segunda-feira, 10 de março de 2025

Dólar vai a R$ 5,86 em meio a receios com economia dos EUA; Ibovespa recua

 

O dólar intensificou a na reta final da sessão desta segunda-feira, 10, após rondar a estabilidade frente ao real ao longo da manhã. Investidores demonstram aversão ao risco diante dos temores de que a economia dos Estados Unidos esteja desacelerando, um cenário que poderia piorar mais com a implementação de tarifas.

Às 16h45, o dólar à vista subia 1,34%, a R$ 5,86 na venda.

Na sexta-feira, o dólar à vista fechou em alta de 0,51%, a R$ 5,7892, mas acumulou baixa semanal de 2,15%.

Neste pregão, os mercados globais acirravam as preocupações com a economia norte-americana, na esteira de dados e resultados de pesquisas recentes que vieram mais fracos do que o esperado e de maiores incertezas sobre os planos tarifários — e seus impactos — do presidente dos EUA, Donald Trump.

Na sexta-feira, o relatório de emprego de fevereiro já havia acendido um alerta entre investidores, com os EUA registrando a criação de 151.000 postos de trabalho no mês passado, de 125.000 vagas em janeiro, em dado revisado para baixo. Em pesquisa da Reuters, havia previsão de abertura de 160.000 empregos.

Os agentes financeiros também vinham demonstrando pessimismo com várias pesquisas recentes que relataram uma deterioração da confiança e das perspectivas econômicas de consumidores e empresários, em meio às crescentes tensões comerciais provocadas pelas ameaças tarifárias de Trump.

Mas foram comentários de Trump no fim de semana que confirmaram de vez o pessimismo dos mercados, gerando a aversão ao risco observada nesta sessão.

Em entrevista concedida à Fox News, que foi ao ar no domingo, Trump se recusou a prever se os EUA podem passar por uma recessão devido ao impacto de suas prometidas tarifas sobre Canadá, México e China.

Ele também afirmou que o país passará por um “período de transição” devido às ações que seu governo está tomando, mas disse acreditar que as consequências serão positivas no final.

A demonstração de incerteza pelo próprio presidente em relação aos impactos de suas medidas comerciais agitava os mercados nesta segunda, com investidores temendo o pior pela economia norte-americana caso tarifas sejam amplamente aplicadas em meio a uma atividade econômica em desaceleração.

Com isso, o dólar disparava ante o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.

As moedas emergentes e os ativos de risco em geral estão sendo liquidados diante da possibilidade de recessão nos EUA. Junto à fragilidade das questões domésticas, o real se destaca como uma das alternativas mais vulneráveis em períodos de estresse”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,31%, a 103,990.

Agentes financeiros ainda demonstram cautela ao tentar projetar os próximos passos do Federal Reserve em seu ciclo de afrouxamento monetário.

Na sexta-feira, em discurso em uma conferência, o chair do Fed, Jerome Powell, disse que o banco central será cauteloso para ter certeza de que sabe o que está acontecendo no país, sem necessidade de apressar qualquer corte nos juros.

Operadores continuam apostando em três cortes na taxa de juros pelo Fed neste ano, com a retomada das reduções prevista para junho.

Já no cenário doméstico, a preocupação do mercado continua sendo a trajetória das contas públicas, com investidores receosos sobre quais medidas o governo pode adotar para reduzir a inflação dos alimentos e responder à queda recente de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O governo anunciou na semana passada que vai zerar a alíquota de importação de vários produtos, incluindo carne, café, açúcar e milho, entre outros, como parte de uma série de medidas para reduzir os preços de alimentos.

Na frente de dados, os mercados analisarão nesta semana dados de inflação ao consumidor tanto nos EUA como no Brasil, com a divulgação de ambos na quarta-feira.

Ibovespa

Às 11h11, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, cedia 1,02%, a 123.753,48 pontos. O volume financeiro somava R$3,29 bilhões.

