quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Petrobras tem 32% de chances de ir à falência, diz Macroaxis


De acordo com estudo publicado pela administradora de investimentos, probabilidade nos próximos dois anos é significativamente alta para o setor

REUTERS/Sergio Moraes
A presidente da Petrobras Graça Foster

Graça Foster, presidente da Petrobras: empresa tem 32% de probabilidade de falir nos próximos dois anos, segundo avaliadora de risco americana

São Paulo – A Petrobras, que já foi um dos maiores orgulhos dos brasileiros, tem 32,4% de ir à falência nos próximos dois anos. É o que diz uma análise da administradora de investimentos americana Macroaxis, especializada em fazer esse tipo de cálculo.

“Baseando-se nas últimas informações financeiras divulgadas, a Petrobras tem probabilidade de falência de 32,4%. Este valor é muito maior do que o do setor”, afirma o relatório. A ExxonMobil, por exemplo, gigante do ramo de óleo e gás, tem probabilidade de falência de 0,86%. A Chevron tem 8,96% de chances e a Petrochina, outra grande concorrente, 12,27%.

De acordo com a Macroaxis, que calcula riscos de investimentos de mais de 150.000 empresas do mercado de ações, companhias com probabilidade de falência maior que 90% têm grandes chances reais de falirem nos próximos dois anos. Em compensação, empresas com até 15% de probabilidade costumam demonstrar crescimento no mesmo período.

O índice reflete o tamanho da crise que a Petrobras vem enfrentando nos últimos dois anos e que atingiu o auge – até agora – na semana passada. Depois de anunciar o reajuste no preço dos combustíveis, suas ações despencaram 10% em um só dia e a estatal brasileira perdeu 25 bilhões de reais em valor de mercado em poucas horas.

A queda aconteceu porque analistas avaliaram que o reajuste foi insuficiente para reequilibrar as contas da empresa, que continua vendendo a preços subsidiados por uma política do governo de segurar a inflação. As dívidas já chegam a 79,6 bilhões de dólares, o que levou a agência de classificação de risco Moody’s a rebaixar a Petrobras em outubro. A agência prevê que, pelo menos até 2015, as dívidas só devem aumentar.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

TCU exige correção de estudos para concessão de portos


O acórdão, aprovado por unanimidade pelo plenário de ministros, impõe 19 condicionantes

Anne Warth, do
Saulo Cruz/Agência Câmara
Deputada Ana Arraes

Ana Arraes: ministra relatou que os questionamentos do TCU só foram respondidos em 26 de novembro

Brasília - O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou ao governo que corrija os estudos referentes à concessão de 29 arrendamentos nos Portos de Santos e Pará antes que os editais sejam publicados.

O acórdão, aprovado por unanimidade pelo plenário de ministros, impõe 19 condicionantes.
Dessa lista, 15 foram propostas pela área técnica do órgão e outras quatro pela ministra Ana Arraes, relatora do processo.

Como se tratam de determinações, e não apenas recomendações, a publicação dos editais depende do cumprimento de todas as condicionantes impostas pelo TCU, o que deve atrasar o processo de concessão.
O governo pretendia publicar os editais ainda neste ano.

Em sua exposição, a ministra Ana Arraes afirmou que os estudos apresentados pelo governo ao TCU estavam incompletos e pouco sistemáticos, sem relatórios, notas técnicas e termos de referência vinculando premissas e conclusões.

A ministra relatou que os questionamentos do TCU só foram respondidos em 26 de novembro.
A ministra destacou ainda que, para alguns terminais, os estudos não continham definição de tetos máximos para as tarifas.

"Considero que os estudos apresentam oportunidades de aperfeiçoamento antes que sejam deflagrados procedimentos licitatórios a esses terminais", afirmou.

O ministro José Jorge concordou com o voto de Arraes. Segundo ele, a documentação estava incompleta e os estudos, malfeitos.

"O governo não pode fazer todos os estudos 'de uma vez só', de forma açodada", afirmou. Ele disse ainda que a Estruturadora Brasileira de Projetos (EBP), responsável pela elaboração dos estudos, é uma união de bancos "que não entende de nada".

