quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Presidente do BC diz que não foi feito guidance e que opções estão abertas

 

Campos Neto: 'Este governo está tendo que conviver com um ...

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu que o Comitê de Política Monetária (Copom) está dependente de dados para calibrar o ciclo de aumento da taxa Selic e que não vai fornecer um guidance sobre os próximos passos. “Nós não fizemos guidance, ou seja: as opções estão abertas”, disse, em entrevista coletiva para comentar o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), em São Paulo.

Ele reforçou que o ciclo teve um início gradual – com aumento de 0,25 ponto porcentual da Selic, de 10,50% para 10,75% -, mas que são necessários mais dados para determinar o que acontecerá daqui para a frente.

Campos Neto repetiu que, neste momento, um guidance sobre o ciclo não teria um valor positivo para o BC, já que há incertezas em campos como o mercado de trabalho. Por isso, o BC preferiu mencionar os condicionantes que têm sido observados para calibrar a política monetária: hiato do produto, balanço de riscos, expectativas, projeções e inflação corrente.

“É melhor descrever dessa forma, dizendo que a gente está dependendo dos dados e que a gente tem esses condicionantes, do que falar sobre como é que vai ser o ciclo à frente”, afirmou o presidente do BC.

Cenário dos EUA

Campos Neto repetiu ainda nesta quinta-feira que o cenário básico da instituição é de uma desaceleração organizada da economia norte-americana, embora a incerteza sobre esse tema exista.

“Precisamos acompanhar os dados para ver, eu acho que o Fed Federal Reserve, o banco central americano também está acompanhando os dados para tentar entender o que é essa desaceleração e qual é o efeito que isso pode ter”, afirmou Campos Neto

Acordo entre Mercosul e China seria um desastre, dizem lideranças industriais brasileiras

Lideranças industriais que fazem parte do grupo Coalizão Indústria expressaram preocupação nesta quarta-feira, 25, com movimentos em direção a uma negociação pelo acordo de livre comércio entre Mercosul e China. Segundo os presidentes de entidades que representam diversos setores industriais, o setor já enfrenta uma “invasão chinesa” que coloca em risco investimentos previstos da ordem de R$ 825,8 bilhões. Assim, um acordo com a China seria um desastre, conforme definiu Fernando Valente Pimentel, presidente da Abit, associação da indústria têxtil.

O Uruguai, que assumiu em julho a presidência pro tempore do Mercosul, é entusiasta de um tratado de livre comércio com os chineses. Altos representantes do bloco sul-americano e da China retomaram recentemente conversas com o objetivo de aprofundar a relação.

Presidente da Abiplast, entidade que representa a indústria de produtos plásticos, José Ricardo Roriz Coelho observou em entrevista coletiva à imprensa que, diante de barreiras enfrentadas em outras grandes economias, os produtos chineses estão buscando mercados abertos para entrar – entre eles, o Brasil. Segundo Roriz, embora a capacidade da economia esteja tomada, “ninguém está investindo”.

“As indústrias estão receosas em investir. Precisamos investir mais, mas com essa espada no peito, não temos perspectiva futura melhor para que esses investimentos aumentem”, declarou Roriz.

Marco Polo de Mello Lopes, coordenador da Coalizão Indústria, classificou como “predatória” a importação vinda da China em certos mercados. O “ataque chinês”, como foi descrito o avanço de produtos do gigante asiático, resulta de uma política de Estado cujo objetivo é escoar uma gigantesca capacidade ociosa, com redução de preços e exportações feitas com margens negativas, comentou Marco Polo. Ele também é presidente do Instituto Aço Brasil.

“Sem acordo já vivemos esse tsunami, com o acordo vocês podem imaginar o que pode acontecer”, declarou o coordenador do grupo industrial ao abordar os movimentos entre Mercosul e China. Ele projetou que R$ 500 bilhões em investimentos – ou seja, 60% do total previsto – serão paralisados se o “tsunami chinês” não for contido.

