sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

PSDB pede apuração de suborno a funcionários da Petrobras


Pedido formal foi realizado pelos líderes do PSDB na Câmara com base em denúncias da imprensa sobre supostos subornos pagos na Holanda a dirigentes da Petrobras

Sérgio Moraes/Reuters
Chaminé em plataforma de Petróleo da Petrobras

Chaminé em plataforma da Petrobras: segundo denúncias, altos funcionários da petrolífera receberam subornos em troca de contratos concedidos à SBM Offshore

Rio de Janeiro - O PSDB pediu nesta sexta-feira à Procuradoria Geral da República (PGR) que abra uma investigação para esclarecer denúncias de corrupção contra a Petrobras na Holanda.

O pedido formal foi realizado pelos líderes do PSDB na Câmara dos Deputados com base em denúncias da imprensa sobre supostos subornos pagos na Holanda a dirigentes da Petrobras.

Segundo as denúncias, altos funcionários da petrolífera receberam subornos em troca de contratos concedidos à SBM Offshore, uma empresa holandesa que aluga plataformas petrolíferas para a exploração em águas profundas.

As denúncias, publicadas pelo jornal "Valor Econômico", citam o testemunho de um ex-funcionário da SBM Offshore à procuradoria holandesa sobre práticas de corrupção da empresa.

O denunciante assegura que a empresa pagou cerca de US$ 250 milhões em subornos a autoridades de diferentes países e a altos funcionários de algumas empresas, entre elas a Petrobras.

De acordo com o "Valor", a empresa holandesa é investigada na Holanda, Inglaterra e Reino Unido pelo suposto pagamento de subornos a empresas de seis países, incluindo o Brasil.

"É uma denúncia que, além da sua gravidade, tem extensão muito grande, porque envolve a principal empresa do nosso país. Já há investigação em curso em outros países com os quais a SBM teve contrato, e é necessário que a Justiça brasileira também apure se houve pagamento de suborno à Petrobras", afirmou o porta-voz do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA).

Em comunicado, a Petrobras informou que até agora não foi notificada por nenhuma autoridade sobre as denúncias, mas que adotou as "providências internas cabíveis com o intuito de averiguar a veracidade dos fatos publicados".

Joaquim Barbosa envia telegrama de apoio a Tinga


Durante o jogo contra o Real Garcilaso, em Huancayo, no Peru, parte da torcida local imitava sons e gestos de macaco toda vez que Tinga pegava na bola

Mariângela Galluci, do
Gustavo Lima/Câmara dos Deputados
Joaquim Barbosa na sessão de abertura do Ano Legislativo
Joaquim Barbosa: ele enviou nesta sexta telegrama ao volante Tinga, do Cruzeiro, para manifestar solidariedade após ofensas raciais que jogador recebeu na última quarta

Brasília - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, enviou nesta sexta-feira um telegrama ao volante Tinga, do Cruzeiro, para manifestar sua solidariedade após as ofensas raciais que o jogador recebeu na última quarta, durante jogo no Peru, pela Libertadores.

Durante o jogo contra o Real Garcilaso, em Huancayo, no Peru, parte da torcida local imitava sons e gestos de macaco toda vez que Tinga pegava na bola. No final da partida, o jogador do Cruzeiro lamentou o fato e disse ter ficado triste com as ofensas raciais.

Na quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff lamentou o fato, assim como o presidente do Peru, Ollanta Humala. A CBF e a Fifa também se posicionaram contra o racismo, enquanto o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, chegou a cobrar formalmente que a Conmebol tomasse um atitude.