Na visão da equipe do BB Investimentos, olhando o gráfico diário, o Ibovespa ainda precisa romper novamente a resistência de sua média móvel de 200 dias, atualmente em 127,3 mil pontos, para reingressar no canal de alta de curto prazo, conforme relatório enviado a clientes nesta segunda-feira.

“Essa falta de tendência aponta para uma indefinição no curtíssimo prazo, com acentuada volatilidade, lembrando que as últimas formações gráficas como a da sessão da última sexta foram seguidas por períodos de realização”, pontuaram.

Os analistas também pontuaram que, com temporada de resultados do quarto trimestre “neutra até o momento” e com os analistas calibrando marginalmente as expectativas de resultados para 2025, o desempenho de curtíssimo prazo guarda mais relação com a volatilidade da curva de juros no Brasil.

Em Nova York, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, recuava 1,76%, após comentários do presidente Donald Trump no fim de semana alimentarem preocupações de que uma guerra comercial pode desencadear uma desaceleração econômica.

Após o “respiro” no Carnaval, a temporada de resultados no Brasil retoma o fôlego nesta semana, com Azzas 2154, Cogna, SLC Agrícola, Eletrobras, LWSA, CSN, Magazine Luiza, Natura&Co, Prio, entre outros.

A partir desta segunda-feira, o mercado de ações à vista na B3 passa a fechar uma hora mais cedo em razão do início do horário de verão nos EUA. A negociação começa às 10h e acaba às 16h55, com o call de fechamento ocorrendo das 16h55 às 17h. O after-market tem início às 17h30 e termina às 18h.

DESTAQUES

– CAIXA SEGURIDADE ON recuava 3,38%, após registrar oferta subsequente de ações que incluirá uma venda secundária de papéis detidos pela controladora, a Caixa Econômica Federal. A empresa disse que a oferta consistirá na venda de 82,5 milhões de ações ordinárias — cerca de R$1,32 bilhão considerando a cotação de fechamento da última sexta-feira — e será precificada em 19 de março.

– CEMIG PN perdia 3,35%, tendo como pano de fundo amplo relatório do JPMorgan sobre ações de “utilities”, no qual cortou a ação de “overweight” para “underweight”. Ainda no setor, AUREN ENERGIA ON, que também foi rebaixada a “underweight” pelos analistas do banco, caía 2,48%. Na contramão, ENEVA ON e CPFL ENERGIA ON, que passaram a “overweight”, subiam 1,24% e 1,17%, respectivamente.

– VALE ON perdia 1,8%, acompanhando os futuros do minério de ferro na China, em meio a receios com as tarifas dos EUA e a promessa da China de cortar a produção de aço bruto. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) encerrou as negociações do dia com queda de 0,71%, a 769 iuanes (US$105,92) a tonelada. A ação também ficou ex-dividendo a partir desta segunda-feira.

– PETROBRAS PN cedia 1,56%, em dia de queda dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent era negociado a US$69,94, decréscimo de 0,6%. A estatal anunciou na sexta-feira acordo para encerrar litígio com a EIG Energy nos EUA, em que pagará US$283 milhões. O BTG Pactual reiterou compra para os papéis, mas ponderou que dados de investimentos devem aumento ceticismo.

– BRADESCO PN era negociada em baixa de 2,05%, em sessão negativa para bancos. ITAÚ ON caía 0,8%, BANCO DO BRASIL ON perdia 1,35% e SANTANDER BRASIL UNIT declinava 1,62%. O índice do setor financeiro na bolsa recuava 1,6%, pressionado também por B3 ON, em queda de 2,71%.

Nvidia espera fim de regra que restringe exportações, diz diretor para América Latina

A principal pedra do sapato da Nvidia neste começo de 2025 não é a Deepseek, mas sim uma regra aprovada no fim da gestão de Joe Biden que restringe as exportações de chips para países não aliados. Em entrevista à IstoÉ Dinheiro, o Diretor de Enterprise Sales da Nvidia para América Latina, Marcio Aguiar, declarou que a gigante de tecnologia norte-americana trabalha para que medida ‘não seja renovada’ pelo governo Donald Trump quando perder sua validade – o que ocorrerá em meados de maio.