Também presente na coletiva de imprensa da coalizão, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, defendeu que não é momento de falar de acordo comercial com a China, já que a indústria automotiva passa por momento de transição tecnológica, para a qual estão sendo anunciados pesados investimentos. As montadoras vêm cobrando do governo a volta imediata do imposto cheio, 35%, sobre carros híbridos e elétricos importados, cuja origem, principalmente, é a China.

 

Master Corretora lança plataforma para o varejo

 


Objetivo é atrair público de média e alta renda com produtos e conteúdos exclusivos e baixa latência nas transações

 

 

xp investimentos

A Master Corretora está lançando uma plataforma de varejo para investidores iniciantes, qualificados e profissionais. O objetivo, segundo Vitor Baldi, head do Varejo, é oferecer o portfólio mais completo de produtos financeiros e atender, sob medida, às necessidades dos clientes.

Entre os principais diferenciais da plataforma, de acordo com a empresa, estão produtos exclusivos de renda fixa, com alto rendimento, e o sistema de processamento de ordens, alocado dentro do datacenter da B3 (DMA 4), com extrema velocidade no envio de ordens e os menores índices de latência do mercado.

Além de corretagem zero para a pessoa física, a corretora também oferece acesso gratuito a ferramentas para traders de alta performance, como o Profit Ultra, da Nelogica, com versões para desktop e uma área de configuração de limites no próprio aplicativo. A versão do Profit PRO para a WEB, em particular, é exclusividade para os clientes da Master Corretora.

Para o público investidor, uma grande novidade é o serviço exclusivo de informações, denominado Master News. Fornecido em parceria com a Broadcast, do grupo Agência Estado, o canal de notícias, integrado à plataforma e ao app, dá acesso aos clientes a informações das empresas de capital aberto e a um chat direto com os redatores, que ficam disponíveis para tirar dúvidas sobre o conteúdo publicado e as principais notícias do mercado. Serviços similares são caros e costumam ser disponibilizados somente a clientes institucionais.

“Estamos evoluindo para muito em breve ser uma corretora completa, oferecendo além das opções de produtos convencionais, tais como – renda fixa, variável, previdência privada, remessa cambial e seguros -, e a melhor solução para os traders, uma estrutura de banking e conta global”, afirma Baldi. “Para isso, buscamos tecnologia de ponta e fizemos parcerias estratégicas com os melhores fornecedores”.

Para o público em geral, os principais atrativos da plataforma são produtos exclusivos, de alta rentabilidade e pouco risco, com condições especiais e alta demanda – que por isso podem esgotar rapidamente, em alguns casos.
Na estreia, por exemplo, a corretora lançou um par de CDBs, do Voiter e do Letsbank, com rendimento de 150% do CDI e liquidez diária, com vencimento em 90 dias, diz o executivo. O valor mínimo dos aportes é de R$ 1 mil, em ambos. Já o máximo, varia de R$ 5 mil, no caso do Voiter, a R$ 10 mil, no do Letsbank.

Voltada a um público de renda média para a alta, com pelo menos R$ 50 mil para investir, a nova plataforma da Master Corretora já nasce com mais de 600 produtos, entre CDBs, LCIs, fundos de investimento multimercados, fundos de ações, fundos imobiliários, Tesouro Direto, produtos de renda fixa, entre outros.

Inicialmente, a captação de novos clientes tem sido feita exclusivamente online. A partir de novembro, porém, a Master Corretora vai atuar também em parceria com agentes autônomos, via plataforma desenvolvida internamente nos últimos 12 meses com estrutura robusta e que fornece ao assessor de investimento uma independência na gestão dos clientes. O objetivo é aumentar a capilaridade da empresa e a capacidade de captação de clientes com a ajuda de autônomos, que conhecem bem as cidades onde atuam.

No primeiro mês de operação, a plataforma já contava com mais de 2 mil clientes, com cerca de 80 novos usuários por dia e captação de R$ 50 milhões em produtos diversos. Até o final do ano, a expectativa é captar 20 mil clientes.

Petrobras reduzirá em 9,1% preço médio do querosene de aviação a partir de 1º de outubro

 


A Petrobras comunicou nesta quinta-feira, 26, a redução de 9,1% no preço médio de venda de querosene de aviação (QAV) para as distribuidoras a partir de 1º de outubro. O percentual corresponde a um decréscimo aproximado de R$ 0,34 por litro.

