terça-feira, 6 de agosto de 2013

Petróleo é um negócio de risco, diz ex-presidente da Petrobras


Por André Borges | Valor
Agência Brasil

BRASÍLIA  -  (Atualizada às 12h08) O ex-presidente da Petrobras e atual secretário de planejamento da Bahia, José Sérgio Gabrielli, defendeu hoje a decisão da estatal de adquirir, em 2005, a compra da refinaria americana de Pasadena, no Texas (EUA). 

Durante audiência pública no Senado, Gabrielli disse que “o negócio de petróleo em geral é um negócio de risco” e que a Petrobras buscava, àquela época, a necessária expansão da capacidade de refino de petróleo pesado, demanda que não teria como atender no Brasil.

Gabrielli afirmou que o negócio de refino, além de ter a característica de envolver um grande investimento feito ao longo do tempo, depende da situação do mercado fornecedor de petróleo e do mercado consumidor. “Há uma margem entre essas duas coisas que varia muito”, comentou.

“As grandes empresas de petróleo ganham mais quando atuam de forma integrada, tanto no refino quanto na produção. Essa refinaria passa a fazer parte de um portfólio de 11 refinarias da Petrobras. Estamos falando de 100 mil barris de capacidade de refino em Pasadena. A Petrobras tem hoje capacidade de 2,3 milhões barris”, disse Gabrielli.

O ex-presidente da Petrobras afirmou que a refinaria está produzindo, está gerando lucro. “As refinarias brasileiras estão hoje operando com 96% da capacidade. Pasadena está operando com 70% da capacidade”, disse.

Questionado pelos senadores a respeito dos embates judiciais que envolveram a Astra, ex-sócia no empreendimento, Gabrielli disse que “o motivo de litígio foi uma diferença de percepção do que fazer com a empresa”.

“A comercializadora não queria investir. Nós queríamos dobrar a nossa capacidade de conversão. Não concordo que foi um negócio mal feito, mas feito adequadamente no momento que ocorreu”, comentou. 
A aquisição da refinaria é investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo Ministério Público Federal (MPF) por supostas ações de corrupção e de ter causado um prejuízo bilionário à Petrobras.

Em 2005, Pasadena foi adquirida pela empresa belga Astra, por US$ 42,5 milhões. No ano seguinte, a Petrobras entrou no negócio ao desembolsar US$ 360 milhões por 50% da refinaria. A partir daí, as sócias mergulharam em uma sequência de conflitos judiciais, por conta de compromisso que, segundo a Petrobras, não foram cumpridos pela sócia belga. Em 2009, um tribunal de arbitragem definiu que a Petrobras teria de pagar US$ 466 milhões pelos 50% restantes que pertenciam à Astra. 

A disputa seguiu na Justiça, levando a Petrobras a desembolsar mais US$ 820,5 milhões pelo controle. Em junho, um acordo extrajudicial pôs fim a todas as pendências mútuas entre Petrobras e Astra. A estatal assumiu o controle definitivo de Pasadena e de sua comercializadora, por um custo total de US$ 1,18 bilhão.

Para Gabrielli, as polêmicas em torno da compra da refinaria americana de Pasadena é resultado de “falta de informação”. Ele criticou a imprensa e disse que todas as ações feitas pelo TCU, pelo Ministério Público e pela Justiça do Maranhão se basearam em matérias jornalísticas e não foram “lastreadas em documentos e informações”.

O ex-presidente da Petrobras, que deixou o posto em fevereiro do ano passado, disse que a equipe de auditoria do TCU passou mais de um mês dentro da estatal e que está concluindo seu relatório. 

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