quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Taxas de juros futuras cedem com PIB abaixo do previsto e desaceleração da demanda

 O que é o PIB e por que ele é importante para a economia do ...

Tendo como principal condutor o resultado mais fraco do que o esperado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, os juros futuros negociados na B3 mantiveram a toada de recuo por toda a extensão da curva no pregão desta quinta-feira, 04.

Segundo agentes, mais do que o número cheio em si – que mostrou que a economia brasileira cresceu apenas 0,1% nos três meses encerrados em setembro ante o trimestre anterior, feitos os ajustes sazonais -, a composição do dado, que trouxe desaquecimento maior da demanda, finalmente deu um sinal mais contundente ao mercado de que a política monetária restritiva está segurando a atividade.

Com maior clareza sobre essa leitura, as apostas de que a Selic será reduzida em janeiro cresceram. Agora, as atenções dos investidores se voltam ao comunicado que vai acompanhar a decisão de juro do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana, em busca de sinais menos conservadores do Banco Central.

Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 diminuiu de 13,591% no ajuste de quarta-feira para 13,55%. O DI para janeiro de 2029 cedeu de 12,694% no ajuste para 12,645%. O DI para janeiro de 2031 ficou em 12,88%, vindo de 12,915% no ajuste precedente.

Nos cálculos de Gean Lima, gestor de portfólio da Connex Capital, na quarta, a precificação implícita na curva a termo apontava 73% de chances de redução de 0,25 ponto porcentual do juro básico na reunião de janeiro do Copom, probabilidade que aumentou para 77%. “O PIB abaixo das expectativas, principalmente demonstrando moderação no consumo das famílias, reforça a perspectiva de que o BC deve cortar a taxa de juros no primeiro trimestre de 2026”, afirma Lima.

Na passagem trimestral, o consumo das famílias ficou praticamente estagnado, com avanço de 0,1%, após ter crescido 0,6% de abril a junho – abertura que, para economistas, foi o grande destaque das Contas Nacionais Trimestrais. Pela ótica da oferta, a expansão dos serviços desacelerou de 0,3% para 0,1% entre e o segundo e o terceiro trimestres, sempre na comparação dessazonalizada com o trimestre antecedente.

Outro ponto que indicou perda de ímpeto da atividade na margem foi a revisão do IBGE, realizada sempre no período do terceiro trimestre, em resultados trimestrais anteriores. A alta do PIB segundo trimestre de 2025 foi reduzida de 0,4% para 0,3%. Por outro lado, o crescimento dos primeiros três meses do ano foi revisto de 1,3% para 1,5%. De qualquer forma, a visão predominante é de que o dado conhecido desta quinta é favorável ao início do aguardado ciclo de flexibilização monetária.

“Acho que essa era a grande mensagem de que o mercado precisava: uma desaceleração mais clara no consumo e nos serviços”, afirma Felipe Tavares, economista-chefe da BGC Liquidez, para quem o PIB e sua abertura ainda foram os fatores que reduziram os prêmios de risco ao longo de toda a curva na segunda parte da sessão.

“O PIB trouxe grande animação para o mercado no sentido de que essa desaceleração da demanda mostra o cumprimento da expectativa da política monetária”, diz Tavares. “Tínhamos certa dificuldade de ver de forma tão clara a ação a política monetária sobre a demanda. O câmbio estava sendo o funcionário do ano, mas o PIB de serviços vindo mais baixo e o componente de consumo desacelerando expressivamente são boas notícias que dão alívio ao mercado”.

Diretor de pesquisa econômica do banco Pine, Cristiano Oliveira afirma que a dinâmica do consumo foi a única surpresa da instituição entre os componentes do PIB, que, em sua visão, reforça que o canal da política monetária está funcionando. “O consumo menor é a combinação de um mercado de trabalho em desaceleração, da política monetária atuando muito pelo canal de crédito e do endividamento das famílias em alta”, disse Oliveira à Broadcast.

Para o diretor, o BC já teria condições técnicas de cortar o juro no encontro da próxima semana, tendo em vista o conjunto de dados que mostra arrefecimento da atividade, da inflação e do mercado de trabalho, mas a opção pelo discurso conservador da autoridade monetária o faz prever um ajuste para baixo em janeiro.

