terça-feira, 20 de agosto de 2013

O dinheiro ou o doce



Questionamentos como: será que vale a pena dedicar tanto tempo ao trabalho em troca de uma remuneração maior? Vale a pena se empenhar 15, 16 horas por dia para acumular riqueza ou adquirir um patrimônio o qual eu não tenho tempo ou energia para usufruir? Será que, trabalhando muito agora, estou abrindo mão de "viver" hoje em nome da construção de base financeira para o futuro? A que tipo de troca estou realmente disposto? 

Dilemas como esses são comuns ao longo da vida e certamente não há uma resposta que atenda aos anseios de todos. 

A dificuldade de situações como essas reside no aspecto de ambas as possibilidades soarem interessantes. E elas são incompatíveis --é preciso escolher uma. 

No poema "Ou isto ou aquilo", Cecília Meireles diz: "Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, ou compro o doce e gasto o dinheiro". Ela consegue representar as dificuldades diante das escolhas que fazemos frente às oportunidades que a vida nos oferece. 

Escolher implica, necessariamente, abrir mão de outras coisas e é difícil lidar com o sentimento da perda.
O que pode minimizar esse sentimento é ter consciência de que quem está efetivamente decidindo é você --com base nos seus valores, e não de outros (pais, superiores, amigos), nas suas crenças, diante dos seus projetos de curto e médio prazos (próximos meses a até dois ou três anos) e na percepção de que, naquele momento, é sua melhor alternativa. É preciso ter a consciência de que não há certo ou errado, mas, sim, o mais adequado naquele momento para a sua vida. 

Você conhecerá pessoas que fizeram opções diferentes e que obtiveram resultados tanto positivos quanto negativos para situações semelhantes. Quem vive na sua pele é você. Assim, tomar a experiência do outro como garantia de sucesso para a sua vida pode ser uma grande cilada. 

Algumas decisões são intransferíveis e ser responsável por elas diante das incertezas e das possibilidades é o risco que se corre. Entretanto, vale lembrar que errar faz parte do jogo, é possível mudar a qualquer momento e que se aprende em todas as situações.
Divulgação
Adriana Gomes é mestre em psicologia social e do trabalho, coordenadora do Núcleo de Estudos e Negócios em Desenvolvimento de Pessoas da ESPM e fundadora do site www.vidaecarreira.com.br. Escreve aos domingos, a cada duas semanas, no caderno 'Negócios, Empregos e Carreiras'.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

As 20 empresas com maior participação feminina

 
 
SÃO PAULO - A edição 2013 das Melhores Empresas para Trabalhar, elaborada pela consultoria Great Place to Work, revela um aumento na participação das mulheres nos postos de trabalho entre as empresas premiadas. Mais de 40% dos cargos de gestão são ocupados por mulheres, enquanto em 1997, o índice era de apenas 11%.

Segundo o estudo, em 35% das empresas premiadas, a existência de políticas específicas possibilita maior ascensão profissional para as mulheres. Na presidência dessas empresas há 11 mulheres no comando; enquanto a média de idade dos homens que ocupam o cargo é de 51 anos, as mulheres têm em média 55 anos.

Elas são maioria

Na lista das empresas que empregam um maior número de mulheres – ranking elaborado com base na porcentagem de  mulheres em relação ao total de funcionários – o líder é o Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre, com 90,2% dos postos de trabalho ocupados por mulheres.
Confira a participação feminina em porcentagem, com relação ao total de funcionários, de dez empresas que levaram o prêmio:

1. Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre (90,2%)
2. Apetit Serviços de Alimentação (89,4%)
3. Fortbrasil (79,8%)
4. Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos (78%)
5. Hospital Moinhos de Vento (77,4%)
6. ABA (76,7%)
7. Atento Brasil (76,7%)
8. Dudalina (75,1%)
9. Laboratório Sabin (73%)
10. Mary Kay (72,3%)
11. Cultura Inglesa RJ (71%)
12. SJ Administradora de Imóveis (67,8%)
13. Unimed Rio de Janeiro (69,9%)
14. Teleperformance (69%)
15. Losango Promoção de Vendas (68,8%)
16. Guarida Imóveis (67,8%)
17. Sistema FIESC (65,5%)
18. Portal Educação (62,4%)
19. Sicoob Metropolitano (62%)
20. Grupo Saga (60,9%)

“Viramos reféns do Mercosul”





Um dos artífices do bloco sul-americano, o ex-embaixador do Brasil em Londres e Washington admite que mudou de posição e sustenta que o Brasil está se isolando no comércio mundial

Por Eugênio Esber

A carreira diplomática de Rubens Antonio Barbosa é mais conhecida por sua atuação como embaixador do Brasil em Londres e em Washington.