Royalties de mineração terão arrecadação recorde

Por André Borges | De Brasília
As indefinições sobre as novas regras que passarão a vigorar sobre o setor de mineração não comprometeram as arrecadações da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem), o chamado "royalty da mineração". Os dados do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM) apontam que 2013 será um ano recorde de arrecadações.

Até a semana passada, o recolhimento da contribuição já ultrapassava a marca de R$ 2,2 bilhões, superando de longe o resultado de R$ 1,8 bilhão registrado durante todo o ano de 2012. O pagamento de royalties registrado neste ano já equivale ao triplo daquele verificado em 2009, quando as empresas recolheram um total de R$ 742 milhões. Esse aumento reflete, basicamente, o crescimento da produção mineral no país.


A mineradora Vale lidera, com folga, a lista de maiores arrecadadores da Cfem. Neste ano, a empresa responde, sozinha, por mais de R$ 1,2 bilhão recolhidos. O segundo lugar entre os maiores recolhedores do imposto é de uma companhia também controlada pela Vale: a Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), que desembolsou R$ 337 milhões em royalties de mineração. Muito abaixo dessas duas companhias estão a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), com pagamento de R$ 29,2 milhões, a Baovale Mineração (R$ 21 milhões) e a Mineração Maracá (R$ 20 milhões).

O minério de ferro continua a responder pela maior fatia dos royalties de minerações. Neste ano, para cada R$ 100 pagos em Cfem, R$ 77 estão relacionados à extração de ferro. Nos últimos cinco anos, a arrecadação atrelada ao minério quadruplicou. Em 2009, a produção de ferro respondeu por R$ 427 milhões recolhidos. Neste ano, o montante já ultrapassa R$ 1,7 bilhão.

Depois do minério de ferro, o principal responsável pelo pagamento dos royalties neste ano foi o cobre, que respondeu por 4% do volume total, chegando a R$ 88,5 milhões. Com participação de 2,4% e arrecadação de R$ 52 milhões, o ouro ocupa a terceira posição no ranking, um pouco acima do resultado registrado pela extração de calcário (R$ 43 milhões) e de granito (R$ 40 milhões).

Metade do recolhimento da Cfem está concentrada em Minas Gerais. Neste ano, o Estado já respondeu pela arrecadação de R$ 1,1 bilhão. O Pará é o segundo maior arrecadador de royalties, com R$ 758,2 milhões. Goiás ocupa a terceira posição (R$ 65,3 milhões), seguido por São Paulo (R$ 50,3 milhões) e Bahia (R$ 43,2 milhões).

Pelas regras atuais, 12% dos valores arrecadados pela Cfem ficam com a União, que destina esses recursos ao DNPM, Ibama e Ministério da Ciência e Tecnologia. Uma fatia de 23% segue para os cofres dos Estados onde os minérios são extraídos. A maior parte dos recursos - 65% - fica com os municípios onde a exploração acontece. As alíquotas, que variam de acordo com o minério extraído, são aplicadas sobre o faturamento líquido das empresas. Esses recursos não têm destinação definida, ou seja, podem ser utilizados em qualquer área do serviço, desde que não seja folha de pagamento ou quitação de dívida pública.

O novo código de mineração, que está em tramitação no Congresso Nacional, pode mexer na divisão dos royalties. O deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), relator do projeto na Câmara, pretende incluir mais um beneficiário nesta conta. Trata-se de municípios que sofrem impactos diretos das atividades minerais, mas que hoje não recebem nenhum tipo de compensação por isso. Muitos recebem, por exemplo, barragens ou minerodutos, além de serem rotas de escoamento intenso por caminhões ou ferrovias. Pela proposta, essas cidades passariam a receber 10% dos royalties. O recurso viria de uma redução nas fatias recolhidas hoje. Municípios ficariam com 60% da Cfem, quanto os Estados teriam participação de 20% e a União, 10%.

Ontem, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, defendeu que a proposta do novo marco regulatório enviada ao Congresso "guarde a maior relação com a proposta inicial", apesar de estar aberto a "discussões" e "aperfeiçoamentos", principalmente em "questões foco do programa".

Gleisi disse que a proposta encaminhada "é uma mediação dos interesses sobre esse setor", mas evitou falar sobre prazos para votações em função do calendário próprio do Legislativo com a proximidade do fim do ano.

