MARIANA SCHREIBER
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
Atualizado às 13h23.
O Brasil registrou novo rombo recorde na troca de bens, rendas e serviços com o exterior, a chamada conta corrente.
No mês passado, esse saldo ficou negativo em US$ 9 bilhões, o maior para
meses de julho e uma alta de 140% ante o déficit registrado um ano
antes (US$ 3,7 bilhões).
O déficit acumulado nos sete primeiros meses do ano (US$ 52,5 bilhões)
também é recorde para o período e se aproxima de todo o rombo registrado
em 2012 (US$ 54,2 bilhões). Nos primeiros sete meses do ano passado, o
saldo negativo era bem inferior, de US$ 29 bilhões.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio
Maciel, essa piora decorre, principalmente, do resultado negativo da
balança comercial, tanto em julho como no acumulado do ano. Em 2012, o
saldo era positivo.
Além das trocas comerciais, as transações correntes incluem também
receitas e despesas com serviços, como viagens e aluguéis de
equipamentos, mais as transferências de renda, como remessa de lucros e
pagamento de juros.
INSTABILIDADE INTERNACIONAL
O aumento do déficit nessa conta eleva a dependência do Brasil por
financiamento estrangeiro num momento de instabilidade no mercado
internacional.
Um fator preocupante é que o aumento desse saldo negativo não está sendo
acompanhado por uma expansão da entrada de investimento produtivo, que é
considerado a melhor forma de cobrir o déficit na conta corrente, pois é
um capital menos volátil que o financeiro.
O chamado IED (Investimento Estrangeiro Direto) somou US$ 5,2 bilhões em
julho e US$ 35,2 bilhões nos primeiros sete meses de 2013. Ambos
valores ficaram abaixo do registrado em 2012 (US$ 8,4 bilhões e US$ 38,2
bilhões).
Considerando também o fluxo financeiro, o saldo na conta capital ficou
positivo em US$ 9,4 bilhões em julho e US$ 59,6 bilhões no acumulado do
ano.
Apesar do BC sempre ter destacado que o investimento produtivo é a forma
mais saudável de financiar o rombo na conta corrente, Maciel disse que o
quadro atual não preocupa porque esses recursos ainda cobrem a maior
parte do déficit. "É um padrão normal não financiar integralmente por
IED. Essas outras fontes [financeiras] sempre fizeram parte do
financiamento da conta corrente", disse.
Para o chefe do departamento do BC, o rombo tende a diminuir, caso o
dólar permaneça em patamares mais elevados. O real desvalorizado
desestimula viagens ao exterior e remessas de lucros de multinacionais.
Além disso, isso encarece as importações ao mesmo e que torna nossas
exportações mais competitivas.
"A persistir uma alta do dólar, é possível que algumas contas até o final do ano podem estar sensibilizadas", afirmou.
VIAGENS
Apesar do dólar mais caro, o gastos dos brasileiros no exterior não
param de crescer. No mês passado, os turistas deixaram lá fora US$ 2,2
bilhões, uma alta de 10% ante julho de 2012.
Em 2013, até julho, os gastos com viagens ao exterior somam US$ 14,5
bilhões, valor recorde que representa 14% de aumento em relação ao mesmo
período do ano passado.
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