quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Tesouro Direto: taxas disparam e título oferece IPCA+7% pela 1ª vez na história

 


Títulos do Tesouro Direto mostram remuneração de IPCA+7% pela primeira vez em anos

Títulos do Tesouro Direto mostram remuneração de IPCA+7% pela primeira vez em anos (Crédito: Divulgação/Tesouro Nacional)

 

Nesta quinta-feira, 13, pela primeira vez na história um dos títulos do Tesouro Direto passaram a mostrar uma remuneração de IPCA+7%. O Tesouro IPCA+ 2029 é o título em questão que oferece esse patamar de remuneração. Títulos com vencimentos mais longos, como o Tesouro IPCA+ 2035, também subiram e agora oferecem remuneração de 6,8%.

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No passado, o título com vencimento para 2035 havia sido o único com remuneração de IPCA+7%, todavia isso ocorreu em menos de 5% das sessões dos últimos 10 anos. No caso do vencimento para 2029, foi a primeira vez.

O Tesouro Educa+2026 também está com uma remuneração de IPCA+7%.

O cenário de alta remuneração para esse título vem em um contexto de desancoragem das expectativas de inflação e ceticismo com a política fiscal.

O mercado ainda aguarda um pacote fiscal do governo que apresente cortes de gastos, medida que tem sido citada pelo ministro Fernando Haddad em falas recentes, mas ainda não foi formalizada.

A previsão era de que o pacote fosse anunciado nesta semana, mas Haddad passou a avaliar novas medidas – incluindo contemplar cortes nas Forças Armadas – e apresentação do pacote deve ficar para a próxima semana. Além disso, a reunião do G20 no Rio de Janeiro também é um fator que atrasa a formalização do pacote de ajustes.

O atraso no anúncio de medidas de ajuste tem custado caro ao governo, que já enxerga um dólar mais próximo dos R$ 6 do que dos R$ 5.

A última vez que os níveis de remuneração de títulos do Tesouro ficaram nesse patamar foi em meados de 2016 – ano de impeachment e de incertezas econômicas mais intensas.

Tesouro sobe com projeções do IPCA em alta

A precificação dos títulos atrelados ao IPCA nesse patamar mostra que os investidores querem um prêmio alto, sinalizando que a visão é de uma inflação persistente nos próximos meses e anos.

Conforme dados do Boletim Focus, que refletem as projeções do consenso do mercado financeiro, a expectativa é de que o IPCA feche o ano em 4,62% – acima da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5%.

O mercado tem elevado suas projeções para o índice há seis semanas consecutivas.

Tesouro pré-fixado nas máximas de 2024

O Tesouro Prefixado também renovou suas máximas para o ano, com o título que vence em 2027 oferecendo uma rentabilidade de 13,45% ao ano.

Já o Tesouro Prefixado com vencimento em 2031 rende 13,24% ao ano, também ficando no maior patamar de 2024.

Entre os países do G20, 10 têm média de jornada de trabalho menor que a do Brasil; veja lista

 


Funcionários de fábrica em Socorro, São Paulo

 

O G20 reúne as maiores economias do mundo, englobando 19 países e dois órgãos regionais (União Africana e a União Europeia), que representam 85% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, mais de 75% do comércio global e cerca de dois terços da população do planeta.

Entre os países do grupo, 13 deles trabalham, em média, até 40 horas por semana, de acordo com levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT), órgão vinculado à Organização das Nações Unidos (Onu). Não há informações sobre a Arábia Saudita, então o país não está sendo considerado na lista.

No ranking, Brasil fica em 11º lugar entre os países com mais horas trabalhadas semanalmente em média, com 39 horas. O Canadá é que tem a menor média, de 32,1 horas trabalhadas por semana. A Índia registra a maior quantidade de horas, com 46,7 em média.

Média de horas semanais trabalhadas nos países do G20

  1. Canadá – 32,1
  2. Austrália – 32,3
  3. Alemanha – 34,2
  4. França – 35,9
  5. Reino Unido – 35,9
  6. Itália – 36,3
  7. Japão – 36,6
  8. Argentina – 37
  9. Estados Unidos – 38
  10. Coreia do Sul – 38,6
  11. Brasil – 39
  12. Rússia – 39,2
  13. Indonésia – 40
  14. África do Sul – 42,6
  15. México – 43,7
  16. Turquia – 43,9
  17. China – 46,1
  18. Índia – 46,7
  19. Arábia Saudita – não constam dados na OIT

Campanha pelo fim da jornada 6×1

Nos últimos dias, o debate sobre jornada de trabalho ganhou ampla repercussão com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) que prevê o fim da escala 6×1, seis dias de trabalho e um de descanso.

