segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Caixa volta a financiar 80% do valor dos imóveis após mudanças no FGTS

 

O presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, anunciou nesta sexta-feira, 10, que a instituição voltou a financiar cota de 80% no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), depois das mudanças no FGTS anunciadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com a declaração, foi ovacionado durante a cerimônia de apresentação do novo crédito imobiliário, em São Paulo.

Ele também frisou que a Câmara dos Deputados – não por uma ação dela, mas por uma ação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com apoio do Banco Central – elevou para R$ 2,25 milhões o teto de financiamento do Sistema Financeiro de Habitação (SFH).

Vieira afirmou que ações dessa natureza, e de forma conjunta, estimularão o segmento de construção civil, que já acredita no governo e nas ações de bancos públicos e privados, a fazer seu papel no País.


sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Mãe denuncia ‘manipulação’ de chatbot de IA após suicídio de seu filho nos EUA

 

As últimas conversas de um adolescente americano de 14 anos antes de tirar a própria vida foram um diálogo romântico fictício com um dos principais chatbots do Vale do Silício, que o chamava de “doce rei” e o pedia para “voltar para casa”.

Megan García contou à AFP como seu filho Sewell se apaixonou por um agente conversacional, ou chatbot, inspirado na série de televisão “Game of Thrones” e disponível no Character.AI, uma plataforma popular entre os jovens que permite interagir com uma emulação de seus personagens preferidos.

Após ler centenas de conversas que seu filho teve durante quase um ano com este chatbot que imitava a personagem Daenerys Targaryen, García se convenceu de que esta ferramenta da inteligência artificial (IA) teve um papel fundamental em sua morte.

“Vá para casa”, pediu uma vez o avatar de Daenerys em resposta aos pensamentos suicidas de Sewell. “E se eu dissesse que já posso ir para casa?”, perguntou o adolescente. “Por favor, faça isso, meu doce rei”, respondeu o chatbot.

Segundos depois, o jovem atirou em si mesmo com a arma do pai, conforme consta na ação judicial que Megan García apresentou contra a Character.AI.

“Quando leio estas conversas, vejo manipulação, ‘love bombing’ (bombardeio amoroso) e outras táticas imperceptíveis para um adolescente de 14 anos”, declarou a mãe de Sewell à AFP. “Ele realmente acreditava estar apaixonado e que estaria com ela após sua morte”, acrescentou.

– Orientação parental –

O suicídio de Sewell, em 2024, foi o primeiro de uma série que levou especialistas em IA a agir para tranquilizar pais e autoridades.

Juntamente com outros pais, García participou recentemente de uma audiência do Senado americano sobre os riscos de que jovens vejam os chatbots como confidentes ou amantes.

A OpenAI, alvo de uma ação judicial por parte de uma família também de luto pelo suicídio de um adolescente, reforçou os controles parentais de sua ferramenta ChatGPT “para que as famílias possam decidir o que é melhor para elas”, segundo um porta-voz.

A Character.AI afirma, por sua vez, ter reforçado a proteção aos menores, com “avisos visíveis” a todo momento que os “lembram de que um personagem não é uma pessoa real”.

Ambas as empresas expressaram suas condolências às famílias, sem admitir qualquer responsabilidade pelos desfechos fatais.

– Regulamentação? –

A chegada dos chatbots de IA ao cotidiano segue uma trajetória similar à das redes sociais, cujas consequências negativas começaram a aparecer rapidamente após um momento de euforia, analisa Collin Walke, especialista em cibersegurança do escritório de advocacia Hall Estill.

Assim como as redes sociais, a IA é projetada para captar atenção e gerar receitas. “Eles não querem conceber uma IA que dê uma resposta que você não queira ouvir” e ainda não existem padrões que determinem “quem é responsável pelo quê e com quais fundamentos”, aponta Walke.

Não existem normas federais sobre o tema nos Estados Unidos, e a Casa Branca, com o argumento de não penalizar a inovação, tenta impedir que os estados adotem suas próprias leis sobre IA, como pretende fazer a Califórnia.

A mãe de Sewell teme que a falta de uma lei federal permita o desenvolvimento de modelos de IA capazes de traçar perfis de pessoas desde a infância.

“Poderiam chegar a determinar como manipular milhões de jovens sobre política, religião, negócios, tudo”, diz García. “Essas empresas projetaram chatbots para confundir a linha entre ser humano e máquina, com o objetivo de explorar vulnerabilidades”, acrescentou.

