sábado, 30 de novembro de 2013

Hidrelétricas 'impulsionam desmatamento indireto' na Amazônia



Usina de Belo Monte vista em 2012. Foto: AFP

Floresta foi desmatada no entorno das usinas de Jirau, Santo Antônio e Belo Monte (foto)

Ao defender a construção de hidrelétricas na Amazônia, o governo federal costuma citar o argumento de que essas usinas são menos poluentes e mais baratas que outras fontes energéticas capazes de substituí-las.

Entre ambientalistas e pesquisadores, porém, há cada vez mais vozes que contestam a comparação e afirmam que o cálculo do governo ignora custos e danos ambientais indiretos das hidrelétricas. Para alguns, esses impactos colaterais influenciaram no aumento da taxa de desmatamento da Amazônia neste ano.
Há duas semanas, o governo anunciou que, entre agosto de 2012 e julho de 2013, o índice de desflorestamento na Amazônia cresceu 28% em relação ao mesmo período do ano anterior, a primeira alta desde 2008.

Paulo Barreto, pesquisador sênior da ONG Imazon, atribui parte do aumento ao desmatamento no entorno das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia, e da usina de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará.

Segundo ele, as hidrelétricas atraem migrantes e valorizam as terras onde são implantadas. Sem fiscalização e punição eficientes, diz ele, moradores se sentem encorajados a desmatar áreas públicas para tentar vendê-las informalmente.

No caso de Belo Monte, Barreto afirma que o desmatamento em torno da usina seria menor se o governo tivesse seguido a recomendação do relatório de impacto ambiental da obra para criar 15 mil km² de Unidades de Conservação na região.

Uma pesquisa do Imazon, da qual Barreto é coautor, estima que o desmatamento indireto causado pela hidrelétrica atingirá 5.100 km² em 20 anos, dez vezes o tamanho da área a ser alagada pela barragem.
Na bacia do Tapajós (PA), onde o governo pretende erguer uma série de usinas, ele diz a área desmatada indiretamente chegará a 11 mil km².

Fórmula do desmatamento

 

O engenheiro Felipe Aguiar Marcondes de Faria desenvolve em seu projeto de PhD na Universidade Carnegie Mellon (EUA) uma fórmula complexa. Ele pretende incluir os efeitos indiretos da construção de hidrelétricas na Amazônia – como o desflorestamento gerado por imigração ou especulação fundiária – no cálculo das emissões de carbono das obras.

Usina de Belo Monte

Desmatamento indireto causado por Belo Monte pode atingir até 5.100 km² em 20 anos, diz estudo


A conta, que mede a liberação de gases causadores do efeito estufa, normalmente leva em conta somente as emissões geradas pela perda de vegetação e pela degradação da biomassa na área inundada pelas barragens.

"Se a construção de uma hidrelétrica implicar taxas de desmatamento superiores às de locais onde não existem tais investimentos, nós poderemos acrescentar esse desmatamento extra ao balanço de carbono do projeto".

O pesquisador diz ainda que, além de valorizar terras e atrair imigrantes, a construção de hidrelétricas pode estimular o desmatamento ao melhorar as condições de acesso à região, expondo florestas antes inacessíveis.

Faria também questiona os cálculos que exaltam o baixo preço das hidrelétricas em comparação com outras fontes de energia. "As diferenças não consideram adequadamente os custos socioambientais desses empreendimentos".

Ainda assim, avalia que o Brasil não pode excluir a hidroeletricidade de seus planos de expansão do sistema energético. Para ele, a modalidade oferece grandes vantagens em relação a outras fontes de energia, como flexibilidade para atender à variação da demanda e dispensa de importação de matérias-primas.
Faria defende, no entanto, que o governo mude sua postura quanto às hidrelétricas na Amazônia.
"O desenvolvimento hidrelétrico na Amazônia deveria ser visto não como uma barragem no rio, mas sim como uma chance de criar um novo paradigma de desenvolvimento sustentável"
Felipe de Faria, engenheiro
"O desenvolvimento hidrelétrico na Amazônia deveria ser visto não como uma barragem no rio, mas sim como uma chance de criar um novo paradigma de desenvolvimento sustentável para uma região, que crie condições para a manutenção das unidades de conservação e terras indígenas, investimentos em educação e ciência e melhora na saúde da população."

