
JBS (Crédito: Divulgação/ JBS)
A JBS garantiu nesta sexta-feira apoio de acionistas para prosseguir com a dupla listagem de ações nos Estados Unidos e no Brasil.
O plano de listagem da empresa nos EUA foi aprovado em assembleia geral de acionistas, informou a empresa.
O plano — originalmente anunciado em 2023 — fará com que a maior empresa de carnes do mundo seja listada principalmente em Nova York, com BDRs (recibos de ações) negociados em São Paulo, a partir de junho.
“A expectativa é que as ações comecem a ser negociadas na Bolsa de Nova York em 12 de junho. A Companhia vai seguir listada no Brasil, via BDRs na B3. O objetivo é destravar valor da Companhia, adequar a estrutura de capital ao perfil global e diversificado da JBS e ampliar a capacidade de investimento, mantendo disciplina financeira”, afirmou a companhia, em nota.
Às 10h40, as ações da B3 subiam 0,47%, a R$ 42,46.
Durante a assembleia. alguns citaram a oportunidade da empresa de alinhar sua avaliação de mercado com a de seus pares internacionais com uma listagem nos EUA, o que permitirá à JBS acesso a uma gama mais ampla de investidores.
No entanto, algumas empresas de consultoria alertaram que uma nova estrutura de ações de classe dupla provavelmente reduzirá o poder de voto dos acionistas minoritários, potencialmente limitando sua influência sobre o processo de tomada de decisões da empresa no futuro.
Sob a nova estrutura da dupla listagem, os acionistas controladores da empresa, que atualmente detêm uma participação de 48,34% em uma única classe de ações, poderiam ver seu poder de voto aumentar para até 85%, segundo estimativas de analistas. Isso porque, sob a nova organização da empresa, uma holding sediada na Holanda seria listada principalmente nos EUA, com uma estrutura de capital de duas classes, com direitos de voto distintos.
Desejo antigo da família Batista
A família Batista, que fundou e ainda controla a JBS, tenta há mais de uma década listar as ações da empresa em Nova York, mas enfrentou vários contratempos, incluindo o escândalo de Lava Jato.
Em 2016, o plano também enfrentou oposição do braço de investimentos do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o maior acionista fora da família Batista. Em março, o banco estatal, que vem reduzindo sua participação na JBS, concordou em se abster na votação da listagem dupla. O BNDES detém atualmente 18,18% das ações da companhia.
O plano de listagem dos EUA também enfrentou críticas de políticos e grupos ambientalistas, que levantaram preocupações sobre corrupção, concentração de mercado e riscos ambientais.
Em 2024, um grupo bipartidário de senadores norte-americanos enviou uma carta ao órgão fiscalizador dos mercados de capitais dos EUA (SEC), expressando oposição à listagem da empresa no país, citando preocupações com corrupção e potenciais consequências ambientais da operação.
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