Nesta quarta-feira,13, a PEC atingiu o quórum de assinaturas necessário para começar a tramitar na Câmara dos Deputados, com 194 assinaturas no sistema interno da Câmara na parte da manhã, acima das 171 mínimas necessárias.

A mobilização em torno da proposta ganhou força com a adesão de deputados federais do PT, com 68 deputados da sigla sendo signatários.

Também integram as assinaturas outros partidos da base aliada do presidente da República e outros 13 parlamentares do PSOL da Câmara e 13 deputados federais do PSB.

No texto, além do fim da escala 6×1, há a proposta para que ela passe a ser 4×3, quatro dias trabalhados e três de descanso. Se aprovada, a regra valeria para todos os trabalhadores do país e reduzira das atuais 44 horas semanais previstas na Constituição Federal para 36 horas.

 Atualmente, a Constituição Federal define que a jornada de trabalho no Brasil não pode ultrapassar 8 horas diárias e 44 horas semanais. O empregador é obrigado a conceder ao empregado um dia de descanso, preferencialmente aos domingos.

Para o professor José Dari Krien, do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit), o debate – e a amplitude de sua repercussão nesses dias – podem ser entendidos como reflexo de transformações mais profundas do que está acontecendo no mundo do trabalho hoje.

“Assim como as jornadas de junho de 2013, esse movimento é expressão de algo maior do que está acontecendo na sociedade. Hoje a sociedade está ressignificando o trabalho, que está penoso, com pressões por produtividade e metas, ou muitos trabalhos precários e sem realização pessoal”, avalia Krein.

O pesquisador destaca que, historicamente, o setor empresarial produtivo vai defender a ideia de sociedade organizada pela lógica do mercado, e que a mudança tente a gerar efeitos negativos, assim como ocorreu na instituição do 13º salário nos anos 1960 e da política de valorização do salário mínimo no início dos anos 2000, efeitos esses que não se concretizaram como propagado na época.

Mas que a sociedade “precisa considerar a vida das pessoas, não só a economia”.

“Hoje as pessoas têm muito pouco tempo para a vida social. E não querem mais só o trabalho, a vida tem outras dimensões. Faz muito tempo que não se mexe na jornada formal no Brasil, foi há 36 anos e, mesmo assim, reduziu de 48 para 44 horas, reduziu pouco”.

Como é hoje no Brasil

Compensações de horários e redução de jornada são permitidas desde que acordadas em convenções coletivas. Horas que ultrapassem os acordos devem ser pagas em valor 50% superior à remuneração normal.

Já a Consolidação das Leis Trabalhistas, a CLT, estabelece que serviços que abrem aos domingos devem definir um revezamento de escalas de trabalho mensais, garantindo as 24 horas semanais de descanso remunerado. A lei, válida para trabalhadores contratados nesse regime, também limita em duas horas o tempo máximo de trabalho extra por semana para algumas profissões.

Na prática, não há limite máximo de dias trabalhados descrito na lei, mas a distribuição das horas permitidas faz com que o teto seja de seis dias.

A atual regra foi estabelecida após constantes mudanças na legislação. As 44 horas semanais foram definidas já na Constituição de 1988, mas alterações na CLT aconteceram ao longo do tempo. A principal delas foi a reforma trabalhista aprovada em 2017 no governo de Michel Temer, que permitiu que “ocorrendo necessidade imperiosa” seja autorizado um regime de trabalho de até 12 horas diárias independentemente de acordo ou convenção coletiva. A regra vale até hoje.

Manifestações

O Ministério do Trabalho avaliou na segunda-feira, 11, que a redução da jornada de 44h semanais é “plenamente possível e saudável”, diante de uma decisão coletiva.”

A pasta ponderou, no entanto, “acreditar que essa questão deveria ser tratada em convenção e acordos coletivos entre empresas e empregados”.

O vice-presidente Geraldo Alckmin, que está na COP29, no Azerbaijão, disse que a redução da jornada 6×1 é uma “tendência em todo o mundo”, contudo disse que o tema não foi debatido internamento no governo.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) criticou a hipótese de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que veta a escala 6×1 – seis dias trabalhados e um dia de descanso – para uma jornada de 44 horas semanais. Para a confederação, a redução obrigatório da jornada, estabelecida por lei, deve produzir efeitos negativos no mercado de trabalho e na capacidade das empresas de competir, sobretudo aquelas de micro e pequeno porte.