Reportagem publicada pelo Valor na semana passada mostrou que o governo corre risco de sofrer nova derrota no Congresso, se não conseguir ver aprovado ainda neste ano o novo marco regulatório da mineração, como pretendia. Dois pontos desagradaram o governo: o restabelecimento do "direito de prioridade" (quem pede primeiro, ganha o direito de pesquisar e explorar a jazida) e a definição de alíquotas fixas para os royalties da mineração. (Colaborou Bruno Peres)

País não pode só viver na maré do consumo", diz Décio da Silva


Por Vanessa Jurgenfeld | De São Paulo
Luis Ushirobira/Valor / Luis Ushirobira/ValorSilva, presidente do Conselho da WEG: "Nós todos temos que fazer nossa lição de casa. Temos que olhar para dentro"
 
O presidente do Conselho de Administração da WEG, Décio da Silva, acha que o mercado financeiro muda muito rapidamente de humor e afirma que o país não estava nem tão bom em 2009 e 2010, como o mercado avaliou à época, e nem está tão ruim agora, como algumas análises apontam.

Na sua opinião, porém, há mudanças importantes que precisam ser feitas para o Brasil crescer mais e de forma sustentável, como o enxugamento dos gastos da máquina pública, para que esses recursos possam ser revertidos em mais investimentos em infraestrutura, e haja mais confiança dos empresários na economia. "O país não pode só viver na maré do consumo", afirmou.

Presidente do conselho de uma das maiores empresas do país, com valor de mercado de R$ 20 bilhões, e uma das principais multinacionais brasileiras, ele diz, no entanto, que não se pode imputar todos os esforços de crescimento ao governo, pois também cabe às empresas realizar melhorias na sua gestão e implantar uma cultura de inovação.

Na opinião de Silva, não só é preciso levar adiante as reformas política e tributária, mas também é necessária a flexibilização das relações entre capital e trabalho para uma melhora da competitividade.
A seguir, os principais trechos da entrevista concedida ao Valor:

Valor: Como o sr. avalia o desempenho da economia brasileira em 2013?

Décio da Silva: O mercado financeiro muda de opinião e de humor numa velocidade muito grande. Acho que o Brasil não estava tão bom como ele pintou lá em 2009-2010, mas também não está tão ruim como agora dizem. Acho que há algumas dificuldades. Mas parecia que éramos os campeões mundiais alguns anos atrás e agora somos o pior dos mundos. Acho que nós temos muitas fraquezas e algumas fortalezas.

Valor: O crescimento previsto do PIB de 2,5% é satisfatório em 2013?

Silva: Li nos últimos dias alguns estudos de economistas e de banqueiros que mostravam a situação do crescimento dos emergentes - tirando China e Índia, porque aí destoa - e a grande preocupação é que o Brasil estava crescendo menos do que este grupo de emergentes e isso tinha um reflexo na vinda dos capitais. Os capitais migram para onde há maior crescimento. Crescer menos do que o grupo de emergentes tem que ser preocupante. O Brasil não só precisa crescer mais, como esse crescimento tem que ser de uma maneira mais uniforme. Todo mundo viu que foram feitos estímulos principalmente ao consumo, o que foi bom, ajudou, mas para ter sustentabilidade é preciso crescer a taxa de investimento da economia [em relação ao PIB]. O país não pode só viver na maré do consumo.

Valor: O que impede o crescimento da taxa de investimento?

Silva: Uma das coisas que precisam ser feitas é diminuir o tamanho do Estado, reduzir as despesas e gastar melhor. Claro que agora tem os programas de concessão. Mas acho que isso deve ser deixado para que o mercado efetivamente se regule e evitar essa tendência de estabelecer taxas de retorno. Isso afugenta alguns atores da iniciativa privada.

Valor: Em relação a diminuir o tamanho do Estado, o sr. poderia explicar melhor?

