domingo, 25 de agosto de 2013

IMIGRAÇÃO: A CHAVE PARA A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

Apesar de o Brasil ser considerado um país em desenvolvimento, ainda faltam recursos e know-how para importantes realizações que visem o crescimento econômico.
Não é novidade que o Brasil é um dos países mais caros do mundo para morar. E, diferente da realidade praticada em alguns países considerados ricos, que concentram seus tributos sobre o patrimônio e a renda de cada cidadão, pagamos caro por tudo o que consumimos e o que não consumimos, com taxas que incidem em cada um dos produtos adquiridos. Nossos impostos estão entre os mais altos do mundo e pagamos tarifas de países ricos, ao passo em que recebemos serviços de países miseráveis.

Por outro lado, além do pouco investimento do país em desenvolvimento e tecnologia, o apagão de profissionais qualificados no mercado é cada vez mais constante, principalmente nas áreas técnicas e gerenciais. Apesar de o Brasil ser considerado um país em desenvolvimento, ainda faltam recursos e know-how para importantes realizações que visem o crescimento econômico. Neste cenário, podemos dizer que, para promover inovações tecnológicas, precisamos da atração de cérebros, ou seja, mão de obra estrangeira, capaz de qualificar e gerar novas oportunidades de trabalho.

Os benefícios proporcionados pela vinda da mão de obra estrangeira são inúmeros e impactam diretamente na economia do País. Na ponta do lápis, além da redução nas despesas, salário do colaborador (às vezes, menor do que o praticado no mercado local), menor custo de produção, redução dos prazos e simplificação de processos, os expatriados proporcionam ao trabalhador e ao mercado brasileiro maior integração social e tecnológica. Outros benefícios são a facilitação e concessão de novas tecnologias e a inovação e inserção em mercados internacionais.

De acordo com pesquisas do setor, cada profissional estrangeiro poderia gerar entre 1,3 e 4,6 empregos diretos e indiretos e ainda, é claro, agregar ao trabalhador brasileiro a cultura de disseminar know-how a outros profissionais, além de conhecimento processual. Com a introdução desta mão de obra, é possível, inclusive, aplicar no negócio o sistema de partnership, muito comum em empresas multinacionais. 

Com ele, é possível disseminar os conceitos de meritocracia e inovação dentro da empresa e realizar o acompanhamento da contribuição de cada colaborador, para desenvolvimento e crescimento do negócio.
Não podemos esquecer que, no início do século XX, a entrada de imigrantes no Brasil contribuiu para a modernização da nossa agricultura, assim como o desenvolvimento dos setores de comércio, serviços e indústria. Chegamos a ter mais de 7,3% da nossa população de imigrantes. Hoje, o total é de dois milhões no mundo e, de acordo com especialistas, somos um dos países com o menor volume de imigrantes, apenas 0,3% da população.

Sem dúvidas, o Brasil já evoluiu e continua evoluindo muito nos aspectos imigratórios. Porém, ainda temos um longo caminho a percorrer. Em tempos de globalização, o País não pode perder a oportunidade de crescimento, troca, miscigenação,oxigenação da filosofia e transferência de conhecimento. Com um país economicamente estável, atrativo aos olhos do mundo e capaz de absorver e reter talentos, será possível não apenas trocar informações, mas desenvolver tecnologia e exportar conhecimento, gerado aqui, a todos os países do globo.

João Marques
(Administradores – 21/08/2013)

BRASIL PRECISA SER MAIS AGRESSIVO NA BUSCA POR PARCEIROS COMERCIAIS





O Brasil precisa ser mais agressivo na busca por parceiros comerciais para ampliar seus mercados para exportações. Na avaliação de especialistas, a maior parte dos acordos de comércio exterior mantidos pelo Brasil é com mercados de pouca expressão. Segundo eles, o país precisa acelerar a conquista de grandes mercados consumidores como Estados Unidos, União Europeia, Japão e China para assegurar sua sobrevivência na economia globalizada.