No acumulado do ano, redução no preço do combustível às distribuidoras é de 16,4%, ou R$ 0,67 por litro, em relação ao preço de dezembro de 2023, disse a petroleira. Já no comparativo desde dezembro de 2022, a redução acumulada fica em 32,8%, ou queda de R$ 1,66 por litro.

A estatal destaca que comercializa o QAV produzido em suas refinarias ou importado apenas para as distribuidoras, que por sua vez transportam e comercializam os produtos para as empresas de transporte aéreo e outros consumidores finais nos aeroportos, ou para os revendedores.

“O mercado brasileiro é aberto à livre concorrência, e não existem restrições legais, regulatórias ou logísticas para que outras empresas atuem como produtores ou importadores de QAV”, diz o comunicado da empresa.

Os novos preços serão publicados no site em 1º de outubro, data de início de vigência, conforme regulação da ANP.

A redução do combustível pode ajudar a segurar a alta nos preços das passagens aéreas, que registraram aumento de 4,51% em agosto, segundo dados do IPCA-15. Em 12 meses, a alta acumulada é de 10,25%.

Reajustes

A redução do querosene de aviação havia sido antecipada nesta manhã pela presidente-executiva da companhia, Magda Chambriard, ao falar com jornalistas após participar da feira do setor ROG.e, no Rio de Janeiro.

Chambriard afirmou ainda que a empresa trabalha para ser competitiva no mercado brasileiro, o que significa dizer que pode reduzir preços de combustíveis toda vez que entender que isso é possível.

No caso do querosene de aviação, os reajustes são mensais por contratos, enquanto em combustíveis como gasolina e diesel não há periodicidade definida.

Chambriard disse ainda que o novo plano estratégico da empresa, atualizado todos os anos, deverá ser publicado em novembro.

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

CNC ingressa no STF ação pedindo fim de operação de cassinos on-line no Brasil


Celular exibe aplicativos de diferentes bets na tela

Bets é um nome informal usado para as diferentes casas de aposta e jogos de sorte no celular (Crédito: Joédson Alves/Agência Brasil)

 

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) informou ter ingressado na terça-feira, 24, com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo o fim da operação dos cassinos on-line no país. A ação contesta a Lei 14.790/2023, conhecida como “Lei das Bets”, sob o argumento de que a legislação que regulamenta as apostas de cota fixa no Brasil “está causando graves impactos sociais e econômicos”.

“A confederação solicita, em caráter liminar, que o STF suspenda a eficácia da lei até que o mérito da questão seja julgado, a fim de evitar maiores danos ao comércio e à economia do país”, declarou a CNC, em nota distribuída à imprensa nesta quarta-feira, 25.

Na ação no STF, a CNC argumenta que “a disseminação desenfreada das apostas on-line estaria criando um ciclo de dependência, principalmente entre os mais vulneráveis, o que tem levado à redução do consumo de bens essenciais e afetado diretamente o comércio”.

A CNC divulgou na última sexta-feira, 20, um estudo mostrando que mais de 1,3 milhão de brasileiros teriam ficado inadimplentes no primeiro semestre de 2024 devido a apostas em cassinos on-line. A entidade afirma que os apostadores têm usado “sem controle” cartão de crédito nessas plataformas de jogos, o que contribui para um aumento das contas em atraso.

Os brasileiros já gastaram R$ 68 bilhões em jogos entre junho de 2023 e junho de 2024, o equivalente a 0,62% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, apontou a CNC. O montante revela que 22% da renda disponível das famílias foram destinados às apostas no último ano, “gerando uma série de consequências econômicas e sociais”, alertou a entidade.

A CNC encaminhou também um ofício ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que manifesta “grande preocupação com o crescimento descontrolado” das apostas on-line no Brasil, em especial dos cassinos virtuais. O documento foi entregue ainda aos ministérios da Fazenda, da Justiça e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, além dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados.

