Os alimentos foram considerados os grandes vilões da inflação
no primeiro semestre do ano. Agora, porém, têm dado uma contribuição
importante para a desaceleração da alta dos preços gerais da economia
nacional.
Pelo quinto mês consecutivo, os alimentos registram
deflação, conforme dados do IPCA-15 divulgados hoje pelo IBGE,
considerados a prévia da inflação para o mês de outubro. Enquanto o
indicador geral registrou uma alta de 0,18%, os preços dos alimentos
recuaram 0,02%.
Os alimentos que tiveram as maiores quedas nos 15
primeiros dias de outubro foram pepino (-24,4%), abobrinha (-20,8%),
morando (-15,6%), peixe castanha (-12,7%) e o pimentão (-9,5%). Já as
maiores altas ficaram por conta da valorização do maracujá (+21,5%),
limão (+16%), laranja lima (+10,7%), banana maçã (+8,7%) e banana d’água
(+7,6).
Produtos que foram símbolos da alta dos preços dos
alimentos há alguns meses, hoje, tem dado uma contribuição menor. O
preço do café moído, por exemplo, teve uma alta de apenas 0,4% nos
primeiros 15 dias de outubro. Já o azeite de oliva, outro item que havia
disparado de preços, na primeira quinzena de outubro, caiu 2%.


Inflação em 12 meses
Apesar
dos preços dos alimentos terem entrado em uma trajetória de queda desde
junho, no acumulado dos últimos 12 meses a situação é diferente.
Enquanto a prévia da inflação oficial acumula uma alta de 4,94%, a
inflação dos alimentos é de 6,26%.
Os produtos que mais subiram de
preços no acumulado dos últimos 12 meses foram café moído (+53,1%),
abobrinha (+42,9%), pimentão (+36,2%), tomate (+28,2%) e café solúvel
(+26,5%). Os alimentos que mais caíram de preço no mesmo período foram a
batata inglesa (-39,2%), feijão preto (-32,2%), cebola (-27,2%), pepino
(-27%) e arroz (-22,5%).
“Em 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de
4,94%, menor do que os 5,32% registrados em setembro, mas ainda bem
acima da meta de inflação, que é de 3%. Na nossa visão, o cenário segue
desafiador, especialmente no segmento de serviços subjacentes, que
exclui itens mais voláteis, como passagens aéreas. Embora tenha
desacelerado de 6,7% em setembro para 6,3% em outubro, a inflação dessa
categoria segue em patamar elevado”, disse Claudia Moreno, economista do
C6 Bank .
Alimentos em 2025
Considerando apenas o que
aconteceu em 2025, a situação é mais equilibrada. Segundo o IBGE, o
IPCA-15 deste ano até outubro está em alta de 3,94%, enquanto os preços
dos alimentos apresentam uma valorização de 3,34%.
Os alimentos
que mais subiram de preço em 2025 foram a abobrinha (+48,2%), o café
moído (+44,5%), pimentão (+42,9%), manga (+34,9%) e o tomate (+27,1%).
As maiores quedas do ano ficam por conta do abacate (-56,5%), da laranja
lima (-40,6%), da batata inglesa (-34,1%), feijão preto (-31,5%) e da
laranja pera (-27,6%).
“Nossa avaliação é que, até o início de
2026, a inflação projetada pelo Banco Central para o horizonte relevante
estará em linha com a meta. Isso deve levar a autoridade monetária a
iniciar o ciclo de cortes de juros a partir de janeiro de 2026,
reduzindo a taxa Selic para 11,0% em dezembro de 2026”, disse Luciano
Costa, economista-chefe da Monte Bravo.