De acordo com informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, atualmente o Brasil mantém acordos com Chile, Bolívia, México, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Cuba, Índia, Israel, África do Sul e Egito como membro do Mercosul. Sozinho, o país mantém tratados com Uruguai, Argentina, México, Guiana e Suriname. O Brasil tem ainda acordo de preferência tarifária com os países da Associação Latino Americana de Integração (Aladi). O país também mantém diálogo com a União Europeia para acordo como membro do Mercosul, mas as negociações, lançadas em 1999, ocorrem em ritmo lento.


– O Brasil é um país tímido, acanhado. O grau de complexidade da economia brasileira mudou, se desenvolveu. O tamanho do mercado faz diferença. Seria muito desejável que o Brasil multiplicasse seus acordos de livre comércio e as grandes oportunidades de fato estão na América do Norte, na Europa, nos países do sudeste asiático – acredita o economista Maurício de Paula Pinto, professor de economia internacional na Universidade de Brasília (UnB).


O economista cita como uma dificuldade extra o fato de o Brasil manter uma política comercial fechada, que não corresponde ao crescimento de sua economia.

– O governo tem a noção de que dificultando as importações, a indústria nacional é favorecida. Esse é um pensamento muito antigo. Atualmente mais de 80% das importações brasileiras são de matérias-primas para a indústria. Quando dificultamos as importações, nós as encarecemos – diz.


Na avaliação de Carlos Abjaodi, diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a cláusula do Mercosul que obriga à negociação em parceria com os países do bloco é um entrave ao avanço na conquista de mais mercados. Os acordos que o Brasil firmou sem a união aduaneira são anteriores à sua entrada em vigor.


– Existe uma heterogeneidade muito grande entre os países. O que interessa ao Brasil pode não interessar à Argentina, ao Paraguai, ao Uruguai. O governo já está muito sensibilizado para isso, mas é uma questão diplomática e política delicada – explica.

Para Abjaodi, os acordos comerciais asseguram fôlego às economias em um cenário global cada vez mais complexo e sacudido pela instabilidade econômica.

– Enquanto a economia está pulsando, (os acordos que temos) podem resolver. Mas o mercado está ficando difícil, as barreiras tarifárias estão caindo, os países começam a erguer barreiras não-tarifárias. Para quem não tem acordo, é difícil negociar. Você acaba ficando ilhado – conclui.


Fonte: Correio do Brasl

Por emprego, mulheres deixam o Bolsa Família

Depois de quatro anos como beneficiária do Bolsa Família, a família da ex-dona de casa e agora pedreira Simone...
 
 
Depois de quatro anos como beneficiária do Bolsa Família, a família da ex-dona de casa e agora pedreira Simone Nunes Vieira, 31 anos, vai trocar o auxílio mensal de R$ 166 por uma renda próxima a R$ 2 mil.

Esta é a renda que ela e o marido Luiz, funcionário do depósito de uma empresa de materiais, passam a auferir com os empregos atuais em Guaíba, cidade para a qual mudaram há três anos, vindos de Camaquã, também no Rio Grande do Sul. "Nosso próximo sonho agora é conquistar a casa própria", revela Simone, manifestando a intenção de se cadastrar em outro programa do governo federal, o Minha Casa, Minha Vida.

Na nova fase, o casal terá de deixar os filhos de nove, oito e dois anos com uma tia das crianças e uma vizinha.

Para conquistar o primeiro emprego com carteira assinada, Simone, que estudou até a oitava série, passou por um curso de qualificação do Pronatec, entre fevereiro e abril deste ano. Depois, ao saber do cadastramento para a obra da CMPC Celulose Riograndense, candidatou-se a uma vaga em um posto do Sine. Foi chamada há poucos dias e deve começar até o final de agosto. "Não sei ainda qual será exatamente minha tarefa, mas estou animada", afirma.

Também morador de Guaíba, Valdeci Rodrigues da Silva, 47 anos, com ensino fundamental completo, fez o curso de pedreiro oferecido pelo Pronatec e foi chamado para a obra da ampliação da papeleira. Graças a isso vai trocar o serviço de construção de casas, que já faz, como autônomo, pelo emprego com carteira assinada e benefícios sociais existentes.