Ele ocupou essas posições entre 1994, ano em que o Plano Real alçou Fernando Henrique Cardoso ao poder, e 2004, no início do primeiro governo Lula. Há, no entanto, um traço mais saliente na biografia de Barbosa: sua ligação com uma concepção de estratégia comercial que hoje ele combate. “Eu mudei de posição, e só não muda quem não acompanha as coisas”, diz a AMANHÃ, na entrevista a seguir, o homem que coordenou a seção brasileira do Grupo do Mercosul e ocupou o cargo de representante permanente do Brasil na Associação Latino-Americana de Integração (Aladi). “Ninguém defendeu mais o Mercosul do que eu. Mas, no campo da negociação comercial, o Mercosul está totalmente superado”, admite Barbosa, hoje na presidência do Conselho de Comércio Exterior da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).  Autor de livros como Mercosur Codes (Os Códigos do Mercosul), Barbosa diz como imagina que o Brasil poderia se livrar da condição de “refém” do bloco que ajudou a construir.

Rubens-Barbosa-entrev-350Por que o senhor defende mudanças na política de comércio exterior do Brasil?
A estratégia de negociação comercial brasileira está  superada pelos acontecimentos que estão se desenrolando no mundo, a partir dos mega-acordos comerciais na Ásia, da negociação entre Estados Unidos e União Europeia e, aqui na região, pela formação da Aliança do Pacífico. A tática que nós seguimos até aqui, de colocar todas as fichas nas negociações multilaterais, está esgotada. Eu sou muito cético com a possibilidade de que a reunião ministerial da OMC, em dezembro, permita a retomada das negociações de Doha e se chegue a uma conclusão que seja satisfatória para países como o Brasil.

Que países, além do Brasil, ainda apostam suas fichas em negociações multilaterais conduzidas pela OMC?
Há países em desenvolvimento que ainda acreditam nisso. Mas nos últimos anos os Estados Unidos e também a União Europeia, além da China, desinteressaram-se por essas negociações multilaterais porque o processo de decisão é muito complicado. São mais de 190 países, hoje, na OMC. É muito difícil formar um consenso nessas condições. E a crise também atrapalhou porque muitos países ficaram mais voltados para a proteção interna das economias, para a preservação dos empregos, e menos focados na expansão do comércio internacional.  É o caso do Brasil. Estamos meio paralisados em relação à necessidade de reajustar a nossa estratégia de comércio exterior.

Países como Chile, que vêm celebrando acordos bilaterais há vários anos, fizeram a opção correta?
Fizeram. Mas eles não são exemplos para o Brasil. Nem mesmo os países da Aliança do Pacífico – Chile, México, Colômbia e Peru. Com exceção do México, que está mais voltado para os Estados Unidos,  esses outros são países pequenos. E não têm uma indústria a defender, como o Brasil. Mas vejo um problema para o Brasil, nos próximos anos, com a participação desses quatros países em acordos com a Ásia. Empresas da China, da Coreia, vão se instalar nesses países da Aliança do Pacífico para exportar para o Brasil. Nenhum deles é membro pleno do Mercosul. São membros associados. Mas eles podem se tornar membros plenos para se beneficiar da redução tarifária e se voltar para o Brasil. É o risco que corremos.

Como vê o nível de proteção da indústria brasileira? As alíquotas de importação deveriam ser mantidas ou reduzidas?
Essa questão não pode ser discutida apenas do ponto de vista das alíquotas. O aspecto mais importante é a perda de competitividade da indústria brasileira. O Brasil tem hoje tarifas de importação que em alguns setores são relativamente altas. Mas mesmo assim essas alíquotas não são eficientes para proteger a indústria nacional. Porque há dois fatores internos que estão causando um estrago na nossa indústria. Um é a valorização do real em relação ao dólar ao longo dos últimos dez anos. Outro é o conjunto formado por carga de impostos, preço da energia, deficiências de infraestrutura, custo da mão de obra, juros elevados – tudo isso que costumamos chamar de custo Brasil, que inibe uma ação mais agressiva por parte da nossa indústria. E que torna difícil, também, as negociações comerciais.

Por que dificulta as negociações?
Porque as empresas de alguns setores se sentem vulneráveis em face da anulação das tarifas de importação que é causada pelo câmbio desfavorável e por esses fatores que levam a uma desvantagem competitiva. O Brasil hoje é um país muito caro para se produzir. O governo tomou medidas corretas no curto prazo quando promoveu a desoneração fiscal de setores da indústria. Mas são medidas insuficientes. A longo prazo, só reformas fundamentais resolverão o problema.

