quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Trump quer América Latina controlada pelos EUA

 

Com sua nova Estratégia de Segurança, apelidada de “Doutrina Donroe”, Trump volta a definir a América Latina como área de influência dos EUA – nem que seja à força. E o Brasil está sob pressão, como durante a Guerra FriaO que se tornava evidente já havia alguns meses com a postura agressiva dos EUA perante a América Latina agora é oficial: o presidente Donald Trump deu ao “Hemisfério Ocidental” a mais alta prioridade geopolítica dos Estados Unidos.

“Após anos de negligência, os Estados Unidos reafirmarão e farão cumprir a Doutrina Monroe para restaurar a preeminência americana no Hemisfério Ocidental”, afirma a nova Estratégia de Segurança Nacional que os EUA divulgaram na semana passada.

É revelador que o termo América Latina apareça apenas duas vezes no documento de 33 páginas. Mas, para Trump, os 33 Estados da América do Sul, da América Central e do Caribe fazem parte do que ele chama de Hemisfério Ocidental – e este, fica claro, é dominado pelos EUA.

A Doutrina Monroe foi anunciada há 200 anos como estratégia de política externa e recebeu o nome do então presidente dos EUA, James Monroe. Pela doutrina, os Estados da América Latina, recém-independentes, deveriam ser protegidos de uma recolonização pela Europa. Mais tarde, essa doutrina foi repetidamente usada para justificar intervenções militares dos EUA.

Recentemente, o jornal The New York Post apelidou a estratégia de Trump de “Doutrina Donroe”, um neologismo combinando Donald e Monroe.

Pois Trump ampliou a doutrina com um acréscimo importante: “Vamos negar a concorrentes não hemisféricos a capacidade de posicionar forças ou outros recursos ameaçadores ou de possuir ou controlar ativos estrategicamente vitais em nosso hemisfério”.

Além disso, os Estados Unidos vão ampliar sua presença militar no Hemisfério Ocidental e se dar o direito de conduzir “operações direcionadas incluindo, quando necessário, o uso de força letal”, com o objetivo de controlar rotas marítimas e o acesso a locais estratégicos.

Trump está, assim, justificando suas ações contra a Venezuela. Há semanas que ele mantém a Marinha dos EUA patrulhando a costa do país, supostamente para combater o narcotráfico. O governo americano diz que mais de 80 pessoas já foram mortas.

Mas Trump também quer aproximar os países latino-americanos dos EUA por meio de estreitos laços econômicos. Empresas americanas deverão receber acesso privilegiado aos mercados internos por meio de acordos comerciais. Assim Trump quer recompensar os governos que se alinham aos valores e estratégias de Washington.

Trump já mostrou como isso funcionará com o caso da Argentina. Ele primeiramente apoiou o presidente Javier Milei com empréstimos de 40 bilhões de dólares. A isso seguiu-se um amplo acordo de cooperação em comércio e investimentos que supera em muito os acordos tradicionais dos EUA com países da América Latina e que facilitou o acesso ao mercado argentino a empresas americanas.

O acordo também visa validar normas norte-americanas, padrões de segurança e a legislação de patentes dos EUA na Argentina, bem como facilitar a transferência de grandes quantidades de dados. Os EUA terão acesso garantido a terras raras e outros minerais importantes.

Trump também anunciou acordos semelhantes com Equador, Guatemala e El Salvador. Bolívia e Chile, onde houve trocas de governo, poderão se tornar os próximos países parceiros de Trump na América do Sul.

Por trás da doutrina de segurança agressiva de Trump está a crescente influência da China na América Latina. Embora a China não seja mencionada explicitamente como um ator no documento estratégico, fica claro nas entrelinhas que ela é o principal alvo.

Por isso Washington quer impor, a novos acordos com países latino-americanos, condições para frear a influência da China – desde o controle de instalações militares e portos até a aquisição de ativos estratégicos. Empresas estrangeiras de infraestrutura serão “contidas”, e haverá pressão por meio de “influência dos EUA nas áreas de finanças e e tecnologia”.