"Esse é o grande diferencial", afirma. "Meu projeto agora é juntar algum dinheiro e entrar no Minha Casa, Minha Vida." O movimento mostra, ainda, a percepção de que a oferta de empregos está aquecida, sobretudo para quem se qualificou, ao ressaltar que "para quem gosta de trabalhar este é o melhor momento, principalmente na construção civil".

Em Gravataí, a dona de casa Tereza Lucia Dias Pereira, de 57 anos, decidiu tomar o ônibus oferecido pelo programa de busca ativa de trabalhadores da empresa, prefeituras e governo do Estado e foi ao centro da cidade se inscrever para uma vaga na obra de Guaíba, sob chuva gelada e temperatura inferior a dez graus, na sexta-feira.

Estudante da sétima série do ensino fundamental, sem qualificação profissional formal, beneficiária do Bolsa Família, ela foi avisada da oferta de empregos por agentes da secretaria municipal de Assistência Social e foi à luta.

Disposta a trocar o auxílio de R$ 162 mensais por um salário de emprego formal, Tereza diz que está disposta a fazer qualquer coisa para a qual esteja habilitada, desde que não perca as aulas no colégio.
"Para que vou querer Bolsa Família se eu conseguir um trabalho com renda melhor", questiona.

Desempregado, o pintor Antônio José Branco, 40 anos, soube pelo carro de som que passou em seu bairro da procura por trabalhadores e também aproveitou o ônibus disponível para ir ao centro de Gravataí faz fazer sua inscrição. "O salário seria razoável se considerarmos a oferta de transportes e benefícios sociais", avalia, esperando a convocação para as próximas semanas.

Outro morador de Gravataí, o auxiliar de produção Claudio Ferreira, 40 anos, recebeu o panfleto distribuído na cidade e se inscreveu para uma vaga. "A expectativa é boa", disse, sorrindo, ao deixar o posto de cadastramento.


Chesf leva eólicas sem entregar linhas

Empresa não concluiu sistema de transmissão de dezenas de parques, mas emplacou 25 novos projetos de usinas movidas a vento
 
O leilão de energia eólica realizado na sexta-feira chamou a atenção por três motivos. Primeiro, pela agilidade no bater do martelo. Durou 40 minutos, quando normalmente as disputas duram por horas. Segundo, pela parca presença dos investidores privados. A terceira surpresa foi a agressividade da Chesf. Em parceria com outras empresas e fundos de investimento, emplacou 25 dos 66 projetos vencedores - 38% do total.

Não haveria estranhamento não fosse a mesma Chesf uma referência negativa na energia movida a vento. A empresa venceu muitos leilões de linhas de transmissão para parque eólicos no Nordeste, mas até hoje não concluiu os projetos.

As empresas do sistema Eletrobrás, Furnas e Chesf, habilitaram 38 dos 66 projetos - 58% do total. Pelos cálculos da Thymos, consultoria do setor de energia, a presença das estatais superou a média. Nos dois últimos leilões de parque eólicos, realizados em 2011, elas detinham 25% e 50% dos projetos vencedores. A líder disparada era a Eletrosul e a Chesf, apenas a lanterninha. No leilão de sexta-feira, a Eletrosul nem sequer participou.

Thaís Prandini, diretora executiva da Thymos, tem duas leituras para a supremacia das estatais no leilão de eólicas. "De um lado há o aspecto positivo: apesar de a Eletrobrás estar num processo de reestruturação, mostra que ainda pode investir e buscar alternativas para melhorar as receitas", diz Thaís. "Por outro lado, dá um pouco de medo ver a Chesf, que tem um histórico ruim no setor de eólicas, com tantos projetos: a empresa se enroscou na construção de linhas de transmissão e não há garantias de que não fará o mesmo na geração."

A Chesf entrou com força nos recentes leilões de transmissão e arrematou a maioria das linhas no Nordeste, a sua área de atuação. Levou, mas tem dificuldade para entregar. Os projetos estão atrasados, o que criou um efeito dominó de prejuízos e distorções no mercado de eólicas.