Porém, para o procurador-chefe do Ministério Público Federal no Pará, Daniel César Azeredo Avelino, a construção de hidrelétricas na Amazônia não tem sido acompanhada pela manutenção de áreas protegidas.
Nos últimos anos, o governo reduziu Unidades de Conservação para facilitar o licenciamento das hidrelétricas no rio Madeira e das futuras usinas no Tapajós. Segundo ele, simples sinalizações de que se pretende reduzir essas áreas já motivam o desmatamento.

Em 2012, diz Avelino, um mês após jornais divulgaram que o governo estudava diminuir a Floresta Nacional Jamanxim, no sudoeste do Pará, houve um surto de desmatamento na região.

"Quando se fala em reduzir Unidades de Conservação para hidrelétricas, alimenta-se a ideia de que poderá haver novas reduções, o que encoraja o desmatamento."

Governo responde

 

No entanto, segundo Francisco Oliveira, diretor do Departamento de Combate ao Desmatamento do Ministério Ambiente, a destruição dentro de áreas protegidas corresponde a menos de 10% do desflorestamento na Amazônia.

Quanto ao desmatamento recente no Pará e em Rondônia, diz que não se deveu necessariamente às hidrelétricas. Oliveira afirma que o desflorestamento em um raio de 50 quilômetros de Belo Monte passou de 380 km², em 2011, para 41 km² em 2013.

Em Rondônia, ele diz que também tem havido redução no ritmo do desmate em áreas próximas às usinas.
Segundo Oliveira, as principais causas para o maior desmatamento na Amazônia no último ano foram: no Pará, a apropriação ilegal de terras (grilagem) na região de Novo Progresso; no Mato Grosso, a expansão da agropecuária; e em Rondônia, a expansão da pecuária.

Oliveira afirma, porém, que, apesar da alta, o índice de desflorestamento em 2013 foi o segundo menor desde que começou a ser medido, há 25 anos.

Brasil pode ficar isolado com acordo entre EUA e UE


União Europeia. Foto: AFP
União Europeia está negociando tratado de livre comércio com EUA

A conclusão de um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE) é mais urgente do que nunca para o Brasil, que corre o risco de ficar isolado no cenário mundial se o bloco europeu fechar o tratado de livre comércio que está negociando com os Estados Unidos, afirmam analistas ouvidos pela BBC Brasil.
"O Brasil será a única grande economia do mundo sem um acordo de livre comércio com alguma outra grande economia", observou Michael Emerson, economista do Centro para Estudos de Política Europeia (CEPS), um grupo de pressão com sede em Bruxelas.
"Isso deveria servir como um alerta para o país que, se não se mexer para fechar um acordo semelhante, ficará isolado no cenário comercial mundial."

As negociações entre o Mercosul e a UE se arrastam desde 1995 e as duas partes se comprometeram a dar um passo decisivo em dezembro, com um novo intercâmbio de propostas.

No entanto, tanto Emerson como Ulrich Schoof, analista da Fundação Bertelsmann, um grupo de pressão independente baseado na Alemanha, acreditam que a iniciativa será prejudicada pelas negociações entre as autoridades europeias e americanas.

"A UE precisa concluir rapidamente acordos comerciais com sócios suficientemente grandes e bem conectados com o resto do mundo para incentivar seu crescimento e sustentar suas políticas macroeconômica e fiscal", analisou Schoof em entrevista à BBC Brasil.

"Nesse contexto, sua energia é absorvida pelas negociações com Japão, Taiwan e Estados Unidos, que têm mais probabilidades de dar certo, e se reduz o entusiasmo com respeito ao Mercosul", afirmou, recordando as reticências de Argentina em abrir seus mercados para os europeus.

Maior área de livre comércio do mundo

 

Um acordo entre a UE e os Estados Unidos - que juntas respondem por 49 por cento do PIB global e 31% dos intercâmbios comerciais - criaria a maior área de livre comércio do mundo e teria um impacto inevitável sobre todos os demais países.

Mais que eliminar as tarifas sobre exportações, as duas maiores potências econômicas internacionais buscam a harmonização ou o reconhecimento mútuo de normas e padrões técnicos e sanitários para todos os produtos que comercializam.