Segundo a entidade, a lei não estabelece medidas eficazes para combater o vício em jogos, o que contribuiria para agravar o nível de endividamento das famílias.

“A CNC pede que a lei seja declarada inconstitucional, apontando violações aos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, da ordem econômica e da proteção à saúde”, comunicou a entidade.

Inteligência Artificial: quando a ferramenta que inventamos pode inventar mentiras para nós

 


Você não para de ouvir falar dela: a Inteligência Artificial, ou simplesmente IA, está em toda parte, mesmo que a gente não saiba exatamente onde ou a mando de quem. Os perigos do uso irresponsável da IA também preocupam especialistas, especialmente aqueles ligados à área da comunicação. A disseminação de informações falsas e a consolidação de preconceitos sociais são apenas alguns dos riscos a que estamos expostos, a cada vez que a ferramenta inventada por nós parece fugir do nosso próprio controle.

 

 

Créditos: Ideaogram AI

Quais são os papéis desempenhados pelas tecnologias de Inteligência Artificial (IA) e pelos algoritmos, principalmente no setor da divulgação jornalística? Que questões éticas precisam ser consideradas no uso da tecnologia? E como a IA pode tanto contribuir para a disseminação de informações quanto combater a desinformação?

Pesquisas recentes do Reuters Institute, da University of Oxford e da MDPI (Multidisciplinary Digital Publishing Institute) indicam que, embora essas tecnologias ofereçam ferramentas poderosas para identificar e combater a desinformação, também representam um risco significativo, já que se infiltram cada vez mais nos processos de pesquisa e apuração das redações. Um exemplo é o fato de que cinco dos 45 finalistas do Prêmio Pulitzer deste ano utilizaram IA em algum estágio de suas reportagens, segundo a administradora do prêmio.

Carlos Eduardo Lins da Silva, jornalista e doutor em Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da USP, destaca em seus artigos que a incorporação da IA no jornalismo tradicional está em andamento, mas com a devida cautela. Ele observa que o receio de que a tecnologia possa comprometer a qualidade e a integridade das reportagens é real. Um exemplo disso é o caso da revista Bebê, da Editora Abril, que enfrentou críticas após a publicação de 311 textos em seu site, todos assinados por uma pessoa cuja existência não pôde ser confirmada. Além das 22 matérias que continham trechos idênticos aos de outros veículos sem os devidos créditos.

Lins da Silva alerta que o episódio ilustra os perigos do uso irresponsável da IA generativa: “sem o critério humano, plágio, infrações de direitos autorais e erros factuais gritantes podem ocorrer”. A preocupação com os direitos autorais é apenas uma das questões emergentes. Erros factuais, disseminação de desinformação e falta de legislação para a tecnologia são outros riscos do uso desenfreado.

A pesquisa da MDPI revela também a possibilidade dos algoritmos de IA reforçarem padrões existentes e criarem bolhas de filtro, onde os usuários são expostos predominantemente a informações que só corroboram suas crenças, por vezes falsas, preconceituosas e polarizadas. A pesquisa destaca que 60% dos pesquisadores acreditam que os algoritmos podem também limitar a diversidade de perspectivas.

Hoje há mais cinco tipos de IA em uso, a mais recorrente no jornalismo é a generativa. Responsável por criar novos conteúdos (como imagens, textos e músicas) a partir de um conjunto de dados de treinamento, usando modelos de aprendizado de máquina para aprender padrões e gerar – como por exemplo o ChatGPT, DALL-E e tutores virtuais como o do Aprimora.

A capacidade da IA de criar conteúdo autônomo aumenta o risco de informações falsas serem apresentadas de forma plausível e difícil de distinguir das verdadeiras. Camila Achutti, especialista em tecnologia e criadora do portal Mulheres na Computação, explica que muitos países, como a União Europeia, os Estados Unidos e a China, estão desenvolvendo regulamentações para controlar o uso das IA. A EU, por exemplo, está elaborando o AI Act para classificar os sistemas de IA e impor regras mais rígidas para aqueles considerados “de alto risco”. Nos EUA, diretrizes como o NIST AI Risk Management estão em vigor, enquanto a China foca em padrões éticos e controle estatal. Essas regulamentações visam equilibrar a inovação tecnológica com a proteção dos direitos humanos, segurança e transparência. À medida em que a IA avança rapidamente, as regras também estão evoluindo para lidar com novas questões éticas e sociais.