Silva: O governo precisa modernizar sua gestão. E um dos problemas relacionados a isso é que a reforma política precisa ser feita. Com muitos partidos políticos, é difícil para o governo. A pressão é muito grande. Tanto faz se é aliado ou opositor, de qualquer maneira acaba tendo que ter composições e negociações para avançar. A reforma política é importante para efetivamente o governo ter uma gestão moderna e alinhada com os novos tempos. E uma vez isso feito, é preciso fazer todas as reformas que todos conhecem, mas que acabam sendo difíceis de fazer, como a tributária, nosso cipoal de impostos que faz com que as companhias tenham estruturas gigantes na área de controladoria, na área fiscal. E as relações trabalhistas também têm que ser simplificadas para conseguirmos competitividade.

Valor: Quais mudanças nas relações trabalhistas o sr se refere?

Silva: As relações trabalhistas deveriam ser menos reguladas. A relação entre o capital e o trabalho é suficientemente madura. A legislação trabalhista americana é um bom exemplo. Ela entende que as partes conseguem se regular para atingir seus interesses.

Valor: Isso deveria ser a regra?

Silva: Acho que isso deveria prevalecer a não ser que um dia tivesse um desequilíbrio grande. Mas atualmente não há um desequilíbrio tão grande [entre o capital e o trabalho].

Valor: Com a queda da taxa de desemprego, a força de trabalho ganhou poder?

Silva: Hoje, às vezes eu acho que a força de trabalho tem um poder maior e a relação já está começando a ficar desequilibrada [em favor dela].

"Muitas vezes reclamamos da gestão antiquada do governo, mas temos que olhar para nossas empresas"

Valor: Há algumas críticas sobre a falta de transparência da política econômica e sobre a falta de confiança do empresário para realizar investimentos no país...

Silva: Acho que esses aspectos - de qual é efetivamente a política fiscal que o governo vai adotar para frente - têm reflexos naturalmente no nível de investimentos do país. Agora, a questão do crescimento também não pode ser imputada toda ao governo. É claro que ele é um ator importante, mas as companhias precisam aumentar sua produtividade, sua tecnologia e inovação, e sua capacidade de efetivamente competir aqui e fora do país. Acho que é muito simplista imputar tudo ao governo.

Valor: A infraestrutura vem recebendo um programa de concessões. Há avanços na direção deste tipo de investimento, na sua avaliação?

Silva: Porto Alegre, que é uma grande metrópole brasileira, não está ligada por uma via dupla até São Paulo, que é a grande cidade do país. A BR-101 Sul está em obras, estão trabalhando, mas a velocidade com que isso tem acontecido é muito lenta. O norte de Santa Catarina precisa de uma rodovia para ligá-lo com os portos do Estado. Estou feliz com o ato da presidente Dilma Rousseff de recentemente ter assinado a famosa ordem de serviço da duplicação da BR-280, que liga essa região norte ao porto de São Francisco do Sul. Mas esse projeto foi transformado em federal no ano 2000 e desde então arduamente todos os entes - governo do Estado, prefeitos e associações - trabalharam fortemente e finalmente saiu a ordem de serviço. Mas isso demorou 13 anos. Acho que a lentidão da execução das obras é um custo Brasil muito grande porque retarda o aproveitamento daquele ativo e o atraso gera maior custo operacional. Essa área das rodovias precisa de atenção maior. Nunca esqueço de quando estive na China, quando estávamos comprando nossa primeira fábrica na China, em Nantong, que está na região de Xangai. Demorava três horas e meia de Xangai até lá porque tinha que atravessar o rio amarelo, pegando uma balsa. E me disseram: 'olha, vai sair uma ponte'. Acho que era de 15 quilômetros. Pensei: quem sabe meus filhos vão ver essa ponte pronta. Mas voltei lá na segunda negociação, cerca de 8 meses depois, e estava 30% da ponte pronta. E, em menos de dois anos, a ponte estava concluída. Nós temos nossos entraves. Claro que temos que cuidar do meio ambiente, mas não sei por que essa demora de meses e anos para a tomada de decisões. Acho que o nosso sistema é muito emperrado.

Valor: Quando o Sr. fala em reduzir gastos do governo, não se refere à redução de investimentos? 

Silva: O governo tem que reduzir as despesas, que é a única maneira de fazer investimentos. Refiro-me às despesas operacionais. O gasto com a máquina tem que ir para obras, investimentos, além de existir mecanismos de concessão, porque já se sabe que o governo não vai conseguir fazer tudo. Mas o governo tem que ter recursos próprios também porque precisa ampliar sua capacidade de investimentos própria.