Veja o texto do telegrama de Joaquim Barbosa:

"Ao Senhor Paulo César Fonseca do Nascimento (Tinga)
Caro Tinga,
Receba minha total solidariedade pelos odiosos atos de racismo de que foi vítima em partida disputada no Peru no último dia 12 de fevereiro. Abraço
Ministro Joaquim Barbosa, Presidente do Supremo Tribunal Federal

Avon pode pagar US$ 132 mi por caso de propina, diz jornal


Valor pode ser desenbolsado para encerrar investigação de que a empresa teria pagado oficiais de governo para conseguir licenças, segundo o Wall Street Journal


Scott Eells/Bloomberg
Batom da Avon

Avon: segundo o The Wall Street Journal, a empresa já desembolsou cerca de 340 milhões de dólares em custos com a investigação

São Paulo -  A Avon admitiu que pode pagar 132 milhões de dólares para encerrar um caso de propina na China e outros países, incluindo o Brasil , segundo o The Wall Street Journal

De acordo com o diário, a investigação foi iniciada pela própria empresa e revelada em 2008, quando foi reportada ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos e à SEC (órgão equivalente à CVM no país). 

A apuração visa verificar se a companhia infringiu as leis norte-americanas enviando presentes e dinheiro a oficiais de governo para conseguir licenças para vender os seus produtos.

Conforme afirma o jornal, a Avon já teria oferecido 12 milhões de dólares para encerrar o caso em junho do ano passado, mas a quantia não foi aceita pelos reguladores federais por ser considerada muito baixa. 

Ainda segundo o WSJ, em balanço divulgado na última quinta-feira, a Avon de Nova York informou que reservou 89 milhões de dólares para penalidades finaceiras, mas disse que poderá acrescentar mais 43 milhões ao montante devido ao andamento de suas negociações com o Departamento de Justiça e a SEC. 

Os novos números contribuíram para os resultados ruins da companhia, que perdeu 69 milhões de dólares no último trimestre de 2013.

Segundo o jornal, a empresa já desembolsou cerca de 340 milhões de dólares em custos com a investigação. 

Além disso, as vendas da empresa também não estão indo bem. Aqui na América Latina, elas caíram 7% no último trimestre de 2013, em realação a 2012. Na América do Norte a queda foi de 21% e na China de 48%. 

Família Batista, do JBS, e os Bertin negociam acordo



JOESLEY BATISTA, DO JBS: acordo com os Bertins

A guerra declarada pelo clã Bertin à família Batista está chegando ao fim. Em 2009, o frigorífico JBS, comandado por Joesley Batista, comprou o Bertin. Em troca, a família vendedora ganhou uma participação numa holding que controla o JBS. 

Acontece que, em junho do ano passado, os Bertin foram à Justiça acusando os sócios de surrupiar 66% dessas ações, numa suposta fraude bilionária. Passado o barulho inicial, os dois lados começaram a negociar um acordo. Pelo que vem sendo discutido, os Batista comprarão as ações dos Bertin, que, por sua vez, retiram a ação da Justiça. Procuradas, as empresas não comentam.

Chega de mudanças na cúpula do Grupo Pão de Açúcar


Christophe Hidalgo, diretor de finanças do GPA, afirmou que todas mudanças necessárias já foram feitas

Germano Lüders/EXAME.com
Supermercado da rede Pão de Açúcar
Pão de Açúcar: lucro de R$ 1,8 bilhão em 2013, 20,7% mais que no ano anterior

São Paulo – No último ano, uma série de mudanças de direção no Grupo Pão de Açúcar, incluindo a saída de Abílio Diniz do Conselho e Enéas Pestana da presidência – foram notícias no mercado. Mas, para este ano, a alta cúpula executiva da companhia ficará onde está.

Foi o que assegurou Christophe Hidalgo, diretor de finanças e serviços corporativos, em entrevista com jornalistas por telefone.

“As mudanças que tinham de acontecer nos cargos estratégicos já aconteceram”, disse ele. “Agora, algumas alterações decorreram da vontade de alguns executivos saírem da empresa para buscarem novos desafios. Dessas não temos controle.”

De acordo com Christophe, hoje a companhia conta com um grupo de executivos bem preparados e adaptados à estratégia de encontrar sinergias entre os vários negócios do GPA para reduzir custos e melhorar rentabilidade.

“Houve uma importante participação do Casino na indicação de pessoas e conseguimos reunir um grupo de executivos vindos de diferentes países e setores, o que só nos traz vantagem”, afirmou Hidalgo.

Como exemplo, o diretor citou Líbano Barroso, vindo da TAM, contratado em novembro como diretor vice-presidente de Infraestrutura e Desenvolvimento Estratégico.