Em nota divulgada nesta terça-feira, 12, a CNI defende que o tema da carga horária semanal seja tratado apenas em processos de negociação individual e coletiva.

 

*Com informações de Deutsch Welle

 

https://istoedinheiro.com.br/entre-os-paises-do-g20-10-tem-media-de-jornada-de-trabalho-menor-que-a-do-brasil-veja-lista/

Lula recebe bilionário indiano da siderurgia e celebra “volta da confiança”

 


Presidente destaca investimentos bilionários da ArcelorMittal e reforça importância das relações econômicas entre Brasil e Índia

Lakshmi Mittal, Lula e Rui Costa (Foto: Ricardo Stuckert)

 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta terça-feira, 12 de novembro, o empresário indiano Lakshmi Mittal, presidente da gigante da siderurgia ArcelorMittal, no Palácio do Planalto. A visita de Mittal ao Brasil tem como destaque a inauguração de uma nova planta da empresa em São Francisco do Sul, Santa Catarina, marcada para esta quarta-feira, com investimento de R$ 2 bilhões. Este aporte faz parte de um robusto plano de investimentos da ArcelorMittal no país, que inclui grandes projetos em energias renováveis e um total de R$ 5 bilhões em investimentos somente em Minas Gerais.

O investimento de R$ 2 bilhões em Santa Catarina e os aportes adicionais em Minas Gerais são parte de um plano mais amplo da ArcelorMittal para o Brasil nos próximos cinco anos. A empresa já possui operações em oito estados da federação e vem se destacando como um dos principais players na implementação de projetos de energias renováveis no país.

Lula celebrou o momento em um tweet, destacando a importância da confiança internacional renovada no Brasil: "Hoje me reuni também com o empresário indiano Lakshmi Mittal, presidente da ArcelorMittal, que veio ao Brasil para inaugurar uma nova planta da empresa siderúrgica em Santa Catarina, investimento de R$ 2 bilhões no estado. Agora existe confiança para investimentos externos e crescimento da indústria no Brasil."

A importância estratégica das relações Brasil-Índia

O encontro entre Lula e Mittal não apenas celebrou os novos investimentos, mas também reiterou o potencial das relações econômicas entre Brasil e Índia. O presidente enfatizou a necessidade de fomentar um maior intercâmbio comercial entre os dois países, cujas economias, por seu tamanho e potencial, ainda não exploraram totalmente as possibilidades de cooperação mútua. Essa iniciativa é parte de um movimento mais amplo de Lula para reforçar parcerias internacionais estratégicas e atrair investimentos que impulsionem a indústria e a economia brasileira.

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Salário mínimo pode chegar a R$ 1.525 em 2025 com inflação mais alta, diz estudo

 


CLT digital (Crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

 

O salário mínimo pode subir para R$ 1.524 em 2025, segundo projeções elaboradas pela corretora de investimentos XP. O valor representaria uma alta de 7,93% em relação ao atual patamar de R$ 1.412 e está acima da projeção de R$ 1.509 enviada pelo Governo Federal ao Congresso em agosto no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA).

O cálculo de reajuste do salário mínimo estabelecido pela regra atual é feito com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado em 12 meses até novembro de 2024, mais o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) de dois anos antes, no caso, de 2023.

O estudo da XP calcula que o INPC, usado como indicador de inflação, chegará a 4,9% em 12 meses em novembro. Já o PIB do ano levado em consideração no cálculo é de 2,91%.

Pressões fiscais

“Quando o orçamento foi apresentado ao Congresso em agosto, as estimativas para IPCA, INPC e salário mínimo eram de 3,90%, 3,65% e R$ 1.509 No entanto, como dissemos acima, as medidas de inflação aumentaram desde então e devem chegar a 4,9%, 5,0% e R$ 1.524, respectivamente”, diz o estudo.

Segundo a corretora, o novo número pressionará o orçamento com uma despesa de R$ 13,3 bilhões em 2025, já que o salário mínimo é utilizado como base para o cálculo de benefícios como seguro-desemprego, previdência social e abono salarial.