A parte cambial do problema se resolve com a decisão norte-americana de mudar a política monetária que promoveu a desvalorização do dólar nos últimos anos?
Já houve uma desvalorização grande do real este ano – cerca de 10% até agora, mas ainda é pouco. Do ponto de vista da indústria, o câmbio, para o Brasil ser competitivo, deveria estar entre R$ 2,30 e R$ 2,50. Há economistas que acham que deveria chegar a R$ 2,90. Nós estamos hoje em um patamar de R$ 2,20. Gradualmente, o câmbio vai ter de se ajustar para que ocorra a recuperação, pelo menos parcial, da competitividade da indústria brasileira. O câmbio, como está, além de dificultar as exportações, desguarnece o mercado interno. Hoje, grande parte do mercado interno é suprido pelas importações.

A indústria brasileira não aproveitou o ciclo do dólar barato para importar tecnologia e se modernizar?
Alguns setores, sim. Mas muitas indústrias deixaram de se modernizar e se tornaram importadoras. Basta ver o desemprego no setor, que é crescente. Só no ano passado mais de 60 mil empregos foram perdidos na nossa indústria de transformação. E esse processo continua. Isso não aparece, ainda, porque os indicadores de desemprego aqui no Brasil são, de certa, maneira, distorcidos. E as pessoas  que saíram das indústrias foram, em alguma medida, absorvidas pelo setor de serviços.  Outro efeito do dólar barato e que vai ser muito negativo para o Brasil a curto prazo é que muitas empresas se endividaram em moeda estrangeira. E agora terão de pagar em um período em que o dólar estará se valorizando.

Como o senhor observa a movimentação entre União Europeia e Estados Unidos para a criação de uma área de livre comércio?
Vejo com preocupação, embora o governo brasileiro em diversas vezes venha afirmando que isso não iria afetar a indústria brasileira, que o Brasil não estava interessado... Eu acho que é um erro de avaliação, especialmente se as negociações entre eles avançarem em algumas áreas, particularmente no setor agrícola, que é o que mais me preocupa. Se isso acontecer, o Brasil vai ter de concorrer com os Estados Unidos no mercado europeu em desvantagem. Os Estados Unidos são a maior potência agrícola do mundo. Boa parte das exportações brasileiras para a União Europeia são de produtos agrícolas, e vamos acabar perdendo alguns desses mercados pela maior competitividade do produto americano. E talvez o aspecto mais importante, e para nós preocupante, desse acordo, seja a harmonização dos standards, dos padrões industriais. E, se eles chegarem a um acordo sobre isso, nós, no Brasil, vamos ter de passar por uma grande reforma para nos ajustarmos a esses padrões. Portanto, ao contrário do que muita gente pensa, esse acordo é algo que devemos acompanhar e monitorar.

O que significa, na prática, monitorar? Como é possível agir sobre esse acordo?
Uma forma de a gente se aproximar é avançar no acordo do Mercosul com a União Europeia. Aí a gente põe o pé no estribo. Se a gente não evoluir com a União Europeia, aí, sim, ficaremos marginalizados de tudo o que está ocorrendo no mundo. Esse acordo União Europeia-Estados Unidos representa 35% de todo o comércio e metade da produção global. Quer dizer, não é algo para ser deixado de lado porque terá grande impacto sobre a economia brasileira.

O Brasil deve fazer esse monitoramento à revelia do Mercosul?
Olha, ninguém defendeu mais o Mercosul do que eu. E eu reconheço que o bloco desempenhou um papel importante para o Brasil, e ainda desempenha. Mas no campo da negociação comercial o Mercosul, hoje, está totalmente superado. Eu mudei de posição, e só não muda quem não acompanha as coisas. Acho que, do jeito que está, com a Venezuela, e provavelmente Bolívia e Equador, o Mercosul se descaracterizou. Hoje, o Brasil  está a reboque do Mercosul nas negociações econômicas e comerciais. Ninguém vai querer ter o ônus de terminar com o Mercosul. Mas penso que, sob o guarda-chuva do bloco, o Brasil possa negociar esses acordos de livre comércio, adotando uma geometria variável em relação à lista de produtos. Se a Argentina e a Venezuela não quiserem fazer o acordo que o Brasil quer fazer, que não façam. Mas que o Brasil possa fazer o acordo isoladamente. Não podemos ficar paralisados na construção de acordos porque outros parceiros não têm interesse. Não podemos ficar reféns dessa situação.

A continuar a situação de estagnação das negociações, o que pode acontecer ao Brasil?
Nestes últimos 12 anos, o Brasil e o Mercosul negociaram três acordos comerciais: com o Egito, com Israel e com a Autoridade Palestina. Enquanto o Mercosul negociou três acordos, o resto do mundo está negociando mais de 500 acordos. É uma situação anômala. Acho que o Brasil está ficando isolado, desatualizado em relação às negociações e às novas regras de comércio. O Brasil não está participando das cadeias produtivas globais. A única empresa que está fazendo isso é a Embraer. Estamos totalmente fora do que está acontecendo no mundo, hoje. CNI, Fiesp, Iedi  estão alertando para isso. Mas a atenção do governo está posta sobre a economia e sobre a reeleição. É um erro. O governo está sendo lento no reconhecimento de que a agenda comercial externa está desatualizada.