O novo presidente da companhia desde janeiro, Ronaldo Inaldi, poderia ser outro exemplo. O executivo já representava o Casino no Brasil e tem em seu currículos anos de comando na Oi (na época chamada Telemar ) e Magnesita. 


Sinergia e lucro 


A companhia explicou hoje pela manhã como atingiu o lucro de R$ 1,8 bilhão no ano passado, resultado 20,7% superior em comparação ao ano anterior. Entre os motivos estão as adequações de todos os formatos de negócios e a busca de sinergias entre todos eles. Ambas as ações tem como base a redução de custos e despesas e consequente aumento de rentabilidade da empresa. 

O mesmo valor, R$ 1,850 bilhão, será investido pela empresa neste ano, número 32,8% superior aos aportes realizados no ano anterior. O foco será a abertura de novas lojas – 128 no total, sendo 87 do GPA Alimentar e 41 da Via Varejo – e aquisições de terrenos.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

‘É preciso reconhecer que o modelo se esgotou’

Pedro Passos critica a política de incentivos ao consumo, as barreiras à importação de carros e cobra abertura comercial


Cleide Silva e Ricardo Grinbaum - O Estado de S. Paulo

Para o presidente do Iedi, Pedro Passos, a política de incentivos do governo não faz mais efeito. O País precisa abandonar o modelo protecionista, deixar de ser refém do Mercosul e partir para acordos comerciais com países do bloco do Pacífico, União Europeia e Estados Unidos.

O que o Iedi defende?
A política de incentivos ao consumo a determinados setores visando o mercado interno dá cada vez menos resultados. Nossas políticas têm sido muito defensivas e não são mais suficientes para suportar a pressão externa de produtos importados e o mercado interno, que tem seus limites. Por aí não vem o crescimento. A produtividade exige mais inovação, tecnologia, investimento, preparação de mão de obra. Mais competição significa o País ter mais compromissos em exportar e importar. Ou seja, uma política voltada para a inserção internacional. Precisamos incluir a indústria num cenário de desenvolvimento. 

Como o sr. vê os incentivos fiscais que o governo deu para ajudar a indústria?
Os incentivos têm uma coisa tópica, de reação de curto prazo, mas não se sustentam. Eu não entendo a proteção adicional dada à indústria automobilística, que já tinha uma proteção de 35% no imposto de importação e se criou um IPI adicional para o veículo que não é produzido no Brasil. Nem os incentivos à linha branca, que vão muito na direção do consumo. Tem um conjunto de incentivos que não tem mais o impacto de quando tínhamos uma classe emergindo com crédito, com vetores outros que hoje não temos mais. Agora, temos de reorientar a política.

O sr. fala em incluir a indústria num cenário de desenvolvimento. Como?
Através de um processo que passa primeiro por um compromisso claro de abertura comercial para que o Brasil se modernize, importe e exporte mais. Segundo, passa por uma política de comércio exterior mais clara, porque hoje ela é frágil. Terceiro, passa obviamente por maior agressividade nos acordos comerciais, que a gente vem perdendo ou não evoluiu nos últimos 20 anos.

O sr. fala em falta de confiança do empresariado. Por quê?
As decisões e as metas de política econômica não são claras. Qual é mesmo a meta de inflação para o Brasil, é 6% ou é 4,5%? Tecnicamente é 4,5%, mas qual é o objetivo efetivo? Qual o superávit fiscal que pretendemos ter? A aceleração do plano de concessões é uma boa direção, mas demorou a acontecer. Qual é a disponibilidade para fazer outras coisas relevantes? Há várias dúvidas na estruturação desses projetos, o que também reduz nossa confiança. Outro exemplo é o tema regulatório ou tributário. Houve um movimento de tributação das empresas em assuntos não claros do ponto de vista da legislação que aumentou enormemente as contingências por questões tributárias, trabalhistas. Isso também gera muita insegurança para o investimento. Adicionalmente, por conta dessa situação instável, existe uma perda patrimonial no valor das empresas, o que também diminui a disposição de investimentos.

