sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Pan American Energy e Comgás firmam acordo para fornecimento de gás natural

 

A Pan American Energy (PAE) e a Comgás (Companhia de Gás de São Paulo), maior distribuidora de gás natural do Brasil, celebraram um acordo de compra e venda de gás natural com vigência até dezembro de 2025. O acordo é resultado da chamada pública realizada pela Comgás em junho de 2024 para aquisição de gás natural e biometano.

A Pan American Energy do Brasil, subsidiária da PAE dedicada à importação, transporte e comercialização de gás natural, participou do processo e foi uma das selecionadas na categoria “flexível”, para o fornecimento de até 1 milhão de metros cúbicos por dia (m³/d) de gás natural por transação.

A vigência do acordo se estende até 31 de dezembro de 2025, podendo ser ajustada à demanda de gás necessária para abastecer os clientes da Comgás. O acordo conta com a aprovação da Agência Reguladora de Serviços de São Paulo (Arsesp).

“A Pan American Energy está trabalhando para garantir a disponibilidade de gás natural de Vaca Muerta (segunda maior reservade shale gás do mundo) para o Brasil, onde já possui presença no mercado de energia renovável e conta com autorizações para exportar gás da Argentina para o Brasil”, informou a PAE em nota.

Campo de Mero atingiu recorde de 500 mil barris de óleo produzidos por dia, informa Petrobras

 No campo de Mero, FPSO Sepetiba atinge topo de produção no ...

O campo de Mero, localizado no pré-sal da bacia de Santos, alcançou nesta sexta-feira, 28, a marca de 500 mil barris de petróleo produzidos diariamente, informou a Petrobras. Com isso, Mero se torna o terceiro campo da estatal em operação a superar esse número.

O bloco de Libra, onde se situa o campo de Mero, foi arrematado pelo Consórcio de Libra em 2013, sendo o primeiro contrato celebrado no regime de partilha de produção no Brasil. Atualmente, existem quatro plataformas em operação no campo, sendo que a primeira delas começou a produzir em 2017 (FPSO Pioneiro de Libra).

“Desde que extraiu seu primeiro óleo, a produção de Mero é marcada por avanços tecnológicos, inovação e recordes de produção. A marca de 500 mil barris diários é fruto do trabalho de várias áreas e das novas tecnologias utilizadas nos nossos projetos e no dia a dia de nossas operações”, disse em nota a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.

A operação iniciada em 2017 foi ampliada com os navios-plataforma Guanabara – atualmente a de maior produção do País – Sepetiba e Duque de Caxias. Ainda em 2025, a quinta unidade entrará em operação, o FPSO Alexandre de Gusmão, que deixou a China em dezembro de 2024.

Com a nova plataforma, a capacidade de produção instalada do campo subirá para 770 mil barris de óleo diários. O pré-sal responde, atualmente, por 81% da produção total da Petrobras.

Descoberto em 2010, Mero está localizado em águas ultra profundas (profundidade de 2.100 metros), a 180 km da costa do estado do Rio de Janeiro. O campo é regido pelo Contrato de Partilha de Produção de Libra – operado pela Petrobras (38,6%), em parceria com a Shell Brasil (19,3%), TotalEnergies (19,3%), CNOOC (9,65%), CNPC (9,65%) e a Pré-Sal Petróleo S.A (PPSA) (3,5%), que, além de gestora do contrato, atua como representante da União na área não contratada (3,5%).

Reforma ministerial de Lula isola Haddad e aumenta incerteza sobre política fiscal

 

As recentes mudanças no ministério feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva podem aumentar o isolamento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dentro de um governo em que disputas internas alimentam incertezas sobre a política econômica e temores de uma guinada populista para reavivar a popularidade em queda.

Apesar de manter alguns defensores entre ministros e no Congresso, Haddad tinha o então ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, como seu aliado mais forte dentro do Palácio do Planalto e no entorno mais próximo a Lula, em meio a uma disputa que o coloca em lado oposto ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, de acordo com fontes com conhecimento das conversas dentro do governo.

