BRASÍLIA - (Atualizada às 12h08)
O ex-presidente da Petrobras e atual secretário de planejamento da
Bahia, José Sérgio Gabrielli, defendeu hoje a decisão da estatal de
adquirir, em 2005, a compra da refinaria americana de Pasadena, no Texas
(EUA).
Durante audiência pública no Senado, Gabrielli disse que “o negócio
de petróleo em geral é um negócio de risco” e que a Petrobras buscava,
àquela época, a necessária expansão da capacidade de refino de petróleo
pesado, demanda que não teria como atender no Brasil.
Gabrielli afirmou que o negócio de refino, além de ter a
característica de envolver um grande investimento feito ao longo do
tempo, depende da situação do mercado fornecedor de petróleo e do
mercado consumidor. “Há uma margem entre essas duas coisas que varia
muito”, comentou.
“As grandes empresas de petróleo ganham mais quando atuam de forma
integrada, tanto no refino quanto na produção. Essa refinaria passa a
fazer parte de um portfólio de 11 refinarias da Petrobras. Estamos
falando de 100 mil barris de capacidade de refino em Pasadena. A
Petrobras tem hoje capacidade de 2,3 milhões barris”, disse Gabrielli.
O ex-presidente da Petrobras afirmou que a refinaria está produzindo,
está gerando lucro. “As refinarias brasileiras estão hoje operando com
96% da capacidade. Pasadena está operando com 70% da capacidade”, disse.
Questionado pelos senadores a respeito dos embates judiciais que
envolveram a Astra, ex-sócia no empreendimento, Gabrielli disse que “o
motivo de litígio foi uma diferença de percepção do que fazer com a
empresa”.
“A comercializadora não queria investir. Nós queríamos dobrar a nossa
capacidade de conversão. Não concordo que foi um negócio mal feito, mas
feito adequadamente no momento que ocorreu”, comentou.
A aquisição da refinaria é investigada pelo Tribunal de Contas da
União (TCU) e pelo Ministério Público Federal (MPF) por supostas ações
de corrupção e de ter causado um prejuízo bilionário à Petrobras.
Em 2005, Pasadena foi adquirida pela empresa belga Astra, por US$
42,5 milhões. No ano seguinte, a Petrobras entrou no negócio ao
desembolsar US$ 360 milhões por 50% da refinaria. A partir daí, as
sócias mergulharam em uma sequência de conflitos judiciais, por conta de
compromisso que, segundo a Petrobras, não foram cumpridos pela sócia
belga. Em 2009, um tribunal de arbitragem definiu que a Petrobras teria
de pagar US$ 466 milhões pelos 50% restantes que pertenciam à Astra.
A disputa seguiu na Justiça, levando a Petrobras a desembolsar mais
US$ 820,5 milhões pelo controle. Em junho, um acordo extrajudicial pôs
fim a todas as pendências mútuas entre Petrobras e Astra. A estatal
assumiu o controle definitivo de Pasadena e de sua comercializadora, por
um custo total de US$ 1,18 bilhão.
Para Gabrielli, as polêmicas em torno da compra da refinaria americana de Pasadena é resultado de “falta de informação”. Ele criticou
a imprensa e disse que todas as ações feitas pelo TCU, pelo Ministério
Público e pela Justiça do Maranhão se basearam em matérias jornalísticas
e não foram “lastreadas em documentos e informações”.
O ex-presidente da Petrobras, que deixou o posto em fevereiro do ano
passado, disse que a equipe de auditoria do TCU passou mais de um mês
dentro da estatal e que está concluindo seu relatório.
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