Valor: Infraestrutura precária ainda é o principal problema para a competitividade no país?

Silva: Sim. Infraestrutura somada à alta carga tributária são os itens que mais estrangulam a competitividade das empresas brasileiras.

Valor: Mais do que o câmbio?

Silva: O câmbio parece que não vai ser mais um grande clamor porque já estamos num patamar mais realista. Diria que as expectativas não são de o câmbio vir para um patamar mais baixo [um real mais desvalorizado em relação ao dólar]. Hoje, um dos piores problemas é a infraestrutura. E o problema número 1 é a infraestrutura rodoviária.

Valor: E a infraestrutura na área de energia, uma área de forte atuação da WEG...

Silva: O país foi fortemente para as eólicas por uma situação que eu diria que foi muito mais conjuntural, porque os fabricantes de aerogeradores da Europa e dos Estados Unidos em determinado momento vieram para o Brasil. Acho que é uma fonte alternativa renovável importante, mas não podemos esquecer das outras fontes. Na região Sudeste, mais especificamente, deveríamos estar fazendo mais co-geração, como a geração de energia usando o bagaço de cana-de-açúcar, que foi uma tecnologia muito desenvolvida no país, tem equipamentos, sistemas e agrega valor. As PCHs também são uma fonte fantástica. Também em determinado momento ficaram paradas em razão das eólicas. Acho que eólica é ótimo, tem que estar aí. Mas uma maneira para regular isso seria fazendo leilões de energia regional, para dar espaço de novo para crescer a co-geração e as PCHs. Algumas eólicas, que foram feitas a toque de caixa, agora enfrentam problemas porque as linhas de transmissão não foram feitas. E PCHs e co-geração ficaram inviáveis porque foram colocadas todas as fontes para competir num mesmo pacote [leilão] em que a eólica ganhava.

Valor: No programa de concessões, o sr acredita que há uma regulação excessiva?


Silva: Acho que tem que cuidar para não querer regular e estabelecer retornos muito rígidos porque isso pode afugentar alguns investidores.

Valor: O Sr. considerou Libra um leilão complicado, até pelas suas regras de partilha?

Silva: Este até foi razoável. Acho que é um caso que se pode dizer que foi bem-sucedido. Mas precisamos correr com muitas rodovias. Acho que se está ficando muito tempo nessas discussões técnicas.

Valor: Isso pode melhorar a taxa de investimento do país em 2014?

Silva: Precisamos muito desse investimento. Mas esse programa já devia ter começado faz tempo. Sou otimista de que isso em 2014 ande mais.

Valor: O ano de 2014, sendo um período eleitoral, pode complicar a retomada dos investimentos?

Silva: Ano eleitoral sempre traz um complicador a mais. Mas o caminho que a gente tem que pautar agora é o de aumentar a taxa de investimento tanto do governo quanto das empresas. Nós todos temos que fazer nossa lição de casa. Temos que olhar para dentro. Precisamos, como empresários, ter mais ambição, no bom sentido. O país precisa de muito mais companhias que se internacionalizem, por exemplo, porque essa é uma maneira de se desenvolver. É o teste efetivo de competitividade. É quando não só a empresa consegue se defender aqui no Brasil dos competidores, mas ir para fora e crescer. Precisamos de mais marcas brasileiras no exterior. A infraestrutura é uma parte importante para isso, mas os empresários precisam, da mesma maneira, modernizar sua gestão, melhorar processos de governança, investir muito mais em inovação.

"O governo tem que reduzir as despesas operacionais, que é a única maneira de fazer investimentos"

Valor: Ainda se investe pouco em inovação no Brasil?

Silva: As empresas brasileiras, na média, investem muito pouco em inovação. Claro que temos belos exemplos de empresas inovadoras, mas isso tem que permear todas as companhias e chegar às pequenas e médias.

Valor: O que falta para isso?

Silva: O país precisa melhorar seu nível educacional, as empresas devem investir mais em treinamento da força de trabalho e utilizar modelos de gestão mais adequados aos novos tempos. São poucas as que têm departamento de P&D, por exemplo.

Valor: Faltam programas de fomento para inovação?

