ISABEL FLECK
ENVIADA ESPECIAL A ASSUNÇÃO
ENVIADA ESPECIAL A ASSUNÇÃO
Apesar do discurso conciliador com o Brasil, Horacio Cartes disse que
fará "tudo o que for benéfico para o Paraguai" em relação à usina
binacional de Itaipu.
Assim, deixa abertas as portas para tentar renegociar a dívida da usina e
até para discutir a venda da energia excedente do Paraguai a um
terceiro país.
"Tenho a obrigação de administrar da melhor maneira os bens do Paraguai,
tudo o que seja benéfico ao Paraguai é minha obrigação fazê-lo".
Ele disse, porém, que as discussões devem ser feitas num ambiente de "respeito, prudência e seriedade".
Para o novo diretor paraguaio da usina, James Spalding, "nada deve ser retirado da mesa de negociação".
"O tratado estabelece que cada país é dono da metade da produção [de
energia], e o que não se consome se vende a outro país. Temos que ver se
existe vontade politica do Brasil para ver como isso pode ir
melhorando", disse.
Ele disse que vai "considerar todos os capítulos" do relatório sobre a
usina que está sendo elaborado pelo economista Jeffrey Sachs, a pedido
do governo anterior.
Em relatório preliminar neste ano, Sachs disse que a dívida paraguaia
com Itaipu já estaria paga. Pelo tratado, o cronograma do pagamento
termina em 2023.
"Quem sabe haja formas de adiantar o pagamento da dívida, talvez com juros menores", disse Spalding.
O diretor brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, contesta o relatório de
Sachs "do título à última linha". "O Paraguai não pôs dinheiro em
Itaipu, foram feitos empréstimos, que são pagos pelos consumidores de
energia --dos quais, em 2012, 91% eram brasileiros."
A dívida do país sobre a usina é de cerca de US$ 13 bilhões e deveria
ser paga até 2023, 50 anos após assinado o tratado. Sachs diz que, por
anos, a dívida teria crescido, e deveria ser revista.
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