Em um tópico chamado “resultado primário em risco”, o estudo crava que será necessário um novo aumento de tributos como o da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), instituído por Medida Provisória. Nos últimos dias, reuniões do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e outros componentes do governo Lula buscam montar um pacote de cortes de gastos para conseguir bater as metas do atual arcabouço fiscal.

Conselho da Vivara elege Icaro Borrello para cargo de CEO

 


loja vivara comércio

Vivara: nos últimos três meses, em meio ao isolamento social, registrou aumento da venda de prata (Crédito: Divulgação)

 

A Vivara informou que seu conselho de administração elegeu o atual diretor de operações, Icaro Borrello, para o cargo de presidente-executivo da companhia, em reunião realizada nesta terça-feira, conforme comunicado ao mercado.

A decisão segue-se à renúncia do CEO Otavio Chacon do Amaral Lyra, com o processo sucessório previsto para durar 30 dias.

“A decisão, tomada em comum acordo entre Companhia e o Sr. Otávio, foi cuidadosamente avaliada por ambas as partes, que estão comprometidas com uma transição natural, linear e produtiva”, afirmou a Vivara no documento.

Lojas Renner vê lucro e vendas avançarem no terceiro trimestre

 


Comercialização do vestuário aumentou quase o dobro da média do mercado 
 
 
A Lojas Renner é a 12ª maior empresa da região e também a terceira maior do Rio Grande do Sul, de acordo com o ranking 500 MAIORES DO SUL

 

 

A Lojas Renner viu as vendas avançarem 12,1% no terceiro trimestre e também no acumulado anual. O lucro líquido tomou a mesma direção ao crescer 47,7% entre julho e setembro, quando comparado com o mesmo intervalo do ano anterior (veja todos os principais indicadores financeiros na tabela ao final desta reportagem). "Os resultados do terceiro trimestre demonstram que a evolução do nosso modelo de negócios e as iniciativas relevantes que colocamos em prática até o momento estão alavancando o potencial da companhia. As vendas de vestuário no terceiro trimestre aumentaram 13%, quase o dobro da média do mercado, e combinadas com um aumento de 1,1 ponto percentual na margem bruta, são uma clara evidência disso", destaca o comunicado da empresa.

A varejista conta que através do uso de inteligência artificial, capturou tendências de forma ágil e precisa, por meio de um ciclo de desenvolvimento de produtos mais curto e maior produtividade e eficiência da cadeia de fornecimento. Esse case ajudou a companhia gaúcha a vencer o prêmio Campeãs da Inovação, ranking publicado pelo Grupo AMANHÃ com a parceria técnica do IXL-Center (veja a reportagem clicando aqui). "Nosso modelo de abastecimento omnichannel e 100% por SKU [unidade de manutenção de estoque] ponta a ponta já está contribuindo para uma operação mais granular, responsiva e precisa, resultando em lead times de abastecimento de lojas em níveis recordes", detalha a companhia. A Lojas Renner é a 12ª maior empresa da região e também a terceira maior do Rio Grande do Sul, de acordo com o ranking 500 MAIORES DO SUL, publicado pelo Grupo AMANHÃ com o apoio técnico da PwC Brasil (veja o ranking completo aqui e o anuário digital completo clicando neste link).


https://amanha.com.br/categoria/empresa/lojas-renner-ve-lucro-e-vendas-avancarem-no-terceiro-trimestre?utm_campaign=NEWS+DI%C3%81RIA+PORTAL+AMANH%C3%83&utm_content=Lojas+Renner+v%C3%AA+lucro+e+vendas+avan%C3%A7arem+no+terceiro+trimestre+-+Grupo+Amanh%C3%A3&utm_medium=email&utm_source=dinamize&utm_term=News+Amanh%C3%A3+12_11_2024

Após cinco anos, Brasil recupera certificado de eliminação do sarampo

 OPAS


Cinco anos após perder o certificado de eliminação do sarampo, em 2019, o Brasil voltou a receber da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) o status de país livre da doença. O último registro de sarampo no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, aconteceu em junho de 2022, no Amapá.

Durante cerimônia em Brasília nesta terça-feira (12), o diretor da Opas, Jarbas Barbosa, avaliou que, quando se consegue reunir capacidade técnica e liderança política comprometida com a causa, “as coisas acontecem”. “Ver um presidente liderando uma retomada do programa de imunização, usando broche do Zé Gotinha, sendo vacinado e dizendo às pessoas que se vacinem faz uma diferença tremenda”.