“Obviamente ninguém quer trabalhar…..nenhuma empresa quer trabalhar ciente do poder que ela tem de oferecer os seus melhores produtos, as suas melhores tecnologias, e ter restrições para vender para países que são extremamente relevantes para o nosso negócio”, comenta o diretor da Nvidia.

Segundo o executivo, esse tipo de restrição ‘não é a mais benéfica para a indústria’ que a empresa atua.

 

 

 

 

Apesar disso, destaca que a empresa ‘vai seguir cumprindo com as regras impostas’ pelo governo dos Estados Unidos, mas vai tentar contornar a situação dentro do possível e dentro dos parâmetros legais, ‘desenvolvendo novas técnicas e novas ferramentas para que todos consigam ter acesso’ aos produtos da gigante de tencologia.

Sobre a ameaça vinda da China – a DeepSeek -, Aguiar comenta que apesar de o fenômeno ter abalado as ações da Nvidia, a empresa não teve grandes surpresas da porta para dentro.

“A gente já acompanha a Deepseek e sabemos que vão surgir outras empresas similares”, disse.

A visão é de que o guidance será alcançado e que a demanda pelos produtos da empresa segue aquecida.

“A gente já deu o nosso guidance. A nossa previsão de vendas agora para o primeiro trimestre é de um crescimento de em média 5%”, comenta.

As ações da Nvidia recuam 22% no acumulado de 2025 até então. Todavia nos últimos dois anos os papéis ainda acumulam uma valorização de 365%, com a empresa passando a integrar o clube do trilhão nos últimos meses e chegando a ocupar o posto de mais valiosa do mundo.

Trava impede Nvidia de exportar mais

A medida citada pelo executivo da companhia foi tomada ainda na gestão de Joe Biden, às vésperas do fim da gestão do democrata.

Antes de Biden deixar a Casa Branca, em janeiro de 2025, o governo dos Estados Unidos introduziu novas restrições à exportação de chips avançados de inteligência artificial (IA).

As medidas impedem que países adversários no campo geopolítico – como China e Rússia – adquiram tecnologias de ponta que possam ser utilizadas para fins militares ou de vigilância.

A legislação estabelece três níveis para grupos de países, firmando regras para acesso aos chips da Nvidia e outras tecnologias de ponta de grandes corporações americanas:

  • Nível 1: Inclui os EUA e 18 aliados, como Alemanha, Japão e Coreia do Sul. Os países desse grupo possuem acesso praticamente irrestrito aos chips americanos
  • Nível 2: Grupo de países com restrições moderadas (inclui Brasil, Índia, Israel, dentre outros), no qual as empresas podem obter permissões especiais para exportar mas precisam cumprir padrões de segurança e direitos humanos estabelecidos pelos EUA
  • Nível 3: Grupo que contempla nações adversárias no campo geopolítico, como China e Rússia. Esses países enfrentam bloqueio quase total na importação de chips, semicondutores e hardware análogo

Acerca da Designação de Usuário Final Validado (VEU), as empresas que integram o Nível 2 podem obter permissões especiais (VEU) para exportar chips, desde que aceitem requisitos de segurança e direitos humanos dos EUA.

A legislação também estabelece limites na capacidade total de computação que um país pode possuir

A validade dessa medida é de 120 dias. Ou seja, essa normativa ficará em vigor até o dia 10 de maio de 2025 – podendo então ser postergada ou não por Trump.

Ainda antes disso, em agosto de 2022, o governo Biden aprovou o CHIPS and Science Act, que destina cerca de US$ 280 bilhões para impulsionar a indústria de semicondutores e pesquisa em tecnologia nos EUA.

Juntamente com esses incentivos – que incluem aproximadamente US$ 52 bilhões para empresas que fabricam chips nos EUA, como a Nvidia – a legislação também estabelece restrições.

No âmbito desse regramento, visando que a China avance de forma mais lenta no desenvolvimento de chips avançados, o CHIPS and Science Act proíbe que empresas que recebam esses subsídios expandam operações na China por um período de 10 anos.