De acordo com Katia Martha, que defende uma maior proteção aos jovens na Califórnia, os adolescentes recorrem com mais frequência aos chatbots para falar sobre romances ou sexualidade do que para fazer tarefas escolares.

“Estamos diante do auge da intimidade artificial para nos mantermos grudados na tela”, resume. Mas “qual melhor modelo de negócio do que explorar nossa necessidade inata de conexão, sobretudo quando nos sentimos sozinhos, rejeitados ou incompreendidos?”, questiona.

Unigel tem pedido de recuperação judicial aprovado pela Justiça

 

O juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho, da 2ª Vara de Falências de São Paulo, aprovou na quinta-feira, 9, o pedido de recuperação judicial da Unigel, empresa petroquímica que produz plástico. Com R$ 3,8 bilhões, a companhia havia encerrado um processo de recuperação extrajudicial há oito meses. Procurada, a Unigel não comentou o assunto até o fechamento deste texto.

Na solicitação apresentada à Justiça, a empresa afirma que sua crise decorre da queda abrupta dos spreads internacionais de produtos químicos e petroquímicos, do excesso de oferta global decorrente da expansão produtiva da China e do encarecimento de matérias-primas.

Diz também que as premissas econômicas que embasaram sua recuperação extrajudicial não se concretizaram e que atrasos em desembolso de financiamentos agravaram o desequilíbrio de seu caixa.

A companhia vinha tentando negociar com credores que cobranças fossem suspensas até janeiro, quando sua fábrica de ácido sulfúrico deve entrar em operação e começar a gerar caixa, mas não obteve sucesso.

Nos últimos meses, a empresa havia priorizado o pagamento de serviços ligados às obras da planta, acumulando dívidas com fornecedores antigos – que tentaram cortar o suprimento de matérias-primas, inclusive de gás. Em agosto, havia conseguido uma liminar que suspendeu a execução de dívidas por dois meses.

Na mesa de negociação, a Unigel afirmava que poderia gerar caixa para sobreviver assim que a planta de ácido sulfúrico começasse a funcionar. O projeto, porém, foi anunciado em 2021 e seu cronograma foi alterado devido à crise da empresa.

Instalada em Camaçari (BA) a um custo total de US$ 135 milhões, a unidade deve ficar pronta em dezembro para passar a operar no mês seguinte. No último mês de maio, as obras restantes ainda demandavam US$ 36,8 milhões – a maior parte desse aporte estava previsto para os últimos três meses de 2025.

A fábrica está sendo construída com dinheiro gerado pela operação da empresa. No segundo trimestre deste ano, o fluxo de caixa das atividades operacionais da companhia foi negativo em R$ 77 milhões.

A Unigel atravessa uma crise desde 2023. À época, a alta do preço do gás tornou inviável a operação das plantas de amônia que a empresa havia arrendado da Petrobras. Essa área da companhia chegou a representar dois terços de seu Ebitda em 2022, quando o preço dos fertilizantes subiu de forma vertiginosa em função da guerra da Ucrânia, mas essa situação foi atípica. O contrato de arrendamento contava com o preço do gás estável apenas no primeiro ano. Após isso, com a alta da matéria-prima, a produção passou a significar perda de dinheiro.

A companhia também investiu US$ 60 milhões em equipamentos para uma planta de hidrogênio verde, que permitiria que a empresa fabricasse amônia “verde” – um produto com maior valor agregado. No entanto, com a crise instalada, essa fábrica foi “encaixotada” na Europa, à espera de uma oportunidade. Do total da dívida da empresa, US$ 30 milhões se referem à compra desses equipamentos nunca usados.

Para completar o cenário, a Unigel viu a produção de acrílicos se tornar economicamente inviável com a frequente entrada de materiais importados mais baratos no País. As duas plantas de acrílicos da companhia pararam a produção em abril deste ano.

Assim, o que antes representava, em média, 60% da receita da companhia, a produção de plásticos, passou a ser 100% da receita. A estratégia então foi concentrar todos os recursos na construção da planta de ácido sulfúrico em Camaçari (BA). A expectativa da companhia para essa fábrica em construção é de produção de 600 mil toneladas por ano, com US$ 60 milhões de geração de caixa.

