O Grupo AMANHÃ, através do Instituto AMANHÃ, realizou na quarta-feira (13) o Fórum "Transição Energética – Desafio e Oportunidade para o Brasil e suas Empresas", em Curitiba. O debate, que integra a 11ª edição do AMANHÃ Sustentável, também foi transmitido ao vivo pelo canal AMANHATV no YouTube (clique aqui para acessar). Copel, Grupo Gerdau, Itaipu Binacional e Sanepar apresentaram seus cases sobre o tema. "A iniciativa privada tem um papel muito importante, tanto quanto os governos, na contribuição para fazer com que a transição energética ocorra no Brasil. Além de produzirem energia limpa, as empresas também podem fazer parte de cadeias produtivas globais para atender a demanda com fornecimento de equipamentos, razão pela qual a transição energética também abre oportunidades para negócios", afirmou Jorge Polydoro, presidente do Instituto AMANHÃ, ao saudar o público presente no centro de eventos Encontro da Amazônia, na capital paranaense.
Orlando Pessutti, secretário representante do Paraná no Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul), lembrou como o estado foi protagonista na criação de biodigestores para obter energia elétrica a partir dos dejetos de suínos, iniciativa levada à frente por muitos agricultores, como também cooperativas. "Temos de fazer a transição energética para obtermos energias muito mais limpas, pois também teremos uma vida muito mais segura", declarou. Carolina Teodoro, coordenadora de economia e mercado do Sistema Ocepar, também destacou o importante papel do cooperativismo no cumprimento da agenda ESG. "Mais de 48% do faturamento das cooperativas paranaenses é fruto de alguma industrialização e atualmente contamos com 9% de produção própria de energia, algo que tem se tornado vital para o cooperativismo cada vez mais comprometido com o desenvolvimento sustentável", frisou. Para Nilo Cini Junior, coordenador do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), manter e ampliar as fontes renováveis em um cenário de eventos climáticos extremos fortalece a competitividade industrial. "Energia limpa é uma ativo indispensável para as empresas e a Fiep reconhece essa realidade ao liderar ações que capacitam pessoas nesse sentido", ressaltou.
A 11ª edição do AMANHÃ Sustentável conta com apoio técnico da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace), entidade que representa os grandes consumidores de energia e uma das mais antigas do setor elétrico. A cobertura completa do fórum circulará no guia AMANHÃ Sustentável que será disponibilizado no Portal AMANHÃ e nas plataformas do Grupo AMANHÃ nas próximas semanas. Acompanhe, a seguir, um resumo das principais iniciativas de transição energética apresentadas pela Copel, pelo Grupo Gerdau, pela Itaipu Binacional e pela Sanepar.
Copel, uma protagonista da transição energética
Luisa Nastari, superintendente da área de governança e
sustentabilidade da Copel, contextualizou o atual cenário do setor
elétrico frente aos desafios que a transição energética impõe. A
Organização das Nações Unidas (ONU) estima que, se nada for feito em
favor da descarbonização, chegaremos a 2100 com uma temperatura média 3
ºC acima do período pré-revolução industrial, por exemplo. As energias
renováveis devem substituir os combustíveis fósseis nos próximos anos,
segundo a Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena). O Brasil
possui uma matriz elétrica com cerca de 84,2% da geração de origem de
fontes renováveis – um diferencial que pode tornar o país protagonista.
Trilhando esse caminho, a Copel realiza o inventário de gases de efeito
estufa (GEE) desde 2008. A companhia também tem um plano de neutralidade
relacionando metas para redução de GEE. A empresa definiu o
desinvestimento em seus ativos de fonte fóssil, em linha com seu
objetivo de se tornar uma companhia com 100% de energia renováveis. Por
essa razão a Copel realizou a venda da Usina Elétrica a Gás de Araucária
(UEGA) e se desfez da participação que detinha na Companhia Paranaense
de Gás (Compagás). Em outubro do ano passado, a Copel também solicitou a
devolução da concessão da Usina Termelétrica Figueira para a União.
"Recentemente alcançamos a meta de 100% de energia renovável baseada em
fontes limpas. Esta meta foi batida um ano antes do prazo previsto, que
era 2025, e coincidiu com os 70 anos da Copel comemorados em 26 de
outubro", contou Luisa. Ela também destacou o fato de a companhia ter
criado um fundo para financiar a transição energética. "O Copel Ventures
I vai disponibilizar R$ 150 milhões para investir em startups que
contribuam para a transição energética. Desejamos ser protagonistas
nesse campo e, para isso, sempre tentamos antecipar todas as tendências
possíveis", reconheceu.
A siderurgia não tem uma bala de prata
A Gerdau assumiu uma meta de redução das emissões de gases de
efeito estufa até 2031, saindo de 0,93 t CO2e para 0,83 t CO2e, um
patamar deixará a companhia com um volume de emissões menor que a metade
da média mundial do setor do aço. A Gerdau também possui 250 mil
hectares de base florestal, sendo 90 mil para conservação da
biodiversidade. Outra providência é a substituição parcial do carvão
mineral na usina de Ouro Branco (MG) evitando 90 mil tCO2e anualmente.
