- Fundos estão voltando para Wall Street, diz chefe da Bolsa de NY
SÃO PAULO A insatisfação do brasileiro expressa nas manifestações
iniciadas em junho, e o cenário econômico mais nebuloso estão espantando
os estrangeiros da bolsa brasileira. Em vez de manter ações de empresas
do Brasil em carteira, o investidor está realocando seus recursos,
sobretudo no mercado nova-iorquino, que bateu recordes com o registro de
72 ofertas públicas iniciais de ações (IPO), e de US$ 28,5 bilhões em
captação no primeiro semestre. O cenário é descrito por Alex Ibrahim,
vice-presidente da Bolsa de Nova York (NYSE) para a América Latina.
—
O investidor está reavaliando suas alocações. Ele tem começado a olhar o
Brasil com outros olhos. E, como o dinheiro que está no mercado
brasileiro é muito especulativo, o investidor prefere não correr tanto
risco e apostar em um lugar com retorno mais garantido — disse ele, ao
GLOBO.
Mas a perspectiva para o futuro é otimista. Ibrahim estima
que quando “o barulho” dos protestos passar, o Brasil retomará a
atratividade, assim como o americano retomou neste ano a avidez pelos
investimentos.
NYSE brasileira
O
aquecimento do mercado acionário americano também é sinal da retomada da
economia do país, o que amplia a confiança do investidor nos EUA, e
colabora com a decisão da alocação de recursos. Um sinal de que este
aquecimento está em andamento é o número de IPOs feitos no segundo
trimestre: do total de 72 entre janeiro e junho, 46 foram promovidos de
abril a junho.
— Os investidores estão voltando para o mercado e
estão em busca de oportunidades novas, de empresas novas para comprar. A
demanda de negociação aqui em Nova York tem sido excelente — afirmou o
brasileiro radicado nos Estados Unidos há duas décadas.
A ideia de
a NYSE ter uma espécie de filial no Brasil, para concorrer com a
soberana Bovespa, também ainda está de pé. Apesar de não ter detalhado o
negócio, porque está “fora da alçada” do vice-presidente, Ibrahim
explicou que a bolsa tem uma parceria com uma consultoria carioca para a
elaboração de um novo sistema de negociação de ações.
— Mas a ideia não é uma competição com a Bovespa. Queremos entrar no Brasil para criar liquidez no mercado.
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