Para o Brasil, o maior país da América Latina e a segunda maior economia do “Hemisfério Ocidental”, essa nova postura agressiva de Washington é uma realidade diária desde meados do ano.

O governo brasileiro e sua diplomacia enfrentam um desafio sem igual desde a Guerra Fria.

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Há mais de 30 anos o jornalista Alexander Busch é correspondente de América do Sul. Ele trabalha para o Handelsblatt e o jornal Neue Zürcher Zeitung. Nascido em 1963, cresceu na Venezuela e estudou economia e política em Colônia e em Buenos Aires. Busch vive e trabalha em Salvador. É autor de vários livros sobre o Brasil.

O texto reflete a opinião pessoal do autor, não necessariamente da DW.

Com Selic a 15%, Brasil segue com o segundo juro real mais alto do mundo

 

O Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira, 9, pela manutenção da taxa básica de juros em 15% ao ano. Com isso, o Brasil segue na  2ª posição no ranking dos países com o maior juro real do mundo, atrás da Turquia e à frente da Rússia e da Argentina.

A Selic atualmente está no patamar mais alto desde julho de 2006, quando passou de 15,25% para 14,75%.

O ranking é um levantamento feito pela consultoria MoneyYou, que considera os 40 países mais relevantes do mercado de renda fixa mundial nos últimos 25 anos.

A taxa de juro real do Brasil, que é o resultado do juro nominal descontada a inflação, está em 9,44% ao ano. A da Turquia alcança 10,33% e a Rússia em 7,89% ao ano.

Já no ranking nominal de juros, o Brasil ocupa a 4ª colocação. Com 15% ao ano, o país está atrás da líder Turquia, com 40,50%, da Argentina, com 29,00% e da Rússia, com 17,00% ao ano.

Ranking de países com as maiores taxas de juros reais

1. Turquia 10,33%
2. Brasil 9,44%
3. Rússia 7,89%
4. Argentina 7,14%
5. México 4,21%
6. Indonésia 2,44%
7. Hungria 2,14%
8. África do Sul 2,07%
9. Israel 1,91%
10. Filipinas 1,79%
11. Reino Unido 1,43%
12. Índia 1,27%
13. Austrália 1,09%
14. Hong Kong 0,69%
15. Chile 0,58%
16. República Tcheca 0,58%
17. Malásia 0,51%
18. Coreia do Sul 0,48%
19. Estados Unidos 0,40%
20. Grécia 0,39%
21. Itália 0,35%
22. Bélgica 0,30%
23. França 0,19%
24. Alemanha 0,03%
25. Espanha 0,02%
26. Portugal-0,06%
27. Áustria-0,08%
28. Nova Zelândia-0,08%
29. Polônia-0,10%
30. Tailândia-0,26%
31. China-0,47%
32. Taiwan-0,50%
33. Cingapura-0,79%
34. Colômbia-0,86%
35. Suíça-0,96%
36. Japão-1,09%
37. Suécia-1,15%
38. Canadá-1,53%
39. Holanda-1,96%
40. Dinamarca-2,29%