A entrada no primeiro escalão do governo de Gleisi Hoffmann, uma ferrenha defensora do estímulo econômico impulsionado pelo Estado, coloca Haddad em uma posição quase solitária. A unidade de ideias no Planalto, somada à pressa para tentar recuperar uma popularidade em baixa de Lula antes da eleição do ano que vem, deve unir Costa, Gleisi e o novo ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, em uma posição que tende a ser contrária às políticas econômicas ortodoxas de Haddad, que prega resultados a médio prazo.

Na posição de ministra das Relações Institucionais, Gleisi será responsável pelas principais negociações do governo com o Congresso, inclusive na agenda econômica. Na sua posição de presidente do PT, a agora ministra não poupou críticas, por vezes públicas, às políticas da Fazenda. Chegou a chamar as propostas de Haddad de “austericídio” e criticou duramente o aperto monetário do Banco Central, mesmo com o ministro da Fazenda reconhecendo publicamente a necessidade de desacelerar a economia para evitar desequilíbrios.

“O problema para Haddad é que sua oposição mais forte vem de dentro de seu próprio partido, porque ninguém, inclusive o presidente, acredita que os cortes de gastos devam ser uma prioridade”, disse Ricardo Campos, diretor de investimentos da Reach Capital. “Para este governo, o que importa são os gastos para manter a economia em movimento.

Procurados, o Palácio do Planalto e o Ministério da Fazenda se negaram a comentar.

A remodelação do primeiro escalão do Palácio do Planalto fortaleceu um círculo de auxiliares de Lula que, pública ou privadamente, se opõem à agenda de Haddad pelo que consideram um foco excessivo na austeridade fiscal. O grupo, liderado por Costa, tem também o apoio do Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Depois da divulgação da pesquisa Datafolha de fevereiro que mostrou queda significativa na popularidade do governo, Lula reuniu Costa, Padilha, Sidônio, Gleisi, Silveira e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), para analisar o resultado, enquanto Haddad estava em viagem oficial no exterior.

Medidas tomadas pelo ministro da Fazenda foram apontadas como as principais causas do desgaste do governo, incluindo a taxação de pequenas importações e a crise do Pix — episódio envolvendo uma norma da Receita Federal, depois revogada, que estabeleceu novos valores para o monitoramento de movimentações financeiras por meio do Pix, que gerou uma onda de notícias falsas acusando o governo de fazer o monitoramento para cobrar impostos sobre os pagamentos por Pix.

De acordo com fontes a par da reunião, Jaques e Padilha foram os únicos que defenderam o ministro.

Haddad evitou conversar sobre o assunto com Lula depois que voltou ao Brasil. O ministro e o presidente já se reuniram algumas vezes desde então, mas fontes próximas ao ministro contaram que ele não levantou o assunto.

Trabalho a fazer

Haddad admite, em seu círculo mais próximo, que está perto de perder o cabo de guerra dentro do governo. Embora seu relacionamento com Lula continue próximo, disseram duas fontes próximas ao ministro, a avaliação é que o presidente fez uma escolha sobre o caminho a seguir e parece ter se inclinando para o grupo que se opõe ao ministro da Fazenda.

“Agora temos que ver quanto tempo Lula e Haddad serão capazes de suportar essa situação”, disse uma das fontes.

Ninguém no grupo próximo a Haddad, no entanto, vê o ministro deixando o governo, seja por iniciativa de Lula ou por decisão própria. “Ele acredita que tem um trabalho a fazer, e o fará da melhor maneira possível. Só não espere vê-lo brigando”, disse a fonte.

A queda de popularidade do governo, no entanto, já fortalece ideias contrárias ao que defende o ministro. Uma das fontes ouvidas pela Reuters relatou pressões por medidas “heterodoxas” para conter o preço dos alimentos, como a taxação das exportações — uma abordagem à qual Haddad se opõe, com apoio do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

“Pode até funcionar no curto prazo, mas não se sustenta e não resolve”, disse a fonte em relação às propostas não convencionais para segurar os preços dos alimentos.

