Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
Mesmo
que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha parabenizado Donald
Trump por vencer as eleições, alguns aliados do petista já mostraram
menos pragmatismo. O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura
Familiar, Paulo Teixeira (PT-SP) atacou Trump nas redes sociais. A
presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, afirmou que a
eleição do empresário acende o “sinal de alerta para o campo
democrático”. Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse
que “o dia amanheceu mais tenso” com o resultado do pleito nos EUA.
Em
sua conta no X (antigo Twitter), Paulo Teixeira disse nesta
quarta-feira, 6, que Trump cultiva “os piores valores humanos”. Ele
também apontou o negacionismo do republicano para as mudanças
climáticas.
Mesmo
criticando o candidato vencedor, 1h depois Teixeira repostou a
publicação de Lula parabenizando Trump. Na contramão do ministro, o
presidente disse que “o mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto
para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade”.
Gleisi
Hoffmann não atacou Trump, mas avaliou em uma publicação no X nesta
quarta-feira, 6, que a derrota de Kamala Harris mostra que o mundo
mantém a polarização. A petista defende que a esquerda tem de se
preparar para as disputas no Brasil. “temos de nos preparar para
enfrentá-la também aqui no Brasil, onde a extrema direita já se assanha
com o resultado”, escreveu
Para
Hoffmann, a esquerda brasileira tem que entregar respostas e soluções
para o povo, sem cair no neoliberalismo. Para ela é necessário “dar
respostas concretas às necessidade e expectativas do povo, que não cabem
na receita neoliberal que o mercado quer impor ao governo e ao país”.
Após
superar os R$ 5,86 no início da sessão, na esteira da vitória de Donald
Trump na disputa presidencial dos Estados Unidos, o dólar à vista
perdeu força no Brasil e fechou nesta quarta-feira, 6, em queda firme,
abaixo de R$ 5,70, com investidores à espera de medidas efetivas do
governo Lula para conter gastos.
A
disparada de ordens de “stop loss” (parada de perdas) no mercado
durante o dia também favoreceu a queda do dólar ante o real, ainda que
no exterior a moeda norte-americana sustentasse fortes altas ante as
demais divisas.
O dólar à vista fechou o dia em baixa de 1,21%, cotado a R$ 5,6774. No ano, porém, a divisa acumula alta de 17,02%.
Às 17h04, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,28%, a 5,6925 reais na venda.
O Google
deixou de exibir nesta quarta-feira, 6, o painel de cotação do dólar
nas buscas feitas na ferramenta após mostrar, de forma errada, um câmbio
acima de R$ 6, o que confundiu internautas e provocou confusão. Por volta das 13h30, por exemplo, a plataforma exibia a cotação da moeda a R$ 6,17.
“Recursos
da Busca como o ‘câmbio de moeda’ são baseados em dados de terceiros e,
em caso de imprecisões, nós removemos as informações da Busca e
trabalhamos com o provedor dos dados para ajustá-las o mais breve
possível”, disse o Google, em nota, ao admitir o erro.
A plataforma deixou de exibir também cotações de outras moedas, como euro, iene ou peso mexicano.
Ainda é possível buscar o painel de cotação do dólar no Google Finance, que a partir da tarde começou a mostrar o preço correto, na casa dos R$ 5,70.
Atualmente, a plataforma utilizada pelo Google para angariar os dados de câmbio e outros é a Mornigstar.
Em
sua página de ‘exoneração de responsabilidade’, o Google declara que
“todos os dados e informações são fornecidos ‘no estado em que se
encontram’ somente para fins informativos, e não para fins de negociação
ou recomendação sobre investimentos, tributos, questões jurídicas,
financeiras nem outros assuntos. Consulte seu agente ou representante
financeiro para verificar os preços antes de executar qualquer
negociação”.
Cotação do dólar
Com a vitória de Trump,o dólar chegou a R$ 5,86 por volta das 10h30,
com uma valorização de quase 2% no intradia. Depois, a moeda recuou e
caminha para encerrar o dia abaixo de R$ 5,70, conforme a Reuters.
O dia também é de valorização da bolsa de valores de Nova York. Em Wall Street, o S&P 500 subiu 2,4% ao passo que o Dow Jones avançou 3,4%.