O que mudou no comércio mundial desde que o senhor foi embaixador em Londres e em Washington?
O que mudou, no mundo, foi o fator China, o fator Ásia. O principal parceiro comercial do Brasil deixou de ser os Estados Unidos e passou a ser a China. Tínhamos naquela época um superávit no comércio com os EUA de US$ 25 bilhões. Hoje, temos um déficit com eles da ordem de US$ 6 bilhões. E, agora, pela primeira vez em muitos anos, vamos ter um déficit na balança comercial com a União Europeia, que é outro grande parceiro comercial do Brasil. Então fica evidente que esta nova ênfase nos mega-acordos de integração das cadeias produtivas está obrigando os países a reformular suas estratégias. Só o Brasil que está resistindo aí, com uma visão tradicional de comércio exterior.

Em que consiste essa visão que o senhor chama de tradicional?
Consiste em você produzir em um país para exportar para outro país... Isso está superado. Não é mais assim que ocorre no mundo. A integração das cadeias produtivas pressupõe você investir para produzir no seu país uma parte de alguma coisa que vai ser produzida em outros países. Você não exporta mais produtos acabados, e sim componentes de produtos fabricados em outros países. Agora, para entrar nessas cadeias produtivas globais, você tem de seguir certas regras que o governo brasileiro entende que não são de interesse da economia nacional. Eu acho que é um erro e que é preciso repensar.

domingo, 18 de agosto de 2013

Economia

 

 

 

Luz na matriz

Míriam Leitão, O Globo

“A luz do sol que atinge a terra durante 90 minutos é suficiente para fornecer energia por um ano”. A frase que piscou na minha timeline tinha sido tuitada pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, e retuitada pelo meu colega André Trigueiro. Apesar disso, a energia solar é praticamente inexistente na matriz energética do Brasil.

Dizem que a energia solar é cara. Foi o mesmo que me disse a então ministra Dilma Rousseff sobre energia eólica, em entrevista que fiz com ela no Ministério das Minas e Energia. Ela assumiu prometendo mudar os erros do passado da falta de planejamento que havia levado ao apagão de 2001. À época, Dilma demonstrou desinteresse pela energia dos ventos.

Hoje, energia eólica é a que mais cresce no Brasil, porque ocorreu o previsto: os investimentos no setor levaram ao barateamento dos custos, que permitiram novos projetos.

Hoje, o esquisito é a falta de linha de transmissão que faz com que parques eólicos produzam em vão. Mesmo assim, a ampliação já licitada vai triplicar a capacidade de geração dessa energia nos próximos anos, e a EPE se prepara para realizar o maior leilão de eólica do país.

Foram feitas mais exigências, o preço foi reduzido, e criada uma discriminação. Serão dois os leilões deste fim de agosto. Um, no dia 23, só para eólica, em que o preço máximo é de R$ 117 o MWH e só serão aceitos projetos perto das linhas de transmissão existentes, como se fosse culpa das eólicas não terem sido feitas as linhas pela Chesf nos projetos hoje parados.

No dia 28, haverá um leilão misto em que solar e eólica não entram. Serão permitidas as pequenas centrais hidrelétricas, as térmicas e biomassa. Mas neste caso não há exigência de localização, e o preço máximo permitido é mais elevado: R$ 140 o MWH.

Ou seja, o governo aceita comprar uma energia suja, como a do carvão, por um preço maior do que aceita comprar por uma energia limpa. Vá entender o Brasil!

O setor de energia vive uma série de problemas: a conta da redução do preço da energia ao consumidor residencial e industrial só faz aumentar. A notícia da queda do preço da energia era boa e foi tratada com ares de palanque.Melhor seria, se fosse consequência de uma queda do custo. Mas o governo diminuiu o preço quando o custo estava subindo.

Com pouca água nos reservatórios, foram ligadas as térmicas que são muito caras. Há um gargalo energético de curto prazo no país e, por isso, a energia comprada no mercado livre disparou.

As distribuidoras tiveram que reduzir a conta quando o preço estava maior. Essa diferença de custo das térmicas e da compra no mercado livre será paga pelo Tesouro. Segundo “O Estado de S.Paulo”, já chega a R$ 17 bi. Um número espantoso.

Uma decisão populista do governo Dilma custará R$ 17 bilhões. O Tesouro vai aumentar a dívida para cobrir o rombo. O jornal se baseou em um relatório da consultoria PSR, do especialista Mário Veiga, que já assessorou o governo no tema.