Ranking de países com as maiores taxas de juro nominal

1. Turquia – 39,50%
2. Argentina – 29,00%
3. Rússia – 16,50%
4. Brasil – 15,00%
5. Colômbia – 9,25%
6. México – 7,25%
7. África do Sul – 6,75%
8. Hungria – 6,50%
9. Índia – 5,25%
10. Indonésia – 4,75%
11. Filipinas – 4,75%
12. Chile – 4,75%
13. Israel – 4,25%
14. Hong Kong – 4,25%
15. Polônia – 4,00%
16. Reino Unido – 4,00%
17. Estados Unidos – 3,75%
18. Austrália – 3,60%
23. República Tcheca – 3,50%
19. China – 3,00%
20. Malásia – 2,75%
21. Coreia do Sul – 2,50%
22. Nova Zelândia – 2,25%
24. Canadá – 2,25%
25. Alemanha – 2,15%
26. Áustria – 2,15%
27. Espanha – 2,15%
28. Grécia – 2,15%
29. Holanda – 2,15%
30. Portugal – 2,15%
31. Bélgica – 2,15%
32. França – 2,15%
33. Itália – 2,15%
34. Taiwan – 2,00%
35. Suécia – 1,75%
36. Dinamarca – 1,60%
37. Tailândia – 1,50%
38. Cingapura – 1,15%
39. Japão – 0,50%
40. Suíça – 0,00%

Cade questiona fundos de investimentos em ligas de futebol

 

Os cartolas brasileiros se dizem dispostos a pôr em campo, a partir de 2026, uma série de medidas capazes de elevar a organização do futebol nacional ao nível da qualidade de seus jogadores, ainda que a maioria deles prefira exercer seu talento nas principais ligas europeias, em busca de fama e dinheiro escassos por aqui, sobretudo o segundo item.

Entre as medidas, elencam-se um calendário minimamente exequível, o início da profissionalização da arbitragem e fair play financeiro, um conjunto de medidas para, basicamente, impedir os clubes de gastarem mais do que arrecadam e conquistarem triunfos à custa de impagáveis endividamentos.

As proposições foram feitas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mas, por falta de uma, os cartolas decidiram criar duas ligas no Brasil e uma delas acabou contestada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

O órgão que zela pela livre concorrência no país recebeu um parecer jurídico sobre a legalidade e os efeitos econômicos da operação que envolve a Liga Forte União (LFU) e investidores privados para a exploração, por 50 anos, dos direitos de transmissão das Séries A e B do Campeonato Brasileiro.

O documento, assinado pelo jurista e professor Wladimyr Camargos — especialista em direito esportivo —, aponta violação constitucional, risco concorrencial severo, possibilidade de nulidade de contratos e até ameaça à soberania esportiva nacional.

Em seu parecer, Camargos afirma que a cessão realizada por clubes ao chamado Condomínio LFU, estrutura que incorpora investidores financeiros externos ao Sistema Nacional do Esporte, é nula de pleno direito.

Segundo o jurista, o artigo 160, §3º, da Lei Geral do Esporte estabelece que direitos de arena só podem ser cedidos a organizações esportivas que regulam a modalidade e organizam competições — ou seja, entidades como a CBF ou ligas formalmente reconhecidas. Um condomínio privado com participação de fundos, diz o documento, não se enquadra nessa definição.

O parecer sustenta que a operação compromete o núcleo essencial da autonomia esportiva, princípio constitucional que protege o esporte de interferências políticas e econômicas externas capazes de desequilibrar a competição ou capturar seu funcionamento.

Para o jurista, embora os clubes tenham o direito de negociar a transmissão de suas partidas, a titularidade e a integridade da competição pertencem à CBF, nos termos do estatuto da entidade e das normas da Fifa e da Conmebol (federação internacional e confederação sul-americana de futebol, respectivamente).

Ao ceder poderes estruturais por meio século a um investidor financeiro, a LFU estaria expropriando competências regulatórias da confederação. O parecer alerta ainda que o modelo pode levar o Brasil a desalinhamento com o sistema mundial do futebol, sujeito a medidas corretivas internacionais.

O documento lembra casos internacionais — como o da Superliga Europeia, discutido pelo Tribunal de Justiça da União Europeia — para reforçar que federações esportivas só preservam sua legitimidade se mantêm autoridade plena sobre seus campeonatos.

Ao entregar influência decisória a fundos de investimento, diz Camargos, cria-se uma forma de “interferência econômica indevida”, expressamente vedada pela Lei Geral do Esporte.