O governo Biden também restringiu a exportação de chips de IA avançados, como os da Nvidia (série A100 e H100), para a China.

Novidades de IA no radar

Sobre as novidades esperadas para este ano dentro do universo de IA, Aguiar comenta que devemos ver um aprimoramento da IA generativa.

“O avanço de tecnologias de IA generativa…IA generativa veio para realmente mudar, para desmistificar o uso de inteligência artificial. O que vivemos hoje em questão de técnicas de transformar, por exemplo, voz para imagem, texto para vídeo, isso é o início do que veremos transformando as empresas e realmente se tornando mais competitivas com esses recursos inovadores”, explica o diretor da Nvidia.

 






Família Moreira Salles lança oferta de aquisição de ações da gigante de vidro Verallia

 

A família Moreira Salles anunciou nesta segunda-feira que lançará oferta pública de aquisição das ações da engarrafadora francesa Verallia que ainda não possui e confirmou que pagará 30 euros por papel, avaliando a empresa em 6,1 bilhões de euros.

As ações do grupo, que fabrica garrafas para champanhe e conhaque, entre outras bebidas, subiram 4% no início do pregão. O papel acumula alta de cerca de 21% desde o início do ano, impulsionadas pelas negociações  com os Moreira Salles.

A BW Gestão de Investimentos (BWGI), de propriedade da holding Moreira Salles Brasil Warrant (BWSA), disse em fevereiro que queria comprar a Verallia, na qual já detém uma participação de cerca de 28,8%, mas que avaliaria uma oferta pelo restante da empresa após os resultados anuais da companhia.

O grupo francês divulgou, no final do mês, lucro operacional medido pelo Ebitda ajustado ligeiramente acima do esperado pelo mercado para 2024 e disse que espera nível de lucro semelhante em 2025, com mais do que o dobro da geração de fluxo de caixa livre.

A BWGI afirmou que o período da oferta se encerra no final do primeiro semestre e acrescentou que não planeja retirar a empresa da bolsa e que a oferta não levará a nenhum corte de emprego.

O setor de bebidas alcoólicas da França está sob pressão devido às tarifas chinesas sobre o conhaque e outras bebidas fabricadas na Europa e à desaceleração das vendas na China, levando empresas como a Hennessy, de propriedade da LVMH, a considerar o engarrafamento de alguns de seus produtos na China.

A Verallia realiza a maior parte de suas vendas na Europa, incluindo o engarrafamento de conhaque na França. “Em um ambiente complexo, o objetivo da BWGI é reforçar a estabilidade da Verallia”, disse a holding em comunicado.

A engarrafadora disse que criou um comitê ad hoc para avaliar a oferta e que vai discutir com a BWGI nas próximas semanas.

“O conselho de administração se reunirá para emitir seu parecer fundamentado sobre a oferta, após analisar o relatório do especialista independente e as recomendações do comitê ad hoc”, acrescentou.

Azul recebe primeiro Embraer E2 de 2025

 Começando 2025 com uma foto de um Embraer E195-E2 da Azul ...

A Azul acaba de incorporar mais uma aeronave Embraer 195-E2 à sua frota: “Sou do Brasil, sou Azul”, registrado sob o prefixo PS-ADB. O jato pousou no último sábado, 8, no aeroporto de Confins (MG), onde passará pelos processos de registro e certificação antes de iniciar operações em rotas da companhia.

Esse é o primeiro E2 recebido pela companhia neste ano, como resultado do investimento superior a R$ 3 bilhões para compra de novos jatos junto à Embraer. A Azul informa que, ao longo de 2025, outras aeronaves do mesmo modelo devem ser incorporadas à frota, mas sem detalhar o número de entregas.

Atualmente, a companhia é a maior operadora dos jatos modelo E195 – E2, de última geração da Embraer. Segundo a aérea, a aquisição do E2 reforça a parceria estratégica entre duas empresas. A parceria teve início em 2019, quando a Azul recebeu a primeira aeronave desse modelo.