Silva: Não, Finep e BNDES têm boas linhas. Não sei se lá para frente haverá recursos para todos, mas até aqui não foi o gargalo. Acho que falta uma cultura empresarial de acreditar nisso. Inovação é um investimento de longo prazo, é investimento em conhecimento. E o que tem mais valor numa companhia depois de sua cultura é o seu conhecimento. Isso não se constrói em um mês ou num semestre ou com um único produto inovador. Muitas vezes, todos reclamamos - e eu me incluo neste grupo - da gestão antiquada do governo, mas temos que olhar para nossas empresas também porque muitas vezes estamos cometendo este mesmo pecado.
Valor: O investimento em inovação requer assumir riscos...

Silva: Sim, são investimentos de longo prazo de maturação. Cada empresa, no seu tamanho, tem que medir e ver o que pode ser feito. Nessa parte de inovação, há ainda também um distanciamento muito grande entre empresas e universidades. E nem vou dizer que isso é por culpa das universidades. Normalmente, o culpado são os dois. Há exemplos de modelos produtivos, como o alemão. Muitas vezes, os nossos pesquisadores brasileiros são muito bons do ponto de vista conceitual, teórico, o que é importante. Mas às vezes estão distanciados do que está acontecendo agora. Muitas vezes estão vendo coisas só lá do futuro e não entendem o mercado, o que aconteceu na feira eletroeletrônica de Tóquio ou de Chicago ou o que os principais competidores mundiais fizeram. E as empresas, muitas vezes, só estão ligadas no ontem ou no máximo no hoje, não se preocupam com o futuro.

Valor: A pouca inovação é um dos fatores que deixam o país mais distante dos chineses, por exemplo?

Silva: Eles estão começando. Mas o exemplo aí vem dos Estados Unidos e da Europa. A China de alguns anos atrás, que só explorava mão de obra barata e recursos naturais, já tem companhias importantes e inovadoras no cenário mundial. Ainda é uma pequena parcela, claro, mas já tem.

Valor: O que o sr. acha de políticas de incentivo para a indústria brasileira, como a de obrigar um percentual conteúdo nacional por empresas que explorarão o pré-sal? É necessário este tipo de política industrial no país?

Silva: Acho que essa política do pré-sal e do conteúdo nacional da Petrobras são muito importantes. Um país emergente como o Brasil, com um grande volume de matéria prima e grande população, claro que tem que vender minério de ferro, mas deveria vender mais aço. Ou por que só exportar aço? Deveria vender mais equipamentos. Temos que ir na linha da agregação de valor para nos desenvolver. E essas políticas de conteúdo nacional são relevantes.

Valor: Nessas políticas, é criticada muitas vezes a proteção de apenas alguns setores.

Silva: Ninguém está proibido de fazer investimentos e montar fábricas no Brasil. E é isso que nós precisamos. Um país para ser desenvolvido tem que ter uma indústria desenvolvida e fabricar equipamentos. Como emergentes, temos condições de disputar esse mercado mundial e não deixar a Ásia tomar conta de tudo.

Valor: Outra política voltada ao setor industrial foi a desoneração da folha. Alguns economistas a criticam. Na sua avaliação, ela foi uma política acertada?

Silva: Ela é muito alinhada com o que eu penso. É um incentivo justo e inteligente porque atinge aqueles que mais empregam, consequentemente, os que estão criando renda. E com a inflação sob controle - pelo menos até aqui - houve ganho real também para os trabalhadores. E que bom que teve ganho real. Mas, por outro lado, isso tirou a competitividade internacional das empresas brasileiras. Há geralmente duas críticas aí, uma sobre a escolha desses setores especificamente, e outra recai sobre se o governo suporta dar esses incentivos. Mas acho que todos entendem, acho até que é uma unanimidade, que efetivamente a carga tributária do Brasil é muito grande e não precisamos de incentivos específicos. Precisamos é de uma reforma tributária para reduzir todos os impostos, de todos os setores, e que pesam na competitividade. Com a reforma, o país não precisaria dar incentivos setoriais ou isso ocorreria só em casos muito específicos.

GM anuncia a primeira CEO mulher da sua história

Mary Barra deve assumir no dia 15 de janeiro

 


A General Motors anunciou na tarde desta terça-feira (10) a executiva Mary Barra como a sua nova CEO. Ela irá substituir Dan Akerson, que anunciou a aposentadoria recentemente, a partir do dia 15 de janeiro.