Efeito dominó. Por causa da Chesf, o governo reviu as regras e prazos para a expansão dos parques eólicos. Como o investidor tem direito de receber o pagamento quando conclui o parque - haja ou não conexão à rede -, o atraso faz com que os consumidores paguem por uma energia que não recebem. Estima-se que a conta chegue a R$ 800 milhões neste ano.

Para evitar o aumento desse gasto e o transtorno para a imagem do governo, foi oferecido aos investidores a possibilidade "concatenar" os projetos: atrasar o parque para que seja inaugurado com a linha.

Mudou-se também a regra para a expansão das linhas de transmissão. Inicialmente, ficou definido que os parques não arcariam com a conexão com a rede. Grupos de parques seriam ligados a estações coletoras, chamadas ICGs, que, por sua vez, seriam ligadas à rede.

Para definir o número e a localização das ICGs, o governo primeiro fazia os leilões de geração e, depois, os de transmissão. Como a Chesf não conseguiu cumprir o cronograma, a ICG foi estigmatizada e abandonada. A partir do leilão de sexta-feira, quem vence precisa arcar com o custo da conexão a uma rede já existente. Não serão feitos leilões para a construção de novas linhas por enquanto.

Especialistas avaliam que o governo adotou "gambiarras" para contornar os contratempos criados pela estatal. "O problema foi a Chesf entrar em todos os leilões porque queria o domínio do Nordeste", diz Adão Linhares Muniz, presidente Câmara Setorial de Energia Eólica do Ceará. "Mas em vez de punir a empresa, o governo fez como o marido da piada: ao descobrir que estava sendo traído, tirou o sofá da sala."

Romeu Rufino, diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica discorda. "A Chesf causou um enorme transtorno e foi punida: recebeu multa e teve a participação nos leilões limitada", diz Rufino. A Aneel agora estuda com a Advocacia-Geral da União entrar com uma ação de reparação de danos.

Enquanto isso, porém, o investidor se mostra mais arredio. O baixo quórum das empresas privadas no leilão, em parte, é atribuído às mudanças das regras. Além de estudar a posição dos cataventos, o investidor agora precisa fazer um projeto de conexão à rede mais próxima, o que demanda tempo para avaliar riscos e retornos. Poucas privadas arriscaram voos solos, como Enerfin, Wobben e Renova, que juntas tiveram 13 projetos vencedores. Grandes empresas, como a CPFL, não participaram.

Disparada do dólar e estoques altos projetam Natal mais fraco em 10 anos

Às vésperas de o varejo fechar encomendas para as vendas do fim de ano, o cenário não poderia ser mais turbulento para a indústria: há forte pressão de custos pois os insumos não param de subir, além disso empresas têm grande encalhe de produtos



Márcia De Chiara - O Estado de S.Paulo
 
A disparada do dólar e a desaceleração de vendas no varejo complicaram as negociações entre indústria e comércio para o fim do ano e derrubaram as projeções para o Natal. A expectativa é que o volume de vendas cresça 4,5% no Natal em relação à mesma data de 2012, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). É praticamente a metade da alta no Natal de 2012 (8,1%) e a menor variação para a data em quase dez anos. 

"Há possibilidade de que essa taxa de crescimento seja ainda menor por causa do avanço do câmbio, que pressiona os preços", diz o economista da CNC, Fábio Bentes. Ele considera nas suas contas o dólar a R$ 2,30, a mediana das projeções do mercado, de acordo com o Boletim Focus do Banco Central. Na sexta-feira, o câmbio fechou a R$ 2,35, acumulando alta de 15,21% no ano e de 17,68% desde abril.