Há também quem no governo fale na necessidade de reverter a taxa de importação de pequenos volumes, a chamada “taxa das blusinhas“, que atingiu especialmente as compras pela internet feitas em sites chineses.

“Mesmo que tenha restrições ao ministro, o mercado financeiro reage mal quando ele perde. Existe mais confiança nele do que no governo em geral, e isso tem que ser preservado”, acrescentou a fonte.

André Esteves, presidente do conselho e sócio sênior do BTG Pactual, manifestou publicamente apoio ao ministro da Fazenda em um evento na terça-feira, dizendo estar “orgulhoso de ter Haddad à frente do Ministério da Fazenda” e que “cabe a nós apoiar sua batalha pelo bom senso econômico”.

No entanto, muitos no setor privado têm profundas reservas a Haddad. Embora ele enfatize que as contas públicas podem ser melhoradas, argumenta que o foco não deve ser exclusivamente esse, ressaltando que o governo central registrou no ano passado o melhor resultado primário em uma década graças ao novo arcabouço fiscal.

Excluindo os pagamentos de juros, o déficit primário de 2024 ficou em 0,38% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados do Banco Central — bem abaixo das estimativas iniciais do mercado e uma melhora significativa em relação ao déficit de 2,42% no ano anterior.

Entretanto, o resultado ficou aquém do superávit de 0,55% registrado em 2022, sob o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A equipe de Haddad argumenta que os números de Bolsonaro foram artificialmente inflados pela suspensão dos pagamentos de precatórios, que foram regularizados sob Lula.

Os críticos afirmam que Lula aumentou permanentemente gastos obrigatórios e depende de receitas maiores, mas incertas, para compensar esse impacto. Como essa compensação ainda não se concretizou, mesmo diante de um crescimento econômico forte e da arrecadação recorde de impostos em 2024, surgem dúvidas sobre quando e como o Brasil estabilizará sua crescente dívida pública.

A tensão entre os defensores de mais gastos públicos e a equipe econômica “é normal em qualquer governo”, afirmou Roberto Ellery, economista da Universidade de Brasília. “Mas há uma percepção de que, no governo atual, a equipe econômica está perdendo mais do que o normal”.

No fim do ano passado, Haddad perdeu uma batalha ao ser convencido a anunciar uma isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês junto com um pacote de cortes de gastos. Mesmo com Haddad contrariado, Lula escolheu o ministro para ser o porta-voz da notícia, que abalou fortemente os mercados.

Apesar da resignação do ministro em ter perdido as disputas internas, há quem defenda que o maior problema do governo é, na verdade, o ministro da Casa Civil. Na semana passada, Lula recebeu Jaques Wagner acompanhado do ex-ministro Walfrido Mares Guia e do ministro da Defesa, José Múcio, todos amigos de longa data do presidente.

A conversa, informal, serviu para os três defenderem Haddad e questionarem o trabalho de Costa, segundo fontes informadas sobre o encontro. Foi até mesmo sugerido ao presidente que colocasse Haddad na Casa Civil, segundo as fontes, mas Lula não está convencido de que Costa seja um problema e defendeu seu ministro da Casa Civil com veemência.

‘Ainda Estou Aqui’ chega a 762 salas de cinema nos EUA; veja números do filme

 

As indicações em três categorias do Oscar são apenas uma das várias conquistas internacionais alcançadas pelo filme “Ainda Estou Aqui”. A obra dirigida por Walter Salles foi exibida em 762 salas de cinema nos Estados Unidos no final de semana dos dias 21 e 23, depois de alcançar 704 salas na semana anterior. Segundo a produção, já é a o maior circuito da história de um filme brasileiro no país.