Essa medida por si — que permitirá uma redução de custos e um aumento do fluxo comercial — responderia por 81% do benefício gerado pelo tratado, estimado em 275 bilhões de euros anuais. Os outros 19% viriam da eliminação das tarifas.

Tanto a UE como os Estados Unidos argumentam que a iniciativa também fortaleceria o comércio internacional como um todo, já que ambos são parceiros comerciais de praticamente todos os países do mundo.

Com a harmonização, os países terceiros passariam a ter que adaptar seus produtos a um único conjunto de normas e padrões ao exportar tanto para o bloco europeu como para os americanos, o que reduziria burocracia e custos.

Impacto negativo

 

No entanto, os analistas ouvidos pela BBC Brasil acreditam que para o Brasil esse benefício seria mínimo comparado ao prejuízo causado pelo aumento da concorrência em dois de seus maiores mercados.

Isso porque o maior responsável pelo encarecimento das exportações nacionais para a UE e os Estados Unidos são as tarifas comerciais, em geral mais elevadas que as impostas mutuamente pelos dois gigantes, e não a adaptação a normas e padrões de cada mercado.

Um estudo da Fundação Bertelsmann calcula que as exportações brasileiras diminuiriam 29,72% para os Estados Unidos e 9,4% para a UE, resultando em uma queda de 2,1% no PIB per capta real brasileiro em um prazo de entre 15 e 20 anos.

Caso o tratado comercial entre a UE e os Estados Unidos se limite à eliminação de barreiras tarifárias entre os dois países, sem a harmonização de normas e padrões, a redução das exportações brasileiras seria de apenas 2,24% para os Estados Unidos e de 3,71% para a UE.

No entanto, sob esse cenário, o aumento do fluxo comercial entre os Estados Unidos e a UE poderia levar a uma caída de preços dos produtos nacionais no mercado brasileiro, o que resultaria em um aumento de 0,5% no PIB per capta real para o Brasil, explicou à BBC Brasil Sybille Lehwald, economista da Fundação Bertelsmann.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Companhias aéreas do Oriente dominam o céu, mas querem mais


Emirates, Etihad Airlines e Qatar Airways já possuem mais aviões de grande porte do que todas as linhas americanas juntas. Na semana passada, compraram mais 350

GettyImages
Aeromoças em frente a um dos aviões da companhia aérea de Dubai, Emirates
Emirates Airlines: companhia dos Emirados Árabes é uma das três empresas do Oriente Médio que está dominando os céus

São Paulo - Ao fechar, na semana passada, o balanço de vendas do Dubai Air Show 2013, os analistas do setor de aviação levaram um susto: as companhias aéreas Emirates Airlines, Etihad Airlines e Qatar Airways compraram, ao todo, 350 aeronaves de grande porte – com dois corredores, capacidade para até 850 passageiros e para viagens transoceânicas.

O valor do negócio ultrapassou os 162 bilhões de dólares e bateu, de longe, os recordes de venda da Airbus e da Boeing, que deverão entregar os produtos ao longo dos próximos dez anos.

A ida às compras das companhias do Oriente Médio demonstram o tamanho de sua ambição. Elas, juntas, já têm uma frota maior do que todas as linhas aéreas norte-americanas, que dominaram o mercado por anos a fio, diz o New York Times. Enquanto a American Airlines comprou 600 aviões de apenas um corredor para substituir sua frota antiga de voos domésticos, as gigantes do deserto investiram em grandes aeronaves para expandir seus negócios e sua capacidade de alcance.

Só a Emirates encomendou 150 Boeings 777X, o novo grande avião da fabricante americana, e outros 50 A380, a máquina da Airbus que permite até 850 passageiros. A companhia foi a responsável por colocar Dubai entre os maiores pontos de conexão do mundo. Eles esperam alcançar 70 milhões de passageiros até 2020, ante os 39 milhões que embarcaram em 2012. Já a Qatar Airways colocou em seu carrinho de compras 50 Boeings 777X e a Etihad, 30 Boeings 787, 50 A350 e mais 53 outros. Doha e Abu Dhabi, coincidentemente, já são pontos importantes de conexão de voos.