A duração contratual também é alvo de críticas duras. O parecer afirma que nenhum sistema regulado admite vinculação comercial por horizonte equivalente a meio século, já que isso impede que gerações futuras de dirigentes decidam autonomamente o futuro do esporte no país.

Gun jumping

No plano concorrencial, o parecer menciona decisão recente do Cade que identifica indícios robustos de gun jumping, quando uma operação de concentração econômica é consumada antes da aprovação da autoridade reguladora.

A investigação já levou o Cade a impor medida preventiva para proibir a entrada de novos clubes na estrutura da LFU até a conclusão do processo. Os contratos firmados antes da autorização podem ser declarados nulos de pleno direito, nos termos da Lei 12.529/2011.

O parecer enfatiza que, se houver nulidade, haveria risco de apagão jurídico e televisivo, pois acordos de transmissão celebrados pela LFU poderiam perder eficácia, afetando torcedores, patrocinadores e a própria realização das competições.

O texto conclui que a manutenção da operação como estruturada viola a autonomia esportiva protegida pelo art. 217 da Constituição. Rompe a cadeia federativa que conecta clubes à CBF, Conmebol e Fifa. Cria vulnerabilidade sistêmica ao permitir eventual alienação futura das cotas do investidor a fundos internacionais ou plataformas de apostas. E ameaça a segurança jurídica necessária para a organização das competições nacionais.

O parecer recomenda que a cessão seja considerada juridicamente impossível e que a CBF aja para evitar que contratos contaminados por vícios concorrenciais repercutam sobre o campeonato.

BTG projeta alta de 17% nos lucros das empresas brasileiras listadas na Bolsa em 2026,

 

Estrategistas do BTG Pactual calculam que o somatório dos lucros das empresas brasileiras listadas, excluindo Petrobras e Vale, deve crescer 17% em 2026 ante 2025, para R$339,7 bilhões, conforme relatório a clientes.

O prognóstico supera expansão de 14% estimada para os resultados de 2025 ante 2024, mesmo com previsão do BTG de desaceleração do PIB do país no próximo ano, para expansão de 1,5%, ante projeção de crescimento de 2% para este ano.

Carlos Sequeira e equipe avaliam que a queda dos juros de curto prazo deve ajudar os resultados, reduzindo despesas financeiras e reacelerando a economia no final de 2026. O BTG vê a Selic caindo 3 pontos percentuais no próximo ano.

Quando incluídos os números de Petrobras e Vale, o cálculo para os lucros consolidados sobe a R$475,6 bilhões, alta de 8,2% ano a ano.

Para as empresas focadas no mercado interno, o BTG calcula expansão de 12,5% em 2026, após alta de apenas 5,1% em 2025, enquanto, no caso das companhias de commodities, a expectativa é de alta de apenas 1,2%, após salto de 157,1% estimado para 2025.

45% das exportações do agro brasileiro seguem sob tarifaço; veja produtos mais afetados

 

Apesar do recuo de Donald Trump em novembro, 45% dos produtos agropecuários exportados pelo Brasil aos Estados Unidos seguem sob as novas tarifas impostas pelo presidente norte-americano. Os dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mostram que setores altamente dependentes dos Estados Unidos, como tilápia, sebo e mel, praticamente zeraram as exportações.

Caso os produtos atualmente afetados continuem sob as tarifas, a CNA estima um impacto negativo de US$ 2,7 bilhões em 2026.

Em coletiva de imprensa nesta terça-feira, 9, a diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sueme Mori, alertou que, além de avançar nas próprias frentes de negociação, é fundamental que o Brasil acompanhe de perto os acordos que os Estados Unidos firmam com outros mercados.

“É importante falarmos dos acordos que os Estados Unidos vêm firmando com seus parceiros desde abril. Normalmente, a maioria dos acordos que os Estados Unidos têm firmado tem três componentes: acesso a mercado, redução de barreiras tarifárias e redução de barreiras não tarifárias; compromisso de investimentos no mercado americano; e compromisso de compras de produtos agropecuários dos EUA”, explica.