Conselhão entrega a Lula propostas de metas de desenvolvimento do país

 Conselhão do governo Lula: saiba quem entrou e quem saiu do ...

A 6ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS), conhecido como Conselhão, realizada nesta quinta-feira (4), reuniu representantes do governo federal, da sociedade civil organizada e do empresariado brasileiro, no Palácio Itamaraty, em Brasília.

Criado em 2003, no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva; extinto em 2019 pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro; e reativado, em 2023, no atual governo de Lula, o órgão de participação social tem o objetivo de servir como um instrumento de diálogo plural para a formulação de políticas públicas e diretrizes para o desenvolvimento econômico, social e sustentável do Brasil.

O ministro da Educação, Camilo Santana, comemorou a retomada do diálogo institucional com a sociedade civil.

“As políticas governamentais são construídas para atender às demandas da sociedade. Então, essa escuta é fundamental. Esse conselho é uma forma democrática de ouvir a sociedade, suas prioridades ouvir, suas demandas”, disse à Agência Brasil.

Metas estratégicas

Representantes do colegiado entregam ao presidente Lula o documento Pilares de um Projeto de Nação, que reúne metas consideradas estratégicas para o desenvolvimento do país.

As propostas foram construídas a partir de discussões realizadas nos últimos meses, nas comissões temáticas do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável.

A construção do documento se deu a partir da Estratégia Brasil 2050, coordenada pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, com propostas de metas para uma década e ações mais concretas para os próximos cinco anos.

“Nas comissões, os conselheiros responderam à pergunta-guia: ‘Onde vai estar o Brasil daqui a dez anos’, sobre envelhecimento, os empregos no interior, o perfil das novas tecnologias afetando a empregabilidade. Foi um debate profundo”, explicou o secretário-executivo do Conselhão, Olavo Noleto. 

Ele afirmou que as contribuições serão significativas para o futuro do país, a partir da diversidade. “Os diferentes estão aqui [no Conselhão], o que é uma riqueza. Porque, no Brasil em que as diferenças são disputadas a tapa, aqui a gente está provando que as diferenças são possíveis”, refletiu Olavo Noleto.

Debates públicos

Atualmente, o Conselhão conta com o quadro de 289 conselheiros. Pelo agro, o produtor de soja e algodão Eraí Maggi, reconheceu medidas praticadas pelo governo federal que beneficiaram o setor, como o desenvolvimento de biotecnologias, normatização para o uso de defensivos agrícolas seguros para os produtores, trabalhadores do campo e consumidores. 

Ele destacou a ampliação do acesso ao crédito bancário aos produtores rurais, a partir de regras para os financiamentos bancários que beneficiaram toda nação. 

“Teve financiamento de longo prazo – de 17 anos, com três anos de carência – para silo, trator e colheitadeira, para pulverizador, para tudo. Daí, o Brasil virou o que virou, com milhões de toneladas de produção, gerando empregos e exportando.”

Empresária Luiza Trajano comemorou avanços e criticou a alta de juros Foto: Ricardo Stuckert/PR

A empresária Luiza Trajano comemorou dois avanços do governo federal: a redução da taxa de desemprego ao menor patamar da série histórica (5,4%) e a recente regulação das bets

“Vamos parar de falar mal do Brasil. Vamos destacar o que nós temos de bom e valorizar o que é nosso. E defendo e acredito profundamente no Brasil, nós temos absolutamente tudo para construir um 2026 mais forte, mais justo e soberano.”

Porém, Luiza Trajano criticou a alta de juros, que segundo ela atrapalha a atividade econômica. A empresária também convocou os empresários do Brasil a criarem um amplo movimento de educação de combate à violência contra as mulheres.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Brasil tem motivos para ser positivo, sem esquecer dos desafios e gargalos na economia.

O ministro fez uma comparação com a “motosserra” adotada pela Argentina como símbolo para o ajuste fiscal e corte de gastos no país platino.

“Não precisamos de uma serra elétrica para corrigir os nossos desequilíbrios. Mas de uma chave de fenda. Se nos tirarem a chave de fenda, vai ser difícil parafusar com à mão. Mas, a gente, com diálogo, vai continuar prosperando”, afirmou Haddad.

