A primeira reunião bilateral foi nesta
quarta-feira (14) com a presidente Dilma, que desembarcou à noite em
Assunção e foi direto para a casa de Cartes. Nesta quinta-feira, ele
deverá se reunir com os presidentes do Uruguai, Jose Pepe Mujica, e da
Argentina, Cristina Kirchner.
À saída do encontro, Dilma falou da
importância da reincorporação do Paraguai ao Mercosul – tanto para os
paraguaios, quanto para os demais países.
Ela citou, como exemplo, os
investimentos em projetos de integração regional – como a utilização
de recursos do Focem (o fundo de desenvolvimento dos países do Mercosul)
para construir uma linha de transmissão de energia da Hidrelétrica de
Itaipu a Assunção.
Em relação à integração política, Dilma deu apenas uma garantia: “Ele (Cartes) me disse que comparecerá à reunião do próximodia
30, da Unasul [a União de Nações Sul-Americanas]”.
O Paraguai foi
suspenso do Mercosul e da Unasul em junho do ano passado, depois da
destituição do então presidente Fernando Lugo.
A Constituição paraguaia prevê o impeachment, mas os governos regionais questionaram
a rapidez com a qual o Congresso paraguaio (de maioria opositora)
afastou Lugo do cargo: em menos de 24 horas, o ex-bispo esquerdista foi
julgado por “mau desempenho” de suas funções e substituído pelo vice,
Federico Franco (do tradicional Partido Liberal), tendo apenas duas
horas para se defender das acusações.
Por considerar o processo um “golpe
parlamentar”, os três sócios paraguaios no Mercosul e os outros 11
membros da Unasul excluíram o Paraguai dos dois blocos até a posse de um
novo presidente eleito.
Tão logo tomaram essa decisão, o
Brasil, a Argentina e o Uruguai anunciaram a entrada da Venezuela no
Mercosul. A adesão do país tinha sido vetada, até então, pelo Congresso
paraguaio. Ao ser suspenso do Mercosul, o Paraguai ficou sem voz nem
voto nas decisões do bloco – apesar de não perder privilégios econômicos
e comerciais.
Com Cartes, a situação deveria voltar
ao normal. Mas o novo presidente foi eleito pelo Partido Colorado – o
mesmo que governou o país durante 61 anos consecutivos (35 deles em
ditadura) até ser derrotado em 2008 por Lugo. E foram os colorados,
juntamente com os liberais, que cassaram Lugo, vetaram a entrada da
Venezuela no Mercosul e declararam o presidente venezuelano persona non grata.
Para Cartes, voltar ao Mercosul no momento em que a Venezuela exerce a presidência pro tempore equivale a iniciar o mandato desafiando as bases eleitorais. Por isso, ele indicou que só vai participar dos encontros do bloco quando o mandato venezuelano terminar. Maduro sequer foi convidado para a cerimônia de posse.
Mas, ao assegurar sua presença na reunião da Unasul no Suriname, no próximo dia 30, Cartes deixou uma porta aberta para a negociação: Maduro deve estar presente no encontro, mas como convidado e não como anfitrião.
Fonte: Agência Brasil
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