quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Não há negociação ou acordo no Senado envolvendo PL da Dosimetria, diz Gleisi no X

 

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, afirmou nesta terça-feira, 17, pelo X, que não há negociações ou acordos no Senado que envolvam o PL da Dosimetria. O projeto, que reduz penas de condenados pelos atos de 8 de Janeiro e beneficia o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deve ser votado na Casa nesta quarta-feira, 17.

“Não há nenhuma negociação ou acordo no Senado envolvendo o projeto de lei da redução de penas para os golpistas condenados pelo STF. O governo é contra essa proposta e orienta sua base a votar contra, por razões já conhecidas: quem atentou contra a democracia tem de pagar por seus crimes e, além disso, o projeto aprovado na Câmara beneficia condenados por vários outros crimes”, afirmou Gleisi.

Nesta terça, senadores passaram a afirmar que o projeto de dosimetria fazia parte de um acordo firmado entre governo e oposição, em troca da aprovação do projeto sobre benefícios tributários.

Além de Gleisi, outras lideranças do governo negam que haja uma negociação para a aprovação do projeto que reduz as penas impostas ao ex-presidente.

Orizon compra Vital e passa a deter 18% no mercado de gestão de resíduos

 

A incorporação da Vital pela Orizon Valorização de Resíduos tem efeito “transformacional” para a companhia, disse ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o diretor-presidente da empresa, Milton Pilão. Segundo ele, o grupo consolidará a liderança do segmento e poderá se beneficiar de ganhos de escala.

A transação anunciada na manhã desta quarta-feira, 17, foi feita totalmente em troca de ações, sem desembolso em dinheiro, e tem enterprise value, que inclui dívidas, de R$ 3 bilhões da Vital. O múltiplo da transação ficou em 5,75 vezes o Ebtida.

Na nova configuração, os controladores da Orizon, acionistas de referência e a gestora EbCapital, ficam com 30,4% da empresa, enquanto os controladores da Vital terão 30%. Já as ações restantes ficam no free float.

Avaliada hoje em R$ 6 bilhões, a Orizon registrou R$ 281 milhões em receita e um lucro líquido de R$ 27,3 milhões no terceiro trimestre. A combinação das companhias cria um grupo com R$ 9 bilhões em valor de mercado.

Segundo Pilão, a união das companhias ampliará em 62% a capacidade de gestão de resíduos da Orizon, e adicionará 12 ecoparques (aterros com usina de biogás e tratamento dos resíduos) à companhia, abrindo também espaço em locais onde a empresa ainda não atua, como Belo Horizonte, São Luís do Maranhão e São Paulo, a maior concessão da América Latina.

A integração desses ativos fará com que, após a combinação de negócios, o grupo alcance 34 ecoparques, incluindo quatro em licenciamento. “Isso resulta num poder de fogo gigantesco para compra de insumos como manta para tratamento de chorume”, explica o executivo, ao mencionar também a possibilidade de ganhos com a escala da operação.

Além disso, segundo Pilão, essa experiência será utilizada para criar e agregar serviços de gestão integrada nas unidades que hoje são operadas pela companhia.

Com isso, a empresa verá sua participação de mercado saltar dos atuais 11% para 18%, chegando a 14 milhões de toneladas sob gestão, o que representa o lixo gerado por cerca de 40% da população do País.

Além disso, a Orizon amplia sua atuação em gestão integrada, incluindo coleta e concessões municipais, o que multiplica receitas e cria oportunidades de crescimento orgânico, explicou o executivo. “Esse lado traz escala, eficiência, e estrutura de capital que possibilita a empresa crescer”, destaca.

Já o responsável pelo portfólio de investimentos da família Queiroz Galvão, André Câncio, avalia que a combinação dos negócios permitirá a obtenção de sinergias com foco em crescimento sustentável no segmento de biometano.

“Participar desse novo ciclo, com atuação ativa na governança, reforça o compromisso com a estratégia de longo prazo”, disse ele.

A fusão ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e dos municípios onde as duas empresas têm concessões.

Haddad diz que mercado não reconhece indicadores e que relação é ‘muito difícil’

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, herdou um “inferno” nas contas públicas do ex-presidente Jair Bolsonaro. Afirmou ainda que a relação com o mercado financeiro é “muito difícil” porque “os indicadores (da economia) não são reconhecidos”.

Haddad declarou, ainda, que 2026 será um ano igualmente “muito difícil” por causa da disputa eleitoral e do que ele chamou de “guerra de comunicação”. A fala se deu durante a reunião ministerial com Lula na Granja do Torto nesta quarta-feira, 17. Haddad foi um dos ministros a fazer uma fala inicial no encontro.

“Não é fácil manter, nas condições do Brasil, sobretudo na relação com o mercado financeiro, muito difícil a relação, porque os indicadores não são reconhecidos, é como se Lula tivesse herdado um paraíso e estivesse com problemas nas contas, mas não, ele herdou um inferno, depois de sete anos de direita e extrema-direita”, afirmou o ministro.

Em seguida, após reclamar da relação com o mercado financeiro, ele continuou o raciocínio elogiando o presidente Lula: “Manter crescimento, emprego, inflação baixa e em uma tensão artificialmente construída na política e na economia não é para qualquer um”.

Haddad disse que há “muitos desafios pela frente”. “Vai ser um ano muito difícil, como todos sabem, sobretudo a guerra de comunicação, de narrativas. Vai continuar um inferno na vida de todos nós. É um desafio lidar com essas redes sociais, com (o que é) a verdade”, declarou o ministro.

“Nada pode expressar mais o nosso desafio do que o slogan ‘Ano que vem será o ano da verdade’. Se a gente transformar o ano que vem no ano da verdade, vamos ter mais quatro anos de trabalho sobre a Presidência do presidente Lula”, completou Haddad.

Em última reunião ministerial, Lula diz que 2026 será o ano da verdade

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (17) que o governo precisa alcançar a “narrativa correta” para informar ao povo brasileiro as coisas que aconteceram no país nos últimos anos. O presidente comanda, nesta manhã, a última reunião ministerial de 2025, na residência oficial da Granja do Torto, em Brasília.

Para o presidente, o país está em uma situação “amplamente favorável”, embora, segundo ele, isso não apareça com a força que deveria aparecer nas pesquisas de opinião pública em razão da polarização política no país. Lula disse que o discurso da equipe precisa estar definido para o processo eleitoral do ano que vem.

“O ano eleitoral vai ser o ano da verdade. Ou seja, nós temos que criar a ideia da hora da verdade para mostrar quem é quem nesse país, quem faz o quê nesse país, o que aconteceu antes de nós e o que acontece quando nós chegamos ao governo”, disse aos seus ministros, citando ações em diversas áreas, como economia e inclusão social.

“É importante que a gente tenha noção que nós precisamos fazer com que o povo saiba o que aconteceu nesse país. Eu tenho a impressão que o povo ainda não sabe. Eu tenho a impressão que nós ainda não conseguimos a narrativa correta para fazer com que o povo saiba fazer uma avaliação das coisas que aconteceram neste país”, acrescentou.

Lula disse que vai aceitar o afastamento dos ministros que quiserem disputar um cargo ou reeleição. No pleito de 2026, será escolhido o novo presidente da República, mas também governadores, senadores, deputados federais, estaduais e distritais.