O sr. se refere à Bolsa?
Sim, à queda da Bolsa, somada aos problemas que as empresas enfrentam que levam à perda de valor de troca, perda de possibilidade de investimento, de captar, de comprar empresas. Quando a conta bancária diminui, a possibilidade de investir também diminui.

Mas a presidente Dilma deu alguns sinais para o empresariado. Iniciou um programa de privatizações, anunciou que vai buscar novos acordos comerciais e foi a Davos, no encontro da elite econômica mundial. Estes não foram bons sinais?
O discurso foi correto, positivo. Mas os sinais de ação ainda não são claros, como na política macro – meta de superávit das contas públicas, por exemplo – ou, mais especificamente no comércio exterior.

O que a indústria gostaria de ver para tentar salvar o ano?
Para criar um ambiente de confiança, acho que primeiro deveria haver uma definição clara, com iniciativas nítidas do que vai ser feito na política fiscal, no combate à inflação. É preciso que o empresário sinta essa confiança. É muito importante uma iniciativa de diálogo efetivo. Acho que existe neste momento uma retração, então o mais importante é mudar a perspectiva. Não vai ter uma ação objetiva que a gente faça a curto prazo. Mas, qual é a nova direção? Nós vamos continuar investindo nos incentivos ao mercado interno ou vamos mudar a agenda para uma participação internacional com inserção das empresas brasileiras? Que esforço estamos trazendo para as próprias multinacionais instaladas no Brasil usarem suas bases também como plataforma de exportação? 

Seria uma ‘Carta ao Povo Brasileiro’ de Dilma, tendo em vista a possibilidade de ela ser reeleita?
Vamos fazer um retrospecto. Tivemos lá atrás um primeiro momento de estabilização, um segundo momento de trazer um novo poder aquisitivo à população, de distribuição e ascensão da nova classe emergente, o foco no mercado interno. Mas é preciso reconhecer que o modelo se esgotou e que precisamos lançar outro modelo. Acho que cumpre até à plataforma eleitoral dizer isso. Nós não podemos, como brasileiros, aceitar que porque é ano eleitoral a gente deixe de falar de Brasil, que prorrogue decisões. Não tem nenhum decreto lei que vai ser feito amanhã, mas o problema é mudar a direção, o mercado internacional precisa confiar no Brasil. Os empresários precisam confiar. Precisamos trazer mais investimento. As concessões precisam ser feitas mais profundamente. Eu acho que ano eleitoral é adequado para ter essa discussão. É melhor ir mudando de expectativa e não ter de conviver com esse ambiente tumultuado para poder evoluir. Do contrário, o preço de 2015 pode ser mais alto.

O que quer dizer esse preço mais alto? Um ajuste, uma crise?
Um ajuste fiscal mais pesado, um ajuste possivelmente de juros mais pesado, que dificulta todo o investimento. Temos uma inflação que está sempre nos incomodando. Estamos integrados ao mundo e não dá para conviver com uma inflação de 6% por um longo período. Deveríamos tentar manejar essa economia de forma a não perder algumas coisas que conquistamos – uma base de consumo, um mercado interno maior.

Até que ponto o problema da produtividade a que o sr. se refere é reflexo de questões estruturais, do País, e até que ponto é resultado da falta de investimento da própria indústria?
Tem as duas coisas. Tem o custo e a falta de produtividade sistêmica – infraestrutura, qualificação de mão de obra, educação – e tem empresas que não acompanham o desenvolvimento tecnológico e não têm os níveis de produtividade que precisam. O nível de automação do Brasil é baixo, assim como o de tecnologia de informação e de inovação nos processos industriais. Também temos problemas no âmbito da indústria, até pela falta de competição. Uma indústria protegida diminui ao longo do tempo, apesar de ter alívio no curto prazo. Quando você se organiza em pequenos oligopólios, você tem força de barreiras, formação de preços. O investimento em inovação é um investimento de risco, só faz quem tem competição lá fora.