"A siderurgia não tem uma bala de prata para neutralizar o carbono com
muita velocidade, pois cada lugar terá uma tecnologia viável e outras
não, por isso a importância de ter políticas públicas que auxiliem
diversos setores", opinou Naiade Araki Gonçalves, especialista de meio
ambiente do Grupo Gerdau. Ela deu como exemplo o investimento de US$ 10
milhões, o maior valor já destinado pelo governo norte-americano como
incentivo a estudos de descarbonização e que visa trazer mais
conhecimento sobre o uso do hidrogênio em escalas piloto e industrial. A
pesquisa está sendo conduzida pela Purdue University, com o apoio de
empresas produtoras de aço – inclusive, os testes serão realizados na
unidade de Monroe, em Michigan, que pertence ao Grupo Gerdau. Em
setembro, a Petrobras e a Gerdau firmaram memorando de entendimento com o
objetivo de explorar oportunidades comerciais e potenciais parcerias
alinhadas às estratégias de diversificação e descarbonização de ambas as
empresas.
Itaipu, uma usina de ideias
Marcio
Massakiti Kubo, gestor de convênios de pesquisas e projetos de
desenvolvimento e inovação e assessor da área de energias renováveis da
Itaipu Binacional, mostrou como a usina sediada em Foz do Iguaçu tem
dado sua contribuição para a pesquisa envolvendo o tema de transição
energética. Desde 2006, a Itaipu apoia a transição energética com o
início dos programas Energias Renováveis (ER) e Mobilidade Elétrica
Sustentável. Os projetos de ER começaram dada a preocupação com a grande
concentração de produção de proteína animal nos municípios próximos ao
reservatório da usina, que acaba gerando resíduos que, se não destinados
de maneira adequada, chegam até as águas de Itaipu através dos rios da
região. A primeira microgeração distribuída do Brasil foi implementada
no Oeste do Paraná em um projeto apoiado por Itaipu, em 2008. Hoje, a
partir daquela primeira ação, o Brasil possui mais de duas Itaipus em
potência instalada com a mini e microgeração distribuída. "Isso foi
muito significativo para a Itaipu, pois esse projeto foi base para as
primeiras normativas técnicas da Aneel para regulamentar o tema no
Brasil", recordou Kubo. Itaipu também ajudou a desenvolver o primeiro
ônibus 100% elétrico do país e o primeiro ônibus híbrido, movido a
eletricidade e a etanol, em parceria com a Financiadora de Estudos e
Projetos (Finep).
Sanepar: não há saneamento sem energia
A Sanepar é a maior consumidora de energia elétrica do Paraná, pois
todo os processos de saneamento e esgotamento precisam dessa fonte. Por
essa razão, a companhia paranaense realiza ações visando ter eficiência
energética, assim como a busca por energias renováveis. A empresa
desenvolveu a capacidade para gerenciar mensalmente as faturas de
energia das diferentes unidades consumidoras que possui. Em 362 delas,
de um total de 780, esse monitoramento é feito em tempo real. "Estamos,
aos poucos, migrando nossas unidades para o mercado livre de energia, o
que poderá nos garantir futuramente uma economia de R$ 1 bilhão",
projetou Charles Carneiro, engenheiro de desenvolvimento operacional da
Sanepar. A Sanepar possui o maior parque de reatores anaeróbios do mundo
tratando esgoto doméstico e tem sido destaque em iniciativas de
recuperação energética de biogás. Estima-se que mais de 60 milhões de
metros cúbicos de biogás podem ser produzidos anualmente somente a
partir do esgoto no Paraná. A empresa também foi pioneira na implantação
do sistema de microgeração distribuída de energia elétrica da Estação
de Tratamento de Esgoto Ouro Verde, em Foz do Iguaçu, a primeira desta
natureza a ser operacionalizada no setor de saneamento do Brasil. Também
projeto da Sanepar, a US Bioenergia é capaz de produzir até 2,8 MWh de
energia elétrica renovável a partir da codigestão de lodo de esgoto e
materiais orgânicos de grandes geradores. A Estação de Tratamento de
Esgoto Atuba Sul, em Curitiba, também é destaque por seu sistema
inovador de secagem térmica de lodo que utiliza como combustível o
biogás e biomassa (lodo seco) produzido na própria localidade. O sistema
é capaz de processar 5 toneladas de lodo por hora, transformando-o em
cinzas e evitando o envio de grandes volumes de material para aterros
sanitários. "Temos trabalhado muito fortemente a transição energética
podendo ter à disposição opções disruptivas como essas, pois temos
processos básicos de água e esgoto muito bem consolidados", definiu
Carneiro.
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