Durante a exclusiva para a IstoÉ Mulher, Achutti observa que as revoluções tecnológicas, como a atual transformação impulsionada pela IA, trazem profundas mudanças nas estruturas da comunicação online, mas que não seremos substituídos. Ela destaca a necessidade de suporte governamental adequado para garantir uma transição justa para os trabalhadores afetados pelo uso das IAs e evitar o aumento das desigualdades e precarização do trabalho.

Para se manter atualizado sobre notícias e pesquisas sobre IA, Camila recomenda acompanhar publicações como Wired, MIT Technology Review e The Verge, além de seguir especialistas como Fei-Fei Li, Kate Crawford e Andrew Ng nas redes sociais. Ela também destaca que o cenário da IA no Brasil está em crescimento, mas enfrenta desafios como a necessidade de melhorar a infraestrutura e investir mais em educação e políticas públicas. “O futuro é promissor”, comenta ela, “com a IA prometendo transformar setores como agronegócio, saúde e finanças, desde que se invista em capacitação, pesquisa e regulamentações éticas”.

Além disso, o setor tecnológico ainda enfrenta um abismo de gênero significativo, com as mulheres frequentemente subrepresentadas e enfrentando barreiras adicionais para se capacitarem ainda mais no segmento de tecnologia. Achutti enfatiza a importância de programas de formação focados em habilidades práticas e na busca por mentores na área.

A comunidade jornalística e os reguladores enfrentam o desafio de equilibrar a inovação da IA com a necessidade de manter a integridade e a veracidade das informações. O processo começa com uma reavaliação sobre como usar e gerenciar essa tecnologia que veio para ficar.

 

 https://mulher.istoe.com.br/inteligencia-artificial-quando-a-ferramenta-que-inventamos-pode-inventar-mentiras-para-nos/

 

Esforço de alto risco: pesquisa mostra que Brasil é um dos países mais perigosos para defensores do meio ambiente

 


Pelo menos 25 líderes ambientais foram assassinados no Brasil, ano passado, segundo o relatório mais recente da Global Witness: não há dúvida, nosso país é um dos mais perigosos do mundo para defensores do meio ambiente. A violência contra as pessoas que defendem sua terra e nosso planeta decorre de décadas de impunidade para os agressores, incluindo governos e empresas que priorizam a extração de recursos naturais, desconsiderando o impacto sobre a vida humana.

 

Créditos: Bruno Kuikuro

O Brasil permaneceu como um dos países mais perigosos para defensores do meio ambiente, com 25 assassinatos de lideranças ambientais em 2023, segundo o relatório mais recente da Global Witness. O país ficou atrás apenas da Colômbia, que registrou 79 mortes. A América Latina foi responsável por grande parte dos 196 assassinatos documentados em todo o mundo no período, com um total de 166 mortes na região.

Embora o número de assassinatos no Brasil tenha diminuído em comparação com o ano de 2022, quando 34 defensores foram mortos, o relatório destacou que ainda existem desafios significativos. A troca de governo e o fortalecimento da fiscalização ambiental contribuíram para essa redução.

A influência do setor ruralista no Congresso Nacional, no entanto, continua sendo um empecilho para garantir a proteção eficaz dos defensores da terra e do meio ambiente. A situação reflete a contínua vulnerabilidade dessas lideranças, que enfrentam ameaças em suas lutas por justiça ambiental e fundiária.

O relatório da ONG Global Witness mostrou que o Brasil foi um dos quatro países que mais registraram episódios de violência contra ativistas e lideranças ambientais em todo o mundo. Em 2020, 20 pessoas foram mortas no Brasil por defenderem suas terras e o meio ambiente, quatro a menos que no ano anterior – mas, ainda assim, número suficiente para colocar o país no quarto lugar do ranking internacional, atrás apenas de Colômbia (65), México (30) e Filipinas (29). “A maior parte das mortes no Brasil aconteceu na Amazônia, onde pelo menos dez indígenas foram assassinados no ano passado”, como informa o relatório.