A plataforma Box Office Mojo estima a arrecadação do filme em US$ $27,4 milhões internacionalmente. Caso esteja correto, o valor já se aproxima dos US$ 30,6 milhões registrados por Cidade de Deus, o filme brasileiro com maior bilheteria na história segundo o Guiness World Records.

No Brasil, o filme também é um fenômeno. Quase quatro meses após o seu lançamento, “Ainda Estou Aqui” segue em exibição em 261 das mais de 3 mil salas do país, segundo dados da Ancine (Agência Nacional do Cinema). Sua bilheteria no país já é a 5ª maior arrecadação financeira e o 7º maior público, com mais de 5 milhões de ingressos vendidos e R$ 104,7 milhões acumulados.

O caminho rumo às conquistas

A concepção do filme teve início em 2015, quando Walter Salles leu o livro homônimo que inspirou o longa-metragem. Lançada em 2014 pelo autor Marcelo Rubens Paiva, a obra literária narra as provações enfrentadas pela mãe do escritor, Eunice Paiva, após o assassinato do pai de Marcelo, o ex-deputado federal Rubens Paiva, por agentes da Ditadura Militar em 1971.

Amigo de Marcelo e de sua família, Salles dedicou-se a fazer uma recomposição o mais fiel possível dos ambientes da época. Uma casa no bairro da Urca, no Rio de Janeiro, foi caracterizada para ficar parecida com a antiga residência dos Paiva. O imóvel encontra-se à venda atualmente por R$ 14 milhões.

Para as filmagens externas, foram utilizados carros da década de 1970. A produção informou a locação de 25 veículos protagonistas e 374 veículos “figurantes” ao longo de 399 diárias nos bairros da Urca, Gamboa, Glória, Centro, Ilha do Governador (Aeroporto), Cosme Velho, São Cristóvão, Engenho de Dentro, Jardim Botânico e Leblon. Houve ainda filmagens em Londres, na Inglaterra, e em São Paulo (SP).

Em uma praia do Rio de Janeiro, pessoas vestem roupas de banho antigas. Na rua atrás da faixa de areia, vemos carros antigos eum enorme veículo do exército em destaque
Cenas exteriores mostram ambientação de época para o filme (Crédito:Reprodução/YouTube)

Os fugurinos foram comprados sobretudo de brechós no Rio e em São Paulo. “Mas quando aparecia uma demanda específica de reprodução (por exemplo, o uniforme das crianças ) as peças eram confeccionadas”, explica a figurinista Claudia Kopke.

As filmagens demoraram quatro meses e meio, com encerramento em 8 de dezembro de 2023. O filme seguiu então para cinco meses de pós-produção na França, e retornou ao Brasil para finalização dos efeitos.

Quanto custou ‘Ainda Estou Aqui’?

O orçamento do filme permanece sob sigilo devido a questões contratuais com seus patrocionadores — seu financiamento ocorreu sem nenhuma verba pública. Alguns veículos de imprensa noticiaram que o custo de produção seria de US$ 1,5 milhão, cerca de R$ 8 milhões. O produtor Rodrigo Teixeira no entanto desmentiu essa informação.

“O filme não custou 1,5 milhão de dólares. Não é verdade. Não custou Duna não custou Wicked obviamente”, disse Teixeira. “Duna 2” e “Wicked” contaram com as produções mais caras desta temporada do Oscar, com orçamentos de R$ 190 milhões e R$ 150 milhões, segundo a revista Variety.

Fontes do setor cinematográfico ouvidas pela IstoÉ Dinheiro estimam que a produção de “Ainda Estou Aqui” custou entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões.

O filme tampouco informa custos de marketing que, segundo a produtora Maria Carlota Fernandes Bruno, ficou a cargo das distribuidoras locais. Tampouco houve um orçamento para a chamada “campanha do Oscar” que, segundo a produtora, consiste apenas em fazer com que o filme seja visto.