O ministro ainda trouxe à reunião números sobre a taxa de emprego, a redução da taxa de informalidade, a alta da média salarial, redução recorde da desigualdade de renda e comentou a saída do Brasil do Mapa da Fome, acompanhada da redução da taxa de pobreza. Haddad prevê que a inflação será a menor da história.

Nina da Hora defendeu a soberania digital tecnológica do Brasil Foto: Ricardo Stuckert/PR

A cientista de computação e pesquisadora em Inteligência Artificial (I.A.) Nina da Hora defendeu a soberania digital tecnológica do Brasil, com investimentos em softwares nacionais e em soluções inovadoras desenvolvidas no país, bem como nas universidades públicas para geração de empregos no país. “Não se trata de um isolacionismo, nem de tecnofobia. Trata-se que a nossa soberania nacional se fortaleça também a partir de soluções.”

Outra conselheira, a vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SP), Mônica Veloso, recordou conquistas dos trabalhadores, como a política permanente de valorização do salário mínimo e a correção da tabela do Imposto de Renda que amplia a isenção dos tributos daqueles que ganham até R$ 5 mil por mês. 

“Estamos falando de uma economia de cerca de 83% de um salário, o que é, praticamente, um 14° salário a mais. Serão 28 bilhões a mais de recursos nas mãos dos trabalhadores. Isso significa renda, consumo e mais empregos”.

Com isso, a sindicalista lista que, nos últimos três anos, políticas de enfrentamento às desigualdades sociais resultaram na redução da pobreza e desigualdades no Brasil e na saída oficial do país, pela segunda vez, do Mapa da Fome das Nações Unidas.

“Combater as desigualdades é tirar da invisibilidade social a imensa maioria do povo preto das nossas comunidades periféricas, da subsistência e da exclusão, dando-lhes as condições de voltarem a esperanças, sonhar e de viver o Brasil que precisa ser de todos nós.”

Apesar de destacar os feitos, Mônica Veloso, cobrou que o poder público tenha, em 2026, foco nos aposentados. Do mesmo modo, reivindicou a geração de empregos de boa qualidade e que o Brasil ponha fim à escala 6×1. “Tempo livre dinamiza a economia.”

O cofundador da presidente global da Central Única das Favelas (Cufa), Preto Zezé, entende que o governo terá que renovar o repertório de discussões sobre as questões urbanas do Brasil, principalmente de segurança pública. 

“Não podemos deixar o debate ser reduzido, somente à munição efetiva, polícia e viatura. Precisamos introduzir intervenções integradas dentro dos territórios urbanos”, disse à Agência Brasil

 O ativista defende o debate econômico, que eu acho que é importantíssimo.

 “Vivemos uma precarização do trabalho. A favela produz uma economia de R$ 312 bilhões e que passa ao largo do Estado. Quando o Estado chega próximo desse ambiente econômico desregulado, muitas vezes, atrapalha ou é visto como um inimigo, quando na verdade as pessoas precisam de políticas públicas nesses territórios”, frisa Preto Zezé.

O jovem ativista na luta anti-capacitista (em defesa de pessoas com alguma deficiência e sua inclusão na sociedade) e influenciador digital da inclusão, Ivan Baron, relacionou as pautas que levou ao Conselhão. “Queremos colocar as pessoas com deficiência dentro do orçamento público, algo que venho debatendo sobre o BPC [Benefício de Prestação Continuada] e queremos evitar os cortes no Ministério de Desenvolvimento Social [MDS – Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome].” 

Outras entregas

Os representantes do colegiado entregaram ao presidente Lula a cópia do projeto Move Mundo, que reuniu pessoas de diversas idades e territórios do Brasil e do mundo, para levar mensagens e propostas da comunidade científica da Amazônia aos líderes globais na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), encerrada em novembro, em Belém.

Durante a 6ª Reunião do Conselhão também foi encaminhada à Presidência da República a Agenda Positiva do Agro 2025: um conjunto de práticas e tecnologias já adotadas por empresas, instituições de pesquisa, governos e organismos internacionais para fortalecer a produção sustentável e a inovação no setor agropecuário brasileiro.