A América Latina concentrou a maioria das mortes: 165 dos 227 óbitos registrados globalmente. Segundo dados da Global Witness a América Latina tem sido, de forma consistente, a região mais afetada por essas questões. “Com muita frequência, as pessoas que defendem sua terra e nosso planeta sofrem criminalização por parte de governos, intimidação em suas comunidades e assassinatos”, como constatado no relatório da Global Witness.

A situação na Colômbia se revela extremamente preocupante, com um aumento significativo no número de assassinatos de defensores ambientais nos últimos anos. Em 2023, o país registrou 79 mortes, mais que o dobro dos 33 assassinatos ocorridos em 2021. Com isso, a Colômbia lidera o ranking global de violência contra defensores ambientais, acumulando 461 das 2.106 mortes registradas em todo o mundo, entre 2012 e 2023.

Esse aumento reflete a delicada situação de segurança no país, mesmo após os acordos de paz com as FARC. Grupos de crime organizado são responsáveis por metade das mortes registradas em 2023, indicando a persistência de violência ligada a disputas por terra e recursos naturais. O perfil das vítimas também é alarmante: 49% dos defensores assassinados no último ano eram indígenas ou afrodescendentes, reforçando a vulnerabilidade desses grupos. Nos últimos dez anos, lideranças indígenas representam 36% das mortes globais de defensores ambientais, totalizando 766 óbitos.

Esses dados ressaltam a urgência de medidas eficazes de proteção e de um compromisso mais forte dos governos com a segurança e os direitos das comunidades que defendem o meio ambiente e seus territórios.

O relatório da Global Witness de 2020 destacou que a América Latina como um todo concentrou a maioria das mortes de defensores ambientais, com 165 dos 227 assassinatos registrados globalmente naquele ano. O relatório da Global Witness diz ainda que a região é consistentemente a mais afetada por essas violências. Além dos assassinatos, defensores de terras e do meio ambiente enfrentam criminalização, intimidação e repressão por parte de governos e comunidades, tornando a defesa do meio ambiente um esforço de alto risco.

A violência contra defensores ambientais, infelizmente, se intensificou desde a assinatura do Acordo de Paris, em 2015. A média de quatro assassinatos por semana ao redor do mundo revela uma crise global de direitos humanos e ambientais. Esse número, alarmante por si só, pode ser ainda maior, já que em muitas regiões críticas há restrições à imprensa e dificuldades no levantamento de informações confiáveis sobre esses crimes.

A explicação para essa violência é complexa, a Global Witness aponta que o problema decorre de décadas de impunidade para os agressores, incluindo empresas que priorizam a extração de recursos naturais e o lucro, desconsiderando o impacto sobre a vida humana e o meio ambiente. Quase um terço das mortes está diretamente relacionado à exploração de madeira, mineração, agronegócio e grandes obras de infraestrutura.

O Brasil, que já era um dos países mais perigosos para defensores ambientais, viu a situação piorar durante o período de 2019 a 2022, que incentivou a exploração de áreas indígenas, levando a uma nova onda de invasões e violência contra essas comunidades. Além disso, a má gestão da pandemia pela administração federal agravou ainda mais a vulnerabilidade dos povos tradicionais.

A divulgação dos dados da Global Witness ganhou grande repercussão tanto na mídia brasileira quanto internacional, apontando que a violência contra os defensores ambientais não é um problema isolado, mas uma questão global que afeta profundamente a sustentabilidade e a justiça social. E o Brasil segue em chamas, simbolizando o contínuo embate entre os interesses econômicos e a proteção ambiental.

Referência
Disponível em: https://www.globalwitness.org/pt/global-witness-reports-227-land-and-environmental-activists-murdered-single-year-worst-figure-record-pt/ Acesso em: 15/09/2024


https://mulher.istoe.com.br/esforco-de-alto-risco-pesquisa-mostra-que-brasil-e-um-dos-paises-mais-perigosos-para-defensores-do-meio-ambiente/