Uma resolução do Conselho Nacional de Política Energética determinou o rateio entre todas as geradoras do custo extra do uso das térmicas. Foi assim, sem mais nem menos. Isso significa que pagam as limpas pelas sujas, ou seja, geradoras de energia mais limpa vão pagar a conta de quem emite gases de efeito estufa e polui. Empresas entraram na Justiça, conseguiram liminar, não pagaram, a liminar caiu; a briga promete ser longa.

Enquanto isso, nas hidrelétricas do Rio Madeira, uma falha de planejamento da compatibilização dos sistemas de segurança entre geração e transmissão criou um impasse. Quem deu a notícia foi o “Valor”. Tudo o que o governo fez foi tentar isentar o Ministério das Minas e Energia de responsabilidade pelo erro.
Se não é o MME, quem seria o responsável? A EPE? O ONS? O CNPE? A Aneel?

Pelo governo, foram as empresas de Jirau e Santo Antônio que deveriam ter cumprido algo que não estava no edital, nem foi previsto pelo governo. Se não for resolvido e as empresas não puderem pôr no sistema a energia que gerarem, custará R$ 200 milhões por mês, me contou uma das fontes do setor.

Quanto à energia solar, continua desprezada, apesar do seu brilho. Se o governo fizer a conta do custo de outras fontes mais polêmicas ou mais sujas, talvez comece a ver a luz da energia solar que merece ter uma fatia na matriz de um país tão ensolarado.

Câmbio antecipa mudanças no cenário econômico (Editorial)

Economia

Câmbio antecipa mudanças no cenário econômico (Editorial)

O Globo
Há razões de ordem interna que podem justificar a desvalorização do real frente ao dólar. No entanto, o mais provável é que esse fenômeno seja mais um reflexo da antecipação dos mercados em relação ao que pode vir a acontecer em futuro próximo nos fluxos internacionais de capitais à medida que se tornarem ainda mais evidentes os sinais de recuperação das economias mais desenvolvidas.

Mesmo os países da zona do euro, os mais afetados pela crise financeira dos últimos cinco anos, possivelmente vão registrar evolução de suas economias neste segundo semestre, se confirmadas as previsões.

No segundo trimestre teria havido um crescimento de 0,3% na média das 17 nações que adotaram o euro como moeda única, puxado pelos desempenhos da Alemanha (0,7%) e da França (0,5%). A Grã-Bretanha, que faz parte da União Europeia mas tem a sua própria moeda, a libra, teria crescido 0,6% no trimestre passado.


Esse é um panorama bem diferente daquele que a economia brasileira se habituou a conviver desde o agravamento da crise financeira.

Se, por um lado, a depreciação do real ajusta o câmbio para um patamar mais compatível com as condições econômicas do país, estancando um processo de deterioração das contas externas, por exemplo, por outro, dificulta o combate à inflação doméstica, um problema que persiste no Brasil, embora sem comparação com a calamitosa situação de décadas atrás.

Conciliar os objetivos não é tarefa simples e nem fácil de política econômica. Os interesses de curto prazo quase sempre se chocam com as iniciativas que precisam ser tomadas para serem colhidas com o passar do tempo.

Políticos e governantes só costumam se sensibilizar para esse tipo de iniciativa quando percebem uma reação positiva antecipada em relação ao que será feito (como aconteceu com as minirreformas da previdência aprovadas desde os anos 90). Por isso, a política econômica geralmente caminha mais ao sabor da conjuntura, com tendência a jogar os problemas para a frente.

Só que há uma mudança de conjuntura se aproximando, o que obriga o Brasil a enfrentar a realidade que o governo antes imaginava que seria possível contornar. Enfrentar a inflação sem uma forte contribuição da política fiscal, com maior controle sobre as despesas de custeio, é algo cada vez mais inviável.

Do mesmo modo, não dá mais para postergar a prioridade para a concretização de investimentos em infraestrutura, e isso exigirá, de fato, o abandono da visão preconceituosa contra a participação privada nessa área.

As próximas licitações para concessões de aeroportos, ferrovias, portos, assim como do campo de petróleo de Libra, na camada do pré-sal, serão uma grande oportunidade para o Brasil demonstrar que está ajustando de fato o rumo de sua política econômica.

‘O Banco do Brasil tem papel de governo’, diz Bendine


Dirigente afirma que resgatou função pública da instituição, mas avisa que não há mais espaço para cortar juros

18 de agosto de 2013 | 2h 14

David Friedlander e Ricardo Grinbaum, de O Estado de S. Paulo


SÃO PAULO - O presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, não dá bola para os críticos e afirma sem rodeios: o banco é, sim, um braço do governo na aplicação da política econômica. "Eu resgatei um pouco esse papel do Banco do Brasil enquanto agente de desenvolvimento econômico e social. Quer dizer: ele tem um papel de governo, de fato."