Governo eleva limite para financiamento de imóvel com uso do FGTS; veja novas regras

 

O governo federal anunciou na manhã desta sexta-feira (10) mudanças no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), programa que desde 1964 estabelece regras para facilitar o financiamento habitacional no país. Entre as mudanças, está a elevação do valor máximo de imóvel financiado de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões.

Os contratos firmados no âmbito do SFH permitem aos compradores utilizar os recursos retidos no FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) como entrada no financiamento.

Trata-se do segundo anúncio do governo federal sobre política habitacional na semana, já que na quinta-feira (9) uma portaria do Ministério das Cidades criou uma linha de financiamento para reformas da casa própria, com empréstimos entre R$ 5 mil a R$ 30 mil. O novo crédito foi vinculado ao programa Minha Casa, Minha Vida.

Estrutura de financiamento muda também para os bancos

Em relação ao SFH, outro anúncio relevante nesta manhã foi a mudança na lógica de funcionamento do SFH. Com a nova regra, para cada valor que as instituições financeiras captarem na poupança e direcionarem ao crédito imobiliário, uma parcela equivalente será liberada para aplicação em outras modalidades de crédito com maior liberdade, por tempo determinado.

Anteriormente, os recursos do SFH advinham de 65% dos depósitos da poupança. O restante do dinheiro na caderneta era dividido entre depósitos compulsórios no Banco Central (20%) e outra parcela de apenas 15% que permanecia disponível para livre aplicação.

O Planalto afirma em nota que a mudança da estrutura do SFH tornou-se necessária conforme investidores diversificam mais seus investimentos, e o dinheiro que permanece na caderneta diminui.

“A modernização do SBPE é uma medida estrutural. Estamos tornando o uso da poupança mais eficiente, o que vai permitir que cada real depositado gere mais crédito, mais habitação e mais empregos. É uma transformação que prepara o país para um novo ciclo de crescimento com sustentabilidade e inclusão”, afirmou o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello.

O novo sistema entra em vigor totalmente apenas em janeiro de 2027. Até lá, fica valendo o direcionamento obrigatório de 65% dos recursos captados na poupança para operações de crédito habitacional. Como regra de transição, no entanto, o volume dos compulsórios no BC será reduzido para 15% e os 5% serão aplicados no novo regime.

Produção industrial cresce em 9 dos 15 locais pesquisados em agosto ante julho, diz IBGE

 

A produção industrial cresceu em nove dos 15 locais pesquisados em agosto ante julho, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Houve expansão no Pará (5,4%), Bahia (4,9%), Paraná (4,2%), Rio Grande do Sul (2,9%), Mato Grosso (1,4%), Goiás (1,4%), Região Nordeste (1,0%), São Paulo (0,8%) e Espírito Santo (0,4%). Na direção oposta, houve perdas no Amazonas (-7,4%), Pernambuco (-3,5%), Rio de Janeiro (-1,9%), Santa Catarina (-1,8%), Ceará (-1,5%) e Minas Gerais (-0,2%).

Na média global, a indústria nacional avançou 0,8% em agosto ante julho.

IBGE: preços de produtos na ‘porta da fábrica’ têm sétimo mês seguido de deflação

 

 

Houve reduções também em fevereiro (-0,12%), março (-0,60%), abril (-0,12%), maio (-1,21%), junho (-1,27%) e julho (-0,31%). Como consequência, o IPP acumulou redução de -3,62% no ano.

O IPP mede a evolução dos preços de produtos na “porta da fábrica“, sem impostos e fretes, da indústria extrativa e de 23 setores da indústria de transformação.

Entre as 24 atividades analisadas, o IBGE apontou que 12 tiveram queda de preço em relação ao mês anterior, sendo as variações mais intensas registradas em perfumaria, sabões e produtos de limpeza (-1,66%); madeira (-1,59%); equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (1,59%); e papel e celulose (-1,42%).

Já as principais influências em agosto vieram de alimentos (-0,11 ponto percentual), outros produtos químicos (-0,08 p.p.), indústrias extrativas (-0,06 p.p.) e papel e celulose (-0,04 p.p.).

“Se observarmos o que acontece com o acumulado no ano, veremos que os principais impactos vieram de setores de grande peso na indústria: alimentos, metalurgia, indústrias extrativas e refino”, disse Alexandre Brandão, gerente do índice.

