terça-feira, 27 de agosto de 2013

Grupo Boticário desiste, pela 1ª vez, de um negócio


A linha de cuidados dermatológicos Skingen nunca decolou e foi encerrada discretamente pela marca há três meses

Marli Lima, do
Divulgação
Fábrica do Grupo Boticário
Grupo Boticário: neste ano, o carro-chefe continuará sendo a marca O Boticário, que possui rede de 3,6 mil lojas e faturou R$ 6,9 bilhões no ano passado

Curitiba - Há dois anos, o paranaense Grupo Boticário empreendeu uma agressiva onda de expansão, iniciada pela Eudora, criada para disputar o mercado de vendas diretas com a Natura. Entre novas marcas e aquisições, foram abertas seis unidades de negócios, com níveis variados de êxito. O ano de 2013 seria, segundo a empresa, o momento de uma “parada técnica” para arrumar a casa. Essa estratégia já fez uma primeira vítima: a linha de cuidados dermatológicos com a pele Skingen.

A unidade foi fechada discretamente, há três meses. O imóvel que por pouco mais de um ano abrigou a Skingen Inteligência Genética, em uma rua movimentada de Curitiba, está em reforma e já não exibe o nome da empresa. 

Os funcionários do serviço de atendimento ao consumidor informam que as atividades foram encerradas no dia 27 de maio e sugerem que os pacientes procurem um dermatologista para a continuidade do tratamento.

Foi em fevereiro de 2012 que a empresa anunciou sua entrada no segmento de cuidados terapêuticos com a pele, para tratar rugas, flacidez e outros problemas. 

O valor do investimento no negócio não foi revelado, mas o presidente do grupo, Artur Grynbaum, disse na ocasião que dava mais um passo para alcançar o objetivo de ser “um dos maiores players focados em beleza e moda do mundo”.

A Skingen, porém, nunca decolou. O negócio começou pequeno, a partir do relacionamento pessoal dos executivos do grupo com dermatologistas de Curitiba. A operação era um tanto complicada, pois os pacientes tinham de enviar amostras de pele para o laboratório da marca, que fazia produtos específicos para cada problema. 

Em entrevista ao Estado, no início do ano, Grynbaum admitiu que, quase 24 meses após sua criação, a Skingen ainda estava em estágio embrionário.

Hoje a marca nem aparece mais no site do grupo, que cita outras unidades - O Boticário, Eudora, Quem Disse, Berenice? e The Beauty Box. Embora a existência da Skingen como negócio seja recente, a aposta nela começou em 2008, quando o grupo investiu em um laboratório de pesquisa na área biomolecular focado no estudo de processos de envelhecimento.

Primeiro o projeto foi batizado de Labim, dentro da Universidade Positivo, de Curitiba. Mais tarde vieram o Skingen Lab, para análise genética de pacientes encaminhados pelos dermatologistas, e a Skingen Pharma, para manipular os cremes.

Procurado, o Grupo Boticário não falou sobre o fim da Skingen, mas o assunto rendeu um pedido de explicação do médico Omar Lupi, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia e diretor científico do Instituto Protetores da Pele. Para ele, a empresa deve explicações sobre o que vai fazer com as amostras de pele recolhidas.

“Uma empresa de biotecnologia que guarda em seu poder amostras biológicas frescas de milhares de pessoas não pode simplesmente fechar as portas sem prestar esclarecimentos sobre o destino deste material biológico colhido”, diz Lupi, em texto publicado no site do instituto.

A resposta da empresa também está lá. “Com o encerramento das atividades, o Grupo Boticário esclarece que não utilizou e não utilizará para pesquisa qualquer sobra de material biológico recebido via Skingen Lab”. Lupi, no entanto, pede “uma prestação de contas para a classe dermatológica”.

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