Antes do evento, Jarbas Barbosa se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, e entregou o certificado pessoalmente a Lula. “Esse diploma é resultado da força da retomada e da competência do sistema de vacinação brasileiro”, destacou o presidente em comunicado.

“É muito importante que se reconheça isso, até para que sirva de exemplo a outros chefes de Estado da região para terem o mesmo compromisso e darem o impulso que os programa de imunização precisam”, disse presidente da Opas.

Em seu discurso, Jarbas lembrou que as Américas figuram, atualmente, como a região do mundo que mais recuperou a cobertura vacinal após a pandemia de covid-19. “Isso é importante porque a pandemia foi um golpe. A gente estima que 23% ou 24% das crianças deixaram de se vacinar durante a pandemia”.

“Mas a verdade é que, nas Américas, por vários fatores, desde 2015, as coberturas vacinais já vinham num processo de declínio – lento, mas extremamente preocupante. Então, o fato de ter não só recuperado [coberturas vacinais], mas ter sido a região que recuperou com mais força nos dá um alento muito grande. Em breve, estaremos com os 95% [de cobertura vacinal] que a gente precisa.”

“Não nos esqueçamos de que o sarampo continua a existir no mundo – na Europa, na Ásia, na África, em todos os outros continentes. Teremos casos importados de sarampo. O preocupante é quando não tivermos esses casos – provavelmente porque a vigilância não teve capacidade de detectar. Precisamos manter o binômio vacinação elevada e homogênea e vigilância sensível.”

Ao receber o certificado, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, classificou o status de país livre do sarampo como uma conquista importante. “Uma conquista que vem do compromisso da capacidade técnica, sem dúvida, mas essa capacidade está no nosso país. Ela precisava ser mobilizada junto com a sociedade, com a excelente cooperação com a Opas”.

“É um movimento que se traduz em um movimento nacional, de gestores, da comunidade científica, da comunidade de vigilância, do Parlamento”, disse. “É uma conquista, mas não podemos descansar. A luta continua”, completou.

Para o presidente da Câmara Técnica Nacional de Especialistas, Renato Kfouri, a recertificação brasileira é resultado da retomada dos investimentos em vacinação e na vigilância epidemiológica. “Tive a oportunidade de presidir essa câmara técnica e vi um trabalho sendo feito neste Brasil afora com propósito e compromisso – duas palavras que têm todo significado nesse dia de hoje”.

Análise

Em nota, a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mônica Levi, comemorou a recertificação, mas alertou que a manutenção do status depende de mobilização constante, já que o vírus continua a circular. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que, em 2023, mais de 320 mil casos foram confirmados em todo o planeta.

“Perder o certificado, algo que o histórico recente mostra não ser impossível, seria um grande retrocesso. Estamos no caminho certo, mas precisamos estar atentos e redobrar os nossos esforços, até porque o sarampo não é a única doença com a qual devemos nos preocupar”, disse. “Evoluímos bastante, mas boa parte das vacinas, a exemplo da que previne a pólio, permanece com a cobertura aquém do desejado.”

Linha do tempo

Após o registro dos últimos casos de sarampo no ano de 2015, o Brasil recebeu, em 2016, a certificação da eliminação do vírus. Nos anos de 2016 e 2017, não foram confirmados casos da doença no país. Em 2018, entretanto, com o grande fluxo migratório associado às baixas coberturas vacinais, o vírus voltou a circular e, em 2019, após um ano de franca circulação do sarampo por mais de 12 meses, o Brasil perdeu o status.

Dados do ministério indica que, entre 2018 a 2022, foram confirmados 9.329, 21.704, 8.035, 670 e 41 casos de sarampo, respectivamente. Em 2022, os estados que confirmaram casos foram: Rio de Janeiro, Pará, São Paulo e Amapá, sendo que o último caso confirmado foi registrado no Amapá, com data de início do exantema (erupções cutâneas) em 05 de junho.

Em 2024, o Brasil chegou a registrar dois casos confirmados, mas importados, sendo um em janeiro, no Rio Grande do Sul, proveniente do Paquistão; e um em agosto, em Minas Gerais, proveniente da Inglaterra.

Sarampo

A pasta define o sarampo como uma doença viral altamente contagiosa que afeta principalmente crianças e pode causar complicações graves, como diarreias intensas, cegueira, pneumonia e encefalite (inflamação do cérebro). “A maneira mais efetiva de evitar o sarampo é por meio da vacinação”, ressaltou o ministério.

Colaborou Andreia Verdélio