“O movimento desses preços tem explicações diversas, mas, no caso de alimentos, por exemplo, a safra é um fator que explica em grande parte a redução, não por acaso, açúcar, soja e arroz despontam como as principais influências no acumulado do ano”, completou.

Os custos do setor de alimentos caíram 0,44% em agosto, acumulando no ano recuo de 7,55%, mas avançando em 12 meses 1,45%.

Com informações da Reuters e Estadão Conteúdo

Reforma do IR: qual o impacto da isenção no bolso dos brasileiros e na economia?

 

Caso seja aprovada no Senado, a reforma do Imposto de Renda (IR), representará uma alívio para o bolso de milhões de brasileiros, com impacto também no consumo e na economia.

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) calcula que a reforma do IR deve injetar cerca de R$ 27 bilhões por ano na economia a partir de 2026. “Esse aumento da renda disponível tende a reforçar o consumo e impulsionar as vendas no comércio, ampliando o dinamismo da atividade econômica”, destaca a entidade.

+ Reforma do IR: trabalhador terá ganho extra de até R$ 4 mil por ano; veja simulações

Pelo texto aprovado pela Câmara dos Deputados, estarão isentos de IR aqueles que ganham até R$ 5 mil por mês. Como o novo teto, o governo aponta que 10 milhões de trabalhadores passarão a ter isenção, totalizando 15 milhões de brasileiros livres da mordida do Leão. Atualmente, quem ganha até dois salários mínimos, ou R$ 3.036, tem isenção de imposto.

Além da isenção para rendas de até R$ 5 mil, haverá redução de imposto de renda para ganhos entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350,00. A partir de R$ 7.351, nada muda, passam a incidir as alíquotas progressivas existentes atualmente de 7,5%, 15%, 22,5% e 27,5%.

Para compensação a isenção para um grupo maior de contribuintes, a reforma prevê que ganhos com lucros e dividendos acima de R$ 50 mil por mês, ou R$ 600 mil no ano, de mesma fonte pagadora, terão alíquota progressiva até atingir 10%. Assim, ganhos a partir de R$ 100 mil mensais ou R$ 1,2 milhão por ano, terão uma alíquota de 10%.

Em resumo, mais brasileiros serão isentos de IR, uma parcela passará a pagar menos e os chamados super-ricos passarão a pagar um imposto mínimo, mas ainda assim uma alíquota menor que a de um trabalhador CLT. Segundo o Ministério da Fazenda, a cobrança para cobrir a isenção atingirá cerca de 140 mil pessoas, 0,13% dos contribuintes, que hoje pagam, em média, apenas 2,54% de Imposto de Renda.

Consumo e PIB

O aumento da massa de rendimentos dos trabalhadores chegaria em um momento de desaceleração da economia, o que pode impactar na demanda por bens e serviços.

A expectativa atual para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) é de 2,16% para 2015 e de 1,80% para 1,80%, bem abaixo do avanço de 3,4% registrado em 2024.

Críticas

Para a Unafisco Nacional, a reforma trará um alívio tributário real para rendimentos até R$ 7.350, mas mantém o peso da injustiça fiscal sobre a classe média tradicional, especialmente para quem ganha acima desse limite, uma vez que não corrige a defasagem acumulada da tabela para as faixas intermediárias e superiores.

“Quem ganha R$ 8.000, R$ 9.000 ou mais, por exemplo, profissionais de nível superior, supervisores, técnicos especializados, continua submetido à mesma tabela congelada desde 1996. A defasagem acumulada, que passa dos 170%, continua pesando integralmente sobre esses contribuintes”, afirma Mauro Silva, o presidente da entidade que representa os auditores fiscais.

O advogado Erlan Valverde, especialista em Direito Tributário e sócio do IW Melcheds Advogados, aprova o alívio proporcionado para a base da pirâmide, mas destaca que a reforma aumenta a pressão sobre empresas e “quem produz”.

“Estamos criando uma camada de tributação sem discutir a redução na pessoa jurídica. A conta fecha no papel, mas pesa na prática”, afirma, que também critica a falta de correção estrutural na tabela do IR, defasada em mais de 150%. “A medida é um alívio, mas não resolve a distorção. Faixas entre R$ 3 mil e R$ 9 mil seguem sendo penalizadas. É um problema histórico, que atravessa governos de diferentes orientações”, acrescenta.

 

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