O presidente destacou ainda a capacidade de articulação da equipe para a aprovação de medidas de interesse do governo no Congresso Nacional, como a isenção do imposto de renda e a reforma tributária. Para ele, o país vive um “momento ímpar” do ponto de vista econômico também pelo aumento da capacidade de investimento e financiamento dos bancos públicos.

O presidente Lula reafirmou a sua política de que o dinheiro precisa circular nas mãos da população. “Nós precisamos fazer muito mais, porque a minha teoria é que pouco dinheiro na mão do povo resolve o problema. Não tem macroeconomia, não tem câmbio. Se tiver dinheiro na mão do povo, está resolvido o nosso problema. Está resolvido o problema da industrialização, do consumo, da agricultura, está resolvido o problema da inflação”, disse.

“Nós acabamos com a invisibilidade do povo pobre desse país. Nós acabamos com a invisibilidade de um povo que só era reconhecido em época de eleição”, afirmou o presidente.

Após o discurso de abertura da reunião, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, falou sobre as políticas industriais em desenvolvimento, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, fez um balanço dos primeiros 3 anos da gestão.

Também estão previstas falas dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad; da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira; e da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.

Mendonça vota para validar mínimo existencial em R$ 600

 

O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou no sentido de validar na íntegra o decreto presidencial que estabelece o valor de R$ 600 como o mínimo existencial a ser preservado contra a cobrança de dívidas. 

Um pedido de vista feito nesta quarta-feira (17) pelo ministro Alexandre de Moraes interrompeu o julgamento, que havia começado em 12 de dezembro, no plenário virtual do STF.

A votação seguiria até a próxima sexta-feira (19), antes de ser interrompida. Pelo regimento interno do Supremo, o caso deverá ser liberado para novo agendamento em até 90 dias. 

Mendonça é relator de três ações de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) sobre o tema, abertas pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) e a Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (Anadep). 

“No presente caso, considero que são razoáveis e proporcionais os critérios estabelecidos no Decreto nº 11.150, de 2022, para fins de definição do mínimo existencial a ser aplicado aos casos de superendividamento”, escreveu o ministro. 

Aprovada em 2021, a Lei do Superendividamento prevê que a Justiça pode resguardar o mínimo existencial do consumidor, uma quantia a ser protegida das cobranças dos bancos, mas deixou a definição do que seria “mínimo existencial” inteiramente a cargo da regulamentação a ser feita pelo Poder Executivo. 

O valor de R$ 600 para definir o que seria o mínimo existencial foi adotado em 2023 pelo governo Lula para substituir o critério anterior, criado em 2022 pelo então presidente Jair Bolsonaro, que estabelecia o mínimo existencial em 25% do salário mínimo, o equivalente na época a R$ 303,00. 

Segundo o Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas, elaborado pela empresa de garantia de crédito Serasa, havia 79,1 milhões de pessoas inadimplentes no país em setembro de 2025, 48,47% da população. 

Argumentos 

As entidades argumentam que definir R$ 600 como mínimo existencial fere direitos essenciais garantidos pela Constituição, entre os quais a dignidade da pessoa humana, um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, conforme o artigo 1º da Carta de 1988. 

Para as associações, a quantia estipulada no decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023 não é suficiente para garantir o “mínimo vital” para uma “vida digna”.  

As entidades sustentam ainda que o artigo 7º da Constituição, ao definir o salário mínimo, elenca como “necessidades básicas do trabalhador” as despesas com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social”. 

Ao Supremo, a Advocacia-Geral da União (AGU) disse que o governo abordou a questão sob o ângulo da preservação do mercado de crédito, optando por um valor baixo para o mínimo existencial de modo a garantir o acesso do consumidor a empréstimos.

O governo explicou que “o respectivo montante visou a conferir grau superior de proteção ao consumidor contra uma eventual situação de superendividamento, sem, ao mesmo tempo, afastar os consumidores do mercado formal de crédito, buscando-se um melhor equilíbrio entre a proteção ao consumidor superendividado e a segurança jurídica necessária para a celebração de contratos privados”. 

Voto

O ministro André Mendonça concordou com os argumentos do governo. Ele reconheceu o problema “sistêmico” relacionado ao superendividamento no Brasil e a necessidade de proteção ao consumidor, mas afirmou que, devido à complexidade do problema, o Supremo não deve definir um mínimo existencial de forma abstrata. Argumentou, ainda, que o tema deve ser enfrentado por órgãos técnicos especializados, sem a intervenção da Justiça. 

Ele observou que o decreto que regulamentou a Lei do Superendividamento (Lei 14.181/2021) prevê a revisão periódica do valor fixado para definir o mínimo existencial, que deve ser feita pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), colegiado composto pelo presidente do Banco Central e os ministros da Fazenda e do Planejamento. 

“Justamente por essa característica de ser uma política pública dinâmica, em permanente transformação, cuja atualização ficou a cargo de um órgão técnico altamente especializado, entendo que não cabe ao Poder Judiciário imiscuir-se no tema e definir, em sede de controle concentrado, qual deve ser o mínimo existencial a ser observado de forma geral e abstrata”, afirmou. 

Para o ministro, a Justiça não deve entrar no assunto. “Entendo que não cabe ao Poder Judiciário imiscuir-se no tema e definir, em sede de controle concentrado, qual deve ser o mínimo existencial a ser observado de forma geral e abstrata”, sustentou.

Apesar de ter votado sobre o mérito da questão, Mendonça entendeu que as ações sobre o tema devem ser rejeitadas por questões processuais, sem serem analisadas pelo Supremo. O ministro apontou que o decreto é um ato normativo secundário, que, em seu entendimento, não deve ser alvo de questionamento via ADPF. 

Como o Brasil se tornou em 2025 no maior produtor de carne bovina do mundo

 

Um em cada cinco quilos de carne bovina produzida em todo o mundo sai de uma fazenda localizada no Brasil. Em 2025, o Brasil superou os Estados Unidos e se tornou o maior produtor de carne bovina do planeta, com uma produção de 12,35 milhões de toneladas este ano.

E o reconhecimento do feito veio do próprio Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em seu último relatório sobre o comércio global de proteínas, que colocou o Brasil no topo do ranking mundial pela primeira vez na história. Agora, os Estados Unidos passam a ocupar a segunda colocação, com uma oferta anual de 11,81 milhões de toneladas.

Assim, a participação do Brasil na produção mundial de carne bovina que em 2015 era de 15,8% passou para os atuais 20% em 2025. Já os Estados Unidos mantiveram sua participação praticamente estável, passando de 18,1% para 19,1% no mesmo período.


carne bovina

Por que o Brasil está produzindo mais

Essencialmente, dois fatores explicam a conjuntura atual. O primeiro vem do próprio Brasil. Nos últimos cinco anos, o abate de bovinos vem crescendo sistematicamente diante do aumento da disponibilidade de animais por parte dos pecuaristas, em especial de fêmeas.

Em 2024, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) contabilizou um abate recorde de 39,2 milhões de cabeças em todo o país. O número representou um crescimento de 15% em comparação a 2023 e superou em quase 5 milhões de cabeças o recorde registrado em 2013.