É possível para o País atingir esse nível de competitividade?
Temos de acreditar que o Brasil pode atacar o mercado, se desenvolver e sair da defensiva. O time que joga sempre na defesa perde. Nos falta essa agressividade e a timidez com que o País age é transmitida ao empresário, ao governo, aos formadores de opinião. Alguns pensam só no curto prazo. Não defendemos uma abertura irresponsável, mas um compromisso ao longo do tempo, um processo de integração. Não podemos ser ingênuos de entregar setores inteiros sem saber negociar. O Brasil pode ser um país mais integrado, mas é preciso ter um plano, dar uma direção, como estabelecer metas para reduzir as tarifas de proteção. Isso mobiliza para inovação, consolidação e participação das empresas no mercado internacional.

No ano passado, o Iedi levou carta à presidente Dilma pedindo empenho na busca por acordos comerciais. Isso avançou?
A sinalização que tivemos é de que iria avançar o acordo do Mercosul com a União Europeia, mas, talvez pelo movimento internacional, associado ao problema da Argentina, essa agenda tem dificuldade de progredir. Acho que falta postura mais agressiva no comércio internacional. Um exemplo: há algum tempo o governo concedeu o Reintegra para eliminar um pouco do custo tributário embutido em nossas exportações. Esse incentivo, que na verdade era a devolução de impostos que pagamos, acabou. Então, acho que a política de comércio exterior não é clara. Quais são os acordos que vão determinar um melhor fluxo de mercadorias, redução das diferenças regulatórias, que é fundamental para facilitar o comércio? Em síntese, poderíamos ter um vetor adicional de crescimento no País se saíssemos de uma importação/exportação, que na média é 12% do nosso PIB e mirássemos em 25%. Nós não vamos ser China, nem Coreia, mas podemos ter um pedaço maior nesse comércio internacional.

O Brasil fez um casamento com o Mercosul, mas nos últimos anos sofreu com a queda das exportações para a Argentina e com a dificuldade em negociar acordos com outras regiões. Como o governo deve lidar com o Mercosul e com a Argentina?
Precisamos ajudar a Argentina porque é um parceiro comercial importante. Mas precisamos quebrar a agenda, partir para acordos bilaterais mais amplos. Não podemos ficar reféns de uma situação pontual que nos atrasa muito no processo de integração. Por outro lado, temos de reconhecer que a integração com o Mercosul foi importante e nos trouxe uma atividade de comércio muito mais ampla. Devemos fazer o que for possível para ajudar os outros países, mas sem comprometer nossa determinação de evoluir. É um assunto delicado, mas do jeito que está é insuportável.

Em termos práticos, qual a solução? Abandonar a sociedade com a Argentina?
Fazer acordos e, se for o caso, ver quais salvaguardas e ajustes podemos fazer para levar essa agenda adiante, independente do Mercosul. O Brasil tem de liderar um movimento de integração. É muito relevante a integração regional, como o movimento que ocorre no Pacífico. O Brasil não pode ficar de fora. Acho importante se integrar ao bloco do Pacífico porque é mais próximo, podemos ter mais competitividade, seja pelas questões logísticas, seja pelo potencial que temos nesses países. Eu não abandonaria uma integração maior com a América Latina, mas não dá para ficar só nessa agenda.

Seria melhor retomar a negociação com os EUA?
Sim. Precisamos buscar integração com a União Europeia e com os Estados Unidos, pois à medida que os EUA façam um acordo com a União Europeia ou com a Ásia, eles vão determinar o padrão de comércio mundial. Todo assunto – regulatório, fitossanitário, de legislação, aduana, questões ambientais, tarifas – vai estar dentro desse grande ator. E nós vamos acabar ficando subordinados, sem poder participar da discussão. É melhor enfrentar, porque essa integração vem, pode demorar um pouco mais ou um pouco menos. Prefiro estar dentro dessa negociação, tendo algum protagonismo, do que ser excluído e depois ter de aceitar as regras do jogo.