“A apreciação do dólar
frente ao real se deve, na maior parte, às expectativas de maiores
juros na gestão Trump, especialmente pelo lado fiscal expansionista de
seu governo, com os ambiciosos cortes de impostos. O plano de Trump tem
um viés bastante inflacionário, que deve ser combatido com maiores taxas
de juros, aumentando a atratividade do dólar e dos ativos
norte-americanos frente aos pares emergentes”, explica José Alfaix,
economista da Rio Bravo.
BRASÍLIA
(Reuters) -A balança comercial brasileira registrou um superávit de
4,343 bilhões de dólares em outubro, informou o Ministério do
Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) nesta
quarta-feira, uma queda de 52,7% sobre o resultado positivo apurado no
mesmo mês do ano passado.
O
saldo veio abaixo das expectativas de economistas consultados pela
Reuters, que previam saldo positivo de 4,976 bilhões de dólares para o
período.
As exportações somaram 29,462 bilhões de dólares no mês,
uma baixa de 0,7% em relação a outubro de 2023. As importações, por
outro lado, cresceram 22,5% em relação ao mesmo período, totalizando
25,119 bilhões de dólares.
Nos
primeiros dez meses do ano, o saldo comercial foi de 63,022 bilhões de
dólares, uma queda de 22% em relação ao observado no mesmo período de
2023. As exportações somaram 284,460 bilhões de dólares (+0,5%) no
acumulado do ano, e as importações, 221,438 bilhões de dólares (+9,5%).
A
Indústria de Transformação foi o setor que teve maior aumento de
exportações no mês, com alta de 10,9% frente a outubro de 2023, para
17,264 bilhões de dólares. A Indústria Extrativa registrou a maior
baixa, de 14,5%, para 6,396 bilhões de dólares, seguida pela
Agropecuária, com queda de 12,8%, para 5,603 bilhões de dólares.
Já
nas importações, as vendas do setor de Agropecuária saltaram 32,6% e as
do setor de Indústria de Transformação avançaram 25,5%. Já o setor da
Indústria Extrativa recuou 9,6%.
O saldo comercial do mês foi
particularmente pressionado pela queda na exportação da soja (-31,3%) e
milho (-32,8%) frente ao mesmo período em 2023. O diretor de
Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do MDIC, Herlon Brandão,
destacou que esse movimento já era esperado devido à queda da safra e
aos embarques antecipados, além da recuperação da safra da Argentina.
Ao
fazer sua revisão trimestral de projeções dos dados comerciais para o
ano em outubro, o MDIC estimou que a balança fechará 2024 com um saldo
positivo de 70,4 bilhões de dólares, ante previsão anterior de superávit
de 79,2 bilhões de dólares. A redução refletiu uma redução da projeção
para as exportações, para 330,3 bilhões de dólares, e aumento da
estimativa de importações, a 274,9 bilhões de dólares.
“A gente
está esperando uma leve queda de exportação, mas é muito incerto. Como
os valores exportados de 2023 e 2024 são muito próximos, qualquer
movimento, um dia útil a mais ou a menos, pode causar um leve aumento ou
uma leve queda”, afirmou.
Com
a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, surge um ponto de
interrogação sobre a transição da indústria automotiva norte-americana
em direção aos carros elétricos. Nesta quarta-feira, 6, durante a
apresentação dos resultados do setor em outubro, a direção da Anfavea,
associação das montadoras instaladas no Brasil, avaliou que podem haver
mudanças nas rotas de descarbonização.
Presidente da Anfavea,
Márcio de Lima Leite lembrou que Trump já manifestou posicionamento
favorável a uma transição energética mais suave no tempo. O investimento
maciço na substituição dos combustíveis fósseis, inclusive com
incentivos à aquisição de carros elétricos e produção de baterias, foi
uma das marcas do governo do presidente atual, Joe Biden.
Leite
observou, assim, que houve uma mudança de posicionamento na indústria
automotiva americana nos últimos quatro anos. A partir de janeiro, com
Trump voltando à Casa Branca, a expectativa, comentou, é sobre qual será
o apetite em relação a questões de meio ambiente, descarbonização e
novas rotas tecnológicas. A impressão é de que “tudo pode acontecer”.
“Vamos
acompanhar com um pouco mais de atenção. Tudo que vinha sendo discutido
como política do governo americano pode passar por revisão pelo fato de
Trump ter posicionamento um pouco diferente em relação a essas
questões”, disse o presidente da Anfavea.
