Com
o cancelamento do debate no SBT devido à ausência de Ricardo Nunes
(MDB), o candidato Guilherme Boulos (PSOL) realizou nesta sexta-feira,
18, o que chamou de “debate aberto à população”, em protesto contra a
ausência do atual prefeito nos confrontos organizados pela imprensa. Até
o momento, Nunes já faltou a três eventos do gênero.
“Quero
lembrar a todos que estão aqui hoje o motivo de estarmos reunidos.
Neste momento, deveria estar acontecendo o debate entre os candidatos à
Prefeitura de São Paulo no SBT. Mas o nosso adversário fugiu do debate”,
declarou Boulos. “São Paulo é muito importante para ficar sem debate”,
acrescentou o candidato do PSOL.
O
encontro ocorreu em frente ao Theatro Municipal, a poucos metros do
Edifício Matarazzo, sede da Prefeitura, e seguiu formato semelhante ao
de um debate televisivo. O evento foi dividido em três blocos: um para
perguntas da população, outro para perguntas de especialistas e um para
as considerações finais. A estrutura também incluiu arquibancada, palco e
três púlpitos: um para Boulos, um para “o povo de São Paulo” e outro
simbolicamente reservado para Nunes.
A assessoria de
Boulos, no entanto, não confirmou se o atual prefeito foi formalmente
convidado para o evento. O candidato do PSOL já havia declarado que, se
algum debate fosse cancelado pela ausência de Nunes, ele convocaria sua
militância para promover debates nas ruas e praças da cidade.
Embora
tenha seguido o formato de um debate tradicional, o evento promovido
pelo candidato do PSOL não teve regras de controle rígidas, como
limitação de tempo para as respostas, e Boulos não foi confrontado pelos
entrevistadores. Algumas pessoas que fizeram perguntas o chamaram de
“companheiro”, “professor” ou mencionaram que o conheciam desde a época
da escola.
No evento, o deputado federal respondeu a
perguntas de dez cidadãos e de um especialista, o sociólogo Benedito
Mariano, que colaborou na elaboração de seu programa de governo. Em vez
de trazer contradições, a pergunta de Mariano serviu de apoio para que
Boulos reforçasse suas propostas para a segurança urbana, como a de
dobrar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana.
Além
disso, Boulos reforçou seu discurso de “candidato da mudança”, em nova
sinalização ao eleitorado de Pablo Marçal (PRTB), o terceiro colocado no
primeiro turno. “Quem acha que a cidade deve ficar como está? Quem acha
que o prefeito fez tudo certo no apagão? Quem acha que a saúde de São
Paulo está maravilhosa, que encontra remédio e médico? Concorda com o
nosso adversário. Quem sabe que a cidade de São Paulo pode e merece
mais? Vem comigo”, disse.
Como mostrou o Estadão, a
campanha de Boulos avalia que a adesão a Marçal foi motivada mais por um
voto de protesto de eleitores insatisfeitos com a política tradicional,
representada por figuras como Nunes, do que por razões ideológicas.
Assim, a estratégia do psolista é atrair esse segmento, reforçando sua
imagem como uma alternativa de mudança e tentando conquistar parte dos
votos que, até o momento, estão majoritariamente com o emedebista.
Ao
final do ato, Boulos repetiu que seu adversário “não tem pulso firme”
para lidar com os problemas de São Paulo, classificando a candidatura de
Nunes como “laranja” e sugerindo que, caso reeleito, o atual prefeito
cederá aos interesses dos partidos que formam sua coligação. Além disso,
voltou a desafiar o emedebista a quebrar o sigilo bancário, insinuando
possíveis irregularidades. “Por que ele não abre seu sigilo bancário, já
que diz ser tão honesto?”.
O candidato do PSOL também
afirmou que as agendas ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), programadas para este sábado, 19, no Grajaú e em São Mateus,
contribuirão para conquistar mais votos nas periferias da capital
paulista.
“Vamos ganhar com certeza em mais bairros ainda nesse 2º turno”, completou.