Petrobrás é acusada de usar plataformas inacabadas para ajudar governo

De acordo com o sindicato, empresa inaugurou em 2013 plataformas que precisaram ser finalizadas em alto-mar, o que é mais caro e lento, além de menos seguro aos trabalhadores

13 de fevereiro de 2014 | 19h 53

Sabrina Valle, da Agência Estado
 
RIO - Última plataforma da Petrobrás a ser entregue, em cerimônia em dezembro com a presença da presidente Dilma Rousseff, a P-62 saiu do estaleiro incompleta. Não foi a primeira, segundo sindicalistas. Por pressão política, para melhorar o saldo da balança comercial e para dar satisfação ao mercado, as plataformas são inauguradas inacabadas e depois finalizadas em mar - o que é mais caro e lento para a empresa, além de menos seguro para trabalhadores.
"Precisam justificar ao mercado que a empresa vai ter capacidade de produção nos próximos meses, tem muita pressão", diz o representante dos trabalhadores no conselho de administração da Petrobrás, José Maria Rangel, que levará o assunto a discussão na reunião do órgão no próximo dia 25.

O diretor de segurança e saúde do Sindipetro-NF, Norton Almeida, credita o lançamento ao mar de plataformas ainda não operacionais a pressão política. No início do mês, ele embarcou na P-62 e conferiu pessoalmente os problemas. O sindicato diz que o sistema náutico saiu do estaleiro sem um cabo de ré, sem uma das amarras do sistema de ancoragem de bombordo (lado esquerdo) e sem o sistema elétrico pronto, entre outros itens. 

O cabeamento de energia incompleto forçou, por exemplo, a instalação de um gerador de energia que pegou fogo em janeiro, quando a plataforma navegava em direção ao campo de Roncador, na Bacia de Campos. Foram 40 minutos para controlar o incêndio, ao lado de um tanque de diesel, segundo Almeida. A unidade chegou à locação com duas semanas de atraso. 

O sindicato diz que se a plataforma ficasse mais alguns dias no Estaleiro Atlântico Sul (EAS, Pernambuco) muitos dos problemas poderiam ter sido resolvidos, já que em terra milhares de operários podem trabalhar simultaneamente, enquanto em mar a legislação internacional limita a tripulação. A P-62 está com 160 homens embarcados e 20 em barco de apoio. Além disso, a instabilidade marítima traz riscos para manipulação de itens pesados e a distância torna toda a logística mais cara e lenta. Hoje, qualquer parafuso precisa viajar 125 km da costa para chegar ao destino final

"Não é um cálculo nada matemático, mas um serviço em mar pode levar dez vezes mais tempo do que em terra, e custar dez, quinze vezes mais. Tudo fica mais difícil", disse Almeida. O lançamento ao mar no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em 30 de dezembro, fez cumprir, em calendário, o compromisso da Petrobrás de pôr na água nove plataformas em 2013. 

Em 31 de dezembro, foi lançada ao mar também a P-61, que saiu do estaleiro BrasFels, na baía de Angra dos Reis (RJ), para o campo de Papa-Terra, na Bacia de Campos. Também no último dia do ano a P-55 entrou em produção, às 22h30m, depois de ter sofrido reparos em mar. 

Depois de concluída, a plataforma se enquadra num benefício tributário (Repetro). As embarcações passam ao guarda-chuva de uma subsidiária da Petrobrás na Europa e podem ser contabilizadas pelo País como exportação, mesmo sem sair do país. Só no quarto trimestre, quatro plataformas tiveram impacto de US$ 5,3 bilhões na balança comercial, maior valor já contabilizado num trimestre. 

As nove plataformas têm potencial para adicionar capacidade de até 1 milhão de barris/dia e são apresentadas pela Petrobrás como a promessa da empresa para tirar a produção de petróleo da estagnação. Mesmo com o pré-sal, há quatro anos a produção não descola dos 2 milhões de barris/dia. 

O Sindipetro lembra que o problema não acontece com plataformas construídas por terceiros e afretadas (alugadas) pela Petrobrás. Estas só vão ao mar prontas, mesmo quando construídas em estaleiros brasileiros. 

"Em maior ou menor grau, isso (ir ao mar inacabada) aconteceu com as últimas 12 plataformas próprias da Petrobrás", disse Almeida, citando a P-43, P-48, P-50, P-51, P-52, P-53, P-54, P-55, P-56, P-57, P-58 e P-63.

Procurada, a Petrobrás não se manifestou até o fechamento dessa matéria.