A
companhia da EB Capital, que pretende consolidar os provedores
regionais de banda larga em fibra óptica, vai ganhar presença nacional. O
CEO da EB Fibra, Pedro Parente, que tem R$ 1,5 bilhão para investir,
conta os próximos passos ao NeoFeed
Aos 68 anos, Pedro Parente já
atuou na esfera pública e em grandes empresas de diversos setores da
economia. Ele foi ministro da Casa Civil de Fernando Henrique Cardoso e
esteve à frente da crise do apagão de energia em 2001. O executivo
também comandou RBS, Bunge, Petrobras e BRF, na qual ainda preside o conselho de administração da empresa de alimentos.
Mas, pela primeira vez, segundo suas próprias palavras, está vivendo uma experiência nova: a de empreender. Parente é o CEO da EB Fibra,
companhia de fibra óptica da EB Capital, da qual é um dos sócios, ao
lado de Eduardo Sirotsky Melzer, Luciana Antonini Ribeiro e Fernando
Iunes.
Com um cheque de R$ 1,5 bilhão em mãos, Parente está agora empenhado
em consolidar provedores regionais de internet para construir uma das
maiores empresas independentes de banda larga baseada em fibra óptica
sem estar ligada às grandes empresas de telefonia, como Oi, Claro, TIM e Vivo.
Nos próximos meses, o empreendedor Parente vai anunciar um pacote de
sete aquisições que vai dar um novo porte à EB Fibra – três delas em até
duas semanas e as demais até junho. “Com essas aquisições, vamos
alcançar 1 milhão de assinantes e R$ 1 bilhão de receita até o fim de
2021”, diz Parente ao NeoFeed,
Os nomes das empresas não são revelados, pois ainda faltam poucos
detalhes para assinar as compras, bem como questões regulatórias a serem
resolvidas. Atualmente, a EB Fibra conta com 380 mil assinantes. Ela já
é dona da Sumicity, na região Sudeste, e da Mob Telecom, no Nordeste.
Com as aquisições, a EB Fibra teria um número de assinantes, pro
forma, de 635 mil assinantes em dezembro de 2020. Com esse resultado,
seria do mesmo porte da Brisanet, com 645 mil assinantes, e estaria à
frente da Algar Telecom, que contava com 526 mil clientes, quando se leva em conta apenas os acessos com fibra óptica.
Como a meta é chegar a 1 milhão de assinantes até o fim de 2021, a
disputa com Brisanet, que atua no Nordeste, e com a companhia do grupo
Algar, que tem o GIC, fundo soberano de Cingapura entre seus
investidores, será cabeça a cabeça, ou melhor, fibra a fibra ao longo
deste ano para saber quem chegará à frente no ranking das operadoras
competitivas.
Pequenas operadoras que surgiram por diversas cidades do País, as
chamadas operadoras competitivas dominavam 60,5% do mercado de fibra
óptica em janeiro de 2021, segundo dados da consultoria Teleco,
especializada em telecomunicações. Somadas, elas tinham quase 9,6
milhões de conexões de banda larga. Claro, Vivo e Oi chegavam a quase
6,6 milhões de conexões. Mas seus assinantes estão concentrados em
grandes centros urbanos, ao contrário de suas rivais de menor porte.
“As operadoras competitivas são todas candidatas a serem novas GVTs.
Elas podem se viabilizar e se tornar uma quarta operadora grande de
banda larga fixa ou podem ser compradas pelas grandes telcos”, diz
Eduardo Tude, presidente da Teleco, em uma referência à GVT, que surgiu
na época das privatizações da telefonia, no fim dos anos 1990, como
empresa-espelho da Brasil Telecom e que foi comprada primeiro pela
francesa Vivendi e depois pela espanhola Telefônica Vivo.
As transações vão consumir 80% dos R$ 1,5 bilhão que a EB Fibra tem
para investir em aquisições, mas Parente alega que boa parte dos
recursos será usada para investimentos das próprias empresas adquiridas
na construção de infraestrutura, na compra de equipamentos para as casas
dos clientes e em aquisições de menor porte.
