Desde
o fim da pandemia, o brasileiro tem descoberto o que significa viajar.
Seja pelo próprio país ou para o exterior, os dados do módulo de turismo
da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE mostram que foram realizadas no ano passado 20,6 milhões de viagens.
O
número é o mesmo registrado em 2023. Se à primeira vista o dado revela
uma estagnação, por outro lado mostra a consolidação de um novo patamar
de viagens e uma mudança na forma com que o braileiro se relaciona com o
turismo, principalmente depois da pandemia.
No
primeiro ano da crise sanitária, em 2020, os dados do IBGE mostraram
que o número de viagens feitas pelos brasileiros foi de 13,4 milhões. Em
meio à Covid-19, os brasileiros ficaram mais retraídos e realizaram
12,1 milhões de viagens em 2021.
Mais viagens ao exterior
As
viagens nacionais seguem sendo a esmagadora maioria. Do total, 96,7%
tiveram destinos domésticos em 2024. Apesar disso, o brasileiro viajou
mais para o exterior no ano passado. Foram 668 mil viagens para fora do
Brasil, 11% a mais do que as 619 mil de 2023.
Seja
para o exterior ou para o Brasil, o principal motivo das viagens ainda é
para lazer, mas existem mudanças em algumas tendências. A preferência
brasileira em busca de sol e praia em 2020 respondeu por 55,5%, mas esse
lazer perdeu espaço, recuando para 48,7%, 46,2% e 44,6%,
respectivamente em 2021, 2023 e 2024. Já as viagens em busca de cultura e
gastronomia, que em 2020 foram motivo para 15,5%, ganharam participação
no total de viagens de lazer em 2024 e chegaram a 24,4%.
Os
gastos totais em viagens nacionais com pernoite no Brasil, em 2024,
alcançaram R$ 22,8 bilhões. O valor representa um crescimento de 11,7%
em relação a 2023, quando os gastos somaram R$ 20,4 bilhões. Veja aqui o detalhamento.
Viagens por domicílio
Em
2024 foram estimados 77,8 milhões de domicílios particulares
permanentes no Brasil, 11,1% a mais do que em 2020, quando esse valor
foi de 70 milhões. Nos anos de 2020 e 2021, marcados pela pandemia, o
percentual de domicílios em que ocorreu viagem de ao menos um morador
ficou em 13,9% e 12,7%, respectivamente.
O turismo apresentou
recuperação no ano de 2023 e em 15 milhões de domicílios, ou 19,8% do
total, houve ocorrência de viagem de moradores, ao passo que em 2024
esse valor se manteve estável em 15 milhões de domicílios, porém, a
participação foi reduzida para 19,3%.
Viagem dos mais pobres
Os
dados da PNAD mostram que 21% dos domicílios brasileiros possuíam
rendimento mensal domiciliar per capita inferior a metade do salário
mínimo. No entanto, dentre os domicílios em que houve ocorrência de
viagem de algum morador, 11,3% pertenciam ao grupo de rendimento mais
baixo.
Já o grupo de domicílios com rendimento per capita de 4 ou
mais salários mínimos, eram 7,4% do total de domicílios e 17,5% dos
domicílios em que houve ocorrência de viagem. Os domicílios com
rendimento de 2 a menos de 4 salários mínimos eram 13,9% do total e
representaram 21,4% dos domicílios em que houve viagem de algum morador.