“Acho que isso abre um precedente para que a nossa cinematografia seja difundida cada vez mais para o público internacional e que oxigene cada vez mais nosso cinema”, disse Fernandes Bruno.

Os números principais

  • US$ $27,4 milhões em bilheteria internacionalmente
  • R$ 104,7 milhões em bilheteria no Brasil
  • 5 milhões de ingressos vendidos no Brasil
  • 762 salas de cinema nos Estados Unidos em um único final de semana
  • Orçamento estimado entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões
  • 4 meses e meio de filmagens
  • 5 meses de pós-produção

Índia e UE aceitam concluir termos para acordo de livre comércio até final deste ano

 Área de Livre Comércio: o que é, exemplos e características

A Índia e a União Europeia concordaram em finalizar os termos para um acordo de livre comércio, há muito pendente, este ano e impulsionar a cooperação em comércio, tecnologia, conectividade e defesa, após reunião entre o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta sexta-feira, 28.

Segundo Modi disse, muitas decisões foram tomadas para “elevar e acelerar a parceria Índia-UE” na reunião. “A parceria estratégica Índia-UE é natural. Seu núcleo é a confiança e a crença compartilhada em valores democráticos”, disse.

Para Von der Leyen, o acordo pode ser “o maior desse tipo em qualquer lugar do mundo”.

A reunião entre os representantes acontece em um momento em que a União Europeia (UE) intensifica os esforços para fechar um acordo com Nova Délhi, diante de potenciais tarifas dos Estados Unidos.

A Índia e a UE relançaram as negociações sobre o acordo bilateral em 2021, mas questões como acesso ao mercado para produtos como carros e bebidas alcoólicas têm sido pontos de discórdia.

A próxima rodada de negociações está marcada para março. As duas partes cooperam estreitamente em questões como política externa, segurança e tecnologia, e o lado europeu é o maior parceiro comercial da Índia, à frente dos EUA e da China. 

Fonte: Associated Press.

Em acordo, Eletrobras abre espaço para União no conselho e reduz risco com nuclear

 

Após pouco mais de um ano de negociações, a Eletrobras e União chegaram a um acordo para encerrar a disputa no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o limite de poder de voto na companhia, mitigando riscos relevantes que pesavam sobre as ações da elétrica.

Pelo acordo fechado, o governo passará a ter representatividade em conselhos da Eletrobras, enquanto a companhia deixará de ter obrigação de aportar recursos bilionários para a construção da usina nuclear de Angra 3 caso o projeto siga adiante.

A negociação fechada, que ainda precisa ser validada em assembleia de acionistas e homologada pelo STF, reduz riscos para investidores, já que põe fim a um processo judicial que poderia se estender indefinidamente. Além disso, delimita a exposição nos negócios nucleares, embora a empresa ainda seja sócia minoritária via Eletronuclear após a privatização.

As ações da Eletrobras avançavam mais de 5%, por volta das 13h20, após o anúncio do acordo.

Os termos preveem que a União poderá indicar três dos 10 integrantes do conselho de administração — hoje não há vaga cativa para o governo — e um dos cinco representantes do conselho fiscal da Eletrobras.

Com a privatização da companhia elétrica, concluída em 2022 sob o governo Jair Bolsonaro, a União passou a deter 43% do capital da Eletrobras, mas teve seu direito de voto restrito a 10%, como qualquer acionista ou grupo de acionistas.

Isso gerou insatisfação no presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que quando assumiu em 2023 passou a questionar a perda de influência sobre a companhia, classificando a privatização como um “crime de lesa pátria”, o que levou à ação da AGU no STF.

Agora, para conseguir as cadeiras nos conselhos, o governo vai se comprometer a não questionar mais a cláusula do estatuto da companhia que impõe o limite de voto.

As mudanças poderão ser efetivadas na assembleia ordinária da Eletrobras prevista para abril. Se as aprovações prévias ao acordo não saírem até lá, o conselho de administração da empresa poderá incluir na chapa para eleição três candidatos indicados pela União ao colegiado e um para o conselho fiscal.