As encomendas de fim de ano do varejo para a indústria começam a ser fechadas no mês que vem num cenário turbulento, que combina forte pressão de custos, provocada pela subida do dólar, com desaceleração de vendas no varejo e acúmulo de estoques indesejados na indústria. "O momento é ingrato para fechar os pedidos", resume o diretor de Pesquisa Econômica da GO Associados, Fabio Silveira. Em junho e julho, os preços dos insumos industriais acumulam alta de 4% em reais, mostra o indicador elaborado pela consultoria a partir de 13 itens, a maioria deles matérias-primas.

Além das altas já ocorridas, as pressões de preço continuam. A CSN, por exemplo, anunciou reajuste entre 5,5% e 6,75% do aço neste mês. A Braskem, gigante na produção de resinas plásticas usadas em embalagens e nos eletroeletrônicos, elevou em 5%, em média, os preços em julho por causa da alta da nafta, cotada em dólar, conta o vice-presidente de Poliolefinas e Renováveis, Luciano Guidolin. "Deveremos ter uma complementação desse reajuste este mês de 4% a 5%."

Segundo um industrial que prefere não ser identificado, fazia muito tempo que não ocorriam tantos reajustes de preços de insumos simultaneamente. Um segmento no qual a pressão do dólar logo aparece é na linha de aparelhos de áudio e vídeo. Mais da metade dos componentes usados nas TVs, por exemplo, é importada.

"O reajuste é inevitável", diz Lourival Kiçula, presidente da Eletros, associação de fabricantes de eletroeletrônicos. Segundo ele, "alguma coisa" vai chegar no preço ao consumidor, pois a indústria tem limite para absorver alta de custo. 

"Não mexemos nos custos ainda, mas, dependendo da flutuação do dólar, poderemos aumentar preços", diz a gerente de marketing de Home Entertainment da LG Electronics do Brasil, Fernanda Summa, fazendo referência aos televisores.

Contrapeso. Apesar de a indústria se declarar "no limite" para absorver aumentos de custos sem repassar para os preços, ela carrega um contrapeso que pode ser um fator desfavorável nas negociações com o varejo: o aumento de estoques. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que, desde abril, as fábricas acumulam um volume indesejado de produtos acabados. 

Esse acúmulo é nítido nas indústrias de grande porte. Em julho, último dado disponível, o indicador de estoques atingiu 54,5 pontos, a maior marca desde junho de 2012. Acima de 50, o índice revela acúmulo e abaixo dessa marca, redução. 

"O estímulo à produção que viria com as encomendas de Natal deve ser atenuado pelo peso dos estoques", diz Renato da Fonseca, gerente de Pesquisa da CNI.

sábado, 24 de agosto de 2013

Rombo nas contas externas do Brasil sobe e se aproxima do deficit total de 2012

MARIANA SCHREIBER
DE BRASÍLIA

Atualizado às 13h23.

O Brasil registrou novo rombo recorde na troca de bens, rendas e serviços com o exterior, a chamada conta corrente.
No mês passado, esse saldo ficou negativo em US$ 9 bilhões, o maior para meses de julho e uma alta de 140% ante o déficit registrado um ano antes (US$ 3,7 bilhões).

O déficit acumulado nos sete primeiros meses do ano (US$ 52,5 bilhões) também é recorde para o período e se aproxima de todo o rombo registrado em 2012 (US$ 54,2 bilhões). Nos primeiros sete meses do ano passado, o saldo negativo era bem inferior, de US$ 29 bilhões. 

Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel, essa piora decorre, principalmente, do resultado negativo da balança comercial, tanto em julho como no acumulado do ano. Em 2012, o saldo era positivo. 

Além das trocas comerciais, as transações correntes incluem também receitas e despesas com serviços, como viagens e aluguéis de equipamentos, mais as transferências de renda, como remessa de lucros e pagamento de juros. 

INSTABILIDADE INTERNACIONAL
 
O aumento do déficit nessa conta eleva a dependência do Brasil por financiamento estrangeiro num momento de instabilidade no mercado internacional. 

Um fator preocupante é que o aumento desse saldo negativo não está sendo acompanhado por uma expansão da entrada de investimento produtivo, que é considerado a melhor forma de cobrir o déficit na conta corrente, pois é um capital menos volátil que o financeiro. 