Desse total, 16,9 milhões foram de fêmeas, número que representou um crescimento de 19% em comparação a 2023. O desempenho também representou um recorde para a pecuária nacional.

Aliado ao crescimento do número de cabeças enviadas aos frigoríficos está o fato de os animais estarem sendo abatidos com mais peso. Se em 2015 cada cabeça abatida produzia pouco mais de 240 quilos de carne, hoje, o mesmo animal produz mais de 260 quilos

Esse ganho de peso por cabeça reflete os investimentos feitos pelos pecuaristas em genética e também na alimentação. Antes criados essencialmente comendo capim, os animais do rebanho brasileiro estão se dividindo entre as pastagens e o confinamento, o que permite uma engorda mais rápida em um espaço de tempo menor.

Nos Estados Unidos, os pecuaristas americanos vem registrando uma queda na disponibilidade de animais para abate. Isso porque, os baixos preços registrados há alguns anos levaram os produtores a venderem suas matrizes. Sem fêmeas para gerarem novos bezerros, a oferta de animais caiu, o que reduziu a produção de carne, por consequência.

10 maiores produtores de carne bovina do mundo

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https://dinheirorural.com.br/brasil-eua-producao-carne-bovina-mundo

terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Hapvida inaugura quatro novas unidades em São Paulo e uma em Campinas

 

A Hapvida avançou com seu plano de expansão e inaugurou este mês cinco novas clínicas, sendo quatro na capital paulista e uma em Campinas. A expectativa da empresa é atender 9,6 mil pacientes por mês.

Em São Paulo, a empresa colocou em funcionamento uma clínica no Itam Bibi, na Mooca, Interlagos e sua mega unidade na Vila Mazzei. Esta última será referência para cardiologia, clínico geral, dermatologia clínica e cirúrgica, ginecologia clínica, ortopedia e traumatologia, pediatria, psiquiatria, pneumologia, reumatologia, gastroenterologia, endocrinologia e metabolismo.

Já a unidade de Campinas tem 10 consultórios e capacidade para atender até 8,8 mil pacientes mensais. Entre as especialidades médicas estão gastroenterologia, dermatologia clínica e cirúrgica, ginecologia clínica, obstetrícia/pré-natal, neurologia, procedimentos cirurgia geral e procedimentos dermatológicos. O beneficiário poderá também realizar na unidade a coleta laboratorial e papanicolau.

‘Estamos desesperados’, diz dono de restaurante em Pinheiros que está sem luz há dias

 

Apesar de a concessionária de energia Enel afirmar já ter normalizado o serviço na Grande São Paulo, paulistanos seguem reclamando de falta de luz nesta terça-feira, 16. Na quarta-feira passada, 10, a região metropolitana da cidade foi atingida por uma ventania recorde.

Segundo balanço da Enel, há cerca de 45 mil imóveis sem eletricidade na manhã desta terça. A empresa afirma que são casos registrados nos dias seguintes ao apagão que começou na quarta.

“Estamos desesperados”, afirma Hugo Delgado, proprietário de um restaurante de rua em um sobrado na Rua Francisco Leitão, em Pinheiros, na zona oeste da capital. Segundo ele, o estabelecimento já soma R$ 40 mil de prejuízo com as perdas do apagão, e a Enel ainda não informa um prazo concreto para o restabelecimento da eletricidade.

A luz no local acabou às 14h de quarta-feira, assim como no resto do bairro, e chegou a voltar às 11h30 de quinta, 11. Mas a felicidade durou pouco: meia hora depois, uma árvore em frente ao restaurante caiu, derrubando a fiação elétrica. “O resto da rua está com energia. Só a gente e o sobrado vizinho, com duas casas geminadas, seguimos no escuro”, afirma Delgado.

A Enel tem destacado que os ventos na semana passada atingiram quase 100 km/h, o que resultou em centenas de árvores caídas. A empresa diz ainda ter mobilizado até 1.800 equipes para os reparos (leia mais abaixo).

Esse número é contestado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), que diz ter identificado uma quantidade bem menor de veículos da empresa nas ruas por meio do sistema municipal de câmeras.

Na última semana, moradores relataram diversos transtornos, desde a perda de estoque até dificuldades para trabalhar e interrupções no fornecimento de água, também prejudicado pelo blecaute.

Vizinhos ajudam com geladeiras

O proprietário do restaurante em Pinheiros calcula ao menos R$ 30 mil de prejuízo com vendas perdidas nos dias fechados e R$ 3 mil com perda de produtos em geladeiras, além de gastos extras de R$ 7 mil com a contratação de um gerador, que usou no último sábado, 13. “Somos um restaurante pequeno e esses números são grandes para a gente”, enfatiza. “É muito assustador, isso quebrou completamente as nossas pernas.”

Além do gerador alugado no sábado, dia de maior movimento, Delgado tem tentado manter o restaurante aberto na hora do almoço com o uso de luz natural. Ele conta com a ajuda de vizinhos com energia, que disponibilizaram suas geladeiras para que ele pudesse guardar produtos. O empresário também precisou recorrer aos vizinhos para carregar o celular e as maquininhas de cartão de crédito.

“A situação está muito complicada e não sabemos quando vai normalizar”, desabafa, suspirando. “É urgente. Já são seis dias. Tentamos contato com a Enel por todos os canais, pelo aplicativo, pelo atendimento telefônico, por telefone e até pelo direct do Instagram. E nada.”

A reportagem questionou a concessionária sobre este caso específico, mas ainda não obteve retorno.

Empresa cita plano de investimento

A Enel afirma que, entre 2025 e 2027, vai investir R$ 10,4 bilhões para a modernização e digitalização da rede na Grande São Paulo, além de ter contratado mais 1.200 profissionais.

A nova crise de falta de energia – após episódios semelhantes em 2023 e 2024 – fez a empresa voltar aos holofotes, com pedidos de intervenção federal pelas autoridades de São Paulo. Uma das preocupações é sobre a renovação antecipada da concessão com a empresa italiana, cujo contrato é válido até 2028.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse nesta segunda, 15, que a União não pode empurrar a renovação com a empresa “goela abaixo”. Ele irá se reunir nesta terça com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Na semana passada, o ministro do governo Lula chegou a dizer que Nunes e Tarcísio faziam “disputa política” com o evento extremo climático.

No sábado, 13, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que a Enel restabelecesse imediatamente o fornecimento de energia a hospitais, serviços de saúde, eletrodependentes e outros serviços essenciais, sob pena de multa de R$ 200 mil por hora. E deu até 12 horas para os demais imóveis afetados.

Na tarde de segunda, após o fim do prazo, a Defensoria Pública do Estado e o Ministério Público Estadual afirmaram que vão oficiar a Enel e a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado (Arsesp) requisitando informações sobre a quantidade de imóveis sem energia desde quarta. “A solicitação é necessária para apuração do eventual descumprimento e o cálculo de multa por hora.”

Ambev inaugura megafábrica de R$ 1 bilhão no Paraná

 


Nova unidade da cervejaria terá capacidade para produzir 600 milhões de garrafas de vidro por ano 
 
A planta integra o conjunto de investimentos que a Ambev vem realizando no Paraná, os quais já superam R$ 2,5 bilhões nos últimos anos

 

 

A Ambev inaugurou nesta segunda-feira (15) a nova fábrica de garrafas de vidro em Carambeí, no Paraná, com investimento de R$ 1 bilhão. A unidade, que recebeu o nome de Ambev Vidros Paraná, é a primeira fábrica de garrafas de vidro do Paraná e integra todas as etapas da produção cervejeira, da matéria-prima ao envase. Com capacidade para produzir até 600 milhões de garrafas por ano, a planta vai abastecer fábricas da Ambev em diversos estados.