Ele
ponderou que é difícil antecipar o caminho que será tomado pelos
Estados Unidos porque, ao mesmo tempo em que já defendeu uma transição
energética mais gradual, Trump está próximo a empresas “com viés de
eletrificação”, referindo-se, embora sem citar o nome, à Tesla, do
empresário Elon Musk, aliado do presidente eleito dos Estados Unidos.
“Sem
dúvida estamos acompanhando, e isso pode impactar, sim, as empresas e o
mercado como um todo”, afirmou Leite em relação aos possíveis
desdobramentos na indústria de automóveis a partir da troca de governo
nos Estados Unidos.
Em
relação ao comércio exterior, o presidente da Anfavea não espera
impacto relevante ao Brasil, apesar da perspectiva de maior
protecionismo comercial no segundo mandato de Trump. A eleição de Trump
traz a possibilidade, apontada por analistas, de as barreiras nos
Estados Unidos desviarem as exportações chinesas a outros mercados, como
o Brasil, onde um a cada quatro carros importados já vem da China.
O
presidente da Anfavea ponderou, no entanto, que os carros elétricos
chineses já enfrentam, com Biden, uma tarifa elevada, de 100%, para
entrar nos Estados Unidos.
O
presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), conduz a sessão de abertura
da 10ª Cúpula de Presidentes dos Parlamentos do G20, o “P20”, nesta
quarta-feira, 6, no plenário. São 35 delegações, uma vez que os países
com sistema bicameral podem enviar delegação das duas Casas
Legislativas.
Participam representantes da África do Sul,
Arábia Saudita, Argentina, Canadá, China, França, Índia, Indonésia,
Itália, México, Reino Unido, Coreia do Sul, Rússia, Turquia, União
Europeia e União Africana.
O P20 tem início nesta quarta e vai até a sexta-feira, 8. Devido ao evento, Lira tem agendas marcadas para toda a tarde.
Integrantes do Copom (Crédito: Divulgação/ Banco Central)
Eduardo Vargasi
O
Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anuncia nesta
quarta-feira, 6, a partir das 18h30, a nova taxa básica de juros. A
expectativa é de que o BC irá acelerar o rimo de alta da Selic, com uma elevação de 0,50 ponto percentual (p.p.), passando dos atuais 10,75% para 11,25% ao ano.
Confirmada
a expectativa, será segunda alta seguida nos juros e a Selic voltará ao
patamar que vigorou entre fevereiro e março deste ano, quando o ciclo
ainda de queda. Após passar um ano no nível de 13,75% ao ano, a taxa
teve seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto, entre agosto do
ano passado e maio deste ano. Nas reuniões de junho e julho, o Copom
decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano, e em setembro foi anunciado um
corte de 0,25 ponto.
A
visão sobre a decisão de aumento de 0,50 ponto é praticamente unânime
no mercado. Em pesquisa com gestores de carteiras, traders, economistas e
estrategistas de instituições financeiras, o BTG Pactual identificou
que essa é a projeção de 94% dos entrevistados.
Praticamente metade dos entrevistado também destacou que o comunicado do Copom
deve vir com um trecho frisando que “esse ritmo é visto como compatível
com o compromisso de convergência da inflação à meta”. Ou seja, a expectativa é que a Selic encerre o 2024 em 11,75% ao ano.
Vale
explicar que, com a elevação de juros, o BC visa controlar a inflação e
mantê-la dentro da meta. Em contrapartida, juros básicos mais altos se
traduzem em um custo de capital mais elevado, que afetam especialmente
companhias que visam crescimento e tomam dívida. Além disso, dívidas e
financiamentos atrelados ao CDI também encarecem.
Por que os juros voltaram a subir?
Os
motivos que devem fazer o Banco Central elevar os juros em uma
magnitude maior do que a reunião anterior são, basicamente, dois: desancoragem das expectativas de inflação e risco fiscal.
Conforme a última edição do Boletim Focus, a projeção do mercado para inflação de 2024 subiu ainda mais além do teto da meta para o IPCA,
de 4,55% para 4,59%. O centro da meta oficial para a inflação é de 3%,
sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou
menos.
Sobre o fiscal, as sinalizações recentes do governo tem
piorado expectativas de mercado sobre o controle da dívida pública,
ocasionando uma pressão no câmbio, que saiu de R$ 5,45
na última reunião do Copom para quase R$ 5,90 nos últimos dias – o que
que também impacta na inflação, dado que há uma série de produtos da
cadeia de suprimentos que são dolarizados, além dos importados e de
itens como passagens aéreas.