Ela alertou que, por ser um grande exportador de produtos agropecuários para diversos destinos, o Brasil é diretamente afetado quando os Estados Unidos firmam acordos comerciais. Isso porque, ao assumir compromissos de compra com Washington, outros países tendem a substituir parte das importações que fariam do Brasil.

Por essa razão, segundo Mori, é fundamental acompanhar de perto os novos acordos negociados pelo governo americano e avaliar o impacto que eles podem gerar sobre a pauta exportadora brasileira.

Em abril, Trump impôs uma tarifa de 10% sobre cerca de 200 produtos alimentícios, incluindo itens brasileiros. Em julho, o governo americano voltou a pressionar o agro nacional ao anunciar uma sobretaxa de 40% para uma série de mercadorias do Brasil, embora, após pressões internas e negociações com o governo brasileiro, parte desse pacote tenha sido suspensa meses depois — entre elas, suco de laranja e café.

Os setores mais afetados

Balanço das exportações

O balanço divulgado pela CNA mostrou que, em 2025, o agro brasileiro fechou com recorde de US$ 155 bilhões em exportações, US$ 19 bilhões em importações e um saldo comercial positivo de US$ 129 bilhões.

Itens mais exportados do agro brasileiro (jan–nov)

  • Soja em grãos – US$ 42,0 bilhões
  • Carne bovina in natura – US$ 14,9 bilhões
  • Açúcar bruto – US$ 13,3 bilhões
  • Café verde – US$ 11,2 bilhões
  • Celulose – US$ 9,4 bilhões

Principais destinos das exportações

  • China – US$ 52,0 bilhões (+10%)
  • União Europeia – US$ 22,9 bilhões (+5,4%)
  • Estados Unidos – US$ 10,5 bilhões (–4%)
  • Vietnã – US$ 3,2 bilhões (–10%)
  • Índia – US$ 3,0 bilhões (+11%)

Inflação é a menor para novembro desde 2018 e recua para 4,46% em 12 meses

 

O Índice de Preços ao Consumido Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, ficou em 0,18% em novembro, ante 0,09% em outubro. Apesar da aceleração, foi o menor para um mês de novembro desde 2018 (-0,21%).

Com o resultado, a inflação acumula alta de 3,92%. Em 12 meses, o IPCA ficou em 4,46%, abaixo dos 4,68% dos 12 meses imediatamente anteriores.

É a primeira vez desde setembro de 2024 (4,42%) que o IPCA em 12 meses volta a ficar abaixo do teto da meta contínua. O centro da meta oficial para a inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

O resultado também veio um pouco melhor que o esperado. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,20% em novembro, acumulando em 12 meses alta de 4,49%.

A principal pressão em novembro veio da alta do item passagem aérea (11,9%) e da energia elétrica residencial (1,27%). Já a hospedagem registrou avanço de 4,09% diante da alta de cerca de 178% desse serviço registrada em Belém por conta da realização da COP30. Veja aqui o detalhamento.

Alimentos voltam a registrar deflação

Cinco dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram aumento de preços. Despesas pessoais (0,77%) e Habitação (0,52%) apresentaram as maiores variações e o maior impacto, seguidos de Vestuário (0,49%), Transportes (0,22%) e Educação (0,01%). Os demais grupos ficaram no campo negativo: Artigos de residência (-1,00%), Comunicação (-0,20%), Saúde e cuidados pessoais (-0,04%) e Alimentação e bebidas (-0,01%).

Os alimentos voltaram a registrar deflação em novembro, com a alimentação no domicílio (-0,20%) caindo pelo sexto mês consecutivo. Destacam-se as quedas dos subitens tomate (-10,38%), leite longa vida (-4,98%) e arroz (-2,86%). No lado das altas, ficaram mais caros óleo de soja (2,95%) e as carnes (1,05%).