Mary será o primeira CEO mulher da história da empresa. Até então, a norte-americana chefiava a divisão global de desenvolvimento de produtos da montadora. Além disso, Mary foi eleita pela FORBES a 35ª mulher mais poderosa do mundo em 2013.

Para o McDonald's, sempre haverá Paris


Rede vai mal das pernas nos EUA, mas tem na França um porto seguro para negócios

Alastair Miller/Bloomberg News
Torre Eiffel em Paris, na França
Torre Eiffel, em Paris: McDonald's registrou bons resultados na França por quatro meses seguidos

São Paulo - "Nós sempre teremos Paris", frase que fecha o filme Casablanca, de 1942, se aplica bem à atual situação do McDonald's. Com as vendas em quedas nos Estados Unidos em novembro, a rede de restaurantes teve bom desempenho na França.

"A operação francesa tem mudado o resultado do negócio como um todo na Europa, apresentando resultados positivos por quatro meses seguidos", afirmou Andy Barish, analista de varejo - em entrevista ao canal de TV americano CNBC.


Novembro


Em novembro, o MCDonald's registrou quedas de 0,8% e 2,3% em suas vendas nos Estados Unidos e na subdivisão que engloba África, Ásia e Oriente Médio, respectivamente.

A Europa foi a única área da rede com crescimento do indicador. No Velho Continente, as vendas foram 1,9% maiores em relação ao mesmo mês de 2012.

Para Barish, a rede deve continuar crescendo na região em 2014 - embora mercados como a Alemanha sigam representando um desafio em função dos hábitos de consumo da população.


EUA


De acordo com o jornal The Telegraph, o aumento no número de opções no cardápio pode estar entre as razões para a queda das vendas do McDonald's nos EUA.

"A entrada de novos itens como drinks com café, saladas e wraps tem atrasado o serviço na rede e prejudicado o negócio", afirma a publicação inglesa.

Em sua terra natal, o McDonald's tem apostado ainda em outras inovações - como lojas gourmet que permitem a escolha de ingredientes abertas em Illinois e na Califórnia.

Para jornal inglês, Manaus é lugar de cobras e escorpiões


Segundo o tabloide britânico Daily Mail, os torcedores ingleses que vão a Manaus precisam ter cuidado com o "exército de bichos rastejantes" que cercam a cidade

Wikimedia Commons
escorpião

Escorpiões estão entre as ameaças que os torcedores terão que enfrentar em Manaus, segundo o Daily Mail

São Paulo - Sob o título "Eu sou um torcedor da Inglaterra, me tire daqui", o tabloide britânico Daily Mail alertou seus leitores que forem assistir à estreia da seleção inglesa na Copa do Mundo 2014 em Manaus sobre os perigos que enfrentarão. Embora a seleção italiana seja um forte adversário à Inglaterra dentro de campo, a preocupação do tablóide é voltada ao "exército de perigosos bichos rastejantes" que os torcedores vão encontrar na capital amazonense. 

A duas seleções europeias vão se enfrentar no dia 14 de junho, em Manaus, e protagonizarão a estreia da Arena Amazônia. 

Em tom alarmista, e recheada de imagens ilustrativas dos perigos a serem enfrentados, a reportagem publicada neste domingo afirma que cobras, escorpiões e tarântulas podem ser encontradas em Manaus, como se os bichos dividissem espaço com os pedestres nas ruas da cidade.  

"Os torcedores também vão querer se manter nos caminhos de terra batida, já que a floresta é o lar de uma variedade de cobras corais, que se escondem na copa das árvores e no chão da floresta e usam suas presas para aplicar um veneno paralisante e mortal", alerta a reportagem. 

Como se a presença de animais peçonhentos já não fosse suficiente para assustar os turistas ingleses, o tabloide ainda afirma que a raiva, que pode ser contraída de "cães abandonados nas favelas", é outro grande risco ao qual eles devem se atentar.

O clima - talvez a reclamação mais justificada - também não escapou. As altas temperaturas e a umidade elevada preocupam jogadores e torcedores, diz o jornal.