Bendine sabe que muitos enxergam o risco de que o banco seja administrado de acordo com as conveniências do governo. Nos anos 90, o uso político quase quebrou o BB. Ele mesmo assumiu a instituição em 2009, na fase mais aguda da crise financeira global, com a missão de executar duas tarefas da agenda do ex-presidente Lula: ampliar a oferta de crédito para estimular a economia e liderar uma competição mais aguerrida com os bancos privados, para forçá-los a reduzir os juros. Seu antecessor, Antonio Francisco de Lima Neto, não seguiu a cartilha do Planalto e foi ejetado do cargo. 

"Sei que o mercado ainda precifica muito a gente negativamente por causa dessa possível interferência, ou intervenção, governamental", diz o presidente do BB. "Muitas vezes, as pessoas não entendem a governança do Banco do Brasil. Hoje, ela está num nível igual ou superior à das grandes empresas brasileiras."

Chefe do maior banco da América Latina, com mais de 100 mil funcionários e 60 milhões de clientes, Bendine começou no BB aos 14 anos, como office-boy num programa chamado Menor Aprendiz. Sob seu comando, o volume de ativos administrado pelo banco passou de R$ 591 bilhões para R$ 1,2 trilhão e o BB abriu novas frentes, como o crédito imobiliário.

Responsável por 21% dos empréstimos e financiamentos concedidos no País, o banco é o líder brasileiro em crédito. Segundo Bendine, o plano é emprestar cada vez mais, novamente na contramão dos bancos privados, que pisaram no freio. O movimento é seguro, diz ele, tanto que a taxa de inadimplência do banco hoje é metade da média do sistema financeiro. "Acho que a gente é mais otimista e sabe ler melhor os cenários. Parte dos bancos privados recuou além do que deveria."

Nesta entrevista, exclusiva ao Estado, Bendine fala do relacionamento com o governo, avalia os concorrentes e conta um pouco sobre o plano de aumentar a participação no Banco Votorantim, do qual o BB já é sócio. A seguir, os principais trechos da entrevista.

O Banco do Brasil ajudou o governo em sua estratégia de reduzir os juros bancários. Mas a alta da inflação mudou o cenário e o BC aumentou a taxa de juros básica da economia. A bandeira de juros baixos, que era uma questão de honra da presidente Dilma, ficou para trás?
A presidente Dilma entendia que os spreads (diferença entre o que banco paga na captação do dinheiro e o que cobra no empréstimo) estavam muito altos e que isso inibia o crescimento do País. Mas não foi uma imposição, foi uma cobrança. Você não baixa juros por decreto. O fator que norteou esse movimento aqui no banco foi a queda da taxa básica de juros. Foi aí que adotamos a estratégia de trabalhar com spreads mais reduzidos, transferimos o ganho para nossos clientes e para a sociedade. O BB foi o indutor, os demais tiveram de vir atrás. Os spreads no mundo são esses que a gente está praticando agora aqui.

Ainda há espaço para baixar as taxas?
Hoje, não. Com o novo reposicionamento da Selic (a taxa básica de juros), dado o efeito inflacionário, não se pode continuar com a transferência de ganhos para os clientes por causa do custo de captação. É ele que determina a fixação da taxa. Agora só vou conseguir novos avanços à medida que nossa eficiência melhorar muito. Tivemos de fazer algumas pequenas correções (aumento dos juros), mas o spread global do banco tem se mantido estável. Hoje está por volta de 4,6%, que é mais ou menos a base mundial. Chegou a ser 7,5%, 8%.

A presidente Dilma já está satisfeita com esse resultado?
Eu não discuto isso com ela. Minha conversa no dia a dia é com o conselho de administração, que no caso é dado pelo Ministério da Fazenda. Diria que a Fazenda está muito satisfeita com esse nosso papel, porque isso deu uma arejada novamente na economia, que era um objetivo correto do governo.

Só que agora o banco aumentou algumas taxas. Isso não deu problema com o governo?
Não. Isso é muito tranquilo aqui, é uma decisão técnica. Não tem interferência. Até porque se o governo dissesse "trabalha a custo zero", eu não conseguiria fazer isso. Sei que o mercado ainda precifica muito a gente negativamente por causa dessa possível interferência, ou intervenção, governamental. Muitas vezes, as pessoas não entendem a governança do Banco do Brasil. Nossa governança hoje está num nível igual ou superior à das grandes empresas brasileiras.

O que as pessoas não entendem?
Os analistas, às vezes, têm dificuldade em analisar o BB. Uma hora tendem a achar que é só um banco público, tem horas que acham que é apenas um banco comercial. Nenhum dos dois. Até pela sua história, o banco tem de ter um papel de agente de desenvolvimento da sociedade, senão ele perde um pouco da razão de ser. E, se for só um banco comercial, é melhor que seja privatizado e atue como tal. Nos últimos quatro anos, eu resgatei um pouco esse papel do Banco do Brasil enquanto agente de desenvolvimento econômico e social. Quer dizer: ele tem um papel de governo, de fato. Agora, o que a gente nunca abriu mão foi da nossa profissionalização, da nossa governança, da nossa técnica. 