“Há anos que recebemos feedback de que Eletrobras é um nome difícil de investir. Isso é algo que ouvimos de investidores estrangeiros, bem como de muitos fundos nacionais de longo prazo. O acordo de hoje mitiga dois importantes riscos finais para equity (governança e Angra 3)”, escreveu a equipe do BTG Pactual, em relatório a clientes.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o acordo com a Eletrobras contribui para a estabilidade econômica do país.

“A conciliação aponta para a tradição brasileira de respeito a contratos e resolução de conflitos na esfera judicial, como prevê a Constituição, demonstrando mais uma vez o respeito que temos às leis do país”, destacou ele, enfatizando que o ideal seria que a Eletrobras não tivesse sendo vendida naquelas condições.

Segundo ele, a solução “impulsiona investimentos fundamentais para impulsionar emprego e renda, além de garantir uma maior participação da União nas decisões estratégicas da Eletrobras”.

Negócios nucleares da Eletrobras

Para a Eletrobras, um dos maiores ganhos foi eliminar riscos e incertezas associados a futuros aportes bilionários na usina nuclear Angra 3 — um projeto controverso que, segundo os últimos estudos, poderia demandar mais de R$30 bilhões para sua conclusão.

Pelo acordo, a Eletrobras se desobriga de investir em Angra 3, mas mantém as garantias de R$6,1 bilhões atualmente prestadas nos financiamentos já concedidos pelo BNDES e Caixa ao projeto nuclear.

Segundo uma fonte que acompanhou as negociações, a estrutura fechada com o governo é positiva para ambas as partes, pois delimita a exposição da Eletrobras no novo projeto nuclear brasileiro, ao mesmo tempo em que ajuda o governo a financiar a extensão da vida útil de Angra 1.

Operada pela Eletronuclear, da qual a Eletrobras é minoritária, a primeira usina nuclear brasileira ganhou aval no fim do ano passado para operar por mais 20 anos e vem realizando investimentos em modernização. Os recursos bilionários envolvidos no projeto exigiria aportes do Tesouro para a estatal do setor.

A Eletrobras se comprometeu a apoiar a extensão de vida útil de Angra 1 com a emissão de R$2,4 bilhões em debêntures conversíveis, com prazo de 10 anos e custo equivalente à NTN-B, que serão adquiridas pela Eletrobras, de acordo com o andamento do projeto.

Dos R$2,4 bilhões, R$1,9 bilhão têm conversão obrigatória em “equity”, com algumas condições, como a Eletronuclear enquadrar seus custos de “PMSO” nos limites regulatórios em Angra 1 e 2, em medida para incentivar uma melhoria de eficiência e saúde financeira da estatal que opera as usinas do setor.

Também será solicitado que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estruture “nova e ampla modelagem” para o projeto da nova nuclear, que enfrenta resistências no governo para avançar.

A avaliação, segundo a fonte, é de que os estudos recentes do banco precisam de aprofundamento e melhor discussão, sem serem realizados num contexto de disputa judicial entre Eletrobras e governo e de pressão por aprovação no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), no qual ministros têm apresentado posições divergentes sobre a obra.

Um novo processo de conciliação no STF será instaurado exclusivamente para tratar de Angra 3, no qual Eletrobras e governo discutirão o novo estudo do BNDES, que deverá considerar “equilíbrio econômico-financeiro”, “financiamento em condições de mercado” e “modicidade tarifária”, afirmou a Eletrobras, em comunicado.

No futuro, a Eletrobras poderá desinvestir de sua participação minoritária na Eletronuclear. Pelo acordo, a União deverá envidar esforços para apoiar a Eletrobras nesse processo, com atração de um novo acionista.