Outra apresentação foi a do Portfólio De Investimentos Voltados à Transformação Ecológica no Brasil, organizado pelo Ministério da Fazenda, que detalha um conjunto de dados sobre projetos públicos e privados e aplicações financeiras focadas em projetos e empresas com impacto ambiental positivo, como os relacionados à bioeconomia, energias renováveis e soluções baseadas na natureza.

Por que o café está caro’ lidera lista de perguntas do ano no Google; veja razões e o que esperar

 

O café acumulou alta superior a 80% no primeiro semestre de 2025 em relação a um ano antes. Com isso, a pergunta “Por que o café está caro?” liderou as buscas no Google.

Em maio, o café apresentava aumento de 83,20% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Com o decorrer do ano, a pressão sobre os preços diminuiu e o volume de perguntas relacionadas ao produto no Google também, conforme mostra o gráfico. (Veja mais abaixo a lista das principais perguntas).

Dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados no início de novembro, apontam que, nos últimos quatro meses, o café recuou 3,52%, ainda insuficiente para compensar as fortes altas registradas entre 2024 e 2025.

+Apex: Luckin Coffee promove café brasileiro na China em dezembro

Na comparação com novembro do ano passado, o preço do café ainda acumula alta de mais de 48%, liderando as maiores altas de preço nos últimos 12 meses.

Preço do café seguirá alto?

O economista Fabio Murad, CEO da Spacemoney Investimentos, explica que a escalada do preço do café em 2024 e 2025 não foi um movimento isolado do agronegócio, mas o resultado de uma combinação rara de fatores que pressionou toda a cadeia global.

“Os estoques globais operam em um dos níveis mais baixos da década, reflexo de 4 anos seguidos de quebras de safra entre os principais produtores. Esse conjunto cria um ambiente em que qualquer choque adicional, seja climático ou comercial, amplifica a volatilidade dos preços e reforça a percepção de escassez estrutural. Mesmo com quedas pontuais ao longo do ano, a trajetória dominante ainda é de alta, sustentada por fundamentos sólidos”, aponta. 

Para 2026, a perspectiva é de algum alívio se as condições climáticas normalizarem e a produção brasileira reagir, mas ainda não há espaço para uma queda consistente.

“O provável é um mercado operando com preços firmes, porém menos explosivos, e maior sensibilidade ao câmbio e ao ritmo de consumo nos Estados Unidos e na Europa. Para investidores, continua sendo um mercado de fundamentos fortes, que demanda diversificação e leitura de ciclos, não movimentos táticos de curto prazo”, conclui. 

Os principais “Por ques” do Google em 2025

  1. Por que o café está caro?
  2. Por que Israel atacou irã?
  3. Por que Bolsonaro foi condenado?
  4. Por que MC Poze foi preso?
  5. Por que Oruam foi preso?
  6. Por que Papa Leão?
  7. Por que o Barcelona não está no Mundial de Clubes?
  8. Por que Tati Machado perdeu o bebê?
  9. Por que Tony Ramos vai sair da novela Dona de Mim?
  10. Por que Neymar não joga hoje?

 

Brasil exporta US$ 22,6 bi em novembro, recorde histórico para o mês

 

As exportações representaram um recorde histórico para o mês de novembro: US$ 28,515 bilhões, quantia 2,4% superior ao número registrado em 2024. As importações também foram recorde para o mês, com um total de US$ 22,673 bilhões, crescimento de 7,4% em relação ao mesmo mês do ano passado.

Ambos os aumentos foram puxados por um crescimento em volume, já que os preços de bens exportados caíram 1,3% e o das importações cresceram 2,1%, inferior ao aumento do volume.

A balança comercial brasileira registrou saldo positivo de US$ 5,842 bilhões no mês. Apesar de positivo, o resultado é 13,4% inferior aos US$ 6,7 bilhões positivos no mesmo mês em 2024.

Agropecuária puxa crescimento das exportações

A categoria que mais cresceu dentro das exportações foi a agropecuária, com alta de 25,8% para R$ 5,6 bi. A Indústria de Transformação apresentou um aumento de 3,7%, para R$ 16,2 bi. Já a indústria extrativa recuou 14%, para R$ 6,5 bi.

