níveis de exportação da China e uma revisão para
baixo das projeções do banco para os preços do minério de ferro em 2024,
2025 e 2026.
– WEG ON subiu 3,43%, na esteira de relatório de
analistas da BB Investimentos apontando para oportunidade de compra da
ação em estratégia de swing trade. Na semana passada, a companhia
anunciou investimento de 670 milhões de reais nos próximos cinco anos em
expansão de capacidade e verticalização de negócios com transformadores
e motores elétricos no Brasil e no México.