Os negócios, é claro, têm todo o apoio das famílias reais da região, que não poupam incentivos para colocarem seus países na rota dos turistas, mesmo que por uma breve escala. O empurrão nada discreto dos reinados tem causado reclamações por parte das concorrentes ocidentais, que não têm os mesmos privilégios com seus governos.

Tribunal de Paris bloqueia 16 sites de compartilhamento


Tribunal ordenou que mecanismos de busca e provedores bloqueiem 16 sites que compartilham conteúdo protegido por direitos autorais

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Mulher com dor de cabeça usando o computador

Mulher usando computador: tribunal também decidiu que os mecanismos de busca ou fornecedores de banda larga não devem ter de pagar pelos custos

Paris - Um tribunal de Paris ordenou que mecanismos de busca e provedores de Internet bloqueiem 16 sites que compartilham conteúdo protegido por direitos autorais, em uma vitória dos sindicatos de produtores de TV e cinema depois de uma batalha legal de dois anos.

Os sindicatos entraram com a ação em 2011 depois que seus pedidos para bloquear os sites allostreaming.com, allomovies.com e outros foram ignorados por operadoras como Orange e SFR, da Vivendi, e por mecanismos de busca como Google e Yahoo, de acordo com a decisão do tribunal emitida na quinta-feira.

O tribunal informou que os cinco sindicatos que representam os interesses dos produtores de TV e cinema "mostraram de forma suficiente que a rede de sites Allostreaming é totalmente ou quase totalmente dedicada à representação de trabalhos de audiovisual sem a permissão de seus criadores" e violam as leis de propriedade intelectual da França.

O tribunal, que também decidiu que os mecanismos de busca ou fornecedores de banda larga não devem ter de pagar pelos custos do bloqueio, não explicou como as empresas terão de executá-lo, deixando a função a critério das companhias.
Os sites ainda poderão recorrer da decisão.

Corte IDH terá presidente colombiano e vice brasileiro


Humberto Antonio Sierra Porto e Roberto de Figueiredo Caldas deverão presidir a Corte Internamericana de Direitos Humanos nos próximos dois anos

Leandra Felipe, da
Divulgação
Martelo durante julgamento da Corte Internamericana de Direitos Humanos (Corte IDH)

Martelo durante julgamento da Corte Internamericana de Direitos Humanos (Corte IDH)

Bogotá - A Corte Internamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), tribunal que compõe o Sistema Interamericano de Direitos Humanos, elegeu hoje (28), na Costa Rica, os juízes que a presidirão nos próximos dois anos (biênio 2014-2015). A presidência da corte ficará a cargo do juiz colombiano Humberto Antonio Sierra Porto, e a vice-presidência com o brasileiro Roberto de Figueiredo Caldas.

Nascido em Cartagena, Antônio Sierra Porto já presidiu a Corte Constitucional colombiana e é advogado da Universidade Externado de Colômbia. Roberto Figueiredo é de Aracaju, capital do estado de Sergipe. É advogado da Universidade de Brasília, foi conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e dirigiu várias entidades de defesa de direitos humanos no Brasil.

O atual presidente da Corte IDH, juiz peruano Diego García Sayán, encerra seu segundo mandato no tribunal, no próximo dia 31 de dezembro. Ele presidiu a 49ª Sessão Extraordinária da corte, ocorrida em Brasília, na primeira quinzena deste mês, quando foram ouvidas testemunhas do caso Rodríguez-Vera e outros contra a Colômbia.

Durante a audiência, o Estado colombiano reconheceu, pela primeira vez, a sua responsabilidade internacional no incidente de retomada do Palácio de Justiça, em Bogotá, em novembro de 1985, após a ocupação do local por integrantes do grupo guerrilheiro M-19. Com a ação militar, 13 pessoas desapareceram ou morreram.

Hermes tem pedido de recuperação aceito pela Justiça do Rio


Agora, a empresa tem dois meses para apresentar proposta de reestruturação

Divulgação
Instalações do grupo Hermes e Comprafacil

CompraFácil: site de vendas pertence a Hermes, que pediu recuperação judicial

São Paulo - A Hermes teve seu pedido de recuperação judicial deferido ontem pela 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio. Atrás apenas de Natura e Avon, a terceira maior empresa em vendas por catálogos do país é dona do site CompraFácil.

