O
ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira, 12, que
o governo brasileiro não deve promover uma retaliação imediata após o
governo dos Estados Unidos implementar tarifa adicional sobre o aço e o alumínio, ressaltando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu calma na análise do tema.
Em
entrevista a jornalistas, Haddad afirmou que o Ministério da Fazenda
vai estudar propostas apresentadas pelo setor de aço e vai elaborar uma
nota técnica sobre o tema para subsidiar o Ministério do
Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, atrás apenas do Canadá.
Os produtores de aço do Brasil defendem a continuidade de um acordo comercial estabelecido em 2018 que criou cotas rígidas de exportação de produtos siderúrgicos do país para os Estados Unidos, além de medidas para conter a “inundação” da entrada do aço chinês no Brasil.
A nova tarifa de 25% sobre aço e alumínio, sem exceções ou isenções, entrou em vigor nesta quarta para o Canadá e todos os outros parceiros comerciais dos EUA, incluindo o Brasil.
Os
EUA têm tarifas separadas sobre o Canadá, México e China, com planos de
também taxar importações da União Europeia, Brasil e Coreia do Sul
cobrando taxas “recíprocas” a partir de 2 de abril.
O secretário
de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, disse que nada impedirá
as tarifas de 25% do presidente Donald Trump sobre o aço e o alumínio
até que a produção doméstica seja fortalecida, e que Trump acrescentará o
cobre às suas proteções comerciais.
Segundo
Lutnick, o aço e o alumínio estão entre os produtos essenciais que
devem ser fabricados nos EUA por motivos de segurança nacional, junto de
semicondutores e produtos farmacêuticos.
Brasil busca canal de negociação
O
governo brasileiro conseguiu abrir um canal de negociação com os
norte-americanos depois de conversas, na semana passada, entre o
vice-presidente Geraldo Alckmin e o secretário de Comércio dos EUA,
Howard Lutnick, e também entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro
Vieira, e o representante de Comércio norte-americanos, Jamieson Green.
Fontes
ouvidas pela Reuters lembraram, no entanto, que uma primeira reunião
técnica entre Brasil e Estados Unidos ainda não aconteceu e deve ser
marcada para esta semana, de forma virtual.
Há um temor sobre o
impacto que essas novas tarifas podem ter sobre o Brasil, já que
informações divulgadas pela Casa Branca de que o governo norte-americano
planeja uma tarifa única para cada país que aplica tarifas contra os
EUA poderia impactar o comércio bilateral como um todo, não apenas um
setor específico.
Nas negociações, o governo brasileiro quer
tentar mostrar que não apenas o Brasil tem déficit no comércio bilateral
com os Estados Unidos, como também a tarifa média aplicada pelo Brasil,
de 2,75%, é inferior à média que os EUA aplica ao país, que chega a
3,5%.
O governo brasileiro pediu que o início da aplicação da
tarifa contra o país fosse adiado, o que Lutnick e Green prometeram
levar ao presidente norte-americano, Donald Trump. O governo também
pretende tentar, nas negociações, manter as cotas atuais de exportação
sem tarifa para o aço.