O CEO da Ambev, Carlos Lisboa, destacou a importância estratégica do Paraná para as operações da companhia e o impacto nacional que a nova fábrica terá na cadeia produtiva do setor de bebidas. "O Paraná é um estado estratégico e muito importante para a Ambev. Temos campos de cevada, fábricas, centros de distribuição e milhares de colaboradores no estado que trabalham todos os dias para entregar os melhores produtos e serviços para os paranaenses. Agora, as garrafas feitas aqui no Paraná vão chegar também em outros estados e abastecer nossas fábricas pelo Brasil, gerando impacto nacional na cadeia de valor", ressaltou.

Durante a fase de obras, a implantação da fábrica gerou 4.225 empregos diretos, além de mobilizar mais de 150 empresas envolvidas na execução do projeto. Com o início das operações, a expectativa é de manutenção de cerca de 400 empregos diretos e indiretos. O empreendimento se soma a outros investimentos da Ambev em solo paranaense, que ultrapassam R$ 2,5 bilhões nos últimos anos. A operação da empresa no Paraná abastece sete estados brasileiros, com a produção de mais de 20 marcas de cervejas.



https://amanha.com.br/categoria/negocios-do-sul1/ambev-inaugura-megafabrica-de-r-1-bilhao-no-parana?utm_campaign=NEWS+DI%C3%81RIA+PORTAL+AMANH%C3%83&utm_content=Ambev+inaugura+megaf%C3%A1brica+de+R%24+1+bilh%C3%A3o+no+Paran%C3%A1+-+Grupo+Amanh%C3%A3&utm_medium=email&utm_source=dinamize&utm_term=Amanh%C3%A3_16-12-2025

Acionistas da Korea Zinc tentam barrar venda de ações para financiar projeto nos EUA

 KoreaZinc

Os principais acionistas da Korea Zinc, a MBK Partners e a Young Poonga, disseram que entraram com uma queixa no Tribunal Distrital Central de Seul nesta terça-feira (16) para bloquear a planejada emissão de direitos da maior fundição de zinco do mundo, que está buscando uma joint venture multibilionária nos EUA.

MBK e Young Poong disseram que o movimento não visa se opor ao plano da Korea Zinc de construir uma fundição de US$ 7,43 bilhões nos EUA. Em vez disso, é para bloquear a planejada emissão de ações que, segundo eles, está estruturada para preservar o controle do presidente Choi sobre a empresa.

A Korea Zinc disse em um comunicado regulatório durante a noite que emitirá 2,2 milhões de novas ações, aproximadamente 10% de seu total de ações, para ajudar a financiar a fundição JV a ser construída em Clarksville, Tennessee, arrecadando 2,850 trilhões de won, equivalente a US$ 1,94 bilhão.

A planejada venda de ações, que pode introduzir novos acionistas dos EUA com uma participação considerável na Korea Zinc, pode afetar a dinâmica na futura batalha pelo controle da empresa. A Korea Zinc refutou as alegações dos principais acionistas, dizendo: “A MBK Partners e a Young Poong continuam a ver a Korea Zinc como um alvo de M&A hostil, e estão depreciando imprudentemente o valor deste projeto”. Fonte: Dow Jones Newswires*.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Superintendência-Geral do Cade aprova aquisição da Emae pela Sabesp

 

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a aquisição da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). O despacho foi publicado no Diário Oficial da União (DOU).

Segundo o processo, a aquisição de controle pela Sabesp ocorreu por meio da compra de ações representativas de 29,9% do capital social total e de 74,9% do capital social votante da Emae. As ações ordinárias haviam, sido dadas em garantia de uma debênture de emissão da Phoenix Água e Energia.

Como mostrou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo negou ainda em outubro o pedido de tutela de urgência realizado por Nelson Tanure em uma tentativa do megainvestidor de barrar por 60 dias a venda de suas ações na Emae pela XP Investimentos para a Sabesp.

As ações da Emae, que estavam sob posse de Tanure, foram utilizadas pelo investidor como garantia de um empréstimo de R$ 520 milhões, obtido por meio de um fundo de investimento da XP Investimentos, para adquirir a própria companhia. No entanto, a primeira parcela venceu em 27 de setembro sem que o empresário realizasse o pagamento, e a instituição financeira executou a dívida, passando a oferecer a Emae a compradores.

Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Monitor do PIB aponta queda de 0,3% em outubro ante setembro, mostra FGV

 O que é o PIB e por que ele é importante para a economia do ...

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu 0,3% em outubro ante setembro, segundo o Monitor do PIB, apurado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Na comparação com outubro de 2024, houve crescimento de 1,0% em outubro de 2025. A taxa acumulada em 12 meses até outubro foi de avanço de 2,3%.

Segundo a FGV, esse é o segundo mês consecutivo de variação negativa da atividade econômica, sob influência da política monetária restritiva.

“A economia seguiu em processo de desaceleração em outubro, com relação a setembro, ao retrair 0,3%. Pela ótica da produção, o desempenho da agropecuária e da indústria ajudam a explicar a queda na atividade econômica enquanto, pela ótica da demanda, os investimentos (formação bruta de capital fixo) e o consumo do governo contribuíram negativamente para o resultado”, apontou Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB – FGV, em nota oficial.

O Monitor do PIB antecipa a tendência do principal índice da economia a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial das Contas Nacionais.

“Apesar da perda de fôlego da economia, muito influenciada pelo patamar elevado da taxa de juros, ainda assim houve crescimento em componentes relevantes, como o setor de serviços e o consumo das famílias. Cabe registrar, contudo, que o espaço para o crescimento tem se mostrado cada vez mais reduzido, o que se refletiu no resultado de outubro sendo a segunda queda consecutiva na taxa mensal com relação ao mês imediatamente anterior”, completou Trece.

No trimestre móvel encerrado em outubro de 2025 ante o trimestre terminado em outubro de 2024, o PIB cresceu 1,5%. Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias avançou 0,5% no período.

“O consumo de não duráveis e o de duráveis têm contribuído negativamente para o desempenho do componente, porém, o desempenho positivo no consumo de serviços e de semiduráveis compensaram estas quedas e sustentaram o total do consumo em terreno positivo”, apontou o relatório do Monitor do PIB.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) teve uma alta de 2,0% no trimestre até outubro deste ano ante o mesmo período do ano anterior. O resultado foi puxado pelos aumentos nos componentes da construção e de outros ativos da FBCF, a despeito da retração no componente de máquinas e equipamentos.

A exportação de bens e serviços registrou alta de 8,9% no trimestre até outubro de 2025 ante o trimestre até outubro de 2024.

“A exportação se destaca pela trajetória ascendente de suas taxas de variação interanuais desde o 1º trimestre do ano, o que é explicado, em grande parte, pelos elevados crescimentos nas exportações de produtos agropecuários e da extrativa mineral. Além desses, praticamente todos os tipos de exportação tiveram contribuição positiva neste trimestre, sendo a única exceção as exportações de bens de capital”, explicou a FGV.

