O
Brasil exportou mais da metade do petróleo que produziu nos primeiros
nove meses do ano, registrando crescimento de 260% em relação há dez
anos, informa levantamento feito pelo Instituto Estratégico de Petróleo e
Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep). De janeiro a setembro de 2024, o
País exportou uma média de 1,8 milhão de barris de petróleo por dia
(bpd), ou 54% do petróleo produzido, contra 47% exportado no mesmo
período do ano passado, somando as exportações da Petrobras e de
petroleiras privadas.
“O crescimento das exportações na última
década deve-se principalmente à ampliação da produção advinda do
pré-sal, em contraste com a modesta expansão da capacidade de refino
nacional. Enquanto a produção nacional de petróleo registrou uma alta de
cerca de 48%, passando de 2,3 para 3,4 milhões de barris por dia, a
capacidade de refino avançou apenas 7,5%, subindo de 2,13 para 2,29
milhões de barris por dia”, destaca o instituto, utilizando dados da
Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
A
China foi o principal destino das exportações em 2024, que absorveu
cerca de 46,2% do total exportado. Os Estados Unidos e a Espanha se
destacaram como outros destinos significativos, recebendo,
respectivamente, 13,1% e 10,2% do total. A Petrobras continua como a
principal exportadora, apesar da contribuição crescente das empresas
privadas, atualmente em cerca de 450 mil bpd.
Na última década,
impulsionada pela produção do pré-sal e redução do parque de refino –
com o programa de desinvestimentos no setor durante os governos de
Michel Temer e de Jair Bolsonaro -, a Petrobras experimentou um
crescimento significativo na produção. Em 2013, a companhia exportou
cerca de 0,21 milhões de barris de petróleo por dia, o equivalente a 11%
de sua produção total. Em 2023, o volume exportado atingiu 0,59 milhões
de barris diários, representando 27% da produção total na mesma
comparação.
No
terceiro trimestre do ano, a Petrobras como concessionária deteve 63%
da produção total de petróleo e gás, alcançando a marca de 2,71 milhões
de barris de óleo equivalente por dia (boe/d). As demais petroleiras
responderam por 1,62 milhão boe/d, o que corresponde a aproximadamente
37% da produção nacional no período.
Derivados
Apesar
da elevada produção e exportação de petróleo, o Brasil continua
importando derivados, tendência que, segundo o Plano Decenal de Energia
(PDE 2034) da EPE, deve persistir na próxima década, ressalta o Ineep.
“Embora
as exportações gerem ganhos financeiros no curto prazo, especialmente
em momentos de alta do preço da commodity, a falta de uma política
industrial articulada e que busque desenvolver a cadeia de valor interna
limita o desenvolvimento econômico e produtivo do País no longo prazo,
mantendo-o dependente de importações (de derivados)”, avalia o estudo.
Ainda
de acordo com o Ineep, a dependência de derivados importados torna os
preços dos combustíveis mais suscetíveis às oscilações provocadas pelas
dinâmicas geopolíticas e econômicas globais.
“Um planejamento
ampliado e integrado para a indústria de óleo e gás, com investimentos
em exploração, produção e refino, é crucial para garantir o
abastecimento interno e a segurança energética do país, além de
posicionar o Brasil de forma estratégica no mercado internacional de
petróleo”, conclui o estudo.