A direção do BB tem autonomia para tocar o banco ou o governo interfere muito, como todo mundo imagina?
Autonomia total. Claro que é total dentro da governança do banco. É lógico que o sócio controlador (o governo) sempre tem dentro do conselho de administração um peso maior e acaba ditando o rumo, como em qualquer companhia. Agora, se o governo disser para dar crédito a uma determinada indústria, a custo zero, é impossível passar.

Mas a gente sabe que os pedidos políticos continuam existindo...
Continua tendo. Bate aqui, a gente diz muito obrigado, vamos avaliar e tchau, amigo.

Foi isso que aconteceu no Itaquerão? (O BB fez exigências para financiar a construção do estádio do Corinthians e a operação foi parar na Caixa Econômica Federal.)

A gente estudou a operação durante um ano, mas o banco entendeu que o modelo ali não atendia aos preceitos e às normas do banco. A gente analisa tudo, até porque queremos crescer. Nosso negócio aqui é dar crédito, é intermediação financeira. Minha carteira de empréstimos, pelo nível de risco, é a melhor do mercado. Faz quatro anos que fazem o prognóstico de que "ah, lá no futuro isso pode dar problema"...
O sr. está falando das avaliações de que o banco teria emprestado demais para agradar ao governo e correria risco de crescimento da inadimplência?
Isso. Nossa inadimplência é metade do sistema financeiro. Nosso índice de inadimplência nesse primeiro semestre é o menor em 11 anos. A média de inadimplência do sistema está em 3,4%. A nossa é 1,87%. 

Qual é a explicação?
Há vários fatores. Primeiro, temos um gerenciamento de cobrança muito efetivo. Segundo, temos uma composição muito forte de crédito direcionado (financiamento habitacional, agrícola, repasses do BNDES, etc.) na carteira, que tendem a ter menos inadimplência. O mais importante é a estratégia. Por prudência e conservadorismo, a estratégia do banco está voltada para linhas de menor risco. A rentabilidade é menor, mas por outro lado geram poucas perdas. A gente desestimulou e descontinuou linhas do tipo cheque especial e rotativo de cartão de crédito.

Vocês estão parando de...
Não. A gente tem na prateleira, oferece para o cliente, mas não estimula o uso. Pelo contrário. Quando o cliente fica dois meses usando todo limite de cheque especial ou do cartão no rotativo ou só pagando o mínimo, a central de atendimento automaticamente entra em contato e oferece uma linha mais barata. Hoje, basicamente 75% de nossa carteira de consumo está elencada em quatro linhas: crédito consignado, financiamento de veículos, crédito imobiliário e crédito ao consumidor. São linhas com taxas de perdas baixíssimas. Já a concorrência aposta um pouco mais fortemente em cheque especial, rotativo de cartão, etc, que têm um ganho enorme. Mas a inadimplência em linha de rotativo de cartão passa de 20%. Eu não sei trabalhar com isso.


'Brasil gastou sua poupança na Disney', diz chefe do Goldman Sachs no Brasil


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ÉRICA FRAGA
MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO


O Brasil tem um encontro marcado com o ajuste, afirma o economista Paulo Leme, 58.
No comando do banco de investimento americano Goldman Sachs no Brasil, o executivo prevê que vai chegar a conta do deficit nas contas externas -produzido pelo consumo interno turbinado.
Conhecedor da economia (e da política) brasileira, Leme afirma, contudo, que o processo será detonado pela mudança nos EUA e após as eleições no Brasil. Até aqui, diz ele, foi só o ensaio. 


Karime Xavier/ Folhapress
O economista Paulo Leme na sede do Goldman Sachs, em São Paulo
O economista Paulo Leme na sede do Goldman Sachs, em São Paulo
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Folha - Qual sua expectativa para a economia brasileira?

Paulo Leme - Acho que o crescimento deve estar muito próximo a 2%. E, infelizmente, em razão de baixos investimentos e da queda na produtividade, o crescimento sustentável de longo prazo está próximo a 3%, provavelmente abaixo disso, o que é bem menos do que eu esperava há um ano. 

O que é longo prazo?

De 3 a 10 anos. A economia mundial tem demorado mais a se recuperar, e a perspectiva de preço de commodities não é favorável.
Internamente, houve uma mudança na política econômica com a adoção de um modelo centrado na expansão da demanda doméstica.
Mas a oferta não está se expandindo. Então, esse aumento do consumo tem levado a um excesso de demanda por bens importados, o que provoca um aumento do deficit em conta-corrente e da inflação. 