As importações subiram 1,2% no trimestre até outubro ante o mesmo trimestre do ano anterior. Houve contribuição positiva de bens de capital e de bens de consumo, mas quedas em produtos da extrativa mineral, bens intermediários e serviços.

Em termos monetários, o PIB alcançou R$ 10,530 trilhões de janeiro a outubro de 2025, em valores correntes.

A taxa de investimento da economia foi de 20,0% em outubro.

Parlamento Europeu blinda setor agrícola e define regras para acordo com Mercosul

O Parlamento Europeu aprovou, nesta terça-feira, 16, o pacote de medidas legislativas que terá impacto direto no setor agrícola do bloco, incluindo novas salvaguardas comerciais relacionadas ao acordo com o Mercosul e a simplificação de regras da Política Agrícola Comum (PAC). A posição do Parlamento sobre o tratado comercial, aprovada por 431 votos a favor e 161 contra, estabelece mecanismos mais rigorosos para proteger os produtores europeus, permitindo a suspensão temporária de preferências tarifárias para produtos sensíveis, como carne bovina e aves, oriundos de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, caso se verifique prejuízo à produção local.

Pelo texto aprovado, a Comissão Europeia deverá iniciar uma investigação sobre a necessidade de medidas de proteção sempre que as importações de produtos agrícolas aumentarem, em média, 5% durante um período de três anos – um limiar mais rígido do que os 10% propostos inicialmente pelo Executivo do bloco.

Os deputados também determinaram que essas investigações sejam mais rápidas, reduzindo o prazo de análise de produtos sensíveis de quatro para dois meses, e incluíram um mecanismo de reciprocidade. Este dispositivo obriga a Comissão a agir se houver provas de que as importações não cumprem requisitos ambientais, de bem-estar animal ou de segurança alimentar equivalentes aos da União Europeia (UE).

A aprovação das salvaguardas ocorre em um momento político delicado. A presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, planeja assinar o acordo comercial durante a cúpula do Mercosul no próximo sábado, em Foz do Iguaçu, mas enfrenta resistência de Estados-membros como a França, que pede o adiamento da votação até 2026, e a pressão de sindicatos agrícolas que organizam protestos para esta quinta-feira em Bruxelas.

As negociações finais com o Conselho sobre a legislação de salvaguardas começam já na quarta-feira, 17.

Paralelamente, o Parlamento deu aval, por 629 votos a favor, à simplificação das regras da PAC, para reduzir a burocracia para os agricultores. O acordo preliminar aumenta o apoio financeiro anual a pequenas propriedades para um máximo de 3 mil euros e eleva o pagamento único para desenvolvimento de negócios para até 75 mil euros.

As novas normas também introduzem o princípio da “declaração única”, limitando as inspeções oficiais a apenas uma por ano, e oferecem flexibilidade nos requisitos ambientais, garantindo que terras aráveis mantenham essa classificação a partir de 2026, mesmo sem lavoura, e considerando produtores orgânicos automaticamente em conformidade com certas exigências.


Novo Desenrola? Como deve ser novo programa para MEIs e pequenas empresas negociarem dívidas

 

O governo prepara um programa para renegociação de dívidas de microempreendedores individuais (MEIs), micro e pequenas empresas, nos moldes do Desenrola. A minuta de uma Medida Provisória (MP) com o programa foi elaborada no Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, e está em análise pela área econômica do Executivo.

Segundo a minuta original, obtida pelo Broadcast, o programa contemplaria dívidas negativadas até a publicação da MP, e duraria até 30 de junho de 2026. As operações de crédito para renegociação teriam juros de 1,5309% ao mês, o equivalente à taxa Selic mais 5% ao ano. Os empréstimos teriam prazo de até 60 meses, com carência mínima de 30 dias e máxima de 59 dias, e prazo mínimo de amortização de dois meses.

A previsão é que as renegociações sejam garantidas pelo Fundo Garantidor de Operações (FGO). A princípio, o ministério defendeu a conversão de sobras financeiras das cotas de outros programas no fundo para o “Desenrola PJ+.” Outra alternativa seria a capitalização do fundo pela União, para destinar recursos especificamente ao programa.

As informações foram publicadas primeiro pelo jornal O Globo, e confirmadas pelo Broadcast.

Programa pode atender 6,3 milhões de CNPJs

O ministério estima que o “Desenrola PJ+” poderia atender até 6,3 milhões de CNPJs, o equivalente a 30% do total dos pequenos negócios. As dívidas desse universo somam R$ 209 bilhões, de acordo com as projeções da pasta. A ideia é que o programa renegocie as dívidas de 2 milhões a 4,7 milhões de micro e pequenas empresas.

Com base nesses números, o ministério estima que o aporte de recursos a ser realizado no FGO seria de R$ 982 milhões até R$ 6,876 bilhões, a depender do nível de adesão das empresas endividadas. Os números mencionados consideram o piso, de 10%, e o teto, de 70%. Os números também levam em conta o desempenho do Desenrola PF, no qual 47% dos valores foram financiados e 53%, pagos à vista.

O programa ainda prevê a criação de uma plataforma para negociação direta de dívidas entre devedores – neste caso, exclusivamente MEIs e micro e pequenas empresas – e os credores.

A minuta do projeto já foi encaminhada à Receita Federal, à Secretaria de Política Econômica (SPE) e ao Tesouro Nacional.

Nunes e Tarcísio se reúnem com ministro para discutir contrato da Enel e pedido de intervenção

 

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e o governador Tarcísio de Freitas terão uma reunião com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, nesta terça-feira, 16, para tratar sobre o contrato com a Enel, responsável pelo abastecimento de energia elétrica na capital e na região metropolitana.

“Acabei de receber a mensagem que está marcada para amanhã, às 14h30, no Palácio do Governo, uma reunião com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que é quem detém o poder da concessão do contrato com a Enel”, disse o prefeito, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. “Nós vamos conversar, apresentar mais uma vez para o ministro todas as questões de sofrimento da população”, disse.

Na última quarta-feira, 10, milhares de pessoas na capital e região metropolitana ficaram sem energia após a passagem de um vendaval, com ventos que atingiram quase 100 km/h. Cerca de 2,2 milhões de imóveis ficaram sem luz e, alguns, sem água por conta da falta de energia para o bombeamento.

O vendaval, efeito de um ciclone extratropical que se formou no Sul do País, também causou o cancelamento de voos e a queda de centenas de árvores na cidade. Conforme os Bombeiros, foram mais de 1,4 mil chamados para este tipo de ocorrência na Grande SP.

Moradores têm relatado transtornos e prejuízos, como perda de estoques de alimentos e dificuldades para usar outros serviços, como os de telefonia e internet, por conta da demora da concessionária em restabelecer o serviço.

Nesta segunda-feira, na atualização mais recente, por volta das 23h, o balanço da Enel indicava que 40.450 imóveis na cidade de São Paulo ainda estavam sem energia elétrica. Somando toda a área de concessão onde a distribuidora opera na Grande SP, o número de clientes afetados sobe para 66.242.