O recuo na indústria extrativa foi ocasionado pelo setor de petróleo, que costuma operar de maneira volátil. Já o destaque positivo da agropecuária foi a soja, cujo valor total exportado cresceu 64,6%.

Em relação aos países, houve aumento do valor embarcado para a China (41%), enquanto os Estados Unidos apresentou o seu terceiro recuo desde o mês de agosto, quando entraram em vigor as tarifas de 50% impostas por Donald Trump. A queda foi de 28,1%, abaixo da diminuição de 37% registrada no mês passado.

As principais quedas de envio aos Estados Unidos no mês foram óleos brutos de petróleo (-65,66%), café não torrado (-55,6%), carne bovina (-58,6%), sucos de frutas (-40,1%) e celulose (-31,4%). O principal produto, o petróleo, não estava inserido no tarifaço.

Segundo o diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior, Herlon Brandão, é esperado que haja uma retomada ou crescimento das exportações para o país com a suspensão de grande parte das tarifas decretada no mês de novembro pelo presidente Donald Trump.

Superávit acumulado em 2025 está atrás do ano passado

No acumulado de 2025, as exportações totalizam US$ 317,822 bilhões e as importações, US$ 259,983 bilhões. O Brasil apresenta assim um saldo positivo de US$ 57,839 bilhões, ou seja, 16,8% abaixo dos onze primeiros meses do ano anterior.

A queda se deve, sobretudo, a um crescimento das importações (+7,2%) maior do que das exportações (1,8%). Ambos os valores no entanto são recorde da série histórica iniciada em 1989.

Congresso aprova LDO de 2026 com meta de superávit de 0,25% do PIB e exceção para estatais

 

O Congresso Nacional aprovou nesta quinta-feira o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026 mantendo a meta proposta pela equipe econômica de superávit primário de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) para o governo central e com uma liberação acelerada de emendas parlamentares em ano eleitoral.

O texto, que segue para sanção presidencial, permite ao governo perseguir o piso da margem de tolerância do alvo fiscal e ainda cria uma exceção de R$10 bilhões à meta fiscal das empresas estatais, em meio à crise financeira dos Correios.

Incluído no texto pouco antes do início da discussão na sessão do Congresso pelo relator, deputado Gervásio Maia (PSB-PB), o adendo determina que não serão consideradas na meta despesas de empresas “que possuam plano de reequilíbrio econômico-financeiro aprovado e vigente”, respeitando esse limite de valor.

Maia ainda apresentou outro adendo para excluir a possibilidade de compensações entre os resultados fiscais do governo central e das estatais. O procedimento foi feito neste ano diante do prejuízo dos Correios, o que obrigou o governo a fazer um contingenciamento das despesas dos ministérios.

Em entrevista a jornalistas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a exclusão de R$10 bilhões da meta das estatais na LDO foi uma ação preventiva para permitir que o governo eventualmente faça o aporte nos Correios caso essa seja a decisão.

A meta para as estatais em 2026, que foi estipulada em déficit de R$6,8 bilhões, já tinha exceções para despesas da Petrobras e da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), além de R$5 bilhões para o Novo PAC. Os R$10 bilhões serão adicionais às exclusões já previstas.

O governo central terá uma meta de superávit de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2026. Esse objetivo é separado do alvo a ser perseguido pelas estatais, mas o resultado do governo central pode ser afetado em casos de aportes ou compensações feitos pelo Tesouro Nacional às empresas públicas.

PISO DA META

O arcabouço fiscal estabelece que a meta tem uma margem de tolerância de 0,25% do PIB para mais ou para menos e é considerada cumprida se fechar o ano dentro dessa banda. O texto da LDO define expressamente que o governo poderá considerar o limite inferior da tolerância ao fazer suas avaliações fiscais periódicas e contenções de verbas de ministérios.

O projeto aprovado prevê um déficit primário de R$16,9 bilhões no próximo ano. No entanto, R$55,1 bilhões em desembolsos com precatórios não serão computados na meta de superávit de R$34,3 bilhões após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Com isso, o governo fecharia 2026 com um superávit de R$38,2 bilhões, com uma “sobra” de R$3,9 bilhões em relação ao centro do alvo.