Com a chegada do “Sou do Brasil, sou Azul”, a frota da companhia passa a contar com 212 aeronaves, sendo 31 do modelo Embraer 195-E2. O E2 transporta até 136 passageiros e oferece alta eficiência no consumo de combustível, o que contribui para a redução de até 25% nas emissões de CO2.

“O ‘Sou do Brasil, sou Azul’ representa não só a renovação do nosso compromisso com uma operação eficiente e sustentável, mas também reforça o quanto acreditamos no Brasil e na força da indústria nacional”, afirmou, por nota, o presidente da Azul, Abhi Shah.

Mercado eleva projeção de inflação em 2025 e prevê Selic subindo a 14,25% em março

 

Analistas consultados pelo Banco Central voltaram a subir a mediana de suas projeções de inflação para este ano, mas mantendo as expectativas para o nível dos preços em 2026 e uma série de outros indicadores, de acordo com a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira, 10.

O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a expectativa para o IPCA é de alta de 5,68% ao fim deste ano, de 5,65% na pesquisa anterior, com a mediana subindo após os especialistas interromperem na semana passada uma sequência de 19 semanas consecutivas com aumentos nas projeções.

Para 2026, a projeção para a inflação brasileira se manteve em 4,40%.

O centro da meta perseguida pelo BC é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Selic e PIB

A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda a manutenção na expectativa para a taxa básica de juros neste ano e no próximo. A mediana das expectativas para a Selic em 2025 é de 15% — a 9ª semana consecutiva com tal previsão — enquanto para 2026 a projeção é de que a taxa atinja 12,50%.

A taxa de juros está atualmente em 13,25% e o mercado continua prevendo uma nova elevação de 1 ponto percentual, para 14,25%, na reunião deste mês do Copom, que acontece nos dias 18 e 19 de março.

A estimativa intermediária da Selic para o fim de 2027 continuou em 10,50% pela quarta semana seguida. A mediana para a Selic no fim de 2028 se manteve em 10% pela 11ª semana consecutiva.

Sobre o PIB brasileiro, a previsão é de que a economia do país cresça 2,01% neste ano, mesma projeção da semana anterior. Em 2026, a expectativa é de que a expansão seja de 1,70%, mesmo número do levantamento da semana passada.

O resultado vem na esteira da divulgação de dados do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro na semana passada, que mostrou que a atividade econômica encerrou 2024 com crescimento de 3,4%, registrando uma expansão menor do que a esperada no quarto trimestre, a 0,2%.

Os investidores também têm prestado atenção a comentários de membros do governo sobre possíveis medidas para a inflação elevada dos alimentos, que o Executivo vê como fundamentais para controlar a trajetória dos preços.

Na semana passada, o governo anunciou que vai zerar a alíquota de importação de uma série de produtos, incluindo carne, café, açúcar e milho, entre outros, como parte de uma série de medidas para reduzir os preços de alimentos.

Dólar

No Focus desta segunda, houve ainda manutenção na expectativa para o preço do dólar em 2025, a R$5,99, e estabilidade da projeção para 2026, a R$6,00.

A divisa norte-americana acumula queda ante o real de 6,31% neste ano, em movimento puxado por um processo de correção de preço, após sua disparada no fim do ano passado, e maior alívio em relação aos planos tarifários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

sábado, 8 de março de 2025

Setor privado lançará grupo análogo ao B20, do G20, para levar contribuições à COP 30

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Empresários brasileiros e estrangeiros vão lançar um grupo semelhante ao B20 – fórum de representação do setor privado dos países que compõem o G20 – para gerar contribuições para a 30ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 30).

Sob a liderança da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o grupo Sustainable Business COP 30 (SB COP) será lançado na próxima segunda-feira, 10. O anúncio ocorrerá na sede da confederação, em Brasília, e contará com a participação de autoridades do governo e empresários.

A iniciativa busca mobilizar líderes de empresas, sindicatos, associações, federações e confederações para o desenvolvimento sustentável. O presidente da CNI, Ricardo Alban, avalia que a criação desse espaço para representatividade empresarial nas negociações da COP 30 é importante, pois, o combate às mudanças climáticas só terá efeito com a participação do setor produtivo.