O chamado IED (Investimento Estrangeiro Direto) somou US$ 5,2 bilhões em julho e US$ 35,2 bilhões nos primeiros sete meses de 2013. Ambos valores ficaram abaixo do registrado em 2012 (US$ 8,4 bilhões e US$ 38,2 bilhões). 

Considerando também o fluxo financeiro, o saldo na conta capital ficou positivo em US$ 9,4 bilhões em julho e US$ 59,6 bilhões no acumulado do ano. 

Apesar do BC sempre ter destacado que o investimento produtivo é a forma mais saudável de financiar o rombo na conta corrente, Maciel disse que o quadro atual não preocupa porque esses recursos ainda cobrem a maior parte do déficit. "É um padrão normal não financiar integralmente por IED. Essas outras fontes [financeiras] sempre fizeram parte do financiamento da conta corrente", disse. 

Para o chefe do departamento do BC, o rombo tende a diminuir, caso o dólar permaneça em patamares mais elevados. O real desvalorizado desestimula viagens ao exterior e remessas de lucros de multinacionais. Além disso, isso encarece as importações ao mesmo e que torna nossas exportações mais competitivas.
"A persistir uma alta do dólar, é possível que algumas contas até o final do ano podem estar sensibilizadas", afirmou. 

VIAGENS
 
Apesar do dólar mais caro, o gastos dos brasileiros no exterior não param de crescer. No mês passado, os turistas deixaram lá fora US$ 2,2 bilhões, uma alta de 10% ante julho de 2012.
Em 2013, até julho, os gastos com viagens ao exterior somam US$ 14,5 bilhões, valor recorde que representa 14% de aumento em relação ao mesmo período do ano passado.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Investimento estrangeiro direto fica perto do previsto pelo BC

Por Eduardo Campos e Alex Ribeiro | Valor
 
BRASÍLIA  -  O Brasil recebeu em julho US$ 5,212 bilhões em investimento estrangeiro direto (IED), já descontadas repatriações de capital aos países de origem. No ano, a soma alcança US$ 35,239 bilhões.
O Banco Central (BC) previa IED de US$ 5,3 bilhões para o mês e trabalha com ingressos de US$ 65 bilhões para todo o ano de 2013.

Em 12 meses terminados em julho, o fluxo líquido de IED chega a US$ 62,341 bilhões, o equivalente a 2,72% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelo BC.

Em julho, especificamente, a parcela de investimento estrangeiro relativa à aquisição de participações diretas no capital de empresas correspondeu a US$ 3,336 bilhões, ante US$ 7,442 bilhões do mesmo mês do ano passado. Entre janeiro e julho, esse tipo de ingresso foi de US$ 22,432 bilhões, menor que os US$ 31,911 bilhões vistos em igual período de 2012.

Os ingressos líquidos de empréstimos feitos por empresas estrangeiras a filiais no país (intercompanhia) somaram, por sua vez, US$ 1,876 bilhão no mês passado. Houve avanço sobre o ingresso registrado no mesmo mês de 2012, quando os créditos intercompanhias foram de US$ 998 milhões. No ano até julho, esses empréstimos somam US$ 12,807 bilhões, mais que o registrado em igual período do ano passado (US$ 6,259 bilhões).

Enquanto os estrangeiros trouxeram US$ 5,212 bilhões ao país em junho, os brasileiros mandaram ao exterior US$ 1,193 bilhão em investimentos brasileiros diretos (IBDs). O resultado é maior que os US$ 931 remetidos em igual m ês do ano passado.

O resultado de julho foi puxado pelo envio de US$ 1,019 bilhão na forma de participação de companhias brasileiras em empresas no exterior. E pelo empréstimo de US$ 174 milhões em empréstimos dados por empresas de controle nacional a suas filiais em outros países (intercompanhias). Na última projeção, o BC deixou de estimar o IBD para o ano.

Nos sete primeiros meses do ano, o fluxo de IBD é positivo em US$ 6,020 bilhões, ante US$ 4,071 bilhões repatriados no mesmo período do ano passado.