O texto ainda estabelece que 65% do total das emendas parlamentares de execução obrigatória sejam pagas até a conclusão do primeiro semestre de 2026, ano eleitoral.

A LDO traz as bases para elaboração do Orçamento propriamente dito, incluindo a meta fiscal e previsões de receitas e despesas. A aprovação do texto é condição para que seja votada a Lei Orçamentária Anual (LOA).

Haddad celebra indicadores econômicos do governo: ‘Inflação em 4 anos vai ser menor da história’

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira, 4, que os atuais indicadores reforçam a melhora das condições econômicas nos últimos anos, inclusive no controle de preços. “A inflação em quatro anos vai ser a menor de toda a história do Brasil”, disse.

Durante discurso na 6ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social e Sustentável (CDESS), ele afirmou que o governo tem conseguido conciliar queda da inflação com redução do desemprego, o que chamou de “o melhor dos dois mundos”.

Haddad destaca emprego e renda média

Haddad disse que o governo deve encerrar o mandato com a menor taxa média de desemprego em quatro anos desde o início da série histórica, estimada em 6,6%. Segundo ele, o resultado reflete um mercado de trabalho mais aquecido, com queda na informalidade e na subutilização da força de trabalho. “Na margem estamos com 5,4%”, disse.

Haddad destacou que o rendimento médio real do trabalhador atingiu o maior valor já registrado. “A média salarial no Brasil hoje é recorde e chegou a R$ 3.507”, afirmou, ressaltando o impacto combinado da expansão do emprego formal e da política de valorização do salário mínimo. Ele também citou redução da desigualdade e menor prevalência de subnutrição no País.

O ministro afirmou ainda que a proporção de jovens que não estudam nem trabalham caiu ao menor patamar já medido. “A geração nem-nem está em 21,2%. É alta, mas é a menor da série histórica”, disse.

Na abertura do Conselhão, Gleisi Hoffmann destaca vitórias do governo em negociações com EUA

 Na abertura do Conselhão, reafirmei o compromisso do presidente Lula com a  construção de um Brasil soberano, democrático e com participação popular.  Confira! 🇧🇷 | Gleisi Hoffmann | Facebook

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que os últimos meses foram marcados por avanços políticos e diplomáticos relevantes para o governo, resultado direto da estratégia de diálogo retomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Gleisi, a recriação do Conselhão retoma a prática “que Lula inaugurou em seu primeiro mandato, por diálogo entre sociedade e o governo”.

Ao abrir sua participação na 6ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social e Sustentável (CDESS), ela disse que o período recente mostrou “ganhos importantes para o País”, citando desde a recuperação de espaços de participação social até a condução das negociações comerciais com os Estados Unidos.

A ministra lembrou que a última plenária do colegiado ocorreu “em meio ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos”, episódio que, segundo ela, testou a capacidade de resposta institucional do País. A seu ver, a articulação entre governo, Congresso e sociedade civil foi determinante para enfrentar a medida. “A mobilização da sociedade isolou os traidores e seus aliados aqui no Brasil”, afirmou, ao comentar a reação das instituições.

Gleisi destacou que, nos últimos quatro meses, Lula conduziu pessoalmente um processo contínuo de diálogo com Washington, o que resultou em avanços concretos. “O presidente estabeleceu um diálogo direto e ativo com o presidente Trump, que já resultou na retirada de parte significativa das tarifas”, disse.

Para ela, o desfecho do caso representa “uma vitória diplomática e pessoal” de Lula, reconhecida por observadores internacionais. Gleisi afirmou que o presidente “não se curvou às pressões, para surpresa de muitos”, reforçando seu compromisso histórico com a defesa do País.

A ministra também destacou que, paralelamente ao acordo comercial, “a justiça seguiu seu curso soberano”, julgando e condenando, dentro do devido processo legal, os responsáveis por ataques à democracia. Segundo ela, o período recente consolidou avanços simbólicos e materiais, incluindo o retorno do Brasil ao mapa de segurança alimentar, que classificou como um dos marcos do atual governo.