BRASÍLIA - Ninguém pode ser contra um programa que leva médicos,
mesmo estrangeiros, até populações que não têm médicos. Mas o meio
jurídico está em polvorosa com a vinda de 4.000 cubanos em condições
esquisitas e sujeitas a uma enxurrada de processos na Justiça.
A terceirização no serviço público está na berlinda, e a vinda dos
médicos cubanos é vista como terceirização estatal --e com triangulação.
O governo brasileiro paga à Opas (Organização Pan-Americana da Saúde),
que repassa o dinheiro ao governo de Cuba, que distribui entre os
médicos como bem lhe dá na veneta.
Os R$ 10 mil de brasileiros, portugueses e argentinos não valem para os
que vierem da ilha de Fidel e Raúl Castro. Seguida a média dos médicos
cubanos em outros países, eles só embolsarão de 25% a 40% a que teriam
direito, ou de R$ 2.500 a R$ 4.000. O resto vai para os cofres de
Havana.
Pode um médico ganhar R$ 10 mil, e um outro, só R$ 2.500, pelo mesmo
trabalho, as mesmas horas e o mesmo contratante? Há controvérsias
legais. E há gritante injustiça moral, com o agravante de que os demais
podem trazer as famílias, mas os cubanos, não. Para mantê-los sob as
rédeas do regime?
E se dez, cem ou mil médicos cubanos pedirem asilo? O Brasil vai
devolvê-los rapidinho para Havana num avião venezuelano, como fez com os
dois boxeadores? Olha o escândalo!
O Planalto e o Ministério da Saúde alegam que os cubanos só vão prestar
serviço e que Cuba mantém esse programa com dezenas de países, mas e
daí? É na base de "todo mundo faz"? Trocar gente por petróleo combina
com a Venezuela, não com o Brasil. Seria classificado como exploração de
mão de obra.
Tente você contratar alguém em troca de moradia, alimentação e, em
alguns casos, transporte, mas sem pagar salário direto e nem ao menos
saber quanto a pessoa vai receber no fim do mês. No mínimo, desabaria
uma denúncia de trabalho escravo nas suas costas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário