JULIA BORBA
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
O uso contínuo de energia das termelétricas gerou um gasto bilionário
para o governo. O valor desembolsado até junho pode chegar ao dobro do
previsto para o ano.
O pagamento dessa energia, mais cara e mais poluente, somava até junho
R$ 3,9 bilhões, segundo a Eletrobras. Em maio, o ministro Edison Lobão
(Minas e Energia) estimou em R$ 2 bilhões o gasto até o fim do ano.
A despesa será repassada aos consumidores, ao longo de cinco anos. Segundo o ministro, trará um aumento máximo de 3% na tarifa.
Apesar de o relatório de gastos ser contabilizado pela Eletrobras, o
ministério contesta os valores. Em nota, técnicos argumentam que outras
despesas foram incluídas. O valor efetivo despendido foi de R$ 3
bilhões.
Ainda assim, há um aumento em relação aos últimos anos. No ano passado,
as térmicas custaram R$ 1,7 bilhão, de acordo com a Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica). Em 2010 e em 2011, foram R$ 670 milhões e
R$ 6,1 milhões, respectivamente.
As termelétricas funcionam como um estoque de emergência de
eletricidade. Se os reservatórios das hidrelétricas estão com nível
baixo de água, o governo autoriza o uso das térmicas (movidas a gás,
óleo e carvão) para garantir o abastecimento.
Desde o fim do ano passado, as térmicas vêm sendo mais usadas e por mais
tempo. Os recursos para evitar que isso bata diretamente no bolso do
consumidor saem da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), uma
espécie de fundo que banca, por exemplo, o programa Luz Para Todos. O
Tesouro tem injetado dinheiro na conta.
No início de julho, o saldo da CDE estava em apenas R$ 371,2 milhões.
Foram repassados R$ 4,9 bilhões vindos de outro fundo do setor elétrico
(RGR -Reserva Global de Reversão). Na semana passada, o Tesouro realizou
um terceiro repasse. Já foram injetados R$ 2 bilhões.
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