A Enel informou nesta segunda que os imóveis atingidos pelo apagão após a passagem do vendaval estão com a situação normalizada. “No momento, equipes atuam para atender casos registrados nos dias seguintes ao evento climático”, disse a empresa.

Na última sexta, 12, quando a soma dos clientes afetados ainda estava em torno de 700 mil, a Justiça de São Paulo determinou que a Enel restabelecesse o serviço para todos os consumidores em até 12 horas, sob o pagamento de R$ 200 mil de multa por hora atrasada.

Nunes (MDB) já havia criticado a atuação da Enel na última sexta-feira, cobrando uma intervenção federal pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na concessionária, mesma defesa feita pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) no dia anterior. Nunes também apontou como insuficiente a mobilização da Enel após o blecaute. Na ocasião, o ministro de Minas e Energia apontou “disputa política” nas críticas de Nunes e Tarcísio e afirmou trabalhar para resolver a crise. Não sinalizou, porém, intenção na intervenção federal.

A concessionária vem informando ter mobilizado mais de 1,5 mil equipes para fazer reparos nas ruas e diz ter investido para melhorar o serviço.

Nunes afirmou que estará acompanhado na reunião da terça-feira por Tarcísio; pela procuradora-geral do município Luciana Sant’Ana Nardi; pelo secretário de Justiça, André Lemos Jorge; e pela procuradora-geral do Estado, Inês dos Santos Coimbra. “A gente não consegue entender como esse empresa ainda permanece com a concessão de energia devido aos tantos problemas que ela tem causado para as pessoas.”

Ele destacou novamente que a concessão do serviço de fornecimento de energia elétrica é de competência federal. O prefeito ainda lembrou de três apagões de grandes proporções recentes, em novembro de 2023 e em janeiro e outubro de 2024, que deixaram centenas de milhares de clientes no escuro na cidade após a passagem de fortes tempestades.

“É algo que não dá mais para suportar e aturar. A população está sofrendo muito e o governo federal precisar tomar uma atitude, porque é o governo federal que tem essa competência”.

Em 2024, Nunes já havia se encontrado com Silveira, em Brasília. Na ocasião, houve conversa sobre o envio de um decreto à Câmara dos Deputados com melhorias nos contratos de concessão de energia elétrica.

Ele também entregou na época, para o então presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, uma proposta de alteração na lei de concessões para que os municípios tivessem mais autonomia para escolha e na fiscalização das concessionárias de energia elétrica.

Uber e 99 ficam 65% mais caros em 12 meses e inflação de app de transporte ultrapassa a do café

 

Com metade do mês já transcorrido, dezembro tem nas redes sociais uma inundação de reclamações sobre praticamente o mesmo tema: a alta de preços considerada ‘astronômica’ pelos usuários das corridas de aplicativo, como Uber e 99. O contexto mostra uma intensificação de um cenário que, em meses, mostra uma escalada de preços na casa dos dois dígitos percentuais – que deve ser ainda mais agravante em dezembro, cuja leitura de inflação ainda será divulgada nas próximas semanas.

A inflação do Uber e do 99 é ampla, afetou diversos estados e chegou a superar o preço do café – um dos vilões da inflação em um passado recente.

No acumulado de 12 meses até novembro o preço de uma corrida por aplicativo saltou 65% no Brasil, superando os 42% de alta do café, segundo dados do IPCA, o índice oficial de inflação no país. Em São Paulo, a diferença é de 60% contra 42%.

Em alguns outros estados a proporção é ainda discrepante. Como exemplo, no Distrito Federal ficou 87% mais caro pedir um Uber agora em relação a 12 meses atrás. Nessa mesma janela o café saltou 42%. O IPCA saltou 4,42% no DF neste mesmo período (no Brasil o avanço do índice fica em 4,46%).

O cenário tem causado ampla indignação nos usuários, especialmente em localidades em que o serviço já é caro no preço nominal (geralmente capitais), o que faz com que, com essa escalada do percentual, a cifra que sai do bolso acaba sendo alta – e causa mais indignação quando se trata de trechos curtos.

“É pisar em SP que já começa o estresse. Paguei R$ 42 para andar menos de 5km no Uber. O normal para esse trecho é R$ 20”, relata um usuário no X, antigo Twitter.

“Eu paguei R$ 26 em um Uber da estação Saens Peña até a Estação Uruguai. Fiquei 3 minutos dentro do carro”, disse um outro usuário do X que reside na cidade do Rio de Janeiro.

Inflação; Café; Uber; 99; corrida de aplicativo

Reclamações no Procon

O panorama se agravou tanto e gerou tantas reclamações que motivou uma notificação formal do Procon Paulistano (órgão vinculado à Secretaria de Justiça da prefeitura de São Paulo) às empresas de transporte por app. O órgão pede esclarecimentos sobre a alta repentina dos preços praticados e mais detalhes sobre as tarifas dinâmicas.

Thaís Lima Vieira, Diretora da Divisão de Atendimento do Procon Paulistano, relata que o cenário tem sido visto em vários estados e capitais do Brasil ao órgão dialogar com outras instâncias do Procon em outros estados e municípios.

“Vimos um aumento muito significativo, especialmente de reclamações nas redes sociais. As reclamações são de questionamentos referentes aos valores que anteriormente eram praticados dentro de uma faixa e, entre novembro e dezembro, tiveram uma crescente e chegaram a duplicar ou triplicar”, relata.

“Isso teve uma repercussão maior a partir da greve dos motoristas de ônibus, os consumidores tiveram mais necessidade de usar o transporte para ir para residências e os valores foram impraticáveis”, completa, em entrevista à IstoÉ Dinheiro.

As empresas terão até o dia 22 de dezembro para prestar esclarecimentos e, caso constatado abuso nas práticas ou problemas relativos à falta de transparência, sanções administrativas devem ser tomadas – podendo chegar à multas e cassação de licença de funcionamento no cenário mais drástico.

Dados oficiais do IBGE apontam que praticamente todos os grandes custos ligados ao automóvel estão subindo bem menos que a média da inflação ou ficando mais baratos.

A gasolina subiu 1,67% de janeiro a novembro de 2025, e 2,22% em uma janela de 12 meses. Na última leitura, de novembro, foi registrada inclusive uma deflação de 0,18%.

O carro novo ficou 2,9% mais caro em 12 meses, enquanto o carro usado ficou 1,7% mais barato. O seguro veicular segue com preços estáveis ao passo que a manutenção teve deflação de 0,60%.

Uber e 99 justificam inflação por ‘alta demanda’

Atualmente não há uma justificativa direta e simples dada pelas empresas que explique a inflação tão substancial em tão pouco tempo. A propósito, somente no mês de novembro foi registrada alta de mais de 5% nos preços, com localidades ficando acima disso, como Porto Alegre (7,16%) e o Distrito Federal (6,55%).

A IstoÉ Dinheiro entrou em contato com a Uber para pedir explicações acerca do tema. A companhia respondeu reiterando apenas como funciona sua política de preços.

“Quando a demanda por viagens, em uma determinada área, é maior do que o número de motoristas parceiros circulando na região naquele momento, o preço se torna dinâmico e o valor da viagem pode se tornar mais caro do que o habitual para aquele mesmo trecho. O preço dinâmico é aplicado para incentivar que mais motoristas se conectem ao aplicativo e assim os usuários tenham um carro sempre que precisar”, diz a nota da empresa.