Sobre o Sustainable Business COP 30

O comando da Sustainable Business COP 30 sob a liderança brasileira será do ex-CEO da Raízen e da Cosan, Ricardo Mussa. Conforme a CNI, o grupo tem a meta de elaborar recomendações durante a COP 30 e apresentá-las a autoridades governamentais, formalizar compromissos do setor privado para a redução dos gases de efeito estufa (GEE) e desenvolver ações, visando de avançar em uma agenda climática positiva.

Além disso, para discutir assuntos prioritários, o SB COP contará com 6 eixos temáticos: Transição energética; Economia circular e materiais; Bioeconomia; Transição justa; Financiamento climático; e Segurança alimentar.

O secretário-executivo do grupo e superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, afirma que a nova iniciativa vai elencar até três recomendações. “Dessa forma, o foco poderá ser mantido e as metas, de fato, alcançadas, com transparência e comprometimento das empresas nesse processo de transição sustentável”, diz.

Mulheres em cargos de liderança ganham R$ 40 mil a menos por ano do que homens, aponta Dieese

 

Mesmo com avanço em legislações para equidade de gênero nas condições de trabalho, as mulheres ainda sofrem com remunerações menores e menos oportunidades no emprego. Um boletim especial do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que diretoras e gerentes ganharam em média por mês R$ 6.798, enquanto homens, nos mesmos cargos, R$ 10.126, uma diferença de R$ 3.328 mensais. Por ano, esse valor equivale a R$ 40 mil a menos para elas.

Conforme o Dieese, essa média representa todas as empresas do Brasil, de grandes e pequenas cidades, e gerentes e diretores de todo tipo de estabelecimento, não apenas de grandes empresas e multinacionais. Além de diretores e gerentes de grandes empresas, a pesquisa inclui gerentes de lojas e diretores de escolas, Brasil afora, e não só nas capitais.

Os dados têm como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do 3º trimestre de 2024. Segundo o instituto, o Brasil contava com 91,2 milhões de mulheres com 14 anos ou mais, das quais 48,1 milhões faziam parte da força de trabalho. Dessas, 44,4 milhões estavam ocupadas no período, e 3,7 milhões, desocupadas.

Na menor camada de remuneração, as mulheres que ganham até um salário mínimo são maioria, 37% contra 27% dos homens. Além disso, o rendimento médio real mensal para elas é menor: R$ 2.697, enquanto para eles, R$ 3.459. Na mesma base de comparação, no caso das trabalhadoras com nível superior, o ganho é de R$ 4.885, ou seja, R$ 2.899 a menos do que o recebido pelos trabalhadores (R$ 7.784). Além disso, conforme o levantamento, em nenhum Estado brasileiro a média da remuneração mensal feminina supera a masculina.

O tempo tem grande influência nos ganhos salariais. A jornada de trabalho semanal remunerada masculina supera a feminina em 4,3 horas. Já o trabalho feminino sem ganhos financeiros supera em 10 horas o dos homens. O boletim da Dieese mostra que as mulheres gastam 21 dias ou 499 horas a mais em um ano com afazeres domésticos.

O cenário continua desigual por conta da persistência de barreiras estruturais e culturais, avalia a sócia do escritório Vernalha e Pereira, Angélica Petian. Segundo ela, as empresas precisam criar ambientes mais inclusivos, com a “implementação de programas de mentoria para mulheres, políticas de diversidade e canais de denúncia eficazes”.

A Lei de Igualdade Salarial entre Homens e Mulheres (proposição 14.611/2023) trouxe avanços para atenuar a desigualdade de gênero nesse sentido, com mais transparência salarial e penalidades para empresas que não cumprirem determinações. Porém, ainda não é suficiente para ampliar a equidade nas remunerações entre homens e mulheres.

O Dieese aponta que, para haver mais avanços práticos é preciso que manter um debate constante e ampliar a participação de mulheres em espaços de negociações e cargos de liderança. A discussão deve ir além do Dia Internacional das Mulheres, neste 8 de março.