Além disso, há um ceticismo sobre a manutenção da regra vigente, o chamado arcabouço fiscal.
“Tem
um ponto muito relevante que o BC olha atentamente que é a
sobrevivência do arcabouço. Isso não para este ano, mas para os
próximos. Acredito que teremos o cumprimento da banda inferior da meta
em 2024, mas se continuarmos com esse nível de crescimento de gastos
vamos ver uma dificuldade maior do cumprimento das metas de 2025. Isso
precisa ser equacionado”, observa Gustavo Sung, economista-chefe da Suno
Research.
“Além disso o que preocupa é o
crescimento da dívida, que deve continuar nos próximos anos. O governo
precisa apresentar medidas, sejam elas PECs ou não, para estruturar
melhor o fiscal e garantir uma previsibilidade das despesas”,
acrescenta. A projeção da Suno é que a Selic seja elevada em 0,50 p.p. e
feche o ciclo em 12% no primeiro trimestre de 2025, abrindo espaço para
cortes no fim do ano em questão.
O próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto,
sinalizou que considera necessária uma mudança na parte fiscal para que
os ajustes na política monetária sejam mais tênues. “Se tivermos um
choque fiscal muito grande, provavelmente conseguiremos sair com taxas
mais baixas”, afirmou o presidente do BC no fim de outubro.
A decisão do Copom desta quarta ocorre em meio a expectativa do anúncio de medidas fiscaispor
parte do governo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as
medidas de contenção de gastos públicos estão “muito avançadas” e
afirmou acreditar ser possível apresentar as iniciativas ainda nesta
semana.
Este será também o penúltimo Copom com Campos Neto na presidência do BC.
PIB em alta dá margem para Copom subir Selic
O
fato de a economia brasileira estar aquecida e as projeções para o PIB
(Produto Interno Bruto) estarem sendo revistas para cima também
pressionam a inflação e justificam uma postura mais cautelosa do Copom.
“De
uma forma geral, o que percebemos é que tivemos uma piora do balanço de
riscos. A atividade do país vem bastante forte, esperamos crescimento
acima de 3% do PIB, impulsionado pelo fiscal e pelo mercado de trabalho
bastante pujante. É bom para a economia, mas tem uma pressão
inflacionária, e tivemos um último IPCA-15 acima do esperado”,
diz Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos e sócio da The Hill
Capital.
Sidney Lima, Analista CNPI
da Ouro Preto Investimentos, também endossa que o cenário exige uma
postura mais austera por parte da autoridade monetária.
“O
contexto de divulgações mais recentes é preocupante e justifica um
ajuste mais expressivo para conter a inflação que já bate no teto
aceitável da meta. Isso tudo demonstrará que o Copom permanece tendo
como prioridade o combate à inflação, o que consequentemente traria
credibilidade ao Brasil”.
O que esperar do comunicado do Copom
O
time de macroeconomia do Itaú, liderado pelo economista-chefe Mario
Mesquita, destaca que o comunicado da última reunião do Copom havia
deixado em aberto o ritmo e magnitude do ciclo. A projeção do banco é,
também, de uma alta da Selic em 0,50 p.p.
“Diante
de um cenário ainda desafiador, com taxa de câmbio em nível mais
depreciado do que na reunião anterior, mercado de trabalho apertado, e
núcleos de inflação e expectativas ainda acima da meta, as autoridades
devem julgar apropriado este aumento do ritmo, avançando mais
rapidamente em território contracionista. Neste contexto, a avaliação de
um balanço de riscos assimétrico para cima também deve ser mantida”,
diz a casa.
É possível que a decisão do Copom ocorra antes da definição do vencedor das eleições nos EUA.
“Para
as próximas reuniões, em um contexto de volatilidade elevada (em
especial, com relação à trajetória esperada para o câmbio em meio à
reprecificação dos juros e eleições nos Estados Unidos, e ruídos
associados à política fiscal no âmbito doméstico), as autoridades devem
manter em aberto o ritmo dos eventuais ajustes futuros e magnitude total
do ciclo, enfatizando, no entanto, o firme compromisso do comitê no
processo de convergência da inflação à meta”, avaliou o Itaú.