“Quando a oferta sobe novamente, os preços voltam aos valores normalmente praticados. De qualquer forma, o preço dinâmico sempre é informado ao usuário no momento em que a viagem é solicitada”, completa a companhia, em comunicado.

O sistema de preços dinâmicos da Uber é ativado automaticamente por algoritmos da companhia, em ajustes feitos em tempo real. Segundo a companhia, as atualizações em tempo real ‘ajudam os passageiros a refletir a oferta e a demanda, e passageiros e motoristas sabem o que esperar’.

A empresa alega que a disponibilidade atual de motoristas e a demanda de passageiros ‘são os principais fatores que influenciam o preço dinâmico’. Além disso, o cálculo leva em consideração ‘as previsões sobre as condições de mercado’.

A IstoÉ Dinheiro também entrou em contato com a 99, que declarou que se posicionará apenas por meio da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), associação a qual a empresa integra.

A Amobitec, por sua vez, declarou que ‘as associadas operam modelos de negócio que buscam equilibrar as demandas dos usuários por viagens com a oferta de motoristas circulando’.

“O preço das viagens é influenciado por fatores como o tempo e distância dos deslocamentos, categoria do veículo escolhido, nível de demanda por corridas no horário e local específicos, entre outros. A depender destes fatores, os valores podem ter variação dinâmica e alinhados com as estratégias comerciais de cada plataforma para manter o equilíbrio e a competitividade no mercado no qual atuam”, diz a nota da associação.

Procon quer mais detalhes sobre tarifas dinâmicas

A Prefeitura de São Paulo, por meio do Procon Paulistano, notificou as empresas de aplicativo Uber e 99 por conta dos preços das corridas, especialmente por conta do volume de reclamações neste início de dezembro.

“O órgão de defesa do consumidor entende que tal conduta pode configurar violação aos princípios da transparência, da modicidade tarifária e da adequada prestação de serviços, previstos no art. 6º do Código de Defesa do Consumidor”, disse o Procon Paulistano, órgão ligado à Secretaria Municipal de Justiça da cidade.

As empresas têm dez dias corridos para apresentar esclarecimentos sobre:

  • Qual a justificativa técnica e econômica para a adoção da precificação dinâmica?
  • Quais medidas são adotadas para prevenir preços abusivos em situações de alta demanda?
  • Existe teto tarifário para corridas? Em caso afirmativo, qual é o valor e como é aplicado?
  • Como e quando a política de preços é informada ao consumidor?
  • Quais mecanismos internos asseguram a modicidade tarifária e evitam vantagem desproporcional?

“O Procon Paulistano ressalta que o não atendimento à notificação no prazo estabelecido poderá resultar na adoção de medidas administrativas previstas no Código de Defesa do Consumidor, incluindo aplicação de multa, suspensão temporária da atividade e outras penalidades cabíveis”, disse a secretaria em comunicado.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Vazamento aponta que Trump quer promover outros "Brexits" na União Europeia

 

Rascunho vazado da nova estratégia de segurança dos EUA indica que Casa Branca contempla dividir a União Europeia e persuadir Polônia, Áustria, Itália e Hungria a seguirem exemplo do Reino Unido e deixarem o bloco.As relações entre os EUA e a União Europeia vêm sofrendo um forte baque desde que Donald Trump voltou ao poder. A divulgação da nova estratégia de segurança nacional dos EUA, em 4 de dezembro, foi considerada por muitos políticos europeus como uma afronta direta.

No documento, que deve ser apresentado ao Congresso a cada novo governo, a gestão Trump descreveu a Europa como um continente em “declínio”. O texto fala, literalmente, de “censura” à liberdade de expressão na Europa, de “opressão aos opositores políticos” e de uma eventual “extinção civilizacional” causada pela migração.

No entanto, um vazamento de um rascunho até então não divulgado da estratégia de segurança nacional expôs pontos ainda mais delicado sobre como os EUA pretendem agir no futuro em relação à Europa.

De acordo com o portal americano Defense One, que teve acesso a essa versão, o documento prevê que uma intensificação da parceria dos EUA com Itália, Áustria, Polônia e Hungria “com o objetivo de separá-los [da União Europeia]”. A Casa Branca negou a existência de tal documento ao Defense One.

No entanto, podemos dizer que os EUA estão tentando dividir a União Europeia? E por que justamente esses quatro países podem ser afastados do bloco?

Hungria, Áustria, Polônia e Itália

A Hungria é provavelmente a menos surpreendente da lista. O primeiro-ministro do país, Viktor Orbán, e Donald Trump são aliados próximos. Orbán já apoiou Trump durante a campanha presidencial de 2016 – na época, ele foi o único chefe de governo da UE em exercício a endossar o republicano.

Ambos os mandatários sabem muito bem o que podem ganhar com a presença do outro. Eterno contestador, Orbán desestabiliza a EU e, com isso, uma instituição contra a qual Trump nutre grande desconfiança.

Orbán, por sua vez, se contenta com o apoio político da superpotência americana. Alegações dão conta de que os EUA teriam oferecido à Hungria uma “proteção financeira” de 20 bilhões de dólares, similar à que foi concedida à Argentina, já que a economia húngara vem passando por turbulências e importantes fundos da UE permanecem congelados.

Trump, no entanto, disse, em uma entrevista recente ao site Politico, não se lembrar de tal promessa. Há, porém, rumores de conversas sobre uma cooperação financeira. O americano parece estar sempre disposto a ajudar seu “bom amigo”.

O presidente americano também já elogiou a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, e o partido pós-fascista Fratelli d’Italia. Porém, para Daniel Hegedüs, diretor regional para a Europa Central do German Marshall Fund of the United States, é um “equívoco” dos EUA acreditar que Meloni poderia se opor à UE. Embora haja certa proximidade ideológica entre Meloni e Orbán, a italiana não tem confrontado o bloco europeu, mas, sim, assumido uma postura bastante pragmática. Segundo Hegedüs, quase ninguém entendeu tão bem quanto Meloni o que uma UE estável e funcional é capaz de proporcionar para seu país.

Embora a Polônia e a Áustria não sejam governados atualmente por populistas de direita, até recentemente ambos os países tinha, no poder, partidos de direita e eurocéticos – que continuam extremamente influentes. O Partido Liberal da Áustria (FPÖ) foi a força política mais votada nas últimas eleições e lidera as pesquisas atuais. Na Polônia, as eleições presidenciais foram vencidas por Karol Nawrocki, candidato do partido conservador de direita Direito e Justiça (PiS). Por isso, é provável que o governo Trump volte a ter maior influência em ambos os países em breve.

Por que Eslováquia e República Tcheca estão fora?

O que mais deve ter surpreendido os observadores foi o fato de dois países da UE não constarem na lista de países do rascunho da estratégia de segurança americana: a República Tcheca e a Eslováquia.

Na República Tcheca, em outubro, o partido populista de direita ANO, do bilionário Andrej Babis, venceu as eleições parlamentares e formou uma coalizão governamental com o partido Motoriste, também de direita, e com o partido de extrema-direita Liberdade e Democracia Direta (SPD).