A inflação de serviços acelerou de 0,41% em outubro para 0,60% em novembro. Já o índice de difusão, que mede o percentual de subitens que tiveram alta no mês, subiu para 56%, ante 52% no mês anterior.  Já o índice para os alimentícios saiu de 49% em outubro para 64% em novembro.

“Mesmo com este percentual maior de variações positivas nos alimentos, dado os pesos e a magnitude das quedas registradas em alguns subitens, o grupo Alimentação e bebidas encerrou novembro com variação negativa de 0,01%”, afirmou Fernando Gonçalves, gerente do IPCA.

E a Selic cai quando?

Apesar da desaceleração da inflação, o mercado precifica o início da queda da taxa de juros ocorrerá somente em março. Dados do boletim Focus divulgado nesta semana pelo BC com coleta de informações de mais de 100 instituições financeiras mostrou que o mercado passou a apostar que o corte na Selic só virá na segunda reunião do ano que vem do Copom.

O presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou recentemente que a autoridade monetária vai colocar os juros no nível necessário pelo tempo necessário para que a inflação convirja para a meta, e que deve perseguir o centro do objetivo, não o teto.

Pablo Spyer, conselheiro da Ancord, destaca que a inflação ainda mostra resistência nos núcleos, o deve manter o Banco Central cauteloso. “Entendemos que o início do ciclo de cortes de juros dependerá de sinais mais claros de desaceleração dos serviços e dos administrados”, afirma.

“O BC desde Campos Neto terceirizou para o Focus a condução da política monetária, ou seja, o Copom vai jogar com o manual do Sistema de Metas de Inflação debaixo do braço e simplesmente não vai cortar a taxa enquanto as projeções não entrarem de maneira clara dentro da meta”, avalia o economista André Perfeito.

INPC fica em 4,18% em 12 meses

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado para o cálculo do reajuste do salário mínimo e aposentadorias do INSS, registrou alta de 0,03% em novembro. No ano, o acumulado é de 3,68% e, nos últimos 12 meses, de 4,18%, abaixo dos 4,49% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Governo anuncia nova redução de impostos de exportação para cadeia de grãos

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São Paulo, 9 – O ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, anunciou nesta terça-feira, 9, uma nova redução permanente nos impostos de exportação para a cadeia de grãos e subprodutos. A medida, comunicada via rede social X (antigo Twitter), busca aliviar a carga tributária sobre o setor agropecuário, considerado pelo governo como um dos principais motores da economia local.

A partir da decisão, a alíquota sobre a soja passará de 26% para 24%, enquanto os subprodutos da oleaginosa terão redução de 24,5% para 22,5%. Para o trigo e a cevada, a taxa cairá de 9,5% para 7,5%. O milho e o sorgo terão um ajuste de 9,5% para 8,5%, e o girassol passará de 5,5% para 4,5%.

Caputo afirmou que a eliminação dos impostos é uma prioridade do presidente Javier Milei e que o governo continuará avançando nessa direção conforme as condições macroeconômicas permitirem. “Este passo busca melhorar a competitividade da agroindústria, responsável por cerca de 60% das nossas exportações”, declarou o ministro.

O anúncio ocorre em um momento de queda na receita cambial do setor. Segundo dados da Câmara da Indústria Oleaginosa da República Argentina (Ciara) e do Centro de Exportadores de Cereais (Cec), a receita com exportações de grãos e derivados somou US$ 759,7 milhões em novembro, um recuo de 62% em comparação ao mesmo mês de 2024 e de 32% ante outubro.

A medida também pretende acalmar o setor produtivo. Em janeiro de 2025, o governo havia aplicado uma redução temporária das alíquotas da soja de 33% para 26%, válida até 30 de junho. Com o fim do prazo, as taxas retornaram automaticamente ao nível de 33%, causando insatisfação e incerteza entre os exportadores sobre o rumo da política fiscal.