O backbone (a infra de fibra) atual da EB Fibra tem 73 mil
quilômetros, isso sem levar em conta a última milha, quando a fibra
chega à casa do consumidor. Parente acrescenta que as aquisições estão
sendo feitas sem a necessidade de se endividar. “Temos oportunidade de
melhorar o projeto com alavancagem”, afirma o CEO da EB Fibra.
Com as aquisições que deve anunciar, a EB Fibra passará a atuar em 18
Estados brasileiros – só não terá presença no Rio Grande do Sul e Santa
Catarina, no Sul; em Mato Grosso, no Centro-Oeste; e no Amazonas, Acre,
Rondônia, Roraima e Amapá, no Norte.
A ideia é que EB Fibra funcione como uma holding e as marcas
adquiridas sejam indepedentes e tenham atuações regionais. A Sumicity
ficará responsável pelo Sudeste. A Mob Telecom, pelo Nordeste. Uma das
recentes aquisições cuidará do Sul – a presença, por enquanto, será
apenas no Paraná.
Para ajudá-lo nesta missão, Parente conta com Felipe Matsunaga,
responsável pela área de M&A, e com Mariano de Beer, que atua na
supervisão dos provedores adquiridos.
Ex-presidente da Microsoft Brasil, de Beer é um executivo reconhecido
no setor de telecomunicações, onde atuou como CEO da Telefônica Brasil
de 2010 a 2011. Teve passagens pela RBS e voltou ao grupo espanhol de
2016 a 2020, época em que esteve ao lado do presidente da operadora,
Amos Genish.
“A EB Fibra montou um time de primeira linha. O Mariano é um cara de
respeito no setor e Pedro Parente está se envolvendo diretamente no
projeto”, diz um executivo do setor de telecomunicações. “Mas é uma
empresa de investidor: uma hora eles vão sair.”
A empresa da EB Capital não é a única a apostar nessa estratégia. A
Vero, com 339 mil assinantes, é uma empresa que está sendo construída
pela Vinci Partners, com um modelo bem parecido com o da EB Fibra. A
empresa surgiu em 2019 através da fusão de oito provedores de Minas
Gerais. Desde então, comprou mais quatro empresas e tem um plano de
investimento de R$ 1 bilhão até 2023.
Até as grandes operadoras de telefonia estão atrás de investidores
para acelerar seus planos de investimento em fibra óptica. A Oi, que
está em recuperação judicial, está vendendo uma fatia majoritária da
InfraCo, sua divisão de fibra óptica que conta com uma rede de 400 mil
quilômetros de fibra e já alcança 2,2 mil cidades no País.
Um fundo gerido pelo BTG Pactual está em negociações exclusivas com a Oi, em um negócio que pode superar os R$ 20 bilhões. Caso saia vencedor da disputa, o chairman da InfraCo será Amos Genish, fundador da GVT.
Em 2020, o negócio de fibra da Oi atingiu 9 milhões de casas passadas
pelo Brasil, com 2,1 milhões de clientes. No fim de março, a Oi anunciou que vai entrar no mercado de São Paulo
no segundo trimestre de 2021. O plano é ter 400 mil domicílios cobertos
até o fim deste ano e com potencial de chegar a 2 milhões de lares em
2022.
A Telefônica Vivo também buscou um investidor para sua empresa de
fibra óptica, a FiBrasil. O fundo canadense CDQP pagou R$ 1,8 bilhão por
uma participação de 50% na companhia, cujo objetivo é crescer para fora
de São Paulo e ter uma cobertura de 5,5 milhões de domicílios em
cidades de médio porte em até quatro anos.
A TIM está também em negociação exclusiva com a empresa de torres IHS
Tower que pode se tornar sócia majoritária da FiberCo, a empresa que
criou para acomodar sua operação de fibra. A IHS possui mais de 28 mil
torres e busca a expansão em infraestrutura na tecnologia de fibra.
Como se nota, não vai faltar fibra para os brasileiros nos próximos
anos. Mas será haverá espaço para todos os que querem um lugar ao sol?
Haja fibra para competir e sobreviver.
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