Já a Eslováquia vem passando por uma guinada à direita desde 2023, sob o governo de Robert Fico. O partido dele, o Smer-SD, tem “social-democrata” no nome, mas, na prática, é em grande parte nacionalista de direita – e, por isso, foi recentemente expulso do Partido Socialista Europeu (PSE).

Tanto Babis quanto Fico são declaradamente céticos em relação à EU e têm o potencial de gerar caos nas tomadas de decisão europeias e minar a autoridade do bloco em questões estratégicas, especialmente no que diz respeito à Rússia e à Ucrânia. Essas são características que o governo de Trump, com sua orientação atual, possivelmente aprecia.

Segundo Hegedüs, os governos tchecos e polonês não foram sido incluídos no documento estratégico por causa de suas respectivas raízes. O ANO não se encaixava no espectro clássico da esquerda-direita, enquanto o Smer-SD se considerava inicialmente de esquerda. “É possível ver claramente como a abordagem americana é idealizada”, diz o cientista político à DW. “Como o Smer e o ANO não têm uma origem populista de direita clássica, eles não são considerados aliados ideológicos, mesmo que talvez façam uma política útil para o governo de Trump.”

Corrosão gradual do pacto europeu

As primeiras tentativas de interferência do novo governo dos EUA nos processos democráticos na Europa no início do ano, como o discurso provocativo do vice-presidente JD Vance na Conferência de Segurança de Munique, foram em parte ignoradas pelos observadores das relações transatlânticas, pois o novo governo de Washington ainda procurava seu novo lugar.

Mas, desde então, o governo dos EUA voltou a se envolver nas campanhas eleitorais de Alemanha, Romênia e Polônia. A interferência segue sempre o mesmo padrão: apoia-se quem o governo Trump considera ideologicamente um aliado – e quem enfraquece Bruxelas.

O objetivo dos EUA não será um Huxit, Italexit, Ausexit ou Polexit, afirma Hegedüs, mas, sim, uma lenta corrosão da integração europeia, o que esses países poderiam promover por meio de apoio diplomático, político e talvez até financeiro.

Os primeiros sinais disso já estão visíveis, como a redução gradual da dependência da União Europeia em relação à Rússia. Até o final de 2026, será proibida a importação de gás natural liquefeito e, até novembro de 2027, a importação de gás por gasodutos. Orbán, por sua vez, já havia obtido de Trump, em novembro, uma isenção das sanções dos EUA às importações de energia russa.

Ele declarou que não aceitará a decisão da UE e que levará o caso ao Tribunal Europeu de Justiça. Em uma coletiva de imprensa conjunta com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan no último dia 8 de dezembro, Orbán anunciou que a Turquia continuará garantindo o fornecimento de gás russo à Hungria através do gasoduto TurkStream.

Hegedüs acredita que, nos próximos anos, haverá cada vez mais casos em que os países membros não cumprirão as decisões tomadas em conjunto em determinadas áreas, questionando cada vez mais a essência da integração europeia. Assim, a UE seria cada vez mais enfraquecida, o que pode levá-la, em algum momento, a perder a importância.

Governo estuda programa para MEIs, micro e pequenas empresas nos moldes do Desenrola

 Governo apresenta novo slogan e nova marca publicitária ...

O governo prepara um programa para renegociação de dívidas de microempreendedores individuais (MEIs), micro e pequenas empresas, nos moldes do Desenrola. A minuta de uma Medida Provisória (MP) com o programa foi elaborada no Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, e está em análise pela área econômica do Executivo.

Segundo a minuta original, obtida pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o programa contemplaria dívidas negativadas até a publicação da MP, e duraria até 30 de junho de 2026. As operações de crédito para renegociação teriam juros de 1,5309% ao mês, o equivalente à taxa Selic mais 5% ao ano. Os empréstimos teriam prazo de até 60 meses, com carência mínima de 30 dias e máxima de 59 dias, e prazo mínimo de amortização de dois meses.

A previsão é que as renegociações sejam garantidas pelo Fundo Garantidor de Operações (FGO). A princípio, o ministério defendeu a conversão de sobras financeiras das cotas de outros programas no fundo para o “Desenrola PJ+.” Outra alternativa seria a capitalização do fundo pela União, para destinar recursos especificamente ao programa.

As informações foram publicadas primeiro pelo jornal O Globo, e confirmadas pelo Broadcast.

O ministério estima que o “Desenrola PJ+” poderia atender até 6,3 milhões de CNPJs, o equivalente a 30% do total dos pequenos negócios. As dívidas desse universo somam R$ 209 bilhões, de acordo com as projeções da pasta. A ideia é que o programa renegocie as dívidas de 2 milhões a 4,7 milhões de micro e pequenas empresas.

Com base nesses números, o ministério estima que o aporte de recursos a ser realizado no FGO seria de R$ 982 milhões até R$ 6,876 bilhões, a depender do nível de adesão das empresas endividadas. Os números mencionados consideram o piso, de 10%, e o teto, de 70%. Os números também levam em conta o desempenho do Desenrola PF, no qual 47% dos valores foram financiados e 53%, pagos à vista.

O programa ainda prevê a criação de uma plataforma para negociação direta de dívidas entre devedores – neste caso, exclusivamente MEIs e micro e pequenas empresas – e os credores.

A minuta do projeto já foi encaminhada à Receita Federal, à Secretaria de Política Econômica (SPE) e ao Tesouro Nacional.


Mercado reduz projeções de inflação em 2025 e 2026 e para Selic no ano que vem

 

O mercado financeiro reduziu suas expectativas para a inflação em 2025 e 2026, e cortou a perspectiva para a taxa básica de juros Selic no ano que vem, de acordo com a pesquisa Focus do Banco Central (BC), divulgada nesta segunda-feira, 15.

A pesquisa apontou que a expectativa para a alta do IPCA este ano caiu a 4,36%, de 4,40%. Já para 2026 a estimativa passou a 4,10%, de 4,16%.

O centro da meta oficial para a inflação é de 3%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. A inflação no acumulado em 12 meses até novembro ficou em 4,46%. Com isso, o IPCA deverá voltar a fechar o ano dentro da meta e registrar a menor taxa em 6 anos.

Depois de o BC ter mantido a Selic em 15% em sua última reunião do ano, na semana passada, o Focus mostrou que os economistas seguem apostando em nova manutenção em janeiro. Mas eles passaram a ver a taxa ao final de 2026 em 12,13% na mediana das projeções, depois de terem elevado a estimativa na pesquisa anterior para 12,25%.

Projeções atualizadas da pesquisa Focus do Banco Central

A ata do Copom será divulgada nesta terça-feira, 16, e pode trazer mais indicações sobre a trajetória futura da política monetária, depois de o BC ter reforçado que a manutenção desse nível por período bastante prolongado é a estratégia adequada para levar a inflação à meta, sem sinalizar quando poderá iniciar um ciclo de cortes nos juros.

PIB e dólar

Para o Produto Interno Bruto (PIB), as estimativas de crescimento permaneceram em 2,25% e 1,80% respectivamente neste ano e no próximo.

Para o câmbio, o mercado manteve as projeções de dólar a R$ 5,40 ao fim de 2025 e a R$ 5,50 ao fim de 2026.

+ Déficit primário de 2025 segue em 0,50% do PIB; 2026 continua em 0,60% do PIB

Com informações da Reuters