De acordo com a lei 11.101, de 2005, a Hermes tem agora dois meses para apresentar um plano de reestruturação. Posteriormente, os credores da empresa terão 30 dias para avaliar e aprovar (ou não) a proposta.

Com receita superior a 2 bilhões de reais, 500.000 revendedores e 1.800 funcionários diretos, a Hermes acumula hoje uma dívida de 600 milhões de reais. Solicitada no último dia 18, a recuperação judicial havia sido antecipada pela coluna Primeiro Lugar, da revista EXAME de 13  de novembro. 

Carga tributária do Brasil é maior que em 17 países da OCDE

brasilia

Proporção dos tributos no Brasil em relação ao PIB foi maior do que em países como Austrália, Canadá, Japão, Nova Zelândia, Espanha, Suíça e EUA  



Sandra Manfrini, da Agência Estado
 
BRASÍLIA - As receitas tributárias brasileiras cresceram "consideravelmente" nas últimas duas décadas em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e atingiram níveis superiores aos verificados em muitos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Essa é uma das constatações do documento Estatísticas sobre Receita na América Latina, divulgado nesta terça-feira, 13, pela entidade, que mostra que, em 2010, a proporção dos tributos no Brasil em relação ao PIB foi maior do que em 17 países da OCDE, incluindo Austrália, Canadá, Japão, Nova Zelândia, Espanha, Suíça e Estados Unidos. 

"Historicamente, o Brasil tem sido o país da América Latina com a maior proporção de tributos em relação ao PIB durante o período de 1990-2009 (mas em segundo lugar depois da Argentina em 2010), mostrando percentuais semelhantes à média da OCDE, especialmente depois de 2004", diz o documento.

Segundo o estudo, em 2010, a relação entre a arrecadação de impostos e o PIB foi de 19,4% para os 15 países latino-americanos e de 33,8% para todos os países que integram a OCDE. Em relação especificamente ao Brasil, os impostos representaram 32,4% do PIB (ante 28,2% do PIB em 1990), ficando atrás apenas da Argentina (33,5%).

Com relação à estrutura tributária, o documento destaca que o porcentual de impostos indiretos e particularmente o ICMS é relativamente alto no Brasil na comparação com os demais países da OCDE. A avaliação feita é de que as elevadas receitas provenientes da tributação indireta no Brasil estão ligadas a quatro formas distintas de ICMS, que são arrecadados pelos Estados, o que torna o sistema complexo.

No caso da tributação direta, o estudo mostra que as receitas tributárias de impostos sobre os rendimentos e lucros têm desempenhado um papel secundário como fonte de receita na América Latina, mesmo com a tendência de alta observada de 1990-2010. Essas tributos também cresceram no Brasil, mas, segundo o levantamento, em ritmo mais lento que a média na região.

As receitas de impostos sobre a renda da pessoa física foram consideradas "especialmente baixas". Em contrapartida, as contribuições para a previdência contribuem com uma proporção significativa das receitas tributárias totais do Brasil nas últimas duas décadas, atingindo níveis próximos aos da OCDE. "Em certa medida, isto é explicado pela grande variação nos regimes de previdência da América Latina. A previdência representa a maior parte das receitas em países que têm regimes públicos e mistos, como Brasil, Costa Rica, Equador, Panamá, Paraguai e Uruguai", diz o documento.

Os impostos sobre rendimentos e lucros no Brasil atingiram 6,9% do PIB em 2010, ante 4,8% nos países da região e 11,3% nos países da OCDE. As contribuições previdenciárias representaram 8,4% do PIB no Brasil no mesmo ano (3,6% nos países latino-americanos e 9,1% nos integrantes da OCDE).

O estudo ainda observou uma tendência de crescimento da participação das contribuições sociais e trabalhistas no total da arrecadação de impostos do Brasil entre 1990 e 2010, com níveis superiores ao da média da região e entre países da OCDE. Segundo o levantamento, em 2010, a proporção média do total de receitas geradas pelos impostos diretos, contribuições sociais, previdenciárias e trabalhistas em relação ao PIB foi de 16,2% no Brasil, de 20,8% nos países da OCDE e de 8,5% na região latino-americana. A tributação sobre propriedade no Brasil atingiu 1,9% do PIB em 2010, ficando próxima aos níveis dos países da OCDE (1,8%) e acima dos países da região (0,8%).