Fleury tem lucro líquido de R$ 84 Mi no 4º trimestre de 2024, alta de 3,3% em um ano

 Grupo Fleury

O Fleury registrou lucro líquido de R$ 84 milhões no quarto trimestre de 2024, alta de 3,3% em comparação com os R$ 81,3 milhões registrados no mesmo período de 2023. Já em 2024, o lucro líquido da companhia somou R$ 616,2 milhões, um crescimento de 32% ante 2023. Os dados capturam resultados do Instituto Hermes Pardini a partir de maio de 2023, já que a rede foi adquirida pelo Fleury no fim de abril do mesmo ano.

O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) registrou alta de 7,9% no quarto trimestre em relação ao mesmo intervalo de 2023, chegando a R$ 405,5 milhões. No ano de 2024, por sua vez, o Ebitda totalizou R$ 1,9 bilhão, um avanço de 19,6% sobre 2023.

Já a margem Ebitda ficou 22% no trimestre, uma queda de 0,1 ponto porcentual (p.p.) na comparação com o quarto trimestre de 2023. No ano de 2024, porém, a margem Ebitda encerrou em 25,8%, alta de 0,2 p.p. frente a 2023.

Entre outubro e dezembro, o Fleury registrou uma receita líquida de R$ 1,8 bilhão, alta anual de 7,9%. Já no ano passado, a receita líquida atingiu R$ 7,7 bilhões, saltando 18,8% frente ao ano anterior.

A companhia destacou que os resultados do trimestre e do ano passado seguiram refletindo os frutos positivos da integração com o Grupo Pardini e da estratégia da companhia. “Foi um ano muito importante após a combinação de negócios com o Pardini em 2023 e o resultado veio como esperávamos, com crescimento na receita, Ebitda e margem semelhante. Seguimos também bastante disciplinados em termos de custos e despesas”, afirmou a CEO do Grupo Fleury, Jeane Tsutsui, em entrevista ao Broadcast.

O crescimento veio de todas as marcas da companhia, sendo que as marcas de São Paulo cresceram 13% no ano, enquanto as marcas de Minas Gerais registraram altas de 10,4% no ano. Já a Marca Fleury cresceu 4,6% em 2024 e o atendimento móvel seguiu com robusta expansão, atingindo crescimento de 20,4% no ano de 2024 e correspondeu a 7,6% da receita total do grupo.

O resultado financeiro de Fleury representou uma despesa de R$ 103,6 milhões no quarto trimestre, um aumento de 11,8% em relação a despesa de R$ 92,7 milhões registrada no mesmo período de 2023.

Dívida líquida e geração de caixa

Já a dívida líquida da companhia atingiu R$ 2 bilhões ao fim de dezembro, uma alta de 7% frente a dívida visto no fim de setembro. Por outro lado, a alavancagem (dívida líquida/Ebitda ajustado) foi mantida em 1,0 vez ao final do trimestre.

Também em entrevista, o CFO do Fleury, José Antonio Filippo, destacou que, ao longo do ano, foram feitas operações de gestão de dívida que resultaram em redução do custo em 46 pontos base (CDI + 0,95% ante CDI + 1,41%) e alongamento do prazo médio da dívida em 0,7 ano (4,2 anos ante 3,5 anos). Isso também reduziria o impacto da inflação e juros mais elevados atualmente.

“O custo da nossa dívida tem conexão com a inflação, mas está bem gerenciada, o nível de alavancagem é baixo, o impacto dos juros acaba sendo compatível”, disse.

Outro destaque positivo da empresa, na avaliação da diretoria, foi a sua geração de caixa, que totalizou R$ 563,6 milhões no quarto trimestre, um avanço de 33% frente ao mesmo período do ano anterior.

“Tivemos uma forte geração de caixa e fizemos tudo que o planejávamos em termos de integração, capturamos as sinergias esperadas das aquisições feitas no fim do ano. Temos uma estrutura de capital robusta, que nos permite fazer aquisições desde que seja em preço adequado, estamos entregando uma rentabilidade adequada”, disse ainda a CEO.