Qual a contribuição da política fiscal para a inflação?

A política fiscal está muito expansionista, o que aumenta a inflação e contribui para o deficit em conta-corrente. Em vez de gastar com hospitais, escolas, transporte público, o governo está gastando em salários, aposentadorias.
Esse modelo está levando a uma despoupança doméstica, que está sendo financiada por investidores estrangeiros.
Se você toma empréstimos no exterior ou atrai investimento direto estrangeiro e, com isso, investe em indústrias ou atividades que geram receitas em dólares no futuro, o pagamento dos juros dessa dívida está garantido.
No nosso caso, não, os empréstimos foram queimados com turismo da Disneylândia, malas cheias de bens vindas de Nova York ou Miami. Essa conta vai chegar. 

E o que acontecerá?

Quando tivermos que pagar esse serviço da dívida, não teremos a receita dos investimentos porque ela foi consumida. Você vai ter que desacelerar a economia, reduzir o consumo e os salários reais, que são fonte da inflação, e isso ocorre através do aumento do desemprego.
Por último, você tem que desvalorizar o real, tornar a economia mais competitiva. Creio que, em 12 meses, o câmbio estará perto de R$ 2,50 e, em dois anos, de R$ 2,75. 

Ainda não estamos no ajuste?

Temos o início de um ajuste, mas é pior porque não vai ser completo. Os problemas de falta de crescimento são estruturais, queda de produtividade, perda da competitividade, falta de investimentos. Sem resolver esses problemas, quanto mais você estimula, é como um carro com o afogador quebrado. 

O que deverá ocorrer com o crescimento após as eleições?

Para reduzir a inflação e fechar o deficit externo, a economia crescerá pouco, quase estagnada, sem recessão, mas com o desemprego subindo acima de 6%.
Depende do cenário no exterior, e você fica muito vulnerável a grandes guinadas externas. Já tivemos um ensaio em junho, quando houve uma rapidez na saída de capitais do Brasil. O câmbio se desvalorizou rapidamente.
Quando de fato o Fed (banco central americano) resolver subir a taxa de juros, o mercado já terá antecipado isso, o que poderá levar a uma queda dos investimentos ou da capacidade das empresas brasileiras, que estão endividadas em dólar, de rolar sua dívida externa. 

O que detonou o pessimismo com o Brasil? Tem a ver com os protestos?

Tanto os investidores quanto a população expressaram, de maneiras diferentes, coisas parecidas, que têm a ver com a perda de conectividade entre a política e os anseios do investidor e da população.
Depois dos protestos, não é difícil concluir que o ajuste econômico ortodoxo não seria muito bem-vindo nas televisões às oito da noite. Então, claramente encoraja uma política de mais riscos. 

O que são políticas de risco?

Dobrar a aposta, continuar a aumentar o gasto público. Parte dos pleitos são investimentos em transporte, educação, saúde. É correto. Mas você tem que fazer escolhas, alocar recursos em uma coisa em detrimento de outra. Baixar o preço do transporte terá consequência orçamentária, que vai acabar sendo paga com inflação, que é um imposto que todos pagam.
*Alguns economistas dizem que há pouco espaço para cortes de gastos do governo. *
Os gastos discricionários são mesmo uma parcela pequena. Mexer na parte estrutural de fato é extremamente difícil, mas não é impossível.
A gente decidiu aumentar a participação dos funcionários do setor público, que é muito onerosa. O salário mínimo tem uma consequência fiscal e sobre a inflação. São escolhas. Não temos feito as melhores escolhas.

A economia pode interferir na perspectiva de reeleição da presidente Dilma Rousseff?

Se a gente relacionar as manifestações populares ao baixo crescimento, mas especialmente à falta de correspondência entre a carga tributária e os serviços públicos, isso já mudou a perspectiva eleitoral, em que parecia altamente provável a reeleição da presidente para um cenário que pode ser o de uma eleição bastante competitiva. 

Qualquer que seja o próximo governo terá um primeiro ano difícil?

Sim, pode ser um pequeno desafio ou pode ser problemático. Acho que não teremos nenhum problema na escala como tivemos, por exemplo, em 1999, em 2002 para 2003, simplesmente porque as condições iniciais hoje são muito mais favoráveis do que foram nesses momentos. Você tem muito mais reservas internacionais, você não tem dívida fiscal dolarizada. Agora, tudo depende da reação desse governo e do seu sucessor. 

RAIO-X PAULO LEME
ATUAÇÃO
É chairman do Goldman Sachs Brasil. Antes, foi um dos responsáveis pela análise econômica para a América Latina do banco, em Nova York, e economista sênior no FMI (Fundo Monetário Internacional)
FORMAÇÃO
Graduado em engenharia elétrica pela UFRJ e mestre em economia pela Universidade de Chicago